[Alexia]

Esse lance de eu sair de um lugar e ir para o outro só de pensar ainda não me fez cair à ficha ainda, estou me acostumando e posso dizer que até que é legal.

Andar por aquele hospital é tão deprimente, ver Gust tão desanimado, triste e sem se cuidar por minha culpa. Quando Gust foi falar com o doutor não poderia deixar- lo ficar naquele hospital, então sussurrei em seu ouvido.

–Vá para casa, descanse um pouco- o doutor colocou a mão no ombro dele e deu um sorrido- qualquer coisa entraremos em contato.

–Não! Preciso ficar ao lado dela.

–Você precisa descansar e dormir um pouco, ou melhor, muito, vai acabar ficando doente se você não se cuidar. Um conselho distraia se

–Tudo bem amanhã eu volto

–tire três dias de folga vamos deixar a par de tudo, faz mais de três meses que você não sai desse hospital.

Ao menos sei que ele vai descansar um pouco. Acompanhei até a nossa casa, observava todos os seus passos. Ouvi-oele falando com a Franchesca parece que ele ia sair, fiquei tão feliz com isso, quem sabe ele se distraia.

[Alexia off]

[Fran on]

Parei em frente á casa do Gus, toquei a campainha e ele logo saiu trancando a casa entrou no carro e nos cumprimentamos. Voltei á atenção no carro, liguei o radio que tocava uma musica qualquer, não sabia o que dizer, apenas sabia que Gust estava péssimo e Alex tinha ido pra pior, antes ainda tinha a esperança de acordar, mas agora, já se passaram tanto tempo que nem sei mesmo se será possível acordar, e se acordar ela ainda pode correr o risco de não se lembrar do Gus e muito menos de quem ela é não quero que ele sofra, mas também não quero que isso seja pra vida inteira, ele ainda é tão novo pra ter tanto sofrimento em seu coração, desde que tudo aconteceu, ele nem sai daquele quarto de hospital com a esperança de Alex acordar. Como ele estava diferente, tinha emagrecido...

Desviei a minha atenção, precisa parar de pensar nisso, não estava ajudando em nada, levei até um restaurante e depois fomos caminhar na praia, caminhamos sem dizer uma única palavra, cada um com seus pensamentos, foi então que eu cortei o silencio

– Como você está Gust?- olhava para as folhas que caiam no chão, era outono fazia um pouco de frio, mas era um frio gostoso de curtir, com a brisa do vendo batendo em seu rosto, o cheiro das arvores no ar.

–Agora eu estou melhor, tive a sensação que Alexia estava no quarto comigo, dava pra sentir a sua presença, vê- La sorrir, como costumava fazer quando acordava- senti um nó se formar em minha garganta, seus olhos ficaram úmidos só de pensar nela.

–Isso é bom, não está mais com ar de cansado- sorri.

Levei-o de volta para casa e depois segui rumo para a minha. Em casa joguei a bolsa no sofá e fui até o meu barzinho de canto da sala e me servi uma bebida, liguei a TV e fiquei olhando pro nada.

Passei o olho pela parede e em questão de segundos podia ver Alexia parada olhando para mim, senti minha espinha arrepiar, o copo que estava em minha escorregou e se quebrou em milhares de pedaços no chão, caminhei lentamente até a parede, fiquei encarando aquela imagem a minha frente.

–A-a-lexia? É você?

–Olá Fran- sorriu.

–Meine Gott, o que está acontecendo comigo? Estou ficando louca!

–Não, não está. Fran, você é a única que pode me ver, a única que pode trazer meu Gus ao normal, quem ele era e quem ele devia ser. Não vou voltar... - sua imagem foi se desaparecendo e logo não estava mais ali.

[Alexia]

Sabia que a Fran podia me ver, precisa falar pra ela, nada seria como antes, não mais, não depois que tudo aconteceu e que eu só fiz piorar, se eu tivesse estudo, e deixado de ser teimosa, nada disso teria acontecido.

[flashback]

Era primavera, as flores começavam a se desabrochar, passarinhos a cantar, nada havia mudado, depois da perda do meu bebe, não voltei ao meu peso normal, quase não saia, e quando saia tinha medo de ficar sozinha, os dias foram passando e tudo ficou pior, passei no medico e quando ele me disse que eu estava com depressão não quis aceitar, não queria aceitar nada. Me passaram vários remédios anti-depressivo, uma enfermeira ficava comigo todos os dias, meu quadro apareceu melhoras, então eu mesma me cuidava, queria melhorar logo, não importava o que fosse. Era uma manhã como outra qualquer, abri o armarinho do banheiro e retirei meu remédio, chacoalhei até cair alguns comprimidos, olhei pra quantidade que havia caído, deveria ter mais de meia dúzia na minha mão, enchi o copo com água e levei a mão na boca com os remédios, não me contendo coloquei o restante e tomei, voltei ao quarto, tudo começou a rodar, senti meu corpo ficar mole.

[flashback off]