Harry Potter e os Treze Signos Chineses escrita por Juarez Weiss


Capítulo 3
Avalanche




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Cap. 03 – Avalanche

- ME LARGA! – Gritou Harry, e o rapaz que o segurava pelo pulso largou-o, assustado - QUEM É VOCÊ? O QUE VOCÊ QUER?
- Ah, me desculpe, Sr. – Disse o rapaz, cinicamente – Eu estou aqui para levá-lo à Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. – Disse, quase encostando o nariz no chão da reverência exagerada.
- Hogwarts? – Perguntou Harry, desconfiado.
- É! Missão de honra, mandado por Dumbledore. – Continuou ele, ainda com cinismo na voz – Sorte sua molequinho. – Disse ele, enfiando o dedo na cara de Harry – Se não eu acabava com a sua raça agora mesmo. Você nem parece ser tão forte assim.

Harry andou alguns passos pra trás, fez contato com algo. Virou-se e viu a campainha para chamar a enfermeira. Desesperadamente, apertou-a, e segurou um tempo, olhando de esguelha para o rapaz, que parecia ter se acalmado.

- Isso não vai adiantar nada, Potter. – Disse, brincando com os dedos, calmamente.

Depois de uns dois minutos de espera, a enfermeira apareceu à porta. Com cara de confusa, percorreu os olhos pelo quarto, e levantou uma sobrancelha, desconfiada. Ainda um pouco intrigada, deu meia-volta e saiu.

- Isso mesmo. – Começou o rapaz. – Ela não pode nos ver.
- Co... como isso? – Assustou-se ele, pensando em onde estariam seus tios.
- Potter. – Tio Válter, de repente, apareceu à porta – Eu e sua tia vamos dar um passe...

Válter parou, espantado.

- E quem é você? – Perguntou o tio.
- Consegue me ver? – Perguntou o rapaz, abismado.
- Óbvio que consigo.
- Então o laço de vocês é mais forte do que eu imaginava. Você também foi abraçado, de forma indireta, pela maldição.
- O que você sabe sobre isso? – Perguntou Válter, pasmado.

Harry jazia imóvel em sua cama. Não estava entendendo nada do que os dois adultos falavam, mas parecia que falavam dele. Interrompeu:

- Com licença, mas poderiam me explicar o que está acontecendo aqui?
- Esse rapaz está aqui para levá-lo à sua nova escola, Harry. – Tio Válter explicou. – Lá você fará novos amigos, e aprenderá... aprenderá... muitas coisas novas.
- Bruxaria. – O rapaz esclareceu, mal-educado.
- Lembra da carta da qual lhe falei? – Perguntou o tio.

Sim, claro que Harry lembrava. Olhou de esguelha para a carta de Hogwarts, aberta, em cima da mesinha.

- Era exatamente dessa à qual eu me referia.
- Eu sou obrigado a ir para lá?
- N... não sei. É? – Perguntou Válter para o rapaz, que agora estava escorado na parede, parecendo cansado.
- Não. – Respondeu, secamente.

Harry olhou para seu tio. Novos amigos? Coisas novas? E por que não? Afinal, não tinha muitos amigos, e seus tios não gostavam dele. Apesar de seu tio Válter ter o tratado de maneira diferente agora. Mas... Não conhecia nada sobre o lugar para onde iria, nem ninguém. Claro, a não ser esse rapaz rabugento que esperava a resposta, encarando Harry.

- Decidiu? – Perguntou ele.
- ...
- Anda moleque, Petúnia está me esperando.
- Qu... ah... bom... – Harry ficou vermelho – Quero.
- Que bom. – Tio Válter pareceu aliviado.
- Vá fazer suas malas, Potter. Eu o pegarei daqui a... – Ele olhou para o relógio da parede – meia hora. Esteja pronto.
- O... ok.

Harry seguiu Tio Válter, saindo do quarto. Antes de passar pela porta, olhou para o rapaz. Este escrevia algo num papel, com uma coruja pousada nos ombros.

Harry estava arrumando as malas. “Não se atrase.” Dissera Tio Válter, parecendo mais animado do que nunca. Meio chapado, Harry subiu as escadas, e entrara em seu quarto. Correu os olhos pelo aposento. Parecia que estava num mundo diferente, em outra realidade, em outra dimensão. Vou sair dessa casa daqui a vinte minutos. Não sabia o que o esperava “lá fora”, e isso o deixava apreensivo. Abriu o armário e pulou para trás. Algo saíra voando e saiu pela janela, algo extremamente branco. O coração saltando freneticamente, Harry foi dar uma espiada para ver o que saíra. Abriu ainda mais a porta, esperando que mais alguma coisa pulasse de repente, mas nada aconteceu. Cautelosamente, começou a pegar seus pertences e enfiar na mala, ainda olhando para todos os lados, alerta. Ouviu um piado. Numa fração de segundos, vira um borrão branco vindo a toda velocidade da janela, antes de se chocar com ele. Os dois caíram embolados no chão. Era uma coruja.
Harry sentou-se no chão, massageando o cocuruto. Olhou para a bela coruja pousada em sua cama, com a pata esticada. Observou que havia ali uma carta.

- É... é para mim? – Perguntou ele à coruja.

Ela deu um pio. Harry pegou a carta e abriu-a. Dizia em letras corridas:

Que bom que aceitou o convite, Harry. Orlando já está a caminho para levá-lo. Espero que ele não tenha sido mal-educado. Sabe, é a própria natureza dele.

Dumbledore

PS.: Essa coruja agora é sua. Orgulho-me de dizer que é uma das mais inteligentes que já vi. Ela atende pelo nome de Edwiges.


Harry releu a carta. Olhou depois para a coruja. Essa o observava carinhosamente.

- Edwiges? – Disse ele, acanhado.

A coruja de repente alçou vôo, parecendo extremamente feliz. Deu algumas voltas pelo quarto, e então pousou no ombro de Harry.

- Você realmente é minha? – Ele perguntou. A ave deu um pio satisfeito – Que bom! Espero que sejamos grandes amigos.

A ave deu uma leve bicadinha em sua orelha. Harry sorriu. Continuou arrumando as malas, com Edwiges pousada em seu ombro. Pela primeira vez depois de todos esses acontecimentos, estava feliz. A preocupação parecia ter se esvaído, e dera lugar a uma curiosidade de saber para onde estava indo, agora que sabia que tinha pelo menos uma amiga. Será que seria bem aceito, mesmo que não soubesse nada de bruxaria? Arranjaria mais amigos lá?
Tio Válter apareceu à porta.

- Pronto?
- Sim.

Tio Válter arregalou os olhos,

- Que coruja é essa?
- Ah... Essa é Edwiges. – Disse Harry, orgulhoso – Acabei de ganhá-la.
- De Dumbledore, aposto.
- Sim. – Respondeu ele, arqueando as sobrancelhas.
- Vamos logo. Seu “amigo” está prestes a chegar. – Disse, começando a descer as escadas.

Harry olhou uma última vez para seu quarto, despedindo-se. Mas teria de se acostumar. A partir de agora, era uma nova vida. Desceu as escadas, com as duas malas e Edwiges. Viu Tia Petúnia sentada no sofá, silenciosa. Resolveu sentar-se também. Ficaram alguns minutos em silêncio, até que fez-se ouvir uma buzina.

- Ele chegou. – Disse Tio Válter, feliz. – Deixa que eu te ajude com as malas. – Propôs.
- Bom... – Harry se virou para Tia Petúnia. – Espero que vocês fiquem bem aqui.
- Nós ficaremos. – Disse ela, com uma cara meio raivosa.
- A... até a próxima. – Disse Harry, já saindo.
- Até.

Harry foi até a porta, onde Tio Válter o esperava.

- Ficarei quanto tempo lá? – Perguntou Harry.
- Ah... Acho que você não volta tão cedo. – Respondeu o tio, sorrindo de orelha a orelha.
- Hum... então, tchau.
- Tchau!

O rapaz já estava carregando suas malas para o porta-malas, e Harry acompanhou-o. Abriu a porta da frente.

- Atrás, Potter. Ainda pegaremos mais gente.
- Ah... ok.

Abriu a porta de trás e sentou-se, tentando não se sentir ansioso, mas em vão. Podia jurar que ouvira Tio Válter cantando.

- Acomode-se aí, pois a viagem não será curta. – Disse o rapaz.
- Seu nome é Orlando, não é?
- É.
- Posso chamá-lo assim?

O rapaz deu de ombros, e Harry virou-se para a janela, satisfeito. Edwiges estava em seu colo, quase dormindo. Deu uma última olhada para a casa de seus tios. Sua antiga casa. Estava deixando lembranças ruins para trás, com o correr do carro, e abrindo a mente para novas experiências. Voltou a sentar no banco, um pouco sonolento. Começou a acariciar a coruja, acomodando-se. Abriu um sorriso antes de dormir.

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