Fairy Tale escrita por Roxanne Evans


Capítulo 1
Quem Vai Achar a Princesa?




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A história começa com uma bruxa, ela mantinha os olhos fechados enquanto realizava um feitiço, estava com os pés fora do chão, flutuando bem acima da terra, a concentração era total.

Estava em uma planície árida, quase desértica, o chão marrom cor de areia, liso, seco, cercada por montanhas ao longe, igualmente áridas, segurava um livro preto em mãos enquanto pronunciava as palavras. Havia um círculo de magia desenhado no chão, bem abaixo de si, complicado, onde sua sombra era refletida, os cabelos vermelhos esvoaçavam junto com sua capa cinza, o vento acariciando-os com vontade.

-Cléo! – A bruxa abre os olhos, sua meditação sendo quebrada e olha para o chão, da onde a amiga elfa de cabelos negros, presos em um rabo-de-cavalo, acenava sorrindo, enquanto franzia o rosto devido ao contato dos olhos com o sol ardente.

-Ah não... – Pensa alto a ruiva – O que quer desta vez Kelly?

Estava cansada, pois, por ser a única com habilidades de localização, todos os dias, desde que começaram aquela jornada estranha, há quase um ano, fazia a mesma coisa que fazia hoje. Sua energia era sugada, deixando-a exaurida e mal-humorada.

-Os meninos estão esperando pela gente para almoçar, e por hoje já chega né? Você deve estar exausta de tantos feitiços de localização!

Exausta não era exatamente a palavra, querendo morrer seria levemente mais próximo. Mas o que poderia fazer, uma vez que ela mesma aceitara a missão, tanto tempo antes?

-Tá legal, mas como acha que iremos achar a princesa assim? – Cléo desce ao chão, as botas pretas e de tamanhos diferentes, com detalhes em prateado se destacando na paisagem monocrômica.

Com isso, sem mais ânimo para dizer mais nada, desejando apenas poder comer para repor um pouco de suas energia e seu poder mágico, caminha com a amiga até a pequena cidade movimentada ali perto, onde estavam hospedados.

Não perceberam, quando, durante a caminhada, alguém as seguira, de uma distância segura, vigiado-as.

-Cadê os meninos? – Pergunta Cléo olhando ao redor – Eu estou com fome e não estou a fim de esperar. – Diz, torcendo o nariz, exigente.

-Cleozinha! – A ruiva se vira e dá de cara com o rapaz de tranças, um sorriso traquinas no rosto. Por vê-lo, sente-se imediatamente um pouco mais animada e lhe sorri, abraçando-o com vontade, quase pulando em cima dele.

Ele ri com gosto, e eles trocam um selinho, rápido.

-Agora vamos comer não é gente? – Ele pergunta, divertido, sem largar a menina que permanecia abraçada junto a si.

-Se a nossa vida dependesse da descrição de vocês, a gente já teria morrido – Repreende Kelly, pela cena, mas sendo ignorada. Com isso, suspira, sensata e põe-se desanimada, olhando de esgueira para quem também havia chegado com o grupo, ela e Wufei haviam discutido de novo na noite anterior.

Não que se incomodasse, afinal, sempre foram assim, mas às vezes, somente de vez em quando, desejava que não fosse desse jeito.

-Eu aviso que meu dinheiro já acabou semana passada! – Anuncia Wufei, que chegara com Duo e Heero, os meninos.

-O meu está acabando – Heero completa também, contando o dinheiro que vinha preso a sua cintura por uma bolsinha de couro, nas mãos.

-Eu estou como sempre estive – Anuncia Duo – Livre das impurezas do dinheiro

-Ou seja, pobre – Comenta Kelly, se fazendo de irritada, mas sorrindo em seguida, também parando para contar o que tinha em dinheiro e verificando que realmente estavam voltando a ficar pobres – Esta história de torneios não está mais dando certo! Teremos de arranjar outro meio se quisermos continuar a comer e não morrer de fome!

Todos concordaram, muito desanimados, pois haviam percebido a mesma coisa que a moça, só não queriam ter de anunciar, mas, sem outra escolha, com o dinheiro que tinham, partiram a procura de um restaurante.

A figura encapuzada ainda os seguia, mantendo os olhos fixos na bolsa de couro surrado, presa junto ao quadril da feiticeira ruiva.

-E então Cléo, fez algum progresso na localização da princesa? – Pergunta Heero, a voz tão desinteressada como sempre, mas a ruiva não se abala, já acostumada ao jeito frio dele, tudo enquanto o animado grupo comia, gastando o resto do pouco dinheiro que tinha.

Com um pouco de sorte, acharam um pequeno restaurante, no ponto sul da pequena cidade, barato e onde a comida parecia segura para ser comida e não se morrer envenenado. A taverna lembrava a paisagem lá fora, rústica e marrom, de todos os tons.

Nas condições atuais, nenhum deles reclamou.

-Não, mas tenho certeza de que se eu continuar a procura, não demorarei a achá-la! – Diz, ainda determinada, nenhum pouco disposta a desistir.

-Então se esforce...Pois dizem que onde a princesa dorme, tem muito dinheiro guardado – Reclama Wufei, olhando para a aparência da comida que comiam, o cansaço também o afetando.

-Podemos entrar em mais um torneio! – Exclama Duo

-Ganharíamos o primeiro lugar, uma taça e pouquíssimo dinheiro, como antes! – Exclama Wufei, contrapondo a idéia imediatamente, irritado, encarando o de cabelos castanhos do outro lado da mesma com seus olhos frios e cortantes.

-Tem uma idéia melhor, gênio? – Duo utiliza ironia, também perdendo a paciência.

-Vocês dois querem parar, sim? – Kelly interfere, vendo que os dois se encaravam feio e aquilo podia virar uma briga de verdade, como várias que o grupo já havia presenciado – Tentaremos pensar em alguma coisa, senão aceitaremos a idéia de Duo, todos de acordo?

-Tá legal – Respondem todos, alguns antes dos outros, alguns a contra-gosto.

Depois de devidamente alimentados, o grupo resolveu procurar um lugar para ficar, como uma gruta ou algo assim, uma vez que agora todos estavam oficialmente paupérrimos, sem dinheiro nem para dar esmola.

Arrumados em uma pequena caverna embrenhada no seio da floresta, as meninas decidiram que, por haver um tão perto, iriam tomar um banho, para se refrescarem e se limparem, afinal, o dia tinha sido difícil o suficiente e mereciam seu descanso.

Como a procura pela gruta havia levado toda à tarde, já estava noite e muito escuro, em um céu com estranha e incomum falta de estralas, mas isso não era problema para elas, que mal pararam para reparar ou sequer para pensar no caso, pois tão logo Cléo conjurou um feitiço de luzes, as duas já iam em frente, as bolinhas luminosas que as seguindo, não importando onde fossem, como fadas ou vaga-lumes, encantadores.

As duas amigas tomavam o banho, despreocupadas, relaxando, se divertindo na água. Cléo comentava alguma coisa sobre achar o relacionamento de Kelly e Wufei estranho, pelo jeito como se comunicavam sem palavras, parecendo saber o que o outro pensava, parecendo frios e distantes um do outro, enquanto Kelly comentava exatamente o contrário de Duo, em uma típica conversa feminina.

A superfície da água ficava bonita com o reflexo das cores das bolinhas de luz, amarelas, fazendo pequenos entardeceres na água, as árvores em volta as protegendo de possíveis olhares curiosos ou malfeitores.

No meio da bagunça, Cléo ouve um barulho estranho, como algo pesado se quebrando, fazendo um sinal para Kelly se calar, as sobrancelhas juntas no meio do rosto, preocupada, instantaneamente. Se isso fosse uma peça de algum dos meninos, eles iam ter uma lição.

Aproximam-se da margem com cuidado, deslizando pela água, os cabelos longos atrás de si, deixando um rastro bonito e ondulado na superfície espelhada.

Ambas prendem as devidas e separadas toalhas no corpo, prontas para averiguar, mas, quando viraram para espiar suas roupas, um pouco mais distantes de onde estavam, apoiadas em um tronco de árvore caído para o lado, vislumbraram um bando de ladrões fuçando em suas bagagens, e o pior, de dentro da bolsa da ruiva pareciam tirar o livro!

Era o homem encapuzado que os seguira durante o dia, sem que percebessem. Ele estava ali pelo livro.

Cléo se levanta e corre na direção dos homens, sem pensar, impetuosa como era – O que estão fazendo? Isso nos pertence!

O grupo de cinco se vira para encarar a recém-chegada quase nua na frente deles, os cabelos ainda molhados lhe escorrendo pelas costas, alaranjados. Agora colocara não só a si, como também sua amiga em perigo, que saía da água, discreta, inconformada pela falta de tática da outra, por ser assim que sua mente funcionava, mas disposta a lhe proteger, como a amiga leal que era.

-E o que faria se nós disséssemos que não é mais, senhorita? – O homem, o peso um pouco acima do normal, as roupas acinzentadas, parecendo envelhecidas a segura pelo pulso, aproximando-a dele, fazendo-a perceber seus dentes sujos e seu hálito pútrido. Arrependeu-se de ser intempestiva. Ele a levanta sem dificuldade do chão, fazendo-a sentir dor, com força – Você faria o que?

Mas, sem que conseguisse ter tempo de assimilar o que acontecera, no momento seguinte o homem já estava no chão, derrubado por uma Kelly muito irritada que segurava uma adaga, a que ela sempre mantinha perto de si, não importando a situação, que estava escondida junto à sua toalha de banho, prevenida.

Ninguém lhe tirava as pessoas que eram importantes, já perdera demais no passado e não permitiria que nenhuma pessoa mais lhe fosse roubada. Posiciona-se, mesmo que molhada, mesmo que só estivesse de toalha, pronta para resistir.

Cléo estava a seu lado, uma expressão um pouco infantil de dor no rosto, acariciando o pulso, mas em seguida sorrindo, também tomando posição ao lado da amiga.

-Oh, então as menininhas sabem brincar! – Diz outro homem, que aparentemente era o líder do grupo, se aproximando um pouco, saindo do meio do grupo, fazendo os outros rirem com o comentário.

As meninas podiam sentir a usual carga de adrenalina no sangue, nervosas antes de uma situação de estresse, prontas para defenderem suas vidas.

O que estivera no chão se levanta, o sorriso parecia tão sujo quanto sua alma, limpando o pequeno corte do rosto com as costas da mão, deixando uma marca marrom de terra, sem se importar. O chefe se pronuncia.

-Matem-nas! – Os olhos brilhavam de uma maneira fria, maquiavélicos, e naquele momento, com o coração saindo pela boca, Cléo nunca desejou tanto que as luzes amarelas simplesmente se apagassem ao redor de si, não fazendo possível àquela visão.

Embora tentassem lutar, tinham seus movimentos limitados, pois não conseguiam chutar direito, e logo o grupo as cerca, em um número superior, as expressões estranhas e sádicas no rosto de cada um.

Elas conseguiam sentir o frio na espinha, eles com os sabre e espadas tinindo, o metal se chocando com barulho. Para a infelicidade das meninas, Cléo não era treinada para um combate corpo a corpo, e sim um com feitiços, e embora soubesse se defender, só sabia o básico, suscetível a situações como aquela.

Um homem corpulento a pega pelos cabelos, voltando a ergue-la do chão, ela grita, embora não quisesse, a dor sendo demais para não demonstrar fraqueza. A de cabelos lisos se distrai com o barulho, virando-se com violência para ver o que acontecia, amaldiçoando-se mentalmente por não ter lhe dado uma cobertura melhor. Nisso, o senhor com quem lutava a desarma, sua adaga entalhada com detalhes de dragões no punho voando longe.

Ela o encara, selvagem, os olhos ferinos mostrando sua resistência, ele não parecia preocupado. Nesse momento são surpreendidos pelos três rapazes que chegavam, correndo, as espadas em punho, prontos para o resgate.

-Tire suas mãos sujas dela! – Grita Duo, em um pulo, fazendo-o soltar a menina com o susto, fazendo-a cair no chão com violência, apenas tendo tempo de se virar, as espadas se encontrando com um som alto de metal.

Os outros dois não perderam tempo a fazer o mesmo, só que lutando com dois homens cada. As meninas levantaram-se, colocando suas roupas de qualquer jeito, por cima da toalha, sem tempo para perder, prontas para ajudar.

Podia-se sentir o cheiro de suor e sangue no ar, azedo. E embora cansada e sem o treino que os outros do grupo tinha, Cléo resistia bem à confusão, sem saber direito com quem lutava, mexendo-se com desenvoltura, os pés em uma dança inacabável.

Sem ter a intenção, percebe que lutava com o líder. Ele tinha uma cicatriz funda no rosto de cor bronzeada, queimada de forma descuidada pelo sol. Ele era mais forte do que os outros, e, a cada golpe que ele lhe aplicava com a sua falcata¹ pesada, ela se perguntava se sua cimitarra curta² agüentaria a tensão.

Doía-lhe não ter mais habilidades com a espada, naquele momento, se o tivesse, poderia lutar com duas cimitarras curtas, o que lhe daria mais agilidade e precisão, mas, não tinha total potência com uma, o que aconteceria se tentasse usar duas ao mesmo tempo?

Gira, mudando o peso de um pé para o outro, desviando de um ataque que teria lhe arrancado à cabeça, por um triz. Estava nervosa e suava.

-O que o faz pensar que tem o direito ao nosso livro? – Pergunta a moça, enraivecida pelo que ele a fazia passar, enquanto duelavam, o ar lhe faltando aos pulmões, que ardiam a ponto de parecer não mais agüentar a atividade física extensa.

Ele lhe empurra, fazendo perder o equilíbrio por um instante, um novo corte, fundo, no braço aparecendo, o sangue escorrendo imediatamente, viscoso, isso a faz dar alguns passos para trás, incerta, antes de voltar a se recuperar, olhando-o, ainda mais fora de si. Ele a pega desprevenida, os dentes sujos em algo semelhante a um sorriso.

-O fato de eu ter isso! – Diz, mostrando o colar que carregava no pescoço por uma forte corrente de metal cinza. Ela o reconheceu imediatamente, não só de suas canções quando criança, do livro que eles tanto tentaram lhe roubar, a ilustração nítida lhe vindo a mente com violência.

-O colar da princesa! – Exclama, investindo mais uma vez, agora certa de que tudo o que tinham dependiam daquele momento, precisava vencer, não podia se deixar abater! Tão compenetrados estavam, esqueceram do mundo a seu redor, apenas por um instante.

-Senhor! – A voz era alta e imperativa, forte e masculina. O homem se vira, parando a luta por um momento, pelo chamado. É então que percebe que era o único sobrevivente, todos os outros já caídos no chão, alguns mortos, outros desmaiados...

O homem ainda tenta se defender, a falcata em punho, a arma forte e indelicada combinando com sua personalidade agressiva, mas, os cinco foram demais para ele conseguir resistir, e, em um instante, estava preso à uma árvore, o silêncio e a floresta a cerca-lo.

E pior do que isso, impiedosos, o grupo lhe arrancara um troféu, provando sua vitória, levando o colar consigo. Era um colar delicado, uma bolinha azulada, de uma pedra incomum, parecendo ter asas de prata, alguns detalhes menores a segurar a pedra no lugar, como afrescos em uma moldura.

Tinha um tamanho pequeno, de modo a caber na mão de uma mulher, embora as asas, pontudas, ainda ficassem de fora. A ruiva se sentiu estranha ao segura-lo, como algo lhe abatesse com violência, quase instantaneamente, uma dormência surreal, quase mágica, quente, sendo sentida por dentro.

Quando já se encontravam na frente da caverna, Cléo pára, aquele sentimento agora parecendo crescer a um ponto absurdo, tomando conta de si, finalmente conseguira desvenda-lo. O que sentia era...

-Algum problema? – Pergunta Duo que caminhava ao seu lado, preocupado com a sua imobilidade.

-Eu acho que, consigo sentir a presença da princesa... – Diz, ainda temerosa, mas já sentindo o palpitar do peito em ansiedade. Tinha certeza, aquele sentimento, não podia ser outra coisa!

O colar lhe trouxera a resposta, com ele, acharam acidentalmente a chave para o portal que tanto procuraram. Não podia estar mais eufórica e sem reação.

-Então o que está esperando? – Pergunta Wufei, seco, rude, impaciente como lhe era costumeiro.

Jogando o cabelo para trás, fazendo-o esvoaçar, em um movimento levemente esnobe, e um pouco irritadiço pelo comentário, ali mesmo, Cléo puxa o livro da bolsa de uma alça só, de couro escuro que carregava. Respirando fundo, começa a conjurar as palavras que quase sabia de cor, calma e pausadamente.

As palavras mágicas pela primeira vez pareceram ter algum efeito, quando o livro começou a brilhar, fazendo o grupo se aproximar do mesmo, com curiosidade. O brilho era dourado e exalava um sentimento de calma estranho.

Uma luz forte, ofuscante começou a se espalhar, tendo sua origem o livro antigo, espalhando-se em volta deles, transformando tudo o que viam em uma cor forte e amarelada, e antes que pudessem tomar conta do que acontecia realmente, o feitiço para a próxima dimensão havia sido feito.

Quando abrem os olhos, que inevitavelmente haviam fechado pela luz forte imposta a suas córneas, estão no interior de uma sala gigantesca, escura, de paredes de vidro, dando para ver do lado de fora, estando em uma espécie de palácio, pelo tamanho imponente e a grandiosidade.

O quarto, apesar de tudo, estava totalmente vazio, nem possuindo luz para se acender, fato que causou que todos forçassem a vista, apertando-a para conseguir enxergar em volta.

-Estamos todos bem? – A voz era de Duo, levemente alterada. Um 'uhum' geral é ouvido, seguido do silêncio típico daqueles que não sabem o que os espera.

Mais uma vez, por impulso, sem conseguir não agüentar por onde ia, Cléo conjura o feitiço de luz, o antigo tendo simplesmente desaparecido com o teleporte que realizaram. Ninguém a recrimina, internamente gratos por saberem onde pisavam e conseguirem ver em volta direito. Heero toma a dianteira, seguido de perto por Wufei. Saem da sala, se vendo em um corredor gigantesco, alto e infinitamente comprido, tão comprido que não se era possível ver o fim.

O chão era coberto por um tapete vermelho, com desenhos que pareciam contar fatos históricos, os detalhes em dourado. Tudo parecia tremendamente empoeirado e velho, como se o local estivesse dormindo por um longo tempo. Tinha um clima impessoal, agressivo, causando arrepios.

As luzes só ficavam em volta dos integrantes, não iluminando tudo, não sendo nem possível ver muito à frente, nem ver o que havia no teto, seus detalhes. Enormes colunas de uma pedra escura se erguiam do chão, podendo ser vistos de tempos em tempos, enquanto andavam, sendo os responsáveis pela sustentação do lugar.

Enquanto seguiam em silêncio durante um longo tempo, passaram por diversas portas, trancadas, espelhos de moldura dourada, de tamanho muito grande, acompanhando a parede até se perder de vista nas alturas.

Mesas de canto com vasos chineses, esculturas, quadros, tudo perfeito, parecendo ser da mais fina qualidade, simplesmente largado ali, ganhando poeira e perdido no tempo, esquecido.

Não tiveram tempo para reparar nisso, tensos. Pelo menos, sabiam que continuavam em linha reta, não se perdendo, podendo simplesmente se virar e voltar por onde tinham vindo, sem se perderem.

Por fim, cerca de duas andando sempre em frente, o grupo chega ao fim do tapete, que aparentemente os conduzira a uma imensa porta-de-pedra, cinza, lixada de modo a parecer polida, brilhante, detalhada, camadas mais altas e mais baixas, enfeitada com diversas pedras preciosas, que reluziam, ainda que na escuridão.

-Nem dá para ver aonde acaba a porta... – Comenta pela primeira vez, fraquinho, Kelly – Será que conseguiremos arrastar isso?

Externa a preocupação de todos, mas, para surpresa geral, a porta se abriu com uma tremenda facilidade, como se fosse de madeira e estivesse nova, sem rangidos.

Atravessam a porta, hesitantes, às mãos em armas, olhando em volta, o suor característico nas palmas, nervosos. Ainda não cansado de surpreender, se viram em um grande salão, de forma arredondada, as luzes que voavam em volta deles como fadas se refletindo nas peças de ouro, espalhadas. Engolem em seco.

Não se era possível ver as paredes, o ouro empilhado as cobrindo. Moedas de todos os tipos, tamanhos e épocas, brilhando em um dourado chamativo, fora do comum. Potes enfeitados, vasos valiosos, baús abertos revelando colares antigos, de uma época desconhecida, pedras preciosas se destacando com suas cores chamativas e carnavalescas.

Só havia um caminho em linha reta para se seguir, o resto encoberto pelos tesouros, na sala de tamanho desconhecido, porém definitivamente gigantesca, as bocas abertas, nunca tendo visto tantas coisas valiosas juntas, parecendo vir das mais distintas partes do mundo.

A trilha em que estavam era torta, de modo que não se podia ver onde os levava a princípio, só sabendo depois de alguns minutos, quando, depois de uma curva acentuada, avistaram outra porta, tão grande quanto a primeira, no final do comprido corredor, ainda cercados.

Chegava a ser estranhamente sinistro a quantidade de ouro ali concentrada, como uma espécie de oferenda, ou um tesouro de pirata bem guardado.

Andaram, ainda em silêncio, o som de seus passos sendo ouvidos, em estalidos baixos, pequenos, enquanto se arrastavam. Param em frente à nova porta, tão grande quanto a primeira, analisando-a. Essa parecia ser de algum metal precioso, pois reluzia de leve, com um brilho prata, se destacando naquele brilho amarelo do lugar, tendo nela esculpido, um unicórnio em uma cena dantesca.

O mitológico animal delicado mantinha o rosto abaixado, uma poça de sangue a seus pés, enquanto enfrentava um dragão, as asas grandes do animal medieval desaparecendo de vista, grandes, os olhos vermelhos com rubis incrustados, a expressão maquiavélica cheirando a morte.

-Será que a princesa está atrás desta porta? – Fala Duo, incerto se queria ou não atravessar para averiguar, depois de colocar os olhos na cena.

Antes que alguém pudesse tomar alguma decisão, Heero abre a porta, revirando os olhos com a indecisão dos que estavam a sua volta, empurrando-a, assim como a primeira. Diferentemente da outra, essa fez um barulho gigantesco, um estalido rouco e comprido, ricocheteando pelas paredes, o eco indo longe, fazendo algumas peças que estavam em cima das pilhas caírem, com um baque, mas ainda assim sendo aberta sem problemas.

O grupo entra temeroso, quase encostados uns aos outros, Heero ainda à frente, avistando primeiro a cena estranha.

No fundo da sala, como a única coisa existente nela, com uma iluminação de origem desconhecida, uma linda moça, sentada em um trono, parecendo dormir, o carpete no chão parecendo ainda mais refinado que o anterior, ilustrado com cenas de uma batalha distante, bordado por uma mão delicada e precisa, em um passado remoto.

A cabeça estava levemente caída para o lado, os cabelos loiros escorriam pelo rosto delicado, perfeito, como uma cascata, bagunçados, escondendo-lhe parcialmente a expressão, dando-lhe uma aparência de boneca de louça. Usava um majestoso vestido azul, tão detalhado quanto o tapete embaixo de si, os detalhes costurados em prata, formando desenhos sem forma, por toda a sua barra rodada. Era de um tecido brilhante, com mangas curtas e um decote quadrado. Ainda usava luvas longas, de cor também prateada, encobrindo-lhe as mãos pequenas.

O mais dantesco de tudo, um véu a cobria, como que para protege-la do tempo e da poeira, mostrando um ar de mistério na sala, que de resto ainda era escura.

-Ela é... – A voz morreu na boca de Duo

Heero se aproxima com cuidado, mas sem medo, movido apenas por impulso e curiosidade, o grupo seguindo atrás dele. Sobe o pequeno degrau que a fazia em um pouco acima do resto do local de pedra, se abaixando em frente à moça, retirando-lhe o véu.

E expressão permanece inalterada, inconsciente. Junta as sobrancelhas no meio do rosto, intrigado, levantando o rosto angelical, perfeito, fazendo com que os cabelos brilhosos escorressem para o lado, de maneira majestosa.

-Heero! – O moreno se vira para a voz que o chamava, vendo Cléo parada atrás de si, segurando em mãos o colar que haviam pegado dos caçadores de tesouros, a pedra azulada agora parecendo reluzir, em uma ressonância desconhecida.

Ainda de maneira cautelosa, Heero pega o objeto, colocando-o no pescoço da princesa, todas as atenções voltadas para o que aconteceria a seguir. O guerreiro permaneceu ajoelhado bem a frente da menina, esperando alguma reação.

Um instante de tensão se passa e nada acontece.

Por fim, ela abre os olhos e encara todos em questão de segundos, os olhos de um azul profundo, da cor do céu, parecendo refletir a tudo o que viam, de maneira incomum, tal qual um espelho, parecendo distante.

"Ela tem estranhos olhos azuis..." – Foi à única coisa que Heero conseguiu pensar antes que ela se inclinasse no trono, as mãos nos apoios de maneira sutil, encobrindo os lábios dele com em um beijo suave e inesperado...

Continua!

-/-

Lenda da Princesa

Todos devem estar se perguntando, afinal de contas, o que é essa maldita lenda da princesa? Vou contar a lenda a vocês, tal qual se contava para as crianças dormirem em minha história ok?

Há muito tempo atrás, existia um reino muito desenvolvido, e nele, havia uma bela princesa com um poder devastador. Tanto era o poder que a princesa não conseguia controlá-lo, então ela usava um colar delicado que na verdade controlava seus poderes e impedia que ela usasse uma boa parte deles para não saírem do controle.

Sua beleza era tanta que príncipes de diversos lugares se reuniam para vê-la...

Mas apesar da tremenda beleza que possuía, a princesa era extremamente fria e não se aproximava de ninguém.

Um grupo de reinos que eram inimigos daquele em especial, puseram um feitiço sobre a princesa, enviando-a para uma outra dimensão, deixando-a em repouso sob um sono profundo, para isso, a colocaram sob um feitiço, onde, se ela retirasse o colar, dormiria pela eternidade até que alguém o colocasse de novo em seu pescoço, e o reino, uma vez sem a princesa, caiu em decadência e desapareceu.

Dizia a lenda que se você encontrasse a tão cultuada princesa, seria dono de um poder imensurável, além de achar um tesouro inigualável.

Raças e Explicações!

Cléo: Ela é uma humana, só que é bruxa. Sua arma é uma cimitarra.

Kelly: Como já mencionei, ela é uma elfa, com um passado oculto e triste, escondido por ela. Sendo esse um dos motivos pelos quais é tão discreta e prevenida. Usa como arma uma katana, mas sempre têm guardado uma adaga para situações de emergência em sua bota.

Heero: Ele é humano e é um guerreiro, não importa o tipo de luta, ele é miraculosamente bom, carrega uma Gladius (espada) consigo.

Duo: Ele é um humano, guerreiro também, mas descendente de magos, por isso sabe algumas mágicas básicas, como barreiras, por exemplo. É exímio espadachim e sua espada é uma antiga espada escocesa.

Wufei: É um humano e também guerreiro, é um excelente lutador de artes marciais. Assim como Kelly tem um passado que prefere não revelar. Leva duas katanas consigo.

Relena: Nossa princesa, muito poderosa e muito misteriosa...

OBS: Colocarei informações e fotos sobre as espadas no final do próximo capítulo, é só clicar para a próxima página.

Roupas!

Cléo: Usa uma blusa decotada em "V" do tipo colã, com mangas compridas e soltas, da cor preta, e tem presa na cintura uma fita branca, por um nó, que fica virada para frente. A fita chega a altura dos joelhos. Usa uma capa comprida que chega ao chão da cor cinza, usa botas compridas, cada uma de um tamanho, também da cor preta e com detalhes prata. O colã é aberto dos lados até um pouco acima do umbigo e preso por um fio enviesado.

Usa um colar com propriedades mágicas, com uma pedra vermelho sangue, brilhante. O suporte é preto, formando um desenho em volta da pedra em um formato semelhante a uma flor.

1- É uma espada, arma de origem espanhola, é um tipo de faca.

2 – Espada sofisticada, fina e leve. Sua origem é a Pérsia.


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