“O beijei. Eu não pude evitar, era como se alguma coisa nele me chamasse, como um imã.”

Foi um beijo tão gentil, os lábios do Frank pareciam se encaixar perfeitamente aos meus, sem pressa.

Uma sensação de euforia cresceu dentro de mim, era como se naquele momento cada centímetro de mim pertencesse a ele, e a mais ninguém. Meu coração estava quase explodindo, eu não sabia o que aquilo significava, seria... amor?

Frank me olhou e sorriu.

—Eu acho você conseguiu. —Ele disse.

—Consegui o que?

—Conseguiu fazer um dos meus sorrisos significar felicidade.

Beijei a bochecha dele.

—Eu quero que todos os seus sorrisos signifiquem felicidade, meu anjo.

Ele segurou a minha mão e nós ficamos ali por alguns minutos, nos olhando e sorrindo como dois tontos, pela primeira vez em anos eu não me sentia sozinho.

—E então o que está planejando fazer hoje? —Ele perguntou.

—Bom, eu estava planejando ficar aqui e chorar o dia todo, mas agora quero fazer qualquer coisa desde que você esteja junto comigo.

Ele passou a mão pelo meu rosto.

Naquele dia Frank e eu passamos a maior parte do tempo escutando vinis antigos, eles tinhas um sala cheia deles na clinica (o que me surpreendeu muito, afinal eu pensava que em lugares como aquele eles só tomavam remédios e agiam como loucos no jardim o dia todo). The Beatles, The Smiths, Joy Division, Nirvana, Guns N’ Roses e milhares de outras bandas deixaram meu dia perfeito. Acho que esse foi o único motivo pelo qual eu sobrevivi até ali, a música. Eu via música e poesia em todos os lugares possíveis, eu poderia escrever milhões de canções sobre Frank naquele momento, sobre como eu me sentia com ele, sobre sua história, sobre como ele fechava os olhos quando sorria, sobre como eu o amava.

Dividimos alguns segredos, tomamos algumas xícaras de café, ouvimos algumas das loucuras que a Demi dizia; em alguns momentos eu me pegava pensando na minha antiga vida, querendo ela de volta, mas depois eu olhava pro Frank e não precisava de mais nada, eu me sentia completo. O jeito como ele me olhava... me fazia sentir como se ninguém no mundo havia me olhado de verdade.

—All we need is just a little patience. — Frank cantava ao meu ouvido num sussuro que me fazia arrepiar.

—Não sei se resisto você me provocando assim. —Eu disse com um meio sorriso.

—Não resista, ora.

—Eu preciso, estamos num hospital lembra? Pode aparecer alguém aqui a qualquer momento.

—E daí? Eu quero que todos saibam que eu te amo. —Ele disse acariciando meus cabelos.

—Me ama é? —Eu disse sorrindo.

—Amo sim, e vou amar pra sempre, meu Gee.

—Eu te amo, Frank. —Eu disse, depois dei um selinho nele.

Aquelas palavras saíram tão naturalmente, eu não tinha medo de nada mais, eu estava ali com alguém que eu amava e que eu sabia que me amava também.  Não havia forma melhor de me curar.

Acho que as coisas estavam finalmente se encaixando e eu tinha esperanças de poder esquecer o passado e começar algo novo. Acho que agora eu tinha outro vício e se chamava Frank.