— Mas eu te amo... — Sussurrou ele, olhando a garota em tua frente. Ela desviou o olhar, o passando pelo local demoradamente, percebendo cada detalhe, antes de voltar a olhá-lo.

— Não, tu não me amas. Nunca me amou, não precisa mais fingir. De verdade, eu cansei. — Ela fez uma pausa, abaixou um pouco a cabeça e completou: — Cansei de esperar pelo amor que você dizia sentir por mim, cansei de ser usada, de não ser importante.

Ele a olhou nos olhos, mas ela continuava com o olhar baixo. Desviou o olhar, prestando atenção nas estrelas acima de suas cabeças. Nas arvores, que balançavam calmamente com o vento ao seu redor. Nos barulhos silenciosos da noite fria, de começo de outono.

— Só fique bem, então. — Ele aproximou o rosto do dela, devagar, esperando por algum sinal dela, algo que o pedisse para parar. Mas nada ela fez, então ele, de olhos fechados, deu um singelo beijo no canto de sua boca. Um beijo molhado pela única lagrima que havia escorrido pelo rosto pálido dela, que ele limpou com delicadeza.

— Vou ficar. — Ela sussurrou. Ele continuou a olhando por alguns segundos. Ela, ainda olhando para baixo, suspirou e colocou a mão no bolso de seu sobretudo preto. De lá, tirou uma correntinha prata, com um pingente de coração.

— Fica com isto? — Ela colocou a correntinha na mão do garoto, e a fechou. — Eu não iria agüentar. Sabe, olha-lá todos os dias e saber que você nunca me pertenceu.

Ele ficou em silencio, ela também. Alguns minutos se passaram, e os dois continuavam sobre a luz da lua, um na frente do outro. Ela sorriu fracamente, olhou para a lua, alta, bela e pálida no céu, e fixou o olhar no dele.

— Eu preciso ir. Esta tarde, e não tenho mais motivos para permanecer aqui. Só me prometa uma coisa?

Ele assentiu com a cabeça, e mesmo que fracamente ela pode notar a decisão em seu gesto.

— Que vai entregar isto — ela apontou para a mão dele com a corrente. — Somente para a garota que realmente tiver posse de teu coração?

Ele suspirou novamente e sorriu de lado, o que fez o coração dela palpitar um pouco mais rápido, mas nada que ela já não houvesse aprendido a esconder. Ele sempre causava aquelas coisas nela. Tremedeira, respiração falha, coração acelerado. Essas coisas. Mas com o tempo isso foi passando, e ela aprendeu a controlar e esconder, quando raramente aconteciam.

— Boa noite, anjo. — Ela se virou e andou pela praça, o deixando ali, em pé, imaginando o que poderia ter sido daquele possível amor.