A campainha da casa dos Simpson tocou. Nem imaginava quem era, mas quando eu abri a porta...

- Gabriel! - logo que o vi, tratei de lhe dar um grande abraço. - Há quanto tempo! Senti muito a sua falta! - isso eu falei tudo em Português, o que deixou o Cody, que estava na sala, bem curioso.

- Também senti a sua, Lúcia. Você é a minha melhor amiga, e quando eu precisava falar com alguém, tinha que ser com você, mas você não estava lá.

- Mas agora você está aqui, e a gente pode falar de tudo um pouco! Não sabia que você sabia o endereço daqui.

- Só perguntar onde era a casa do Cody Simpson... Facinho! - disse ele com um grande sorriso no rosto. Ele era sim, muito bonito, tinha seus cabelos escuros, franja, e os olhos castanhos, mas eu ainda só queria saber daquele loirinho de olhos verdes, o Cody.

Era umas cinco da tarde, e eu ainda tinha muito que fazer antes dos meninos irem pra cama, então, o convidei para ficar um pouco com a gente, e mais tarde (só depois das nove), a gente poderia colocar o papo em dia.

Ele realmente tinha jeito com crianças. Até achei que em algumas horas, ele se saía melhor do que eu, em todo esse tempo. Aliás, ele falava inglês, perfeitamente, e colocou em prática quando foi falar com a família. Na hora do jantar (ele jantou conosco) o Cody não parava de fitá-lo com os olhos. Não sabia o que fazer, estava um clima ruim entre os dois, como se um deles estivesse prevendo algo que iria acontecer a pouco.

Depois - das nove -, fomos eu e Gabriel até o jardim, sentamos num banco, e começamos a conversar. E ele logo me perguntou o que estava havendo.

- Eu meio que traí a confiança do Cody, agora ele mal fala comigo. - disse eu, com lágrimas nos olhos.

- Mas o que você fez pra ele ter essa atitude?

- Por favor, não me pergunte. É uma historia meio complicada, e eu prefiro nem tocar nesse assunto. O fato é que agora ele não quer mais ficar comigo, e eu estou sofrendo muito com isso.

- Lúcia, entenda, você tem muitas qualidades, e se ele não quer ficar com você, paciência. Só não sabe o que está perdendo. - Me respondeu, se aproximando um pouco.

Me levantei, chorando.

- Eu o amo. Muito. Não queria que terminasse assim. Mas eu já tentei conversar, e não resolveu. Acho que agora o único jeito é esquecê-lo de vez, apesar de ser um pouco difícil. - há essa hora, já estava em prantos.

- Eu posso te ajudar. - disse, se levantando também - Esse cara é um famosinho imbecil, que nem sequer sabe dar valor ao que tem. Mas agora eu não quero ver mais nenhuma outra lágrima escorrendo do seu rosto. Por favor, eu te peço.

Ele, de novo, se aproximou de mim, enxugou as minhas lágrimas, e eu acabei cedendo ao beijo dele. Foi estranho. Uma mistura de consolo, com a de segurança, que eu não sentia há tempos, já que o Cody parecia não se importar mais. Fiquei sim, com medo de o Cody me acusar de traição novamente, mas, ele que não queria ficar comigo, então, não poderia jogar mais nada na minha cara. E o pior (ou não): o Gabriel beijava muuito bem, me derreti toda nos braços dele. Mas ainda não tinha certeza se estava fazendo o certo, pois ele era meu amigo, meu melhor amigo, e tive que me soltar.

- Gabriel, por favor, vá embora. - me virei e entrei, rápido. Não tive coragem de olhar pra ele, depois daquele beijo.

Mas, quando eu entrei, comecei a raciocinar. Será que o Gabriel me faria esquecer o Cody? Isso realmente era o melhor que eu tinha a fazer. Subi pro meu quarto, me deitei, pensando no que tinha acontecido.

[POV - Cody]

Chegou um amigo da Lucy, hoje. Quando o vi, já o achei estranho. Inclusive o modo que ele olhou pra Lucy. Pra MINHA Lucy. Se é que eu ainda posso chamá-la assim. E bem, estou conseguindo entender os motivos da Lucy pra beijar o Zack. Ela é insegura, e precisa de mim. Não suporta pressão. Por isso fez aquilo. Mas acho que ela não entendeu que eu precisava de um tempo pra pensar. E eu prometi que nunca a deixaria sozinha, e não vou deixar. Quando precisar de mim, sempre estarei lá. Sim, já se passou certo tempo, e eu realmente queria fazer as pazes. No começo, nem queria vê-la, mas agora não. Mudou. Eu ainda a quero, e a amo. Achei que ela iria me esperar, mas, me lembrando das minhas palavras, quando falei com ela, acho que eu também me magoaria, e tentaria esquecer a outra pessoa. E isso foi o que eu percebi hoje. Que talvez esteja a perdendo.

Como disse, não gostei de como esse tal de Gabriel olhou pra ela, mas aquele cretino não se tocou que ela nem sequer correspondia. Mas, depois do jantar, corri pro meu quarto, que fica no andar de cima, virado para o jardim. Mal sabia eu o que veria. Sentados num banco, com certeza, estavam falando de mim, que não a aceito mais, e a Lucy começou a chorar. Fiquei com vontade de ir até lá, a abraçar e falar tudo o que eu acabei de contar aqui, mas, acho que demorei um pouco. Aquele idiota, que estava com ela, se aproveitou da situação, e ela cedeu. O beijou. Eu não podia fazer nada, nem a acusar, pois nem juntos estávamos mais. Ela só queria me esquecer. Com razão. Escapou uma lágrima dos meus olhos. Agora talvez as minhas chances sejam menores, e, se eu não correr, pode ser que não dê tempo.