No seu segundo dia de trabalho, Fleur Delacour se surpreendeu ao ver como o comportamento de Gui Weasley estava diferente. Ao lado dele ela chegou até a esquecer que era meio-veela devido ao tratamento tão natural por parte do ruivo. Gui estava mostrando para ela os diversos departamentos de Gringotes, pois esta era a atividade prevista no cronograma.

 – E aqui... bem, aqui é o lugar em que arquivamos documentos inativos. – ele disse mostrando uma sala onde havia algumas prateleiras repletas de papel. A loira observava toda a explicação atenciosamente, anotando o que achava necessário em um caderninho. – É claro que não é qualquer um que pode mexer nesses documentos, porque apesar de estarem inativos, contém informações sigilosas sobre os clientes do banco. Há uma série de feitiços neles. Quer tentar retirar algum sem autorização para ver o que acontece? – ele perguntou, divertido.

– Mas... Isso non é prroibide? – ela perguntou um pouco assustada.

– É, Fleur... quer dizer, senhorita Delacour. Mas você é uma funcionária deste banco. Estamos autorizados a fazer alguns testes para você se inteirar no seu local de trabalho. – ele riu novamente, bastante entusiasmado. – Veja só. Tente pegar um desses papéis com a mão.

Um pouco receosa, Fleur obedeceu. Mas assim que ela estava prestes a tocar em um dos papéis, toda a prateleira sumiu e a mão dela apenas apalpou o ar.

– Mas que magnifique! – ela disse com uma expressão que mostrava agradável surpresa.

– Claro que não seria tão fácil assim, não é, mademoiselle? – Gui perguntou antes de murmurar a frase seguinte – Accio documento inativo.

Então Fleur observou a cena com os olhos arregalados. Uma grande quantidade de poeira voou em cima de Gui.

­– Oh, meu Merrlin! – ela sussurrou, com um pouco de nojo da cena – Come posse te ajudarr, Weasley? 

Ele caiu numa gargalhada enquanto sacudia a poeira da sua roupa e do seu corpo.

– Acho que vou ficar para sempre treinando novas pessoas. É muito divertido! Você devia ver sua cara de nojo. – e riu ainda mais, deixando Fleur envergonhada – Quando eu fui treinado, fiz esse feitiço aqui e um bocado de papéis velhos voaram na minha direção. Foi demais! – agora ele estava mais controlado.

– Se imporrta de irrmos conhecerr outrre lugarr? Este aqui é muite asquerrose... – apesar de estar se controlando ao máximo para não dar nenhum de seus ataques, comparando a beleza da França com a Inglaterra, a moça não aguentou ver tanta poeira.

 – Claro, vamos. – e com um aceno de varinha Gui estava limpo de novo. Fleur se perguntou por que ele não havia feito isso antes.

Conforme os dias se passavam, Gui e Fleur acabaram criando um vínculo muito maior do que esperavam. No início da terceira semana já estavam se tratando apenas pelos primeiros nomes. Agora já estavam na parte mais difícil do treinamento, que era a questão do atendimento e das funções que Fleur exerceria. Após uma manhã de trabalho, era a hora do almoço dos dois.

– Er... Fleur, espere. – chamou Gui, assim que saíram do Banco, cada um para um lado diferente.

– Oui, Gui. U que foi? – ela falou, com o cenho levemente franzido.

– Onde você vai almoçar todos os dias?

– Eu vou parra minha casa. É aqui perrtinhe. – ela respondeu, sorrindo. – Porr que u interresse?

– É que eu ia te convidar para almoçar comigo. Te mostrar um pouco da boa comida britânica. – ele abriu o seu particular sorriso repleto de simpatia. E então, o que acha?

Fleur sentiu seu rosto queimar, hesitou um pouco e por fim respondeu.

– Eu ache que non há prroblema algum em te acompanharr.

– Então... Suivez-moi mademoiselle*. – disse Gui fazendo uma reverência e, em seguida, beijando sua mão e dando o seu braço para ela segurar. Fleur sorriu com o ato do rapaz e não conseguiu deixar de comentar:

– Gui, você é um rrrapaz muite engrraçade. Tem uma aparrência um tante diferrente, mas sabe como terr bons comporrtamentes.

– É, mademoiselle. Devemos saber como agradar uma dama. – então ele riu do seu jeito particular.

Durante o almoço eles conversaram sobre diversos assuntos, desde a França até seus familiares e acabaram chegando ao assunto “escolas”.

– Em que escola você estudou, Fleur?

– Beauxbatons. E você?

– Aqui mesmo na Inglaterra, em Hogwarts.

– Hogwarrts?! Mas que coincidência... Estive em Hogwarrts no ano passado. ­– ela falou, surpresa.

– O que você foi fazer em Hogwarts no ano passado? – agora era ele quem estava surpreso.

– Eu parrticipei do Torrneio Trribuxo. – ela disse, naturalmente.

– Você participou do Torneio Tribuxo? Meu Merlin! E eu que te achava delicada e frágil. – ele falou incrédulo, rindo.

– Oui. Mas eu sou delicada e frágile. – ela fingiu indignação.

– Claro, claro. – ele respondeu, irônico – Então você conheceu o Harry Potter, não?

– Oui. Conheci. Ele me ajudou em uma das prrovas, salvande minha irman Gabrrielle, mesme corrrende risque de vida! – ela falou séria, se lembrando do fato.

– Então possivelmente você conheceu o meu irmão. Ronald Weasley. Alto, ruivo, desengonçado, vive com cara de assustado... – ele começou a descrever o irmão, rindo.

– Ah, oui. Acabei de me lembrrar! U melhorr amigo de Arry Poterr...

– Isso mesmo...

Então o Torneiro Tribuxo, Hogwarts, Harry Potter e Rony foram assuntos da conversa até que acabasse o horário de almoço dos dois, quando tiveram que voltar ao Banco de Gringotes. Ao final do expediente, Gui foi para sua casa e Fleur para a dela, ambos muito contentes com o dia que tiveram.