Lua De Sangue escrita por JhesyAckles


Capítulo 14
Capítulo 14




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Entender o que havia acontecido comigo?

Impossivel.  

Faltava apenas uma semana para a luta e eu não pensava em mais nada.

Os ultimos meses tinham sido os mais perfeitos e os mais terriveis de toda a minha vida. 

Aconteceu tudo tão rápido... Quando me dei conta estavamos as vesperas da batalha, planejando e treinando como loucos, eu não conseguia me concentrar em mais nada, o desejo de vingança borbulhava dentro de mim. 

Os vampiros se reuniam todas as noites em uma das casas e passavam noite e dia resolvendo detalhes, só havia um problema, eu não conseguia participar de todas as reuniões noturnas.

Eu precisava me alimentar com muita frequencia, os intervalos aumentavam quando eu ia sozinha, eu poderia além do sangue comer a carne das vitimas, mas isso não era possivel quando Lucas ia comigo, o que acontecia na maioria das vezes...

Eu não gostava de me alimentar praticamente todas as noites, mas meu corpo pedia, meu corpo implorava e eu não conseguia me aguentar e se não ia ficava fraca...

O fato é que eu só me sentia bem quando estava cheia e bem alimentada com sangue e carne, isso fazia com que eu me sentisse forte, o problema é que eu estava ficando enorme... 

E depois de algum tempo Lucas começou a notar que aquilo não estava certo, assim como eu...

- Lana, o que está acontecendo com você? - Lucas me perguntou em uma noite quando voltei de uma caçada.

- O que está acontecendo? Como assim o que está acontecendo? - eu perguntei me fazendo de desentendida. 

- Você sabe. - ele disse com firmeza. - Lana, você sai para caçar quase todas as noites. 

- Ah, isso... O que tem demais? Eu sinto fome, apenas isso. - eu dei de ombros. 

- Fome? Lana você sempre foi preocupada com isso, e sempre saiu para se alimentar apenas duas vezes por semana, agora isso se tornou um habito diario, há algo errado com você?

Sim. - pensei

- Não! É claro que não! - eu disse. - Estou ansiosa, apenas isso.

- Ansiosa, sei. - ele disse desconfiado.

- E, bem, preciso ter forças extras para lutar. 

- Bem, nisso você tem razão! - ele ainda me olhava. - Mas ainda assim...

- Lucas, isso vai passar depois que terminamos isso, ok? 

- Está bem.

Lucas tinha razão. mas eu sinceramente não sabia o que estava acontecendo, apenas estava. Mas eu não queria mais pensar nisso e nem falar sobre isso, pelo menos por enquanto.

Aquele assunto estava encerrado.

Por hora.

Uma semana. Era o tempo que faltava para o dia em que tudo ia terminar.

Se eu ainda pensava em Daniel? Isso era obvio. Mas eu não pensava nele como antes, agora eu pensava nele como um inimigo. 

Os dias foram passando e agora só restavam mais três dias, quando eu pensava no que iria acontecer me perguntava se teria a coragem necessaria para faze-lo.

Lucas e Marcus estava confiantes e ansiosos com tudo.

Marcus estava depositando sua confiança em mim, eu não podia decepciona-lo.

Duas noites antes da batalha fui com Lucas até o lago, essa noite eles não quiseram repassar as estrategias, preferiram que todos fossem se alimentar e se fortalecer para lutar.

- Lana, - Lucas disse se sentando em uma pedra e me colocando sentada em seu colo.  - Está pronta para o que puder acontecer?

- Como assim? - eu sabia ao que ele se referia.

- Quero dizer, você ainda pensa nele? 

- Claro que penso. - eu suspirei. - A todo momento. Impossivel não pensar, não? Ele matou minha mãe, não foi? É assim que penso nele, como o assassino que é.

- Entendo... - ele parou por alguns segundos e então recomeçou. - É, a história se repete... É como voltar ao dia em que Manuela e Sophia morreram...

- Como foi? - eu perguntei.

- Horrivel... - ele suspirou. - Sophia era muito pequena na epoca, Marcus as amava muito. Ele enlouqueceu. Queria a morte de todos, mas ninguém o ajudava, ninguém quis se envolver além de mim... Eu tentava ajuda-lo a convencer os outros mas era inutil... Por isso temos esse vinculo forte hoje, eu fui o unico a apoia-lo. Mas quem sou eu, não? Ele era apenas um sucessor na epoca, ainda não era lider, e por isso ninguém o ouvia e o pai dele, bem, você o conhece, ele não queria derramamento de sangue e nada fez. Marcus jurou se vingar, jurou que quando assumisse o lugar do pai nos faria rastrear e destruir um por um...

- E porque ele não o fez? Ele desistiu? - eu fiquei confusa.

- Desistir? - Lucas ponderou. - Não, não acho que tenha sido o caso.

- Então porque ele parou? - perguntei confusa.

- Conheceu Diana. - um nó se formou em minha garganta. - Diana o fez adormecer a dor e o desejo de vingança... Dois sentimentos que agora voltaram em dobro para assombra-lo.

- Por isso ele está tão empenhado nisso.

- Sim. Todos estamos. Iremos acabar com todos, iremos vinga-las.

Eu apenas assenti. Se passaram alguns segundos de silencio e então Lucas finalmente o quebrou. 

- Amor, posso te perguntar uma coisa? - ele falou, claramente mudando de assunto. 

- É claro que pode. 

- Você ainda sente alguma coisa por ele? O amor que você dizia sentir por ele, ainda existe?

- Lucas, eu vou mata-lo. - respondi.

- Essa não foi minha pergunta. 

- O que mais você quer que eu responda? Eu estou com você agora e não com ele, e na noite da batalha ele será destruido.

Lucas assentiu e sorriu. 

- Eu te amo, Lana. 

Eu sorri e o beijei.

Eu não podia responder a pergunta dele, eu não podia retribuir o "eu te amo" , porque eu não estaria sendo sincera.

A verdade é, que por mais que eu odiasse Daniel, por mais que eu desejasse acabar com ele ainda havia uma pequena parte em mim que sabia, soterrado sob o odio, dor, magoa, raiva e vingança aquele amor ainda vivia.

Sentimentos confusos era só o que eu tinha desde aquela noite.

Eu já não entendia como batia meu coração.

Simplesmente, não conseguia compreender.

Os dois ultimos dias que antecediam a batalha não passaram, se arrastaram. 

O plano era sairmos assim que a noite caisse, e assim o fizemos.

Eu me surpreendi comigo mesma naquele dia, fui com os meus até lá com o sangue fervendo nos olhos. 

Aquilo nunca fora tão real. 

Eu queria chegar logo e terminar logo com aquilo. 

Conseguimos o que queriamos, o elemento surpresa deu certo.

Eles não nos esperavam nem nos sentiram chegar.

Daniel uma vez me disse que os lobisomens, apesar de terem o sentidos super sensiveis não funcionam tão bem na forma humana, nesse caso eles só ficam um pouco mais aguçado que o dos humanos, já quando transformados esse quadro muda, eles podem sentir um cheiro ou ouvir um som a distancias impressionantes. 

Eramos um numero consideravel, mais ou menos 50 vampiros estavam nisso.

Nós nos dividimos em dois grupos, o primeiro era comandado por Lucas e Marcus, eles chegariam primeiro e matariam os lobisomens que estivessem vigiando por qualquer razão, já o segundo, que chegaria momentos depois para um reforço maior era comandado por mim.

Os que estavam mais proximos de onde chegavamos foram mortos com uma rapidez impressionante, talvez nem tivessem percebido o que os atngira. 

Esperamos uns minutos após eles irem e partimos para o ataque.

Quando nos aproximamos já topamos com os primeiros cadaveres, os "guardas", ou pelo menos o que sobrou dos corpos deles, estavam cobertos de um sangue escuro, quase um vinho brilhante, e grosso, quase não parecia sangue mas eu sabia que era, quase pude sentir seu gosto amargo, aquilo me deu repulsa, haviam pedaços para todos os lados, poças de sangue se formavam entre eles, sangue que talvez me desse uma vontade louca de beber, mas não, aquele sangue não tinha um cheiro bom, ele parecia queimar meu nariz, o cheiro era ruim e muito forte, o que me fez torcer o nariz ao passar por eles. 

Quando chegamos ao lugar onde a batalha se travava o caos já se instalara.

Alguns corpos estavam espalhados pelo lugar, que reconheci como uma clareira.

Os lobisomens já estavam transformados e lutando.

O cheiro de sangue era forte demais, meu estomago deu um salto em protesto e logo se aquietou novamente. 

Todos atacaram, a primeira coisa que vi quando cheguei foi Lucas travando uma briga com um lobisomem de pelo castanho claro uns 10 metros a minha frente, ele tinha dificuldades em manter-se concentrado em sua luta enquanto outros lutavam ao seu redor, eu corri até ele para ajuda-lo, eu pulei nas costas do animal, isso o desconcentrou e fez com que Lucas voltasse sua atenção para ele.

Lucas pulou em seu pescoço e agarrou sua mandibula, em um movimento rápido a arrancou fazendo o lobo tombar, e ao menos tentar, uivar de dor. 

Eu sai de cima dele e então Lucas terminou o serviço, agarrou o que restava de sua cabeça para imobiliza-lo, em seguida retirou seu coração e o atirou longe. 

O lobo morreu e ai eu pude ver claramente, não era homem era mulher, assim que Lucas o matou ela voltou a forma humana, foi então que olhei a minha volta e percebi, não haviam corpos de lobisomens, haviam corpos humanos.

Todos que morreram voltaram a sua verdadeira forma.

Eu olhei a minha volta em meio ao caos que havia se formado, pude observar os que jaziam no chão já sem vida, reconheci alguns vampiros que nos acompanharam, e fiquei horrorizada ao notar os outros que estavam lá, desde a morte de minha mãe e até então eu pensava neles apenas como animais que mereciam morrer, mas quando os olhei ali, caidos, assassinados eu estremessi.

O que foi que fizemos?

Não haviam animais caidos, haviam homens, mulheres e crianças...

Minhas pernas amoleceram, eu me senti tonta, meu estomago parecia querer sair por minha boca, meu corpo protestava. 

Eu congelei.

Sentia o cheiro incomodo do sangue de lobisomem misturado ao sangue de vampiro.

Ouvia os gritos e berros presentes na batalha.

Eu via o lugar.

Mas simplesmente não sabia onde estava.

Estava parada, ali, imovel.

Vi um lobisomem partir para cima de mim e vi Lucas o atirar longe e eu ali sem reação.

Nós provocamos aquilo?

Nosso odio provocou aquilo?

Nosso desejo de vingança fez aquilo?

- Lana! O que você tem? Lana? - eu ouvia a voz de Lucas, sabia que ele gritava, mas a voz estava longe.

Eu não podia ficar ali.

Eu não podia continuar vendo o que estava acontecendo ali. 

- Lana! - Lucas agora me chacoalhava. - Droga, Lana! 

- Não posso. - eu sussurrei. 

- O que?

- Não posso. - eu disse novamente em um sussurro e corri. 

Eu corria rápido, queria ir para bem longe dali. 

Era como se eu estivesse sustentando o peso do céu com as costas.

Como eu pude deixar que aquilo acontecesse?

Crianças morreram, mulheres, homens, inocentes, e porque isso?

Por um estupido desejo de vingança que havia se formado. 

Eu podia sentir lágrimas de culpa brotando quentes em meus olhos, meu estomago ainda parecia querer sair. 

Eu corria, corria e nem via para onde, só notei quando cheguei proxima ao lago e então parei.

Inspirei fundo o ar, grata por estar longe do cheiro nauseante de sangue de lobo, e tentei conter aquele sentimento que me tomava, mas então algo me chamou a atenção.

Um cheiro novo, que não pertencia aquele lugar que eu conhecia tão bem.

E estava perto.

Eu parei para tentar rastrea-lo, mas não foi necessário, eu o vi.

Um lobisomem enorme de pelo escuro. 

Ele parou e me olhou. 

Eu permaneci parada enquanto o encarava. 

Ele começou a avançar em minha direção mostrando os dentes.

Seu olhar mostrava puro odio.

Não precisou que ele rosnasse para que eu percebesse o que pretendia, ele iria me atacar e eu estava me preparando para quando ele viesse. 

Então o vi saltar para cima de mim mas algo o interrompeu no ar. 

Eu não entendi o que havia acontecido até conseguir associar as coisas e ver claramente o que o parara.


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