Aira Snape - A Comensal escrita por Ma Argilero


Capítulo 26
Por um Segundo


Notas iniciais do capítulo

Preparem os lenços que esse capítulo vai rolar chororo.
Agradeço as minhas leitoras que não me abandonaram. Não deixei vocês e nem será tão cedo.
Espero que gostem do capítulo.



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Posso ser a pessoa mais chata do mundo quando me dão motivo. E um deles é me acertar. Especialmente se esse que me acertou ser um dos aliados.

Eu estava na entrada. Queria saber quem havia saído. Dependendo de quem fosse, poderia ajudar ou não ao lado do Dumbledore. Ali, eu também poderia ter controle de Giulia e Geovanna. Nessas horas meus pensamentos passavam de ganhar aquela batalha a qualquer custo à que as pessoas que me são importantes ficassem bem.

Em pouco tempo ouvi um barulho de explosão. Era Bellatrix fazendo sua farra. Eu deveria ficar atento caso algum aluno aparecesse. Subi imediatamente as escadas e vi alguns grifinórios e corvinais pelos corredores. Eu negligenciei essa parte. Eu seria esfolada se eles comprometessem o plano. Retirei minha adaga e a dupliquei com um feitiço. Depois as lancei nas paredes, uma em frente a outra e fiz uma linha em que ninguém poderia passar.

Era uma estratégia idiota, mas me daria algum tempo até que Draco matasse Dumbledore.

A Armada de Dumbledore apareceu. Rony Weasley, Hermione Granger, Gina Weasley, Neville Longbottom... Eu estava encurralada por eles. Havia outros comensais mais para frente do caminho, mas eu era o primeiro obstáculo deles.

- Infelizmente não podem passar.

- Sabia que você não era de confiança.

- Nunca pedi para confiarem em mim, Granger.

Ela lançou-me um feitiço, que rebati, fazendo-a pular para fora de minha linha de alvo. Quatro contra um era sacanagem, mas eu tinha de me virar ali. Um Expelliarmus passou raspando em meu braço direito, deixei minha varinha cair e Gina Weasley aproveitou e a afastou de mim. Fui até a parede e arranquei minha adaga.

- Não luto só com magia.

Não era a intenção assustá-los. Eu tinha de me defender de alguma forma.

Ouvi barulhos de passos e quando me dei conta eram comensais: meu pai, Draco e outros. Snape viu a situação em que eu me encontrava, mas não podia fazer nada. Apenas abriu caminho e Draco o seguiu.

- Sozinha... mas posso continuar ainda.

Eu estava lendo muitas histórias de ficção. Como que eu iria segurar eles ali?

- Harry!

Droga! Ele vinha pelo lado contrário. Era ele que estava lá fora!

Virei-me e apontei a adaga pra ele. Ele estava com muita raiva e brandia a varinha com força.

- Saia da frente, Snape! Quero o Severo Snape!

- Está pedindo algo impossível...

Cai de joelhos e senti uma dor aguda em meu braço esquerdo. Era um pedaço de madeira. Doía muito e eu sentia que havia veneno ali, pois queimava meu braço todo.

Potter passou por mim. Não conseguiria me defender daquele jeito. Arrastei-me até minha varinha, já que os outros estavam ocupados com comensais. Não poderia retirar a madeira se não tivesse antídoto perto de mim. Era suicídio ficar e retirar.

Levantei-me com dificuldade e passei pela batalha. Atravessei um corredor e cai no chão, segurando meu braço que sangrava. A dor era igual de um Cruccio, mas durava mais e era dilacerante por estar dentro de minhas veias. Sentei-me e arranquei minha capa com cuidado e vi o estrago. Era enorme e sangrava mais quando vista pela minha camisa branca.

Não podia ficar ali. Tinha antídoto no colégio. A enfermaria era o lugar mais próximo onde poderia encontrar. Adquiri forças que nem sabia possuir e arrastei-me pelas paredes. Em quase todos os lugares em que eu ia tinha alguém batalhando. Vi cabelos ruivos e luzes coloridas, mas não conseguia ver muita coisa pelo efeito do veneno. Ele já estava chegando ao meu cérebro.

Cai no chão e vi cabelos loiros próximos a mim. Estava caída no chão e sangrava muito. Aproximei-me e retirei os cabelos dourados do rosto e vi que se trata de Giulia Cheege. A barriga dela parecia maior.

- Droga!

Tentei levantá-la, mas estava muito pesada pra mim. O veneno em meu corpo retirar minhas forças.

- Você é idiota... Eu disse para ficar no quarto...

Virei meu rosto e procurei alguém que pudesse me ajudar. Vi cabelos ruivos se aproximando e abaixo-se ao meu lado.

- Ela precisa de ajuda... Está grávida e está sangrando muito...

O ruivo pegou-a nos braços e a levou. Ela iria para a enfermaria. Teria de ir até lá com minhas próprias forças. Levantei-me e continuei andando. As escadas foram um problema. Parei e fiquei observando. No estado em que eu estava era suicídio na certa. Sentei-me e olhei novamente o machucado. Estava mudando de cor.

Estava a ponto de desmaiar e possivelmente morrer, quando senti alguém levantar-me do chão. Eu só conseguia ver o ruivo de seus cabelos.

Quando entramos na enfermaria, conseguia ver as coisas melhores. Vi algumas pessoas e Giulia numa cama, recebendo os primeiros socorros de madame Pomfrey e mais uma mulher ruiva.

- Giulia...

O ruivo me colocou sobre uma cama, mas saí dali e andei até ela.

- Sua idiota... Você está querendo se matar.

Cai no chão. Já estava no meu limite.

- Você está muito machucada...

Vi Giulia olhando para mim.

- Sua idiota.

Ela sorriu e escondeu sua expressão de dor.

Levantei minha mão e a mordi, logo em seguida arranquei a madeira de meu braço, gritando entre a mordida que fazia em minha mão. Joguei a madeira longe e vi o buraco em meu braço.

- Aquele comensal idiota! Vou matá-lo por ter me acertado! – retirei meu sapato e arranquei minha meia 7/8. – Accio antídoto! – um frasco veio até minha mão. Despejei o líquido sobre o ferimento e ele começou a soltar uma fumaça preta. Bebi o resto, pois já estava em meu sistema circulatório. Peguei minha meia e amarrei com força sobre meu machucado. Não tinha tempo para usar uma poção que restaurasse minha pele.

Levantei-me e olhei Giulia com mais detalhes. Podia ver que ela estava pálida e lutava para não gritar contra as contrações que sentia.

- De quantos meses você está?

- Seis... – ela gritou logo em seguida.

- Pelas barbas de Merlin! O que você pensa que estava fazendo entrando no fogo cruzado?

Ela me olhou ingenuamente.

- Queria ter certeza de que Jean estava bem.

Virei-me e respirei fundo.

- Quando disse pra ficar no quarto era pra não morrer! Será que não entende que era pro bem do seu filho?

- Eu sei. Só que não havia contado pro Jean do bebê e queria que ele soubesse... Soubesse...

Madame Pomfrey afastou-me e quando tentei me aproximar, fui puxada pra trás. Vi os cabelos ruivos e seus olhos... Eram os olhos que eu conhecia. Era Fred Weasley. Era um choque ele estar ali.

- O que faz em Hogwarts?

- Sou da Armada de Dumbledore.

Havia esquecido isso. Sentei-me em uma cama e ele ao meu lado.

- Quando vi você caída, precisava te ajudar, mas você pediu que ajudasse primeiro a Giulia.

- É estranho, mas eu não quero que nada aconteça a ela.

Ficamos em silêncio por algum tempo, com somente o som dos gritos da Giulia irrompendo pela enfermaria. Aqueles gritos me passavam uma sensação de mal estar. Ela estava em trabalho de parto. No tempo de gestação dela qualquer coisa pode fazer com que tenha complicações.

Fiquei o tempo todo sentada, observando. Fred afastou-se de mim e foi juntar-se ao seu irmão Jorge. Aos poucos foram chegando outros acidentados. Gui Weasley chegou sendo amparado por Fleur. Molly Weasley gritou e foi sem pensar duas vezes como estava o filho. Já chorava antes mesmo de saber da gravidade.

Levantei-me e me aproximei de Giulia.

- Aira...

- Estou aqui.

- Desculpa pelas coisas erradas que fiz. Eu não queria. Minha mãe me obrigava a fazer se não seria castigada – ela gemeu de dor. – Sinto muito por ter feito você e Fred se separarem, mas ela queria... – Giulia começava a chorar. – Ela queria que eu demonstrasse não me importar com você e nem com sua amizade. Foi um erro e me arrependo de ter feito.

- Giulia... – eu estava prestes a chorar. Geovanna tinha razão de não gostar de Laura Cheege. Ela sempre manipulava as pessoas.

- Eu queria ter sido sua amiga mais fiel e que compartilhava tudo... Eu estraguei tudo. Tomei a poção polisuco e me fiz de você para destruir tudo o que você tinha. Desculpa...

- Cala essa boca! – gritei! – todos me olharam. – Sua idiota e asquerosa! Nunca irei te perdoar por isso!

Giulia desatou a chorar. Ao mesmo tempo de dor e de arrependimento.

- Sua burra! Poderíamos ter sido amigas, mas por causa da víbora da sua mãe, não pudemos ser – Retirei a capa que me cobrira enquanto esperava. Levantei minha manga esquerda e lhe mostrei a marca. – Mesmo se eu quisesse não poderíamos. Você é doce demais para ser minha amiga.

- A Marca Negra! – ouvi alguém exclamar. Virei meu rosto e vi que o Rony Weasley que falara.

- Eu tenho meu destino e você o seu. Sei das promessas que fiz e vou cumpri-las, mas antes de tudo, não nasci pra ser feliz – sorri timidamente. – Aceito suas desculpas.

Giulia sorriu e voltou a se esforçar no parto.

Afastei-me, ficando distante de todos. Jean não sabia do filho. Precisava procurá-lo. Sai apressadamente e corri para a torre da Corvinal. Não havia sinal dele lá. Ninguém sabia me dizer onde ele estava. Hogwarts era muito grande para sair procurando por ele... Mas nem precisei andar muito. Ele estava sentado no chão com Alekxis ao seu lado. Jean olhou-me.

- É a Giulia... Ela estava na enfermaria. Muito ferida.

Não precisei dar mais detalhes. Ele levantou-se rapidamente e me seguiu. Alekxis veio atrás de nós. Quando entrei, vi um grupo ao lado de Gui Weasley, todos chorando, inclusive um bebê. A cama onde Giulia estava só havia ela. Corri até lá.

Seus olhos estavam fechados. Em minha mente Giulia estaria dormindo, mas o bebê ao seu lado chorava e ela nem sinal de que ouvia. Aproximei-me e vi que seu peito não subia nem descia.

- Não! – gritei e me lancei em cima dela. Não podia ser verdade! Eu coloquei meu ouvido em seu peito e não escutava seu coração. Ele estava parado. – Giulia!

Jean estava atrás de mim e cedi espaço pra ele. Ele se sentou ao lado dela e passou de leve a mão em seu rosto pálido.

- Desculpa por não ter estado aqui quando mais precisou... – ele aproximou-se e beijou seus lábios, deixando lágrimas cair sobre o rosto dela. – Não ligo para essas regras de família. Eu me deserdaria e me casaria com você. Formaríamos uma família... – ele olhou para o bebê e com cuidado o pegou. Olhou por debaixo da manta e sorriu. – Nossa filha será uma menina linda. Ela se chamará Giulia, assim como a mãe.

Não agüentei. Ver tudo aquilo. Sai de perto, chorando. Giulia morrera e eu não pude fazer nada. As pessoas que eu amava morriam. Eu prometi que ficaria tudo bem, que daria tudo certo... E agora ela estava morta e nem teve a chance de dizer ao Jean de sua gravidez.

Pomfrey aproximou-se dele e ficaram conversando.

Acordei de meus pensamentos, quando ouvi a porta se abrir. Era Potter que entrava acompanhado de Hagrid. Ele foi direto para seus amigos, mas quando me viu, desviou o caminho.

- Snape! – ele apontou a varinha. – Severo Snape, seu pai, matou Dumbledore!

Olhei pra ele e me afastei da parede.

- Não me importo com o que ele faça.

Potter avançou sobre mim, mas Rony e Fred o seguraram.

- Harry, não é hora pra isso. Todos estão machucados...

- Ela não! Dumbledore era uma ótima pessoa... E Snape o matou! Eu vi!

Aproximei-me dele.

- Engana-se, Potter, se acha que não estou machucada – retirei a meia que fiz como atadura e depois abri minha camisa, sem me importar em revelar a parte de cima de meu corpo. – Esse é o estrago que um veneno poderoso causa – olhei-o e vi em seu rosto repugnância pela aparência de minha pele – Mas o que perdi aqui hoje foi mais do que parte de meu corpo. Perdi alguém que me era importante, que eu prometi que ajudaria...

Passei por ele e Fred me chamou.

- Aira.

Virei meu rosto.

- Na próxima vez que nos vermos, seremos inimigos declarados – virei-me e continuei andando. Levantei minha camisa e a fechei. Coloquei minha capa e meu capuz.

Um novo eu acaba de nascer naquele momento. Seria preciso mais do que palavras para me fazer mudar.


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Notas finais do capítulo

Eu sou manteiga derretida e choro quando mato meus personagens. Foi difícil fazer isso, pois precisava pensar numa maneira que não soasse sem sentido.
Ainda não escrevi o próximo capítulo, mas me aventurarei nas madrugadas escrevendo-o.



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