The Beautiful Thieves escrita por bitterends


Capítulo 42
Corpo Voltou, Coração Ficou




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 Harry me encontraria na rodoviária de Asela ao meio dia. Eu precisava ser forte para deixar ... tudo.  Jogar tudo num poço fundo, esperando que uma grande enchente o fizesse emergir.

Me despedi de todos e Josh me levou até de bicicleta, chegamos quase uma hora antes do combinado e aproveitamos para nos despedir um pouco mais... podia sentir um frio na barriga e uma dor muito forte no peito.

- Você pretende me ligar quando chegar? Só pra dizer que a viagem correu bem...?

- Eu pretendia te deixar saber pessoalmente, mas não depende só de mim... Desculpe, sei que tinhamos combinado não falar disso... Eu vou te ligar, sempre.

- Bem, passamos dez meses juntos... Bastante tempo, não?

- Se é o que pensa.

- Vivemos como casal completo durante oito meses, e eu nunca coloquei um anel de compromisso no seu dedo enquanto pude. Acho uma desonra com você.

- Você sabe que anéis não ficam em volta do coração e sim de um dedo. Não me importo com isso.

- Eu me importo... é como assumir um compromisso por fora também. E por isso...

- Qual é, Jos?

- Posso terminar? ... Obrigado!... Por isso, eu não vou deixá-la partir sem um. - Tirou do bolso uma caixinha com camurça azul, parecia estar com ele por um tempo, pois me lembro de vê-lo admirando-a. Então abriu-a e lá estava um anel, com uma pedra tão linda, azul neon, cuja jamais tinha visto antes. - Eu pensei em te entregar antes, mas queria que fosse na hora certa... Essa pedrinha azul se chama Turmalina Paraíba. Só existe em três países no mundo inteiro: Brasil, Nigéria e Moçambique. E desse anel, também só existem apenas três no mundo: o meu par e um único de minha mãe... E este aqui, é o seu... - disse ele, começando a colocar o anel no dedo em que se coloca alianças de casamento.

- É lindo, não sei se deveria aceitar...

- Deve, porque você é como a Turmalina: linda, rara... incrível. E também combina com seus olhos!

-Não tenho palavras...

- Então não tente encontrar o que não tem.

Me abraçou forte, enquanto sentia seu cheiro por uma ultima vez e o gosto de seus lábios que me deixava saudosa. Sussurrei um "obrigada", não adiantava fazer o maior discurso quando ele já havia entendido a mensagem que meus olhos transmitiam. Eu realmente precisava que ele parasse, senão eu desistiria e nunca mais iria voltar pra casa.

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Avistei Harry que estreitava os olhos  para me procurar... é, ele não me reconheceu! Mostrei ao Josh, que fez uma careta engraçada de insatisfação. Esperei um pouco antes de falar com Harry, para dar a chance de me reconhecer. Deixar passar bem uns dez minutos e ele passou do meu lado, já falando alguns palavrões, decidi parar de enrolálo.

- Você deveria lavar essa boca imunda, rapaz.

- Espera... PARA TUDOO!!! CARALHO, É VOCÊ!!! PORRA, PORRA, PORRA! Não acredito!!! - ele me agarrou e me esmagou... - Você está tão... tão... tão linda! Mesmo bem mais magra, sua cor tá linda, seus cabelos novos estão lindos, você está linda...

- Ah, que bichisse! - disse eu, rindo, puxando-o até Josh.

- E o que eu sou, boba?

- Quero que conheça o único homem que me domou nesta vida e que me ensinou tudo o que vocês pensaram que eu nunca aprenderia... -Jos corou, e eu fingi não perceber. - este é Joshua Sparkles, o único que não tenho palavras para expressar o que significa para mim...

- Pelo amor, por que não me apresentou como Josh só? Joshua... SHUA... UA... Isso tira a minha vontade de deixar você me apresentar às pessoas, menina. - beleza, Josh palhaço. E era só a primeira vez que eu revelava essas duas vogais que vocês aí ainda não sabiam que havia em seu nome...

- Ué, é o seu nome!

- Eu gostei do seu nome, quando  você o pronuncia realmente lembra um lord inglês. Aliás, seu sobrenome é o mesmo de um ministro e de uma condessa inglesa... - disse Harry

- Sim, são os pais dele. -respondi dando de ombros.

- É... preferi me afastar dessa 'realeza'... - respondeu ele.

- Entendo perfeitamente, deve ser um aborrecimento; as pessoas querem que tome decisões por elas e te perseguem sempre.

- A única vantagem que tive nisso, foi o financiamento desse projeto para ajudar a saúde de crianças aqui. Os ingleses têm essa coisa de responsabilidade social global, se interessaram em nos ajudar e o governo cedeu.

- Entendo... ninguém perde.

Será? Por que eu sentia que estava perdendo por partir?

Encerraram o assunto e Harry me veio com o "Precisamos ir"...

- Venha Josh, vai ter um tempo para se despedir dela. E Miche, não me mate pelo que está lá fora... eu não tive culpa, nem sabia, mas aquele manipulador protetor, que você chama de pai fez algo que não vai te agradar não...

Inacreditável mesmo, desagradavelmente desagradavel! Jos ao meu lado não conteve o riso... valeu papai por vir me buscar com seu jatinho particular quase do tamanho do aeroporto da Etiópia!

- Calma meu amor, minha mãe já fez isso também!

- Vocês dois vêm de impérios, não sei qual a surpresa... - disse Harry, sentando na escada, esperando nossa despedida. - Vai logo aí, o velho está esperando.

- Não fale qualquer coisa, Michelle, apenas me beije e vá sem olhar pra trás. Eu sei o que você está sentindo e o que está pensando. Meu peito está doendo tanto quanto o seu e eu quero que fique forte, que vá antes de pensar em desistir... vá resolver a sua vida, faça o que tem que fazer... principalmente o que estiver sentindo. Você não vai me perder de vista, sabe como vai me ouvir quando precisar. Talvez quando eu puder te visitar, será para seu casamento com outro... mas estarei ao seu lado mesmo quilômetros bem distante e eu quero que se lembre toda vez quando se deitar.

Ele me apertava contra seu corpo e me beijava. Beijava com aquele gosto de lágrimas. Teminando o beijo, sorriso nervoso dos dois. Despedida sem mágoas, só esperança de um depois.

Então fiz, exatamente como ele pediu... fui, sem olhar para trás.

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Meu pai estava dentro do jato à minha espera, e eu não consigo descrever-lhes como foi, pois nosso encontro foi bem acima de minha compreensão, as emoções foram tão intensas... Puxa, como eu amo, venero meu pai. Nunca  havia percebido tão nitidamente o quanto ele me fez falta até a hora que senti seus braços a me envolverem.

Harry ainda levou alguns minutos lá embaixo... mas não olhei, Jos pediu assim.

Logo Harry apareceu, começamos a decolar. Papai olhou pela janela e Jos estava lá, observando.

- Ele é muito bonito...

- Por dentro e por fora, papai.

- Realmente estavam juntos então... - papai perguntou com um sorriso sacana.

- Estávamos... oito meses... Ele me deu isso hoje... - estendi a mão para ele, mostrando o anel.

( http://www.viladoartesao.com.br/blog/wp-content/uploads/2009/08/Anel.jpg )

- Que lindo, deixe-me ver mais de perto?... Eu nunca vi essa pedra azul antes...

- É Turmalina Paraíba, existe em apenas três países no mundo; Brasil, Nigéria e Moçambique... é rarissima...

- Como você...

- Foi o que ele disse! " Linda, rara e incrível". Existem só três anéis idênticos no mundo... adivinhe?  Um é meu, os outros da mãe e dele. Não é romântico?

- Bem galanteador... ele deve ter bastante posse pra ter te dado essa beleza!

- Bom, ele é médico, a mãe condessa e o pai é um dos ministros da Inglaterra... não passa apuros.

- Uh, mas que lord! Por que ele não veio com você? Um cara só coloca um anel desse na mão de uma mulher quando quer pedi-la em casamento!

- Eu insisti muito, mas ele não aceitou. Disse que era minha hora de enfrentar os erros, enfrentar a mim e ao mundo... que deveria fazer sozinha e ele pensa que sua presença iria interferir em minhas decisões... Ele quer que eu me resolva com Davey e fique com ele, case com ele.

- E o que você quer?

- Exatamente isso que vou descobrir quando olhar nos olhos de Davey. Sei que o amo, só não sei de que forma.

- Vamos mudar de assunto... o que tem nessa caixa?

- TUDO desta aventura! Presentes, muitas fotos, vestidos ...

E expliquei tudo o que tinha lá, mostrei os colares, falei suas histórias, as fotos, vestidos de saco... absolutamente todos os detalhes. Harry estava somente ouvindo, não queria estragar por nada aquele momento entre papai e eu.

A viagem era muito longa, eu estava cansada já. Dormi apoiada no ombro de papai até chegarmos.

As pessoas não sabiam da minha volta, agradeci muito papai por isso, porque queria ficar anônima por uns dias, tomar fôlego para tudo que iria enfrentar.

Depois eu daria mais atenção ao Harry e a Mary. Eu ainda queria curtir meu pai e minha casa. Me sentia deslocada ainda...

Liguei para Jos, para avisar que tudo estava bem, falamos pouco.

Tudo naquele 12 de outubro estava pouco .

O que me aliviou foi ir ao estúdio com meu pai e passar despercebida... as pessoas não me reconheciam e papai estava ainda guardando meu anonimato.

 Meu aniversário era dia seguinte e pela primeira vez, eu não teria que desenhar uma imagem perfeita, com festinha social e imprensa. Seriamos só as pessoas que amo e eu. Ainda assim, faltaria alguém. Meu coração estava em pedaços divididos em felicidade e e tristeza.


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