_Alice Caroline Jackson!_ouvi meu pai me chamar.

            Isso não era bom.

            Quando meu pai me chama pelo nome completo, queria dizer que eu fizera algo realmente ruim. E pela minha experiência, era melhor nem tentar fugir.

            Você deve estar pensando: “Ei, por que você não está usando seu outro diário?” E eu respondo: “Porque perdi o outro.” Bom, bisbilhoteiros de diários, é isso mesmo, eu perdi meu diário. Não sei onde ele foi parar. Já procurei por toda a parte, mas não consigo achá-lo. Já falei com Peter, com papai os dois não sabiam. Falei até com Percy, mas sua resposta foi igualmente negativa. Meu diário 2 está no meu quarto (sim, eu tenho dois diários. Em um eu só escrevo o que eu fiz, como: “Querido diário, hoje é meu aniversário, estou muito feliz”. Mas é muito vaga. E nesse eu escrevo tudo, meus sentimentos e todo o resto).

            Estava pensando no que fizera de errado desta vez quando entrei na sala. As luzes estavam apagadas.

            Quer dizer, minha venda ilegal de ingressos para um show da Taylor Swift não tinha sido assim tão ruim (os ingressos eram verdadeiros, uma filha de Afrodite me deu, disse que estaria em Milão na época. Mas alguém acreditou? Nããão!). Ou talvez fosse meu último F, mas papai sabia que eu tinha dislexia e não tinha entendo uma única palavra da prova (Raspedo, quil é o cotapil no Lurirba?). Ou então…

            As luzes se acenderam de repente e vi Peter, papai, Percy, tia Sally e Annabeth saltarem trás do sofá.

            _SURPRESA!!

            Em uma faixa estava escrito: “Belix nisaver, Lciae.” Achei que eram palvras estranhas para estarem escritas em uma faixa, então apertei os olhos. Mas as palavras continuaram sem sentido: “Fexli saverni, Elica”

            _O que está escrito ali?_perguntei para ninguém em especial.        

            Annabeth, Percy, papai e tia Sally olharam para aquilo sem copreender.

            _Acho que é “Lifex saniver, Ecali.” _leu papai.

            Sabia que era isso mesmo, papai não é disléxico.

            _ E o que significa?

            _Feliz aniversário, Alice._ disse Peter._ Foi eu quem escreveu._ disse ele corando.

            Para quem não sabe, Peter é meu irmãozinho mais novo. Já tem 11 anos, mas vai ser sempre meu bebezinho. Peter é quase o meu oposto. Tenho longos cabelos loiros e encaracolados sempre presos em um rabo de cavalo, Peter tem lustrosos cabelos curtos e pretos; meus olhos são cinza amedrontadores, os de Peter são amigáveis olhos castanhos; tenho um nariz pequeno e levemente arrebitado, Peter tem o nariz em forma de tomate; sou baixa, Peter está me alcançando (ele é 2 centímetros mais baixo que eu)

            Abracei Peter.

            _Obrigada, fofinho.

            Peter me empurrou, saindo do meu abraço.

            _Não sou mais bebê._ ele cruzou os braços, eu fiz bico e os outros riram.

            _Peter não vai ser seu bebê para sempre, Alice. Acostume-se._ disse Percy, passando um braço pelos meus ombros.

            _Não gosto disso…

            Percy meu primo, para quem não sabe, e já salvou o mundo uma vez. É filho de Poseidon e nasceu de uma promessa quebrada. Annabeth é namorada dele e, por mais estranho que seja, minha irmã.

            Sim, como você já deve estar se perguntando, os deuses gregos existem. Se isso não é estranho o suficiente, eles moram no 600º andar do Empire State, em Nova York. E para finalizar tem filhos com mortais, os chamados meio-sangues ou semideuses. Eu sou uma deles.

            _Feliz aniversário, irmã._ disse Annabeth me abraçando.

            Nós somos antigas inimigas. Selamos uma trégua no último verão. Era bom saber que eu finalmente tinha uma irmã e não tinha só o Percy, o Peter e o Rick de amigos em Nova York. Eu finalmente não era a única menina.

            Um homem alto saiu da cozinha carregando um bebezinho que usava roupas rosa clarinho. Rebeldes fios loirinhos na cabeça e espertos os olhos mechados (meio cinza, meio verde), reconheci minha prima-sobrinha.

            _Olivia!_ corri para vê-la.

            Passei a mão no rostinho dela.

            _Oh, minha lindinha…

            Paul sorriu e entregou Olivia a Annabeth.

            Percy se aproximou de Annabeth e ficou olhando a menininha.

           Olivia Jackson tinha nascido há um mês. Filha do Percy e da Annabeth. Primeira netinha de Atena, que ficou babando pela menina. Apesar disso, não era a primeira filha de semideuses. Dimitri Grace tinha 2 meses e era neto de Ares e Zeus.

            Papai me abraçou e me entregou uma caixinha.

            _Feliz 14 anos, Alice._ ele sorriu._Minha menina está crescendo.

            _Só espero que meus 14 anos sejam tão perigosos quanto meus 13._falei, sarcástica.

            Todos riram, menos papai e é obvio, Olivia.

            _Não brinque com isso._ ele me repreendeu.

            _Relaxa. Desta vez estarei protegida, prometo.

            Abri o presente. Era uma pulseira de ouro.

            _Ah! Eu adorei._ e me atirei para cima dele.

            No dia seguinte eu iria para o Acampamento Meio-Sangue. O melhor aniversário de todos! Quer dizer, o aniversário do ano passado tinha sido muito bom, tinha sido no acampamento, no mesmo dia de uma corrida de bigas e no mesmo dia em que descobri que Atena era minha mãe.

            Nós éramos em 5 meio-sangues no mesmo apartamento (eu, Percy, Annabeth, Peter e Olivia), sabia que isso não ia dar certo por muito tempo.

            Mas então meu nariz sentiu um cheiro que quase me fez vomitar. Era uma mistura estranha de perfumes que dava em um cheiro enjoativo de lixo.

            Cobri o nariz.

            _Que cheiro é esse?

            _O doce cheiro da nossa proteção._ disse Percy, sarcástico.

            _Todo mundo tomou um banho de perfume._anunciou Peter.

            _Isso quer dizer,_ começou Annabeth_ que para camuflar o nosso cheiro, passamos diferentes perfumes por toda a sala e em nós mesmos. O resultado não foi muito bom.

            Sabe, quando as pessoas falam sobre nosso “cheiro” eu sinto que é como se eu tivesse me atirado em um caminhão de lixo e estivesse fedendo.

            Tirando a horrível semana que tivera, estava ansiosa para chegar ao acampamento no dia seguinte e toda a minha ansiedade se devia a penas um fato que eu podia descrever em apenas uma palavra: Art. Sim. Tudo o que eu queria era encontrar meu “semideus grego”. Bom, nós já nos beijamos três vezes, mas é segredo total! Mesmo assim, tivemos uma briguinha e resolvemos nos tornar apenas amigos, sabe. O meu loiro lindo, que não era meu, morava na Flórida. O que quer dizer que nós só iríamos nos encontrar quando chegássemos ao acampamento.

            Por mim, estava tudo perfeito. Mas, não sabia direito o por quê, Annabeth e Percy pareciam um tanto apreensivos.

            Procurei ignorar esse fato enquanto eu sobrava as velas e comia o delicioso bolo de chocolate. Naquela noite, e eu não queria nem saber, eu ia arrumar minhas coisas para o acampamento. O último verão foi um desastre completo. Eu não tinha roupas para vestir. Isso porque foi arrancada da minha normal (quer dizer, a professora sem transformou na Medusa, isso não foi tão ruim, foi?) e levada para o acampamento sem saber de nada.

            Mas neste ano, eu estaria preparada, estaria pronta e levaria vestidos e mais vestidos para o caso de eles resolverem fazer a Festa dos Deuses de novo.

            Meu aniversário de 14 anos foi fantástico, por vários motivos, um deles foi que recebi uma mensagem de Íris no meio da festa, onde estavam algumas das pessoas que eu mais gosto em todo o acampamento.

            _Oi, Alice!_dizia Sunny, filha de Apolo.

            _E aí? Tudo bem?_Era Diana, filha de Zeus e melhor amiga de Sunny.

            _Tudo, meninas. E vocês?    

            _Perfeitamente bem._ Respondeu Yasmin, filha de Circe e uma das minhas melhores amigas em todo o mundo, que tinha acabado de aparecer.

            _Oi, Yasmin! E as coisas por aí?

            _Continuam como sempre. A Cristal queria falar com você, mas como demoramos a fazer a mensagem, ela dormiu.

            Ri.

            Cristal, minha outra melhor amiga, era uma semideusa impossível. Era filha de Morfeu e vivia de dormir.

            _Ué, então acorda ela!

            _Ficou louca? Eu sou quem não vou fazer isso. Lembra na casa do Apolo?

            Ri de novo.

            Apolo era como todo mundo chamava o Art, só eu não o chamava assim.

            _Certo, certo. E os outros?

            _Os outros? Tipo quem? _ falou Diana.       

            _Ah, não sei. Lia, Leila,_ filhas de Zeus_ Ísis e as irmãs_ filhas de Ísis_ Grover e Rick…_ eles são sátiros, metade bode, metade gente_ Orb_ filho de Hécate_ Beth, Katie,_ filha de Deméter._ Christian…

            Quando disse o último nome, soube na hora que não devia ter o feito. Christian White, era filho de Zeus e paquera de Yasmin. Ele era um dos trigêmeos, mas os irmãos dele não eram tão legais assim, tinha passado para o lado de Cronos, o lado do mal…

            Vi nos olhos de Yasmin pequenas lágrimas que ela tentava impedir de caírem.

            Sunny, fofa como sempre, a abraçou.

            _Não chore. Ou vai borrar a maquiagem._ falou Diana, que sabia da não tão saudável fascinação de Yasmin pelo perfeito.

            _Certo, certo. Vocês têm razão.

            _Vá para o refeitório, nós já vamos.

            Yasmin apenas assentiu.

            Depois de esperarem Yasmin se distanciar, Sunny e Diana falaram, em tão de segredo:

            _ Ele começou a namorar uma garota…_sussurrou Diana, que com percebi, tinha os cabelos mais compridos que da última vez.

            _… uma filha de Afrodite…_completou Sunny.

            _ A Amanda Jonas._ Disseram as duas em uníssono.

            Percy surgiu do meu lado de repente.

            _Aquela menina riquinha e a única morena do chalé de Afrodite?

            _Ela mesma._ Era Sunny.

            _Isso cheira a problema._ murmurou Percy.

            _Na verdade, eu acho que esse cheiro é de um zilhão de perfumes misturados._ falei.

            _Há há. Muito engraçado._ Ele falou, mas não estava achando um pingo de graça.

            Sunny e Diana por outro lado começaram a rir.

            _Ei!_ Começou Diana_ Será que a Olivia está aí?

            _Está._ falei, divertida.

            _Será que a gente por de ver ela?_ Perguntou Sunny.

            _Não.

            Com essa resposta do Percy, mas duas começaram a falar “Por favor” sem parar. Até que meu primo finalmente cedesse.

            _Ah, está bem, está bem.

            E ele pediu para Annabeth se aproximar.

            Ela carregava Olivia. Assim que as duas viram a garota começam a “se derreterem” pela loirinha.

            _Ah, que linda!

            _Que fofa! Que fofa!

            Annabeth apenas sorriu.

            A imagem pediu outro dracma.        

            _Merda, eu não tenho mais nenhum._ falou Diana.

            _Nem eu.

            _Então tchau, Alice. E feliz aniversário.

            _Nos vemos amanhã.

            E a imagem se desfez.

            Papai ficou sabendo que eu tinha cantado na Festa dos Deuses e desde então me fazia cantar em todos acontecimentos e ficava repetindo:

            _Minha filha é uma ótima cantora, Zeus a aplaudiu, ela canta muito bem, minha filha é uma ótima cantora.

            No meu aniversário não foi diferente.

            _Filha, canta um pouco para a gente.

            _Pai…

            _Vamos lá, cante!

            _Calma, maninho. Dá um tempo para a menina. Coitada._ Falou tia Sally me defendendo.

            _É, maninho. Dá um tempo para a menina._ disse eu imitando a voz da tia Sally.

            _Vai, Alice. Não seja tímida, cante!_ Falou Percy. Provavelmente tentando se vingar por ter dito que a Olivia estava ali para as meninas. Sabe como é, Percy era um pai ciumento.

            _Vai, Alice!_ Pediu Peter.

            Quando vi, todos, até tia Sally que tinha me apoiado no começo, me pediam para cantar, mas nem todos por gostavam de ouvir minha voz, e sim por pura vingança (Oi, Percy. Oi, Annabeth.)

            Ficando sem saída.

            _Tá, eu canto. Mas o Percy tem que cantar comigo.

            Todos o atacaram. “Ah, canta, Percy. Canta”.

            _Não. Não. Não. Eu não sei cantar, juro.

            _Mentiroso!_Falou Annabeth, rindo._ Ouvi você cantar no chuveiro. Você canta muito.

            _E o que a senhorita estava fazendo me olhando tomar banho?

            Todos pararam. Olharam para Annabeth. Ela nem se abalou, também, depois do que aconteceu com Rose…

            _Não se esqueça, Cabeça de Alga, que dividimos um quarto.

            _Ah, que seja. Eu canto, eu canto._ disse para todo mundo e depois se virando para mim:_ Que música?

            Falei a música no ouvido dele.

            _Tem certeza?

            _Claro. Adoro essa música.

            _Então tá bom.

            _Uhuuu!_Comemoraram os outros.

            Liguei meu notebook e coloquei a versão de karaokê. A música começou e Percy cantou:

             _You were working as a waitress in a cocktail bar

            When I met you

            I picked you out, I shook you up and turned you around

            Turned you into someone new

            Now five years later on you're got the world at your feet

            Success has been so easy for you

            But don't forget it's me who put you where you are now

            And I can put you back down too

            Todo mundo aplaudiu. E então eu comecei a cantar.

            Na minha parte sozinha cantei:

            _ Iwas working as a waitress in a cocktail bar

            That much is true

            But even I knew I'd find a much better place

            Either with or without you

            The five years we have had have been such good times

            I still love you

            But now I think it's time I live my life on my own

            I guess it's just what I must do

            Para quem não percebeu a música é Don’t you want me.

            No final, todos aplaudiram.

            Quando tudo terminou, já era tarde da noite. Annabeth com Olivia nos braços, Percy, tia Sally e Paul subiram para o apartamento deles e papai mandou Peter e eu para o quarto.

            Eu divido o quarto com o Peter. Afinal, nosso apartamento só tem 2 quarto.

            Eu não deixei o Peter dormir naquela noite. Essa é mais pura verdade. Fiquei arrumando minha mala para o acampamento até mais de duas da manhã e perguntando se os vestidos que eu tinha escolhido estavam bonitos.

            _Está, Alice. Lindo. Aham.

Mas eu sabia que não era verdade. Ele estava apenas tentando me fazer dormir o mais rápido possível.