O Muro escrita por Help_Me_Fly


Capítulo 7
Heart


Notas iniciais do capítulo

oi gente, tudo certo?
Preparem-se para morrer nesse capitulo. Hahahahha
boa leitura o/



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- Anne, estou pronta! Vamos trabalhar!

Eu dei uma leve risada com o entusiasmo adolescente de Julia. Talvez aquilo seria o que ela precisava, uma distração. Herr Fritzwald viria conosco apesar do frio. Não poderíamos deixa-lo sozinho em casa pensando se algo acontecesse.

Fazer aquilo também me distraía. Eu mal pensava em Tom e, pensando nas consequências, seria melhor deixar meus sentimentos longe de Julia. Seria o melhor para nós duas. Se fosse o caso, eu contaria, mas por enquanto não.

Saímos ao encontro do frio congelante. Seria mais 1 mês daquele jeito. Herr Fritzwald, apoiou-se em meu braço e descemos a escada quase congelada de neve.

Fomos os três conversando sobre coisas sem relevância alguma, apenas jogando papo fora. Fazia tempo que Herr Fritzwald não saía de casa.

- Sabe Anne, estou agradecido por terem me trazido. Me cansei do xadrez há muito tempo.

Começamos a rir e ele parecia mesmo feliz. Principalmente Julia. Adolescentes sempre precisam se exercitar, pelo menos eu era assim.

Finalmente chegamos e eu abri com as chaves. Era de manhã ainda e eu expliquei a Julia como fazer os bolos e quantos fazer. Logo depois, ensinei Herr Fritzwald a como usar a máquina registradora. Ele, assim como Julia, estavam animados. Os dois aprenderam rápido. Ficar no caixa era a tarefa certa para Herr Fritzwald, já que ele poderia ficar sentado e por causa de seu incrível senso de humor. O primeiro dia para eles seria difícil, mas eles se acostumariam. Assim como todo mundo. Assim como eu  e minha irmã nos acostumamos a sobreviver sem nossos pais.

Trabalhamos o dia todo. Eu e Julia fazendo os bolos, e Herr Fritzwald na parte de dinheiro

Chegando a noite, Herr Fritzwald parecia cansado, mas feliz. Mais uma hora e eu fecharia a loja.

- Anne, venha cá.

Eu estava na cozinha, terminando alguns detalhes dos bolos, concentrada. Ao ouvir o chamado, soltei o utensílio pesado e fui ao encontro de Herr Fritzwald.

- Sim?

- Você ficaria muito brava se eu tivesse que ir embora? Estou muito cansado.

- De jeito algum! Julia também está cansada, ela irá com o senhor. Eu vou sozinha mais tarde.

- Tem certeza? Mesmo com o que quase ocorreu ontem?

- Sim, herr. Voltarei mais cedo hoje.

- Vou te esperar em casa então.  Por favor, chame Julia.

- Com todo prazer!

Voltei a cozinha onde Julia terminava o que eu havia deixado pendente.

- Julia, você está cansada, e eu quero que volte com Herr Fritzwald.

Ela olhou para mim com um olhar ignimático e me abraçou. Aparentemente havia gostado do dia.

- Te espero em casa, então – ela disse.

- Estarei lá em uma hora.

Fiquei na cozinha e escutei o sino da porta.

Era bom ficar um pouco sozinha, pensando. Tentava ao máximo não pensar nele, mas era mais difícil do que imaginava.

Depois de algum tempo, o sino tocou novamente. Ou era um cliente, ou um dos dois tinha esquecido algo. De qualquer jeito saí. E quando eu o vi, meu coração palpitou e me senti corando.

Tom Kaulitz.

Eu reconheceria aqueles cabelos e aqueles olhos em qualquer lugar. Não tive reação, apenas fiquei quieta e parada. Ele estava com sua farda de soldado.

Após um silêncio mortal, ele finalmente abriu a boca

- Olá de novo, Anne – e soltou um suspiro leve.

Percebendo minha reação, algo finalmente consegiu sair da minha boca.

- Olá.

- E-eu compro bolos aqui semanalmente e acho Frau Fritzwald uma senhora formidável, apesar de sermos reconhecidos como inimigos. Onde ela está? Não tive a chance de vê-la semana passada.

- Ela faleceu, e como eu morava com ela, tomei conta.

- Entendo.

- Eu ainda tenho alguns bolos se quiser. Porém, não sobrou nenhum feito por ela. São todos feitos por mim e minha irmã.

- Vou experimentar, se não se importar.

- De modo algum.

Ele tinha um pingo de tristeza nos olhos. Algo que o corroía.  Pelo pouco tempo que o vi, era a primeira vez que parecia triste.

Ele comprou um bolo de chocolate com um morango em cima. Pagou e saiu. No momento que saiu, por impulso, comecei a chorar.

Escutei alguns passos apressados e os sinos da porta em seguida. Ao olhar, senti algo quente e desesperado selando meus lábios. Apenas fechei meus olhos para aproveitar meu momento de fraqueza em que meu coração tomou conta de mim.

E então, ele se afastou um pouco e disse num tom baixo:

- Vou ficar fora por um tempo.

- Quanto?

- Não importa. O que importa é que eu queria me lembrar de você de alguma maneira.

E novamente, ele me beijou rapidamente e saiu.

Caí no chão. Nada poderia me deixar ainda mais separada. A sensação era péssima. Eu, mais do que nunca, queria morrer.

O amor é uma praga, eu pensava.

Não queria me lembrar de mais nada quando acordei no dia seguinte. Apenas me sentia como um lixo ambulante. Me sentia angustiada, enojada, deprimida. E o pior, é que só ele podia me tirar do sofrimento, mas eu sentia de que não o veria por alguns meses.

O que seria de mim? Por que ele fez aquilo? Ele me amava como eu o amava? Com saberia? Ele estava longe aparentemente. Nada se resolveria até que ele chegasse. E o pior de tudo, é que eu teria que resolver tudo sozinha. Annelise apenas.

Queria fugir. Queria ir pro mundo onde tudo era perfeito. Onde eu estaria com a minha família sem preocupações. Esse lugar só existiria depois da morte? Ou poderia minha cama ser apenas um pedaço? Porque eu não queria sair de jeito algum.

Eram muitas perguntas para mim. Então eu dormi. Dormi como se nada pudesse acontecer. Afinal, era domingo e eu não tinha que ir para a loja.

- Anne, quer chá?

Herr Fritzwald havia sentado do meu lado e sem eu perceber com uma xícara azul saindo fumaça.

Eu apenas olhei para ele e virei para o outro lado.

- Tudo bem, não vou te irritar. Mas saiba que apesar de ser velho, eu já passei por muita coisa.

Eu comecei a contá-lo sobre o soldado chamado Tom Kaulitz e ele apenas ficou cabisbaixo ao final.

Nem ele nem eu queríamos acreditar.


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Notas finais do capítulo

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