A Granfina e o Caipira escrita por Manu Dantas


Capítulo 90
Quarta temporada, capítulo 26 - Luan + Anita = Luanita


Notas iniciais do capítulo

Preparadas para o último cap dessa temporada? Então prepara, porque está altamente "suspirante"!

Aproveitem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/165092/chapter/90

 

Ponto de vista da Anita

 

Era como se eu estivesse no meio de um turbilhão, perdida em um mar de abraços e coberta por ondas de “Parabéns!” e “Felicidades!. Mil coisas se passavam pela minha cabeça como folhas voando no vento:

 

“Eu tenho o MELHOR-MARIDO-DO-MUNDO. Tudo o que eu mais queria naquele momento era decorar cada palavra, cada gesto dele e gravar para sempre na minha memória para nunca mais esquecer”

 

“Graças ao bom Deus inventaram maquiagem à prova d’água, senão eu estaria parecendo um panda de tanto chorar”

 

“Ahhh, eu adoro essa música! E adoro ainda mais esse olhar insinuante que o Luan está lançando pra mim...”

 

“Socorroooo! A Divinha se empolgou e está pulando e babando em todos os convidados. Cadê a coleira dessa cadela?”

 

“Caramba! Eu convidei mesmo tanta gente ou uma parte desse pessoal entrou de penetra? Será que a comida vai dar? Será que a Rafa lembrou de pedir aqueles docinhos que eu curto?”

 

“Ahhh não! Mas quem teve a péssima ideia de dar arroz para os convidados jogarem nos noivos? Essa droga gruda em TODAS as partes do corpo e NÃO sai nunca mais! Já diria o Lú, tá que pariu!”

 

Deixamos a capela ainda ao som da banda e em meio a uma verdadeira “chuva” de arroz. A Divinha veio saltitando atrás de nós e assim puxamos a fila, descendo as escadas até a tenda onde a festa rolaria de fato. 

 

A “festança” seguiu animada. A banda não parou de tocar, os garçons serviram comida e bebidas e os convidados “saracotearam” para cima e para baixo, dançando ao ritmo da música, alguns deles deixando-se levar pela cerveja e pelo vinho. Eu e o Luan percorremos todas as mesas para falar com os nossos amigos. Todos pareciam ter curtido muito a ideia do “casamento surpresa”:

 

— Luan do céu, o que estamos esperando para gravar um dueto seu com a Anita?  - Dudu Borges, o produtor do meu marido, comentou enquanto curtia um “churras” caprichado do pessoal do buffet.

 

— Cara se sou eu no seu lugar, não “dô” conta de entrar nessa igreja, não! Esse lance de casamento já é complicado, surpresa ainda?! Vixi, tenso demais! - Sorocaba brincou.

 

— Anita Bonita, você está linda com esse vestido! E claro que essa ideia de surpresa só poderia ser sua, né? Sempre surpreendendo a todos nós! – O Fiuk disse ao me abraçar, fazendo o Luan ficar de cara feia. Nunca vi ser tão ciumento quanto o meu marido...

 

— Eu chorei com o que vocês dois falaram no altar – Thaeme confessou ao nos dar os parabéns.

 

— Curti o clima da festa! Quero fazer uma cerimônia diferente assim: Cheio de estilo, bem com a cara de vocês... Sem falar que vocês arrasaram! Cara, foi demais tudo! – A Bruna veio até mim dando pulinhos de empolgação.

 

— Cara, foi tudo muito massa! E a cara do Laurence quando viu Any no altar? O menino ficou ba-ban-do! – Ivete disse com o seu característico sotaque baiano e seu jeito autêntico.

 

Os comentários continuaram até que eu o Luan nos cansamos e resolvemos fugir para um canto mais reservado. Já fazia uma semana que não via o meu marido e eu precisava colocar o papo em dia com o Lú e saber o que ele havia achado daquela “doidera” que eu inventara.

 

— E então, curtiu a surpresa? – Perguntei ansiosa pela resposta.

 

— Se eu gostei? “Cê” tá “loca”, mulher? Como eu poderia não gostar disso tudo? Você realizou meu sonho de casar na igreja, sob a bênção de Nossa Senhora Aparecida, na presença dos meus pais, na companhia dos meus amigos mais queridos, com tudo o que eu mais gosto... Anita, eu já sabia de uma coisa, mas hoje você me fez ter ainda mais certeza de uma coisa: Você é a mulher da minha vida – Ele me beijou suavemente nos lábios quando completou a frase, fazendo meu coração “derreter” dentro do peito. Era para aquele ser o dia mais feliz da vida do meu marido, mas eu acabei entrando na “onda” e compartilhando aquele sentimento com ele. Cada momento, cada instante, cada gesto... Tudo estava muito mais perfeito do que eu imaginara.

 

— Só tá faltando uma coisa... - Ele me disse, encerrando o nosso beijo e me segurando entre os seus braços – Cadê a Nica? Tô com uma saudade danada da minha “filhota”!

 

— Ela está com a Célia! “Pera”,vou chamar... – Não precisei ir muito longe para achar a enfermeira com a Nicole no carrinho. Chamei alto e ela veio até mim, sempre prestativa e muito carinhosa.

 

— Ôôôô, olha a minha “piquetucha” aí... – Ele exclamou ao ver a filha se aproximar – Cadê a Nica do papai? Cadê? Sentiu saudades, filhota? Papai morreu de “sardades do cê”! Vem cá, “Niquinha”, vem! – O Luan falou com aquela típica voz “fininha” que todo mundo usa quando está falando com crianças antes de pegar a filha no colo para brincar com ela. Eu apenas respirei fundo e tentei ignorar os “Nicas”. Por mais que eu corrigisse todo mundo, o apelido já tinha pegado. Até os fãs chamavam a minha filha assim. Aquela já era uma batalha perdida...

 

— Ali, ali! Aproveita o momento para fazer uma foto de família! – A Malú, não sei como, conseguiu nos achar e chamou um dos fotógrafos para registrar o momento. Fizemos pose, a Nick no colo do pai e eu ao lado dos dois. Naquelas alturas o dia já havia morrido e a noite assumia o seu lugar com algumas estrelas brilhando no céu. O clima continuava quente, e as lanternas nas árvores davam um brilho especial à festa.

 

— Ai Anita, ainda bem que eu te achei! Está na hora de jogar o buquê! – A Rafa apareceu em meio ao momento “Foto de Família”, estragando de vez a “pausa estratégica” que eu e o Lú finalmente havíamos conseguido... Olha, dar uma festa de casamento exigia muita disposição, viu?

 

— Tem que ser agora, Rafinha? – Fiz cara de pidona, tentando ganhar mais uns cinco minutinhos – Justo quando eu comecei a curtir o meu “maridão”?

 

— Any, você sabe do nosso cronograma! E toda gata garota precisa fazer sacrifícios às vezes! – Minha empresária me repreendeu – Além disso, você terá muito tempo para curtir o Luan nas super férias que esperam por vocês em Aruba! Sol, praia e muito amor tropical! – Ela completou toda animada.

 

— Opaaa! Mal espero por essa viagem! Aruba vai ficar pequena pra “nóis”! – Meu marido comentou sorrindo de uma maneira travessa.

 

— Mas antes... – A Rafa interveio – Vamos, Anita! Você tem deveres de noiva a cumprir!

 

— Tá bom, tá bom... – Acabei concordando, amaldiçoando a mim mesma por ter insistido para que a Rafa colocasse aquele “ritual” de casamento na minha cerimônia. No dia do planejamento da festa me pareceu uma ótima ideia manter essa tradição, tanto que fiz questão de ter um buquê, mesmo que eu não fosse entrar na igreja segurando um. Mas agora... Bem, eu não estava nem um pouco no clima em atirá-lo para o alto para ver quem seria a próxima a se casar... O jeito foi deixar o meu marido com a minha filha e parti para o sacrifício, disposta a acabar logo com aquilo.

 

Ao contrário de mim, a mulherada ficou muito animada quando a Rafa interrompeu a banda por um momento e assumiu o microfone a fim de avisar sobre o momento do buquê. Imediatamente uma rodinha de mulheres de todas as idades (e todas as cores e formatos de chapéus possíveis) formou-se perto da escada, de onde eu faria o meu “grande arremesso”. O meu buquê era composto de flores silvestres de diversas cores com alguns ramos de alfazema. Ele era tão bonito que eu estava com muita dó de me desfazer dele. 

 

— Vamos lá, meninas! Todas prontas? A Anita já pode jogar? – A Rafa gritou para chamar a atenção da mulherada que estavam eufóricas com o momento. Algumas gritavam “Para a direita”, ou “Para a esquerda”, mas eu nem dei bola. Sou dessas que faz o tipo difícil.

 

Muitas delas concordaram, então lá fui eu me posicionar para o “grande momento”. Subi uns três degraus, virei de costas e iniciei a contagem – Uuuuum, Dooooois, Dois e Meio – Fiz uma graça para aumentar a expectativa – e... Trêeeees – Assim que terminei de contar, levantei os braços e, meio de qualquer jeito, joguei o buquê para trás, me virando imediatamente para saber quem havia pegado.


Um pequeno número de mulheres, posicionadas à direita do “grupo das desesperadas”, caiu em cima do buquê. Uma sessão de tapas e empurrões teve início, e não demorou muito para apenas duas delas se sobressaírem e continuarem na disputa pelo “prêmio da vez”. Uma delas eu reconheci: Era a Malú. A segunda era uma ruiva que usava um chapéu preto pontudo, que me lembrava o de uma bruxa. Como o acessório ainda não tinha caído da cabeça dela no meio de toda aquela confusão era algo que eu não sabia explicar.

 

Perto de mim, a Marlinha e a Kari gritavam entusiasmadas para incentivar a Maria Luiza. Olhei para elas fazendo cara de quem queria entender o que estava acontecendo e as duas trataram de me explicar - A ruiva ali está encalhada há anos - Marloca contou o “babado - Ela é assessora da dupla F&S e cismou que quer casar com o Sorocaba. Feia do jeito que é, a única maneira de conseguir isso é pegando o buquê mesmo... – A Kari avaliou, me fazendo pensar que eu precisava morrer amiga das “backings” do meu marido.

 

Enquanto isso, a disputa continuava acirrada. As duas estavam rolando pelo chão, uma hora a Malú por cima da ruiva, outra hora a ruiva por cima da Malú. O chapéu da “feiosa” finalmente caiu junto com o colar que a fotografa estava usando. A briga estava parecendo uma luta de MMA e até os homens se aproximaram para ver o “circo pegando fogo”. Claro que o André não perdeu a oportunidade para gritar “Vai CU-RI-CA! Quebra essa BRAN-QUE-LA no meio”. 

 

Aparentemente o incentivo do futuro marido surtiu efeito na Maria Luiza, porque esta, em um gesto heroico, deu um chute na barriga da adversária a desarmando, e aproveitou do seu momento de fraqueza para pegar o buquê de uma vez por todas. Logo na sequência ela se levantou com dificuldade, o vestido todo sujo, despenteada, maquiagem borrada, o buquê completamente dilacerado nas mãos, mas com um sorriso triunfante no rosto, como se tivesse acabado de conquistar o primeiro lugar em uma competição muito acirrada.

 

— AHHHH, sua CU-RI-CA! Eu sabia que você ia CON-SE-GUIR! – O André correu para abraçá-lo, saltitando de alegria – Você sabe que sou supersticioso, e isso com certeza é um ótimo sinal que todos os planos para o nosso casamento vão dar certo!

 

— E eu posso saber que planos são esses? – Perguntei me aproximando deles. Ao nosso redor a multidão continuava animada, todos relembrando os melhores momentos da briga pelo buquê. Teve até gente que deu tapinhas nas costas da Malú para lhe dar os parabéns. Aquela certamente fora o “arremesso” de buquê mais disputado da história!

 

— Nós decidimos que não queremos uma cerimônia TRA-DI-CI-O-NAL e brega como essa – O André mexeu as mãos desdenhando da minha festa de casamento – Por isso vamos dividir o nosso matrimônio em três PAR-TES: A primeira será uma festa à fantasia com o tema “Deuses do Olimpo”. A ideia é fazer uma cerimônia digna de deuses, com muita bebida e comida, tudo do bom e do melhor. Claro, todos os covidados deverão estar vestidos de acordo...

 

— Peraí, vocês vão fazer uma festa de casamento à fantasia? E todos nós teremos que nos vestir com aquelas roupas gregas? – A Rafa entrou no assunto.

 

— Isso mesmo! Traje completo! Quero até as sandálias que os gregos usavam. Aquelas que lembram as sandálias da humildade, sabe? – A Malú tentou explicar o que, para mim e para a Rafa, parecia inexplicável. Mesmo assim resolvi não dar opinião. Depois de organizar um casamento surpresa, quem era eu para dar palpite na festa dos outros?

 

— Depois vamos realizar uma cerimônia na praia, como se fosse um luau. E para finalizar, vamos nos casar em Las Vegas, em uma cena digna de CI-NE-MA – O André concluiu, muito animado.

 

— Cuidado, hein! A Rafa casou em Las Vegas e olha aí no que deu... – Provoquei.

 

— Anita! – Claro que ela chamou a minha atenção, toda nervosinha.

 

— Desculpa Rafinha, é que eu não resisto... Você sabe que eu prefiro muito mais o Super Pato do que o seu atual marido – Me justifiquei – O único defeito do Alê foi ter saído do Corinthians para ir jogar no São Paulo. Fora isso...

 

— Quac, quac! – A Malú entoou o nosso grito de guerra, levantando o que sobrara do buquê para o ar.

 

— Aff... – A loira revirou os olhos – Falando em Super Pato, ele me salvou várias vezes essa noite. O Caio cismou que quer me reconquistar a todo custo e resolveu fazer “marcação pesada” em cima de mim. Minha sorte foi o Alê que sempre aparecia para me ajudar.

 

— Huumm.... Ai,ai, ai, ai.... O Super Pato é demais! – Eu e a Malú falamos juntas com jeito de garotas apaixonadas, só para zuar a Rafa.

 

— Chega vocês duas! – Minha empresária falou em tom sério – Não tem nada a ver isso aí! E ó, vamos parar de papo furado e “bora” tocar a festa – Ela correu mudar de assunto, ajeitando o chapéu na cabeça – É o seguinte, Any: Acho que vou aproveitar que a maioria do pessoal já está de pé e vou anunciar a hora da valsa. Quero adiantar essa parte porque daqui a pouco vai chover e aí teremos que transferir a festa para a parte interna da casa, onde não teremos espaço para a dança do casal com os padrinhos.

 

Eu nem precisava olhar para o céu para saber que a Rafa estava certa. O clima abafado com a brisa que estava soprando era uma combinação fatal: Vinha chuva por aí!

 

— Depois da valsa eu estarei livre de todas essas chatices de buquê, dançã e etc, etc, etc...? – Perguntei em tom irônico.

 

— Chatices essas que você mesma fez questão de ter na sua festa, lembra? – A Rafa rebateu, também em tom irônico – Mas a resposta é sim. Essa é a sua última “obrigação” como noiva hoje.

 

— E aí vou poder tirar essa sandália assassina e colocar o meu All Star? – Questionei levantando uma sobrancelha.

 

A Rafa respirou fundo antes de me responder – Vai Anita! Por mais que eu não concorde com isso, você vai...

 

— Sendo assim... Vou buscar o Luan – Anunciei antes de sair saltitando atrás do meu marido.

 

Quando voltamos, quase todos os padrinhos já estavam reunidos perto da banda e os convidados formavam um circulo em torno de uma pista de dança improvisada. Naquela parte da tenda um piso especial, que parecia um tablado, fora instalado justamente para aquele momento.

 

— E aí, o que a gente vai fazer agora, Ní? – Meu marido me perguntou disfarçadamente.

 

— Agora é a hora da valsa. A banda vai tocar uma música e nós vamos começar dançando. Depois todos os padrinhos se juntarão a nós. A gente até ensaiou uma coreografia! Mas ó, fica tranquilo! Confia em mim que eu te conduzo! – Expliquei, dando uma piscadela para ele.

 

— Nossa, mas essa minha “muié” é demais mesmo, hein? “Deixa que eu te conduzo” – Ele me imitou, tirando onda com a minha cara – Mas vem cá, “Paxão”, me fala uma coisa... Esse “trem” de valsa com os padrinhos não é coisa de festa de 15 anos? Eu lembro que rolou uma parada dessas no aniversário da Bruna – O Lú me perguntou ainda em tom de confidência.

 

— É, mas eu resolvi fazer uma adaptação para o nosso casamento... 

 

— Ai Ní, só você... – Meu marido riu da minha cara de pau.

 

— Vem Any, vem Luan! Andem logo! – A Rafinha nos apressou para que chegássemos logo ao início da fila – Os dois ficam aqui! Agora eu só preciso achar o meu par, e já podemos começar – Ela avisou enquanto procurava pelo Pato no meio dos convidados. Só para variar, Neymar e Bruna estavam causando na fila, e Malú e André estavam discutindo sobre algo que eu nem queria saber o que era.

 

— Se você quiser, eu danço com você – Meu irmão “brotou” ao nosso lado e tentou (sem nenhum sucesso, diga-se de passagem), jogar o seu charme para cima da sua ex-noiva.

 

Ficamos eu, Luan e Rafa parados, um olhando para a cara do outro, sem saber como reagir ao “galanteio” do Caio. Meu irmão parecia estar “levemente alterado”, o que não o favorecia em nada.

 

— Me perdoe cara, mas a dama já tem companhia - O “Super Pato” apareceu na hora e no lugar certo, pegando a mão da Rafa e a beijando suavemente. A loira ficou vermelha na mesma hora, mas ofereceu o braço para o Alexandre, que aceitou prontamente. 

 

— Perdeu, playbloy! – Olhei com cara feia para o meu irmão que se tocou e saiu de perto de nós.

 

— Isso que eu chamo de entrada triunfal... – O Luan comentou fazendo graça quando viu que o Caio já estava um pouco longe de nós.

 

— Olha Alexandre, eu fico muito agradecida por você me ajudar com o Caio, mas... Não sei se você ficou sabendo que eu... 

 

— Não precisa falar nada, Rafaela – O Alê a interrompeu – A Anita me explicou as suas razões e me disse que você iria tentar novamente com o seu marido. Eu só queria que você soubesse que eu estarei te esperando... Caso você mude de ideia – Ele disse sério, sem tirar os olhos dela. A Rafa também não conseguia parar de olhar para o jogador, os olhos marejados, a boca meia aberta como se quisesse falar algo mas não conseguisse encontrar as palavras.

 

— Acho que essa é a nossa deixa para começar – Me virei, fazendo sinal para a banda. Estava na hora de deixar aquele casal a sós.

 

Os músicos começaram a tocar uma versão instrumental de “Te Vivo”, o Luan me ofereceu a mão e juntos começamos a valsar. A coreografia era simples, incluía apenas alguns giros para a direita e para a esquerda em determinados pontos da música, e não foi difícil para o meu marido me acompanhar. Deslizamos pela pista, os convidados nos assistindo, eu sorrindo de orelha a orelha e o Lú me segurando entre os seus braços como se eu fosse a pessoa mais importante do mundo.

 

Aos poucos os padrinhos foram se juntando a nós: Rafa e Pato dançando muito próximos um do outro e de forma muito entrosada, André e Malú com seu jeito exibicionista, Neymar e Bruna completamente apaixonados. Percebi que a minha cunhada havia dado um jeito e trocado de parceiro. Enquanto o Sorocaba dançava com a Thaeme, ela bailava com o Lucas Lucco, formando um casal muito bonito que tirou a paz do Luan por alguns instantes. 

 

Fechei os olhos e apenas me deixei levar pela música. E foi como se um filme passasse pela minha cabeça. Relembrei todos os nossos momentos juntos, todas as brigas e reconciliações, os desafios que enfrentamos, o longo caminho que percorremos para chegar até ali: De Nova York até Ribeirão, os problemas com o Murilo, depois o lance com o Fiuk, a maldição do pedido de casamento, a minha gravidez, a descoberta que a Nicole tinha Sindrome de Down, os dias longe dele, a saudade, a nossa vida maluca e cheia de imprevistos... Nós havíamos sobrevivido a tanta coisa!

 

Lembrei também que uma vez, lá em Nova York, o Luan me disse que me daria uma família. Ao abrir os olhos, tive a certeza que ele era um homem palavra por ter cumprido exatamente o que me prometera. Aliás, ele era muito mais que isso. Ele era o homem da minha vida!

 

— Obrigada por nunca ter desistido de mim – Falei antes de girar para a direita, me soltando rapidamente dos seus braços, fazendo o meu vestido esvoaçar em volta do meu corpo.

 

— E como eu poderia desistir do que me faz feliz? – O Luan disse em resposta, voltando a colocar o braço na minha cintura, a outra mão segurando a minha para me conduzir novamente pela pista – Bota uma coisa na sua cabeça, Anita Tunice Santana – Ele fez questão de ressaltar o meu último sobrenome – Eu disse que ia cuidar de você, e é isso que eu vou fazer. Para mim não importa o quanto você possa ser teimosa, mimada, difícil e rebelde... No fim das contas você vai ser sempre a minha Granfina...

 

— E você vai ser pra sempre o meu Caipira – Pisquei para ele me preparando para o encerramento da música. Segurei em seus braços e inclinei o corpo para trás, sentindo os seus músculos enrijecerem ao se esforçarem para me manter segura.

 

Todo os convidados aplaudiram a valsa, sem saber que o melhor estaria por vir. Logo após “Te Vivo”, a banda começou a tocar uma música do Jorge e Mateus que eu escolhera “a dedo” para encerrar a minha festa por combinar perfeitamente com a ocasião.

 

*** Link para a música - https://www.youtube.com/watch?v=hodnntAN-Z4 *** (“Aumente o som, pra ficar bom a nossa festa não tem hora pra acabar” - AMO essa música!)

 

Enquanto a introdução da canção tocava, os garçons invadiram a pista de dança distribuindo plumas, pulseiras de neon e “arquinhos” divertidos e com anteninhas que brilhavam. Todos os presentes foram convidados a entrar na dança e o tom formal da valsa foi substituído por uma balada animada e empolgante. Peguei uma tiara de “gatinha” para mim e uma coroa para o Luan e caímos na dança, curtindo o momento.

 

“O teu sorriso, abre as portas do paraíso, Vem comigo pra gente dançar
A melhor hora, sempre é agora, E o melhor lugar é sempre onde você está”

 

Cantei para o meu marido, que me encarava com os olhos brilhando de felicidade.

 

“E o arrepio toda vez que a gente se encontrar
Nunca vai passar,
Mesmo quando o Sol chegar”

 

Ele cantou de volta para mim, colocando a mão no meu rosto e me beijando suavemente nos lábios. Foi nesse momento que começou a chover. A tempestade de verão chegou de repente e com força, lavando as folhas das árvores e a terra da fazenda.

 

Parei por um momento e fiquei encarando a chuva com uma ideia na cabeça. O Lú pareceu ler meus pensamentos porque segurou a minha mão e, com um olhar provocante, me perguntou – Vamos?

 

— Mas o André disse que eu estava proibida de estragar esse vestido – Falei, só para fazer um charme.

 

— Mas qual é a graça do nosso casamento se a gente não contrariar o André e não enlouquecer a Rafa? – Ele me provocou.

 

— É mesmo... Qual seria a graça se a gente fosse um casal normal de noivos, não é mesmo? – Concordei com a voz cheia de segundas intenções.

 

— Nós nunca vamos ser normais, Ní – O Luan concluiu com o olhar fixo na chuva - E aí, bora?

 

— Peraí, vou colocar o meu All Star – Dei um selinho nele e corri até onde eu sabia que meu sapato estava guardado. Menos de um minuto depois eu estava de volta – No três?

 

Ele assentiu com a cabeça – Um... Dois...Três!

 

O Luan pegou a minha mão e disparou pela pista de dança, alcançando a beirada da tenda e saindo para a chuva de verão. Ele me abraçou forte, rindo da nossa loucura e depois me girou em seus braços. A água caía sobre nós como uma benção divina e naquele momento eu fechei os olhos e pedi a Deus que aquela felicidade nunca tivesse fim. E antes de beijar o meu marido nos lábios, eu quase pude ouvir os anjos responderem “Amém”. Eu apenas me joguei nos braços dele e disse baixinho para que só Ele pudesse ouvir.

 

“Que assim seja, que assim seja”.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Quem já está com saudade de Luanita ergue a mão e grita EEEEU!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Granfina e o Caipira" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.