Autumn escrita por Strauss


Capítulo 1
Outono




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No Outono, as folhas vão caindo na terra semi-morta e uma leve brisa toca nossa pele, causando-nos leves arrepios. Perguntamos o motivo dessa Estação, ser tão alegre mas ao mesmo tempo tão tão triste, tão... Outono.

Assim como as folhas que caem, minhas esperanças também vão ao chão.


Secas.

Acabadas.

E só uma coisa é o que deixa o outono feliz, minhas folhas não caem sem um propósito: Seu sorriso. Então não me desespero, pois sei que ficará alegre quando ver aquela cor laranja.

Aquelas folhas no chão, para poder deitar e rolar, é como brincar na neve.

Fazer anjos de folhas secas.era seu passatempo preferido. Não há frio, nem calor. É só uma boa estação, para se deitar no jardim, olhar o céu e ver as formas das nuvens e são tantas! Por que não parar para observar? Olho para o céu azul delicado, calmo, onde só escuto sua voz e o canto dos pássaros. Por que não ficamos aqui, aproveitamos para elogiar essa época? Mas vendo agora, te fitando de tão perto, eu percebo que você parece muito com essa estação.

Não sabemos se ficamos triste ou alegre com o Outono. Ele é misterioso, parece ser simbolo da melancolia, da euforia, de alegria. Mas, é lindo, perfeito.

Já parou pra notar que quando as folhas terminam de cair...Você olha para o chão e as vê amontoadas, laranjas, mortas, tristes?

E você não fica abatido pois sabe que aquela arvore, vai dar novas folhas. Assim é a minha esperança!

Ela não acaba nunca...

Minha arvore, é o meu coração, se cortarem aquela arvore de lá vão arrancar minha vida!

Ei... Depois, depois de um delicioso sorvete de creme, numa sorveteria qualquer da cidade, pagando com uma moeda de cobre antiga, eu poderiate pedir um favor?

Cuida daquela grande árvore, em que as folhas estão caindo com mais velocidade que as outras?

Sim, aquela que te costuma te da sombra no Verão e na Primavera.

Aquela que tem um balanço colorido, que você costuma se embalar nas tardes de clima agradável.

Cuida dela pra mim?

Vou entregar ela pra você, se você aceitar e cuidar. Você não sabe o quanto vou ficar feliz, você se importa?

No fim da tarde, voltamos para casa, com um sorriso no rosto de mãos dadas, está fazendo muito frio aquele dia. Cantos, pedidos, abraços, sorrisos e alegria. Isso acontece em meus sonhos... Mas, de longe te observo feliz com seus amigos. A falar sobre tudo. Tudo – menos da beleza do Outono.

Eles não conseguem ver o que realmente tem em você?

Talvez eu seja o bobo aqui... Acreditando que algum dia você possa parar pra olhar que no seu jardim, na sua floresta, existe uma arvore, talvez não a mais atraente... Mas, a que tem capacidade de te fazer sorrir, sempre que pedir e sempre que não pedir...

Será você capaz de não olhar para a aparência daquela arvore?

Será você capaz de ir lá conhecer a árvore e não deixar se guiar pelas coisas terríveis que falam sobre ela?

Será que você não enxerga o que se passa ao redor dela?

E quando você perceber, e se você perceber, aquela arvore que você costumava ter a sombra, a diversão, e os frutos...

Não terá mais nada.

Somente galhos secos. E para ela sempre será Inverno.

Então você vai se perguntar: "Meu Deus, por que aquela arvore é assim?"

Ela é uma arvore velha e feia! Quem liga?

Retorcida, fria, misteriosa, escura, rodeada de arvores alegres. E você se aproxima daquela, e vê, cravado em seu casco: O seu nome!

Tem mais algo escrito do lado, mas você não consegue entender. Então, você sente um arrepio percorrer seu corpo.

E uma vontade de gritar toma conta do seu ser. Você olha para trás e vê as outras arvores e elas estão te observando.

Oljando e julgando sua atitude para com aquela arvore a sua frente. E aí escurece de repente, você fica perdida por ali.

As arvores que você dava atenção, no crepúsculo, ficaram assustadoras!

- Onde estou? – Você se pergunta - Por que?! - você clama, grita, chora!

Corre para todos os cantos, mas se assusta com uma grande arvore e seus galhos pareciam garras afiadas prontas para pegá-la ali e machucá-la. Você então tropeça na raiz de outro enorme arbusto, caindo, ferindo suas pernas brancas e delicadas.

O medo invade seus pulmões e você mal consegue respirar.

Está tudo tão escuro...

Então, você olha para aquela arvore, aquela que você praticamente ignorou a vida toda. E você nota que ela é a unica que está sendo iluminada.

A Lua iluminava aquela arvore tão bem, que deixava no seu casco um brilho único. E você, ao olhar aquilo, sente paz. A unica que não parecia tão assustadora. A unica arvore que parece acolhedora.

Deita em suas raízes e espera o sol surgir no alto. Seu medo vai diminuindo, seus sonhos aparecendo e você tem a melhor noite da sua vida.

Até que você acorda. Acorda com barulhos de caminhões, trator, homens.

E você vê que eles têm serras elétricas; Você se levanta imediatamente e corre até um deles

O que você vai fazer? – você pergunta, limpando as folhas da sua calça.

Cortar essa arvore! Pelo seu tamanho e inutilidade, está atrapalhando a visão do novo dono desse pequeno bosque – responde um velho com um capacete amarelo.

Você entra meio que em desespero. Por que sentia aquilo agora? Estava com medo de perder uma simples arvore.

Você não pode fazer isso!

Desculpa, garota, mas são ordens expressas do chefe!

Quem é seu chefe?

Então, você olha para trás e vê a silhueta de uma pessoa bastante conhecida

Estou decidindo a maneira mais rápida de acabar com aquela arvore

– Destrua-a completamente, arranque as raízes, quero simplesmente como se essa arvore nunca tivesse existido"

– Como quiser - respondeu um outro homem.

Então, você corre até mim, chama meu nome, e pergunta o por que daquilo.


Bom, seu únicos companheiros são grama, lua, pedras, e alguns admiradores de coisas mortas. Qual seria a importância dela agora? respondo, enquanto dou a ordem de tirá-la dali, para outros homens.

Você fica sem palavras. E repensa, repensa sua vida.

Seguro seu braço, te levando para trás cuidadosamente, porque o show ia começar. Motores ligando, homens rindo alto... Um dos tratores dirigia-se em frente a arvore.

Força total.

Eu estava como aquela arvore, fria, sem expressão alguma. E você me fitava incrédula.

Por favor, não destrua essa arvore, ela... Significa muito pra mim!

– Desde quando se importa com ela? – pergunto, ainda sem olhar pra você.

– Desde que me dei conta que você sempre falava dela. Desde que me senti completamente só nesse lugar... - você suspira lentamente, fecha os olhos, relembrando a noite terrível que passou - A Lua iluminou-a, dando me a segurança. Talvez, a tal segurança de que você sempre falava!

Dessa vez, olhei pra você. Não podia evitar. Meus óculos escuros escondiam meus olhos marejados, mas eu tenho que manter minha postura. Afinal de contas... Tarde demais, não ?

Um estrondo. Um dos caminhões tinham destruído uma das maiores raízes.

Por favor, é a sua arvore.


Não, querida. Era sua arvore. Eu dei pra você cuidar dela, você não o fez, estou apenas tirando-a daí, pois não existe utilidade alguma com ela.


Mais uma profunda raiz arrancada, doía em meu coração, mas não demonstrava de jeito nenhum.

Então é isso...


– Simples, não? Ei, você, venha cá! - chamo um ajudante - Quero que queime tudo que tiver nessa arvore aí. Tá vendo essas folhas laranjas? Essa arvore já tem quinze outonos, sabiam? Queime as folhas laranjas desse outono. Todas essas aqui!


Acho que entendi – você diz, olhando a destruição da arvore.

Abaixo para pegar uma folha unica. A mais bonita dali

Queime-as!

Certo, como quiser – respondia o homem.

E você me olhava, ainda indignada. Ignorei, simplesmente, dei de ombros e andei até meu carro.

Eu sei que você está sangrando por dentro. Sei que tem uma lágrima implorando pra cair, por trás desses óculos e por trás dessa sua armadura fria.


Ela me conhecia o suficiente para saber que sou uma pessoa tão frágil, dando uma de "pessoa fria".

Sim, eu estou querendo acabar com isso aqui. A unica lembrança que tenho que um dia te amei de verdade. Sabe o quanto é difícil? Não, porque nunca percebeu isso. Olhou para todos os seus amigos, menos pra mim. Falava que era drama, não é. Olha só o que esse "drama" me fez hoje. Não te culpo, só me condeno por amar tanto uma pessoa que nunca se importou.


MADEIRA!


É isso, agradeço você, rapazes, pelo ótimo trabalho. Agora junte essa porcaria daí, e façam o que eu disse!

Saí, e deixei você. Não havia mais nada ali.

Tarde demais para disfarçar a lágrima. Tarde demais para salvar aquela arvore.

A frondosa caiu exuberante, triste, chorando ao chão. Depois do enorme barulho, um silencio assustador invadiu a floresta. Os pássaros voaram alto, eu via algumas borboletas saindo de outras arvores, e pousando naquela ali, morta.

E a culpa não é sua.

Eu me condeno por simplesmente gastar tudo em alguém que nunca se importou e só quando é tarde demais, vai perceber o que perdeu. Ou ainda tem aqueles que nunca vão notar que existiu alguém que pôde amá-los de verdade.

Abrindo a porta do carro, sinto seus braços me envolverem. Você tinha me abraçado por livre espontânea vontade?

Me perdoa se eu nunca ... Não, eu sabia, eu sabia o tempo todo que você me amava, eu não queria aceitar porque simplesmente eu não acreditava! Mas, daí hoje percebi que não importa... E você mudou tanto, isso me deixa triste. Eu já te falei que não sou boa com sentimentos?


Tentei me desvencilhar do seu abraço, e abri a porta do carro.

Que bom que aprendeu.

Entrei, fechei a porta, e liguei o carro, você colocou a mão na janela, e baixou os olhos. Até hoje, nunca te vi derramar uma lágrima. E um dia eu jurei pra mim, que nunca iria fazer você chorar.

Mas, esse juramento se foi junto com o meu amor. O que resta são sementinhas... Talvez um dia, poderão ser germinadas, ou apenas deixadas para trás, virando comida para passarinhos, ou vermes da floresta.



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