Lua De Sangue escrita por JhesyAckles


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Capa provisória. Farei uma decente depois :)
O dia de postagem mudou, agora será toda quinta a noite.



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Daniel foi embora pouco antes do amanhecer, desta vez a lua estaria cheia e ele não poderia passar a noite comigo. Perigoso demais, foram as palavras dele. 

Fui para casa pensando no que havia pedido a ele. Se aquilo estava certo, eu não sabia dizer, o que eu sabia era que precisava fazer alguma coisa porque se eu me calasse Marcus iria com tudo para cima deles, eu temia pela vida de Marcus... eu temia pela vida de Daniel...

- Você perdeu a cabeça garota? - foram as palavras com as quais fui recebida quando cheguei em casa, não que eu não esperasse por isso mas... 

- Marcus, agora não. Preciso falar algo sério com você. 

- Como agora não? Você saiu já perto do amanhecer, sua mãe estava para ter um ataque de nervos aqui. - ele esbravejava comigo e movia os braços enquanto falava, ou melhor, gritava.

- Você nos deixou mortos de  preocupados Lana, que droga. Foi se encontrar com aquele lobisomem, não foi? 

- E se tiver ido? - eu o desafiei.

- Lana! - minha mãe disse surpresa. - Porque fez isso? Você sabe tudo o que fizeram, você sabe... 

- Do que ela sabe? - Marcus perguntou se dirigindo a minha mãe mas sem tirar os olhos duros e severos de mim.

- Ela sabe o que eles fizeram a você. Eu contei a ela.

- Diana, você não devia ter feito isso. 

- Não devia mas fiz, e esse seria um otimo motivo para você nunca se envolver com um deles. - mamãe me olhava. 

- O que te leva a ter certeza do que eles fizeram, Marcus? - eu olhava para Marcus ignorando a bronca de minha mãe. - Você os viu matando? Você os viu as dislascerando?

- Eu senti o cheiro deles proximo a elas, Lana. - ele dizia com dor no olhar ainda severo. - eu fui até onde estavam e os vi, os vi falando que nos haviam encontrado. 

- Isso não prova que eles foram os assassinos! - eu o desafiei. 

- Do que é que você está falando? 

- Estou falando, Marcus, que talvez você tenha se enganado. Eles podem ser inocentes, e você quer uma guerra, é disso que eu estou falando. 

- LANA, ELES NÃO SÃO INOCENTES!  - ele berrou furioso. 

- COMO SABE? COMO PODE TER TANTA CERTEZA ASSIM? - eu berrei em resposta.

- Quem mais faria algo assim? - ele atirou os braços pra cima. - Humanos não tem poder para isso, escute a voz da razão pelo menos uma vez na vida Lana. Só lobisomens tem força e agilidade suficiente para isso, droga.

- Só lobisomens mesmo, Marcus? - eu disse o encarando desafiadora. - Nós também somos fortes e ageis, e muito capazes de tal feito. 

- Você está querendo dizer que... 

- Isso mesmo. - eu o interrompi antes que concluisse a frase.  - Vampiros. Algum pode muito bem te-las matado, não? Escute a voz da razão você Marcus! 

- Eu não acredito que está falando assim Lana. - agora era minha mãe que se pronunciava. - Você nunca falou assim com Marcus, o que é que está acontecendo com você minha filha?

- Só quero que a verdade apareça, só isso. 

- Eu não estou te reconhecendo, Lana... Aquele seu novo amigo realmente te mudou, está fazendo com que você desconfie da sua propria familia. 

- Não é desconfiar da minha familia Marcus... É só que... - eu não consegui concluir a frase, fui tomada por uma fraqueza repentina. 

Mamãe notou.

- Lana, há quanto tempo você não se alimenta? 

- Há... - foi então que me dei conta que havia muito eu não caçava.

- Não sei exatamente quantos dias... 

Sair para caçar parecia um detalhe tão pequeno em meio a tudo o que eu estava vivendo que me esqueci por completo que tinha essa necessidade... 

- É melhor eu ir caçar, amanhã estarei mais fraca. Melhor resolver agora... 

E então sai, grata por ter uma desculpa para encerrar a discução que eu tinha certeza, ainda iria longe... Sai de casa e comecei a correr prestando atenção nos cheiros, e sons...

Eu só havia me esquecido de um detalhe naquela noite...

Parei um pouco a corrida já a uma certa distancia de casa e respirei fundo procurando por rastros, cheiros ou algo que pudesse me levar até alguém que estivesse ali, no lugar errado e na hora errada. Não demorou muito senti o cheiro de alguém, estava sozinho, sabia disso porque não haviam mais odores humanos por ali além do dele, um caçador, talvez.

Segui o rastro e então cheguei até ele, não era um caçador, era um campista sentado a frente de uma fogueira tentando se aquecer, era alto e até bonito, jovem... devia ter uns 25 anos, isso me agradou, quanto mais nova a pessoa fosse mais o sangue era saboroso... 

Eu mordi o lábio inferior, fechei os olhos e respirei fundo inalando seu cheiro e senindo um incontrolave desejo por seu sangue. Me preparei para o ataque, e naquele momento já não era eu quem estava ali, era uma predadora, forte, agil, mortal e sedenta pelo sangue daquele rapaz.

Corri até ele e parei em sua frente, ele se assustou ao me ver, mas antes que pudesse associar a ideia de que eu surgira ali seu pescoço já estava quebrado. Não gostava de ter minhas vitimas se debatendo enquanto bebia seu sangue, e também não gostava de ver o terror em seus olhos enquanto me viam cravando os dentes em suas gargantas, mata-las ou deixa-las inconciente antes era muito melhor. 

Me abaixei ao lado dele e deixei que o cheiro doce de seu sangue me envolvesse antes de suga-lo.

Coloquei a mão em seu cabelo e ergui sua cabeça para deixar seu pescoço a mostra. Então enterrei meus dentes em sua garganta, minha boca se encheu de seu sangue ainda muito quente, eu aproveitava cada gota prazerosa daquele liquido vermelho. 

A cada vitima uma sensação nova era sentida. Nenhuma possuia o mesmo sabor mas eram igualmente deliciosas... 

Eu estava concentrada enquanto saboreava cada dose generosa de sangue que caia em minha boca, o cheiro que emanava da ferida aberta era forte e prazeroso, mas de repente, antes que eu tivesse a chance de terminar de seca-lo, outro cheiro forte me atingiu, um cheiro novo e quase repulsivo, não sei como explicar com o que se parecia, eu nunca sentira nenhum outro odor que se assemelhace a aquele. 

Ergui minha cabeça com cautela enquanto limpava o resto de sangue que estava em minha boca com as costas da mão e olhei envolta em busca da fonte daquele cheiro novo, foi então que os vi, eram dois.

Eu nunca vira animais tão grandes como aqueles, eu nunca vira animais como aqueles. 

Eram dois lobos gigantescos, mas não eram lobos, eles estavam em pé apenas nas duas patas traseiras o que os tornavam duas vezes maiores e mais assustadores, seus dentes muito grandes eram visiveis mesmo com a boca semiaberta, as garras brotavam de suas mãos também muito grandes e afiadas. 

Lobisomens. 

Eu olhei para o céu e paralisei quando voltei a olha-los. Lua cheia. Me esqueci completamente disso, eu não devia ter saido hoje.

Eu permaneci congelada olhando para os dois, talvez pudesse lidar com um, mas não com dois. 

O de pelo mais claro tinha os olhos de um castanho intenso, ele olhou de mim para o corpo sem vida do rapaz que eu acabara de matar e então de volta pra mim.

Eu não me movi nem tirei os olhos de ambos.

O lobisomen que me olhou deu um passo em minha direção então o outro, que agora eu notara, tinha os pelos negros e olhos de um verde escuro muito intenso, ele deteve o primeiro, não entendi porque ele fez isso. 

Ambos trocaram olhares significativos, como se pudessem se comunicar, o que eu não duvidava que pudessem.

O primeiro pareceu assentir, e então se virou para mim novamente, levou os olhos até o rapaz aos meus pés e voltou a andar em nossa direção.

Pela primeira vez em muito tempo eu senti medo. 

Eu não me lembrava de como mover os pés, parecia que eu havia cravado os pés na terra como arvores cravam suas raizes.

Eu não conseguia sair dali, e ele estava se aproximando.

Quanto mais proximo estava mais medo eu sentia, pensei que iria me atacar.

Eu lutaria, mas não teria chances, isso era obvio, mas algo que eu não esperava aconteceu, ele passou por mim me lançando um olhar que eu não pude compreender e foi para o corpo que estava a poucos centimetros de mim, se abaixou e então começou a come-lo. 

Eu agora não sabia se olhava para o lobisomem que estava aos meus pés terminando com o que sobrara do rapaz ou se olhava para o outro que continuava imovel apenas me encarando com aqueles olhos enormes.

Notei que o primeiro estava concentrado dilascerando o corpo e me atrevi a desviar o olhar até o outro, quando o fiz notei que ele já não estava me olhando imovel, estava vindo em minha direnção me encarando. 

Um tremor percorreu meu corpo começando na base da minha espinha.

Ele se aproximou e deixou o rosto a poucos centimetros do meu, eu podia sentir sa respiração forte fazer meus cabelos se esvoassarem, o animal me olhava nos olhos.

Ainda que ele aproximasse o rosto do meu eu não me movi. 

Então notei um certo brilho em seu olhar, um brilho que me era tão unicamente familiar.

Eu reconheceria aquele olhar em qualquer forma que estivesse.

Finalmente encontrei minha voz. 

- Daniel. - eu disse em um sussuro rouco quase inaudivel. 

Ele balançou um pouco a cabeça como se assentisse, então virou a cabeça para o lado e eu compreendi o movimento ; ele queria que eu fosse embora. 

Eu apenas assenti. 

Mordi o lábio inferior e então me atrevi a mover minha mão, levantei-a lentamente até seu rosto, quando aproximei a mão ele a olhou e olhou de volta pra mim, então acariciei seu pelo negro e grosso e ao mesmo tempo macio e reconfortante.

Aquela sensação do contato de seu pelo muito quente com minha mão foi maravilhosa.

Não era como tocar seus cabelos, não era como tocar seu corpo...

Era diferente... Ele virou a cabeça novamente indicando as arvores. Eu assenti novamente.

- Tchau... - foi só o que eu disse. 

Encontrei novamente o controle de meus movimentos, não haviam mais porque ter medo, e então sai dali, quando cheguei as arvores ele ainda me olhava, balançou a cabeça e então se juntou ao primeiro lobisomem, os dois juntos terminaram de dilascerar o corpo do rapaz que eu abatera. 

Aquilo não era algo muito agradavel de se ver, então virei e corri de volta para casa. 

Quando estava proxima de casa encontrei Marcus, minha mãe e, otimo, Lucas, estavam me esperando.

Lucas não parecia estar com uma cara muito boa. 

- Lana, precisamos conversar.

- De novo? - eu bufei. - Não já conversamos muito?

- É... - Marcus não sabia como falar. - Vamos pra casa, sim? 

- E então? - eu disse quando entramos em casa. 

- Vamos atacar. - Lucas disse com tom de superioridade.

- Vão o que? - eu perguntei com horror no olhar.

- Eles mataram... - minha mãe não conseguiu terminar a frase.

- Eles o que? - eu não conseguia entender, eu não queria entender.

- Lana, eles mataram a Sarah. - novamente Lucas tomou a palavra. 

Não que eu me importasse com a vida dela, na verdade não me importava. Ela e Lucas tiveram um caso enquanto ele ainda estava comigo, desde então criei um odio por ela. Em outra situação sua morte não seria grande coisa, não seria uma grande perda.

O grande problema não era quem havia morrido, e sim como havia morrido. 

- O que? - disse horrorizada. - eles quem Lucas?

- Os lobisomens, é claro. - Marcus disse.

- E provavelmente, seu amiguinho estava envolvido nisso. - Lucas disse e eu podia jurar ver um certo brilho de satisfação em seu olhar.

- É claro que não estava. - eu disse com convicção. - ele nunca faria algo assim.

- Como sabe? - Lucas perguntou. 

- Confio nele. - eu encarava Lucas.

- Marcus, preciso conversar com Lana, pode nos deixar a sós? - Lucas se dirigiu a Marcus.

- Tudo bem, vamos caçar e deixa-los conversando. - Ele olhou para Lucas e em seguida se retirou com minha mãe.

- Confia nele? Ele mecheu muito com você não? - Lucas dizia com um sorriso de desdem no rosto. 

- Onde você quer chegar com isso? - eu dizia trincando os dentes.

- Está tão apaixonada assim por ele? - ele dizia com tom de ironia. - Oh. Não me diga que já transaram? - ele disse fingindo surpresa. 

- Você é repugnante, Lucas. - eu cuspi as palavras.

- Você não achava isso - ele chegou pertou de mim em um instante e me agarrou deixando seu rosto perto do meu. - quando era eu quem estava com você na sua cama, não é? - ele olhava dentro dos meus olhos eu não me movia. - Você não me achava repugnante quando estavamos nos dando prazer, não me achava repugnante quando eu a fazia delirar pedindo mais. - ele sorriu triunfante.

Eu não o respondi, aquelas palavras ridiculas não mereciam uma resposta. 

Ele então me agarrou com mais força e me beijou, aquela sensação fez meu estomago se revirar, eu tentei me libertar de seu aperto mas era inutil, eu era forte mas ele também era e ainda tinha sua posição e tamanho em relação a mim que davam a ele uma vantagem sobre a situação. 

Seus labios encontraram os meus violentamente, sua lingua tentava entrar em minha boca como uma lesma nojenta. Logo percebi que qualquer tentativa de me esquivar dele era inutil, então fiquei imovel, parando de lutar, deixei que sua lingua entrasse em minha boca, ele sorriu em meio a isso achando que eu desistira de lutar, quando sua lingua nojenta estava dentro da minha boca eu encontrei a oportunidade e a mordi com força, pude sentir o gosto de algumas gotas de seu sangue frio brotarem onde meus dentes o haviam atingido, ele deu um salto para tras me olhando com expressão de muita raiva.

- Você me dá nojo. - eu disse entredentes enquanto limpava seu sangue da minha boca com as costas da mão.

- Isso não vai ficar assim Lana, sabe disso. - ele me disse com olhar ameaçador.

- O que você vai fazer querido? - eu o desafiei. 

- Você vai se dar conta que deveria estar comigo! Vai se dar conta que eu te amo e que todas as minhas atitudes são para te ter novamente comigo! Vai se dar conta de que ele não serve pra você! E... - ele disse com um certo olhar maligno que fez um calafrio percorrer meu corpo. - Vai perceber da pior e mais dolorosa forma.

- Isso é uma ameaça Lucas? 

- Isso é um aviso, mas pode tomar como quiser. - Aquele odio não deixava seu olhar e momento algum.

- Eu te odeio. 

- Isso é o que você vai dizer ao seu amado Daniel, um dia.

- O que você pretende fazer, Lucas?

- Eu? Nada, não precisarei fazer nada. Ele vai escorregar e você vai enxerga-lo como realmente é, quando isso acontecer vai voltar pra mim.

- EU NUNCA VOU VOLTAR PRA VOCÊ! - eu explodi.

Eu nunca vou conseguir esquecer o odio que vi no olhar de Lucas naquele momento. 


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Notas finais do capítulo

Nos proximos capitulos haverão alguns acontecimentos que irão testar a fidelidade de vocês ao personagem que vocês dizem amar, haha, quem será que vai continuar gostando do personagem?