Culpa e ódio de mim mesma me invadiam. Eu, James e Alvo chorávamos na entrada do salão principal. James finalmente parou de chorar.

- Seremos obrigados a contar para nossos pais, Lily. – ele disse.

- Por favor, não. – pedi – eu juro pra vocês, desde que voltei pra Hogwarts eu estou limpa. Podem perguntar pro Will se quiserem, ele recolheu tudo!

- Lily – falou Al, sério – isso é sério. É doença! Não vai conseguir parar sozinha, me escuta!

- Vou sim. Me deem até o Natal, eu quero ir para a casa da Thaaai! – reclamei.

- Até o Natal, mana. – James murmurou me dando um beijo na testa. Alvo fez carinho encima de minhas marcas enquanto eu puxava o casaco.

- Vou jantar. Não comi nada hoje ainda. – falei, limpando as lagrimas.

Sentei ao lado de Will de cabeça baixa. Sentada, eu encarava o horizonte, nem sinal de tocar na comida.

- Você precisa comer, Lily. – falou Rose que estava do meu outro lado.

- Estou sem fome – afirmei.

- Comeu alguma coisa hoje? – perguntou Will

- Não. – respondi, indiferente, ele pegou um pouco do seu purê de batatas e tentou colocar na  minha boca. – Não, Willl. – falei.

Na verdade, eles tinham concordado em não falar nada para meu pai. Mas eu estava arrasada de qualquer jeito, não esperava que descobrissem assim.

- Vou indo para o dormitório. – falei.

Assim que depositei o peso em minhas pernas, cedi. Acordei na ala hospitalar. Will, Scrop, James, Alvo, Rose e Thai estavam a minha volta.

- POSSO SABER O QUE EU ESTOU FAZENDO AQUI? – berrei – eu estava muito bem, tá?

Will, como um poço de paciência, acariciou minha cabeça e com um selinho disse:

- Sua pressão baixou, não comeu nada o dia inteiro. Passou o dia com problemas na cabeça. Ia ceder alguma hora.

- E aí, já posso ir para meu dormitório? – perguntei

- Não até comer alguma coisa.

- Lils – falou Rose – nós trouxemos purê. Igualzinho ao da vovó. Come só um pouquinho ou vai nos matar de preocupação, ou pior, Tio Harry vai ficar sabendo que você está mal. E vai querer saber porque.

- E nós teremos de contar a história do lado de fora do salão principal – completou James. Resmunguei e puxei o purê da vovó.

Levantei e fui acompanhada até o salão comunal, era quase meia noite. Dormi de roupa e tudo, a preguiça dominando. Acordei-me, olhei o radio relógio. 6:15. Bosta. Vagarosamente, voltei a inércia  de um sono com um sonho sombrio.

Nele eu me via em meu quarto, em casa, Godric's Hollow. Eu estava de vestido de alças, cor-de-rosa, analisando a forma que as feridas de meu braço cicatrizavam. Quando meu pai entra no quarto. Eu tento esconder, mas não me resta tempo, era inventar uma desculpa ou admitir “não minta, vai ser pior” me dissera Will mais cedo. Era tarde demais, meus irmãos haviam contado...

Acordei me debatendo, suando frio e Will me olhava, assustado.  Já era de manhã. Eu sentia o estomago embrulhado e os joelhos tremerem. A voz se recusava a sair.

- Amor? – falou Will, preocupadérrimo.

Resmunguei para mostrar que estava ouvindo.

- Você ta bem?

- Sim – menti, sentia que a pressão ia baixando, e isso sempre acontecia quando eu tinha pesadelos. Em breve, cairia na inconsciência. 3... 2... 1. mergulhei na mais profunda inconsciência.