Simplesmente Complexo escrita por Julie Blair


Capítulo 8
Capítulo 8




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/166405/chapter/8

Saímos do FBI, juntos. Booth passou seu braço pelo meu pescoço, e eu estendi meu braço segurando em sua cintura. Saímos rindo, os dois, de tudo aquilo. Booth teria de me deixar no Jeffersonian, mal havia examinado os restos. Daisy estava fazendo todo o trabalho por mim desde que chegaram os restos, deveria ajudá-la. Mas antes de ir para o Jeffersonian, Booth e eu fomos para casa. Já sabia o que aconteceria ao passarmos da porta para dentro, ele queria tanto quanto eu, e provavelmente não agüentaríamos até a noite. 
Abrimos a porta com certa pressa, nossas respirações estavam ofegantes. Entre beijos calorosos tirávamos as roupas um do outro. Não agüentaríamos até o quarto, então Booth segurou-me com força e deixou seu corpo cair sobre o meu devagar até que estivéssemos deitados no tapete da sala. Envolvi seu corpo com minhas pernas enquanto Booth cuidava de todo o resto. Apenas deslizava minhas mãos por seu peito e costas, sentindo a sua respiração ofegante como a minha, e o seu peito acelerado como o meu. Permanecemos assim por um tempo, até que Booth finalizasse tudo me levantando o suficiente para estar sentada e apoiada sobre o seu corpo, beijando-o. Seus lábios estavam quentes como os meus, e ainda podia sentir seu coração bater rápido. Ficamos assim também por um tempo, apenas trocando beijos e promessas, era bom estar sozinha ao seu lado. Por um instante esqueci do Jeffersonian, do assassinato, de Dasiy. Por mais que a minha vontade fosse ficar ali até sermos obrigados a parar, sabia que não podia. E então deixei um beijo carinhoso em seu rosto, e afastei-me. Tomei um banho em 15 minutos, e em 30 já estava pronta. Booth estava em nossa cama, seu corpo coberto por lençóis brancos. Deixei mais um beijo em seus lábios antes de ir para o Jeffersonian, ele logo estaria pronto, me buscaria para interrogarmos o irmão da vítima.

Ao chegar no carro e olhar meu rosto no espelho retrovisor, percebi o quanto parecia feliz e renovada. Booth tinha esse efeito sobre mim, sem que eu pudesse explicar com nenhuma das minhas leis e reações. Era muito maior do que qualquer explicação que já tivera conhecimento, não precisava de explicação ou lógica, apenas dele para tudo o que desconheço acontecer.

- Dra. Brennan... Estávamos estranhando o seu sumiço... Algo aconteceu?

Cam interrogou-me, logo ao entrar. Apenas sorri. Booth havia me ensinando o quanto ás vezes não precisávamos falar para que nos entendessem.

- Ah, ok, entendi... Muito trabalho em casa não é? Fico feliz que vocês se dêem tão bem.

Cam parecia tão bem humorada quanto eu. Ela parecia feliz com seu casamento. Se casara com o ginecologista, que decidira trabalhar menos para ter mais tempo para as questões familiares. Antigamente não entenderia essa decisão, mas tendo a vida que hoje tenho, entendo perfeitamente. A felicidade não é feita apenas de sucesso profissional, a felicidade é a união de várias variáveis, principalmente a união daquilo que não entendemos. Há beleza em não entender. Booth me ensinou isso. Não saber ao certo como ele me vê, mas saber que me vê. Não saber ao certo o quanto me ama, mas saber que me ama. Há beleza em não saber ao certo, há beleza em não me sentir segura sobre tudo. Foi com esse pensamento que subi para examinar os restos. Com restos humanos, a lei não se aplicava. Deveria ter certeza, a beleza de minha profissão dependia disso. Então, com o auxílio de Daisy, em pouco tempo descobrimos a arma do crime e a causa da morte. Aparentemente a vítima havia sido atacada três vezes consecutivas no osso parietal, com uma ferramenta larga e rígida, causando a morte. Após informar a Cam, liguei para Booth. Agora que já tínhamos a arma do crime e a causa da morte, tudo tornara-se mais fácil. Booth em 15 minutos já estava na frente do Jeffersonian.

Entrei no carro e deixei um beijo afetuoso em seus lábios. Fomos o caminho até a casa do irmão da vítima escutando a seleção de músicas de Booth. Dividíamos o rádio do carro, um dia a minha seleção de músicas, e no outro a seleção de Booth. Fomos escutando Led Zeppelin's, aprendi a apreciar com o tempo. Embora não fosse a minha seleção de músicas, era divertido cantar e tocar instrumentos inexistentes com Booth. Fomos assim, descontraídos, até avistarmos ao longe a suposta casa. Era simples, porem, bonita. Amarela, simples decoração, bem cuidada. Booth e eu saímos do carro e batemos á porta. Logo, um homem bem vestido a abriu. Era bastante semelhante a Jamie, sabia que aquele era Marcus.

- No que posso ajudá-los?

Marcus parecia assustado com a nossa presença. Era o irmão mais velho de Jamie, solteiro, sem filhos, pedira demissão logo que sua irmã fora assassinada. Cabelos castanhos, barba por fazer, estatura média, olhos verde-mel, e pele clara.

- FBI. Agente Especial Seeley Booth, e essa é a minha parceira, Dra. Temperance Brennan. Temos algumas perguntas para fazer.

Marcus gentilmente nos deixou entrar, e apontou um enorme sofá bege.

- Sentem-se.

Booth e eu nos sentamos. Era uma bela casa para um homem solteiro... Bastante aconchegante e organizada. Ele sentou-se na poltrona á nossa frente, e começou a falar. Parecia nervoso.

- Soube que vocês encontraram o corpo de Jamie. Sabe, eu nunca quis que ela se casasse com Ben... Ele é muito, muito perigoso.

Booth o interrompeu.

- Perigoso?
- Tem muito dinheiro envolvido. Ela foi apenas mais uma das vítimas. Sabe, ela era a minha única família... Mesmo quando casada, sempre passávamos os natais juntos. Nossos pais morreram cedo, ficamos sozinhos... Ela era a única pessoa que me restara... E agora ela se foi, e não posso esperar que volte.
- Nós sentimos muito pela sua dor... Não é Bones?

Concordei com a cabeça.

- Eles são muito perigosos Agente Booth, talvez fosse melhor que se afastassem do caso. Eu pedi demissão, me mudei, tudo isso por Jamie. Jamie não gostaria que mais pessoas tivessem o mesmo fim que ela... Ela me amava muito, não iria querer que eles acabassem também com a minha vida.
- Entendo a sua preocupação, mas é o nosso trabalho. Sentimos muito, mais uma vez.

Booth disse, levantando-se. Me levantei com Booth, e Marcus nos levou até a porta da frente.

- Apenas tomem cuidado. Vocês estão lidando com gente realmente perigosa.
- Claro.

Booth pareceu não dar tanta importância. Eu mesma não havia dado devida importância. Ao sairmos de lá, Booth comentou o quanto a atitude de Marcus era comum. O irmão mais velho defendendo a irmã mais nova... Me pareceu familiar ao escutar a explicação de Booth.
Concordava. Antropologicamente falando, a atitude de Marcus era consistente. Não dei muito crédito, Ben parecia ser um bom homem. Havia me ajudado após o acidente, me oferecido estadia, e preparado o café da manhã no dia seguinte... Não me parecia o homem que Marcus descrevera. Naquele mesmo dia, Booth me deixou no Jeffersonian e voltou para casa. Ainda queria examinar os restos mais uma vez, verificar se havia possibilidade de Jamie ter sofrido alguma agressão anterior a sua morte. O tempo foi passando, todos foram de mim se despedindo, enquanto eu observava atentamente os restos. Eram duas da manhã quando encontrei vestígios de agressão. Logo, calculei a força necessária, e o peso aproximado do agressor. Ben era compatível. Não podia dizer que havia sido ele, mas podia dizer que ele era um suspeito plausível. Aprendera a não tirar conclusões precipitadas, mas aquelas evidências o tornavam o principal suspeito. Saí do Jeffersonian ás pressas, não podia contar tal fato para Booth pelo telefone. Precisava ir para casa, contar imediatamente. Talvez Marcus estivesse certo, talvez Ben fosse realmente perigoso.

Depois disso, apenas me lembro de atravessar a porta do Jeffersonian e ir para o estacionamento. Estava sozinha, assim como no Jeffersonian. Apenas o meu carro estava lá, e ao me aproximar do carro, enxerguei apenas o reflexo pelo vidro de alguém posicionado atrás de mim. Não tive tempo para verificar quem estava ali, apenas senti o meu corpo aos poucos adormecer. Essa foi a minha última lembrança.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Simplesmente Complexo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.