- Melina!

Ela rapidamente se soltou do Vítor. - sim, eles estavam se beijando! E não, não era à força.

- Eu... Eu... - ela não conseguia se explicar, enquanto Vítor a olhava com uma expressão pervertida.

- Acho que não precisa dizer nada. - virei e estava prestes a sair, quando ela finalmente resolveu dizer alguma coisa.

- Felipe, espera! - o garoto, nesse momento, com uma expressão vitoriosa, apenas me observava. E Melina tentava se explicar. - Eu... - e ela novamente gaguejou.

- Você me prometeu! - sim, ela havia prometido que iria esquecê-lo, e nunca mais ficaria com ele, logo depois de vê-lo com outra na boate de meu pai. - Esqueça que eu existo...

Com lágrimas nos olhos, fui embora. Recusava-me a chorar, mesmo sendo impossível não deixar aparentes as minhas lágrimas, no meio de todos daquela festa. E ela ficou lá, imóvel.

Finalmente, escorreu uma lágrima pelo meu rosto. Cheguei ao meio da festa, perdido e desacreditado, e não pensei duas vezes em voltar pra lá. Chegando cada vez mais perto, resolvi ficar apenas atrás da cortina da sala, observando os dois ainda lá fora, e o que ela iria fazer.

Ela me prometeu que não iria mais ficar com ele, e depois de ver uma ceninha ridícula de um ciúmes falso, depois de vê-lo com outras, de ouvir de sua própria boca que o que ele queria era transar com ela... Mesmo depois de tudo, ela ainda estava lá, parada em sua frente, em prantos.

- Por que você me faz te amar, seu idiota?

- Eu? Não faço é nada! É só te dizer várias palavras bonitas, pra você se derreter. E você, tão bobinha, sempre cai.

- Não acredito que ainda escuto isso da tua boca, Vítor.

- Não acredita? Achei que já estivesse acostumada. Aliás, se você não quer ouvir, porque ainda está aqui? Você não percebe que é só um estepe, só mais uma, que eu não te amo, e que quando te digo algo bonitinho, tenho tudo... Ou melhor, quase tudo que quero, pois ainda não transei com você. Mas espera, é só uma questão de tempo pra você ceder, eu sei. Você sempre cede. Foi assim com o nosso primeiro beijo, não se lembra?

- Você não sabe de nada! - Melina chorava ainda mais - Você só estraga tudo! Estragou tudo o que eu tinha com o Felipe, tudo que eu consegui com ele!

- Não estraguei nada. Você é que não o amava, senão não tinha me beijado. - aquilo foi como um raio, que me atingiu em cheio e me deixou estático ali.

Será que estava tão na cara assim que ela não me amava? Só queria esquecê-lo? Será que eu não fui bom o suficiente pra ela, pra fazê-la esquecer-se dele, ou não a completei o suficiente pra sufocar seus sentimentos pelo Vítor?

Por um instante, olhei pra baixo, pra tentar engolir tudo o que eu havia escutado, e quando voltei a observá-los, apenas a vi chorar, sozinha, no jardim.

Não fui até lá, não iria lhe dar um colo pra chorar, pra fazê-la se sentir confortável e segura, pois naquele momento percebi que não valera de nada tudo o que havia lhe feito.

Ela me traiu, sim. Há meia hora, não diria nada, e a tentaria compreender por ter feito aquilo, mesmo com a ferida latejando em meu peito, mas... Ela havia aceitado meu pedido de namoro. E dez minutos depois, a vi com outro.

Saí da festa despedaçado. Chamei um táxi, e ao passar pelo portão, pude notá-la no mesmo lugar de antes, de quando falava com Vítor, mas não me dei ao trabalho de olhá-la. Ela não merecia. Não ME merecia.

Faria questão de esquecê-la. Apesar de amar aquela garota, de ela ter me feito mudar, de ser uma pessoa com bom coração, inocente e insegura, a esqueceria. Não tinha cabeça pra cuidar dela.

Logo, voltaria à minha vida de antes, o que não era difícil, e mesmo com um perdão de Mel, não ficaria com ela nem mais uma vez.

Apesar de seu beijo encantador, de seu toque envolvente e puro, de seu cheiro. Pensava que seria fácil deixar pra trás os poucos e marcantes momentos com ela...