Ela estava a horas caminhando pelas mesmas ruas, tentando esquecer o fato de que em pleno dia 24 de dezembro, véspera de Natal estava sozinha, totalmente sozinha.

Às vezes seus pensamentos voltavam em Sasuke, aquele que prendeu seu coração por muitos anos, mas que hoje, por incrível que podia parecer, não estava sendo tão importante para ela.

Escostada em uma árvore, Sakura olhava para o chão coberto de neve e para o dançar das folhas das árvores com o vento. O jeito era mesmo se conformar, e ter esperança de que, um dia, ela estaria com alguém nessa noite mágica, que poderia sorrir olhando para essa pessoa e que, ao falar 'eu te amo', ela seria correspondida. É, seu sonho não era muito ambicioso, a única coisa que desejava era ser feliz e viver um grande amor.

Resolveu caminhar de volta para casa, tomar um banho e se jogar na cama, já que talvez assim, ela não percebesse tanto o dia 25 chegar não ter nada para fazer, e incentivo nenhum para pensar em algo.

Naquela noite, o frio era intenso, dava a sensação de ter as faces cortadas pelo vento gelado da noite. O céu estava limpo, escuro e cheio de estrelas, um céu mágico. Enquanto ela observava calada o céu, viu algo que não via há muito tempo, uma estrela cadente.

Fechou seus olhos e se concentrou em um pedido, pediu que seu amor verdadeiro aparecesse naquela noite, onde quer que ele estivesse. Feito o pedido, abriu os olhos e riu caçoando de si mesma, afinal, como poderia uma estrela trazer seu verdadeiro amor, se é que isso existe?

Ela, já que não tinha nada para fazer, resolveu ao invés de ir para casa, ficar sentada em um banco próximo, esperando quem quer que fosse aparecer e se declarar para ela.

Passadas algumas horas, quinze para a meia noite. Sakura decide ir para casa, já que agora estava mais do que provado que essa história de estrela cadente não passa de um conto de fadas.

Levantou-se do banco, ajeitou as vestes, colocou a mão nos bolsos, devido ao frio e começou a caminhar em direção à sua casa.

-Sakura! Erm, Espera! - diz uma voz ao longe, atrás dela.

Ela vira e tenta ver quem havia chamado-a, mas tudo o que ela viu foi uma pessoa, bem ao longe, e por isso, não conseguiu identificá-lo.

-Você tá falando comigo? - diz ela ainda tentando identificar com quem estava falando.

-É, com você sim. - diz a pessoa se aproximando rapidamente dela.

-Itachi? - pergunta meia espantada Sakura ao vê-lo se aproximar - Erm, o que, o que você tá fazendo aqui?

-Eu vim p..

-Por favor não vai me dizer que você veio falar algo que envolva o Sasuke, agora que eu já consegui finalmente tirá-lo dos meus pensamentos, e ah, ainda por cima é quase Natal, e.. - Sakura começa a falar as coisas como se despejasse um pesado fardo que estava carreganto até agora, suas mãos tremiam pelo nervosismo da sinceridade que saltou para fora tão de repente de seu peito.

-Calma. - Itachi diz devagar segurando em sua mão que não parava um segundo de tremer - Porque eu iria de tão longe até aqui só para falar dele?

-Eu, eu não sei. - disse Sakura por fim sentindo seus olhos se encherem de lágrimas, mas tentando contê-las de qualquer modo. - Mas então por que você está aqui? E falando comigo ainda por cima?

-Eu vim por você. - disse ele e encarou os olhos atentos dela - Sabe, o céu é enorme, mas é um só. Tanto ao norte, como ao sul, ao leste, nós vemos o mesmo céu, e até algumas mesmas estrelas. E hoje, em um momento em que eu estava sozinho olhando às estrelas, pensando em como seria bom passar o Natal com o meu verdadeiro amor, eu vi uma estrela cadente, e ela, não sei o porque me lembrou o jeito em que você olhava, eu sei que faz muito tempo que nós não nos víamos, mas mesmo assim, eu resolvi pelo menos uma vez na vida seguir meu coração e ir aonde eu achava que você estaria, e assim, eu te encontrei.

-Mas eu, eu - Sakura sentiu suas pernas e seu corpo inteiro amolecerem, e pelo impulso do momento, abraçou-o, que estava bem ali na sua frente, como num sonho. - Você é meu verdadeiro amor? Mas, mas então, erm, porque você era tão indiferente comigo antigamente, e..?

-Eu detesto o fato de ter de admitir isso, mas até eu sou capaz de sentir o que as pessoas chamam de ciúmes - diz ele, envolvendo os braços na cintura dela e sorrindo.

-Sabe, acho que você reapareceu num momento perfeito. - diz Sakura agora encarando-o - Por mais que existam milhares e milhares de estrelas no céu, só uma é aquela que pode realizar sonhos e pedidos, só uma que conseguiu te trazer aqui para perto de mim.

Itachi sorriu, pousou as mãos delicadamente no rosto dela e disse baixo:

-É, eu sempre te amei, mas por puro orgulho, não conseguia admitir isso para mim mesmo.

Sakura sorriu, e sentiu borboletas invadirem seu estômago, seu rosto esquentar, apesar da neve caindo à sua volta, coisa que nunca havia acontecido antes, e Itachi, olhando-a nos olhos, foi se aproximando cada vez mais, e quando seus lábios estavam finalmente colados, o relógio deu as doze badaladas, indicando que já era meia noite, que já era dia vinte e cinco de dezembro, Natal.

xFim.