Aira Snape - A Comensal escrita por Ma Argilero


Capítulo 13
Primeiro sinal de loucura


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo. Espero reviews. Só duas pessoas mandam eles.



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Acordei exaltada, suando. Passei a mão em minha testa empapada. Olhei para o lado e vi todas minhas colegas de quarto dormirem profundamente. Meu coração estava acelerado. Desci a mão por meu pescoço, limpando-me. Levantei-me e vesti um casaco. Era hora de esfriar a cabeça. Ter sonhando que fiquei com Draco não era nada agradável.

Como se eu não possuisse peso algo algum, desci a escada e segui para fora do salão comunal. Todos tinham sono de pedra. Nunca fui pega fora da cama, a não ser pelo Crouch, mas ele me vigiava. Andei lenatamente, quase tocando na parde. Não lembrava das masmorras serem tão frias. Juntei o casaco mais ao meu corpo. Minhas vestes não ajudavam muito no trabalho de aquecer. Eu vestia um baby doll preto de seda, presente de minha mãe adotiva. Ela havia dado-me diversas coisas antes de mudar-se com Charles para outro país.

Era difícil conviver sem eles, mas eu fazia o possível. Quando eu precisei eles estavam lá, apoiando-me. Eram meu alicerce. Pensei que demoranaria sem eles por perto, mas continuei firme. Somente tive uma crise de choro e solidão. A vida é feita para aprender, não importa se do melhor ou pior modo. De cabeça erguida, é assim, que sigo.

Crouch ajudou-me muito. Ele era um Comensal, mas mostrou-me como era o mundo. Não adianta ser bonzinho, se precisar terá de ser mal. Não gostava do jeito que me tratava, mas era a forma dele. Mesmo ele sendo malvado gostava dele... Quem diria que Bartolomeu Crouch Junior se apaixonaria por mim, que na época era uma garota de quatorze anos.

Era levada por meus pés descalços. Sentia o frio da pedra lisa. Parei na escadaria principal e sentei-me no segundo degrau. Como eu fui ingênua no passado.

Acreditei ter as melhores amigas do mundo. Eu. Estava cercada por cobras. Giulia era uma das víboras mais perigosas. Ela parecia tão indefesa. Sentia necessidade de sempre ajudá-la e o que ganhei foi traição. Geovanna seguiu seu passos, porém foi mais civilizada e apenas expulsou-me de sua vida com palavras.

Encostei a cabeça na parede e fechei meus olhos. Era isso que eu ganhava por ser boazinha. Eu não queria ter de apelar para o frio novamente. Eu gostava de sorrir, brincar e principalmente sentir-me bem. Porém não era isso que pedia a um integrante da Sonserina.

Arrastei-me degraus acima. Cheguei à torre de Astronomia e abri a porta sem qualquer esforço. Fui até a janela e observei a noite caída e estrelada. Não fazia a ideia de que horas eram, mas não aparentava ser próximo do raiar do sol.

Observei a lua.

A música resonava em minha cabeça. Fechei os olhos e a cantei:

Cause it makes me that much stronger
Makes me work a little bit harder
It makes me that much wiser
So thanks for making me a fighter”

“Made me learn a little bit faster
Made my skin a little bit thicker
Makes me that much smarter
So thanks for making me a fighter”

– Deveria ser menos agressiva.

Virei-me e vi Jean.

– O que está fazendo aqui? – encostei-me na parede.
Ele aproximava-se mais.

– Uma música agressiva como essa?
– É apenas a verdade.
Não sabia o que ele estava fazendo ali, mas não importava. Estava tudo acabado entre nós. Avancei em frente para sair, mas ele empurrou-me contra à parede, prensando-me.

Gunchei baixo pela dor em minha cabeça. Não era tão forte, mas foi dolorida.

Jean estava a minha frente, apertando-me. Ele exibia um sorriso sínico e gelado. Não gostei de vê-lo daquela forma. O empurrei, mas ele apertou-me mais. Eu mal conseguia respirar ali.

– Será boazinha comigo, Aira? – ele beijou minha bochecha. Se eu não tivesse virado o rosto ele teria beijado minha boca.
Quem era ele para me chamar de Aira? Fui traída na mais falta de vergonha. Foi ele que me expulsou de sua vida.

Levantei minha perna para chutá-lo, mas ele revidou, prendendo-me mais à parede.

Repeli-lo era difícil. Tinha de esperar até encontrar uma brecha.

– Você me traiu.

Ele apenas sorriu e afastou meu cabelo de meu pescoço e desceu seu dedo até chegar ao decote. – Você não entende o que sinto por ela!

– O que sente por ela para ter me traído?

Jean abaixou a cabeça e o empurrei, saindo. Não precisava ouvir mais baboseiras vindas dele. O que ele diria? “Foi só uma vez, Aira. Não consegui me controlar...”

Ele podia muito bem ter terminado e não ter se engraçado com ela.

Escutei-o chamar-me, mas não olhei para trás. Sabia muito bem que ele poderia estar próximo, mas eu precisava voltar para as masmorras. Desci vários degraus, mas parecia que eu nunca chegava aonde queria. Quando parei para esperar uma escada, senti um puxão em meu braço. Jean agarrara-me.

– Escute!

– Não!

Puxei meu braço. Foi tanta força que usei, que dei um passo para trás. Passo em falso, pois não havia assoalho ali.

– Aira!

Ouvi ele dizer enquanto eu caia.

§§§

Jean olhava com horror a cena que se seguia. Não podia acreditar que Aira caíra de uma altura de mais de cinco metros. Apenas viu uma mancha abaixo. Desceu as escadas rapidamente e ao ver o que provocara, sentiu remorso e caiu de joelhos no chão. Gritou alto, vendo o sangue acumular-se em torno dela.

– Eu... eu não queria – retirou alguns fios de abelo do rosto dela. Ela estava de olhos fechados. – Desculpa...

Não sabia o que fazer. Pensava em utilizar de feitiços, mas tinha medo de deixá-la pior. “E se ela já estiver morta?” O pensamento era inevitável. Parecia não haver vida naquele corpo jazido ao seu lado, todo ensanguentado e pálido.

Passos começaram a ser ouvidos nitidamente. Jean virou-se e viu McGonnagal acompanhada de Filtch e sua gata. A professora olhou para a mão do rapaz e depois para a garota ao seu lado.

– Meu Merlin... – sentiu um aperto no coração. Vê-la daquela forma era torturante para qualquer um. E com Jean ao lado, ensanguentado apenas mostrava a gravidade. – Filtch, vá chamar o professor Snape, agora!

O zelador não esperou um segundo sequer para fazer o que lhe foi pedido.

McGonnal observou Jean e aproximou-se dele, tocando-lhe o ombro.

– Afaste-se dela, senhor Baptiste.

Jean olhou-a, atormentado e afastou-se. A professora mediu o pulso dela, constatando que estava muito fraco.

– Que Merlin nos ajude!

Nem mesma ela sabia o que fazer ali. Snape chegou junto de Filtch, interrogando o zelador, que apenas dizia que era alguém que havia se ferido. O professor queria saber por que ele havia de ser chamado por causa de um aluno ferido...

Ele estacou, aterrorizado quando viu que a garota no chão era sua filha. Aproximou-se dela, segurando parte de seu corpo sobre o seu.

– Professor Snape, precisamos levá-la para a enfermaria...

Snape segurou cuidadosamente o corpo de sua filha. Ele temia pela morte dela. A única coisa que mais lhe importava. Não suportaria perdê-la.

Quando madame Pronfew viu o estado de Aira, não mentiu que talvez não ouvesse chances de salvá-la. Não queria criar falas expectativas. Mesmo sendo uma bruxa, não podia curar tudo. Nos primeiros exames, diagnosticou quatro costelas quebras, a bacia, uma perna, um braço, trauma craniano e lesões leves no abdomen e cortes superficiais pelo corpo todo.

McGonnagal como Snape surpreenderam-se ao ouvir tudo aquilo.

– É sorte ela inda estar viva. Com essa altura e sem nenhum ponto para ter amortecido a queda, deveria estar morta – Snape não gostou do modo em que ela falou aquilo, como se não fosse nada. Por isso ele não gostava de nada relacionado a hospital. – Terei muito trabalho em consertar os ossos, curar os ferimentos – Ela estava analisando a cabeça, procurando algum dano maior que não tivesse visto antes. Era dali que a maior parte do sangue saia. – Talvez precise passar dias em observação.

Snape queria saber os motivos que levaram Aira a estar fora da cama antes de sofrer o acidente. Ele viu Jean do lado de fora, com Filtch lhe vigiando e madame No-r-r-r-a afagando-se nas pernas dele.

– Conte-me! – Jean olhou-o, seus olhos verdes estavam sem vida. Snape percebeu que ele não apresentar estar bem. – O que houve?

Jean não conseguia contar. Sua língua ficava presa e não conseguia soltá-la. Sabia que era o grande culpado pelo que acontecera à Aira. Olhou para as mãos, vislumbrando o vermelho do sangue já seco.

McGonnagal achou melhor vigiá-lo, pois madame Pronfew já tinha muito o que fazer. Levou-o até sua sala.

Snape continuava ali, mesmo depois de não haver mais ninguém. Queria saber se estava tudo bem com sua filha. Precisava saber se ela viveria. Não queria pensar em perdê-la, mas não havia muitas chances dela sobreviver.

Voltou para seus aposentos e abriu um baú, retirando diversas coisas de dentro dele e um expecial. Um artigo de um jornal de quatro anos atrás. Havia uma mulher estampada, sorrindo. Ao lado havia uma garotinha e um homem.

Paul Mikles publica mais um livro

Nosso amado romancista e roteirista de Hollywood, escreveu mais um livro. “Domando o Coração”. Na primeira semana de venda, avalancou para a lista dos dez mais vendidos do Times. Paul foi visto com sua família: Hayley, sua esposa e sua filha Ketlen, que estava festejando seu décimo primeiro aniversário no Le Palais Pen, um hotel luxuoso.

Hayley cedeu algumas de suas palavras sobre a grande festa de sua filha e sobre a publicação de mais um livro de seu marido “Ketlen merece uma festa. Não é sempre que se faz onze anos. E meu marido é muito talentoso. Ajudei ele com algumas ideias no livro, ele adorou ter-me como co-autora”. A família era só sorrisos, pois como não? Nossa pequena Ketel, protagonistas de diversos filmes infantis e seriados, está crescendo. “O livro foi totalmente dedicado a ela”, diz Paul...

Severo não aguentou mais ler. Jogou o jornal longe. Sempre tentou esquecer o maldito dia em que vira esse jornal. Ele sabia que era Hayley ali na foto, era a sua Hayley, mãe de Aira. Tinha raiva por ter pensado todo esse tempo que ela estava morta. “Por que fez isso comigo, Hayley? Por que? E a nossa filha?”.

Acordou todo dolorido por ter dormido na poltrona, mas não se importou. Tomou um banho rápido e seguiu para a enfermaria, onde encontrou a filha com diversas faixas pelo corpo. Madame Pronfew continuava a tratar dos ferimentos dela, mas esses eram os leves. Apenas os curava com feitiços.

Ao ver Snape, suspirou. Estava exausta e necessitava de algum tempo para descansar. Com ele ali poderia retirar alguns minutos para si. Deixou-o tomando conta dela, enquanto adentrava uma sala.

Snape segurou a mão da filha e olhou em seu rosto.

– Vai ficar tudo bem, querida. Te protegerei.

Beijou a testa dela, sobre uma faixa. Havia poucos lugares onde se podia ver a pele pálida de Aira. Sentia que ficariam marcas nela para sempre depois daquela queda. Ele mesmo tinha algumas delas, acumuladas pelos anos em que fora castigado pelo pai por ser diferente.

Com a enfermeira de volta, ele saiu. Não poderia ficar vinte e quatro horas observando-a. Tinha que descobrir como ela chegou àquele estado.

Snape foi o primeiro a aparecer no salão principal. Esperou por um bom tempo até o café da manhã ser servido. Os alunos riam, ignorando o professor que sofria a mesa, sem sequer tocar a comida. Jean estava sentado na mesa de sua casa, sem comer. Não havia dormido a noite toda. Todos perceberam como ele estava estranho, mas foi sua irmã que quis saber o que houve.

– Jean, houve alguma coisa?

Ele olhou-a, triste e suspirou. Alekssandra olhou-o espantada.

– Jean...

Jean levantou-se e saiu do salão. Ela queria ir atrás, mas não o seguiu. Não poderia fazê-lo falar.

– Parece que Jean esta muito triste – comentou Luna Lovegood.

– Tem algo nessa atitude dele – Alekssandra disse por fim.

Dumbledore chegou ao salão pela porta especial e foi à frente da mesa dos professores.

– Alunos – todos ficaram quietos e observaram o professor, que aparentava estar preocupado. – Nessa madrugada houve uma fatalidade – alguns alunos colocaram a mão na boca. Estavam apreensivos pelo restante do discurso do professor. – Uma aluna sofreu um acidente e está internada. Queria pedir o apoio dos colegas de Aira Snape por esse momento...

Ao ouvir o nome da amiga, Alekssandra juntou os pontos. O irmão chorar e agir tão estranhamente. E ele não havia dormido em seu quarto, pois perguntara aos outros garotos.

– Meu Merlin – ela disse e saiu correndo atrás do irmão.

Todos a olharam. Snape viu os olhares de seus alunos. Slugorn lhe disse algumas palavras de consolo, que não adiantaram para levantar seu ânimo.

Alekssandra alcançou o irmã na escadaria e o fez se virar e lhe encarar.

– Seu grande imbecil! – ela gritou alto. – Ela não merecia isso!

Jean engoliu as lágrimas.

– Eu não queria... Ela... ela caiu... – Alekssandra olhou-o

– Ela deveria estar lá por algum motivo. E se eu souber que foi você que causou isso, Jean – disse apertando seu dedo indicador no peito dele. –, não me considere mais como sua irmã. – Eu... apenas queria... contar a ele que não queria magoá-la

Alekssandra não podia acreditar nas palavras dele. Não queria magoá-la? Trair é uma mágoa horrível.

– Pois fez!

Saiu, antes que batesse nele.

Alekssandra jogou-se com tudo ao lado de Ângela.

– Que houve?

Ela pegou um bolinho e enfiou inteiro dentro da boca. Quando estava nervosa comia. Bebeu duas taças de suco em menos de um minuto. Sentindo-se melhor contou o que suspeitava.

– Você suspeita mesmo que ele tenha feito...? – todos os alunos ficaram rígidos ao ver Snape parado atrás de Alekssandra.

Ela virou a cabeça e o viu.

Snape sentou-se ao lado dela. Todos ficaram boquiabertos.

– O que seu irmão lhe disse?

Alekssandra não sabia o que dizer. Tentou lembrar do que ele disse.

– Que não queria magoar a Aira.

Snape cerrou o punho.

– É só uma suspeita ele não pode...

– Ele estava ao lado de Aira, com sangue nas roupas.

Levantou-se e seguiu para fora. Tinha contas a acertar com Jean Baptiste.

Todos no salão estavam estupefatos.

– Droga – Alekssandra não queria acreditar que o irmão fizera aquilo. – Jean está encrencado.


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Notas finais do capítulo

Nã me matem, mas terá suspense quanto a Aira.