A Granfina e o Caipira escrita por Manu Dantas


Capítulo 13
13 - Despedidas em Nova York


Notas iniciais do capítulo

Último capítulo da viagem para Nova York.
Música especial da despedida:
http://www.youtube.com/watch?v=MORl-IPYyCc
Aproveitem!



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Um olhou para o outro. O Luan bebeu mais água. Eu também bebi mais um longo gole que tinha sobrado no meu copo. Aquela repórter mala tinha conseguido o que queria. Estávamos sem resposta para a pergunta.

Olhei de canto de olho para o Caio. Meu irmão e o empresário do Luan, o Marcão, estavam em um canto do palco onde acontecia a coletiva. A expressão dos dois era de completo desespero. A Rafa, que estava ao lado dos dois, ria sem parar. Ela olhou para mim e apontou o dedo, como quem diz “Perdeu, playboy!”. Impossível não rir da minha cunhada.

Voltei a minha atenção ao pessoal da coletiva. A repórter esperava uma resposta. Peguei o microfone e falei:

- Sabe o que é? A produção se esqueceu de colocar mais uma garrafa de água na mesa. Então a gente resolveu dividir a minha. Tá fazendo muito calor hoje, né gente?!

O resto do pessoal que estava na sala de coletiva concordou, e a repórter que fez a pergunta fez uma cara de chocada com a minha cara de pau de colocar a culpa na produção. Fazer o quê, ela não tinha me deixado outra saída... E o pior foi que niguém percebeu que a outra garrafa de água, que seria a do Luan, estava escondida atrás de uma espécie de plataforma que estava servindo de suporte para o microfone dele.

- Então gente, infelizmente o tempo para as perguntas acabou. Agradeço a todos pela presença e pela participação – Um dos integrantes da produção interrompeu a coletiva. Respirei aliviada. Aquela repórter chata já estava me tirando do sério.

Todos se levantaram e foram saindo em direção aos bastidores. O Thiaguinho do Exalta piscou para mim e apontou a outra garrafa de água que supostamente tinha sido esquecida.

- Se saiu bem dessa, hein mocinha? – Ele brincou.

Eu ri do comentário e seguimos juntos em direção aos bastidores. Tentei me manter longe do Luan para não chamar ainda mais atenção.

Na área dos camarins era grande a movimentação das equipes de montagem dos instrumentos das bandas e do pessoal da produção do evento. No local havia uma ampla mesa com frutas, sucos, refrigerantes e um monte de petiscos e lanches para o pessoal se servir. Também havia alguns sofás e poltronas que serviriam para o pessoal descansar enquanto não subiam ao palco.

Logo que entrei já dei de cara com o Caio. Ele explicava a situação para um dos organizadores do evento. Certamente eles não tinham gostado nem um pouco do que eu havia dito ainda há pouco.

A Rafa, que estava ao lado do meu irmão, olhou para mim e sorriu. Disfarçadamente ela fez um sinal de positivo para mim. Aquela ali adorava uma bagunça.

Enrolei um pouco para me juntar a eles. Com certeza o Caio estava pedindo desculpas pelo meu comportamento, e eu não estava a fim de levar “bronquinha” perto de ninguém.

Olhei ao redor. Vi o Luan do outro lado da sala. Ele já se preparava para entrar no palco. Ele estava revisando a lista de músicas e fazendo alguns exercícios para a voz. O Lú percebeu meu olhar e piscou para mim. Pisquei de volta. Eu estava me saindo muito mal na missão de disfarçar o meu lance com ele. Mas o Luan também não era muito bom em disfarçar o que ele estava sentindo...

O Caio e a Rafa se juntaram a mim.

- Any, qual a parte do “se comporta” você esqueceu durante a coletiva?

- Fala sério Caio, me sai bem de todas as perguntas. E você poderia ter me ajudado. Poxa, aquela repórter fez perguntas super pessoais. – Fiz cara de brava.

- Eu sei Any, mas não me deixaram interferir, e vocês dois colaboraram, ficaram fazendo “ceninha” para ela – Ele chamou minha atenção.

- Desculpa, eu vou me comportar mais. Eu juro! Mas e aí, o cara da organização pegou muito mal?

- Que nada, você tá com sorte. O cara disse que percebeu que você disse aquilo só para disfarçar. Ele também falou que no fim da coletiva um dos câmeras registrou a imagem da garrafa que estava escondida. Ou seja, eles te desmentiram ao vivo... E agora ficou o dito pelo não dito.

-Any, por favor, se cuida, menina – O Caio me deu um abraço. – Realmente não é um bom momento para você se envolver em outro namoro. Quando a gente voltar para Los Angeles vamos conversar sobre algumas coisas, mas por enquanto, jura para mim que você vai dar um jeito de sair daqui sem se expor mais?! – Ele falou sério, ainda sem me soltar do abraço.

-Eu juro. De verdade – Falei sério também. Fiquei com medo do tom de voz dele. E que tipo de conversa era aquela que teríamos quando voltássemos para Los Angeles?

- Agora vamos! Daqui a pouco os shows vão começar, e eu preciso terminar de te arrumar. – A Rafa foi me puxando em direção aos camarins – E não, eu não vou deixar você subir no palco de tênis – Ela me ameaçou.

- Ok, você venceu. Eu não tenho mesmo como discutir com você – Falei, me fingindo derrotada.

- Boa garota, agora vem! – Ela deu um beijo no meu irmão e saiu me puxando.

***

A Rafa terminou a minha maquiagem, prendeu o meu cabelo e me fez  colocar os tais sapatos. Tá, no fundo eu tinha achado a Melissa que ela separou para mim linda. Era de um tecido parecido com veludo, e tinha um fecho lateral com um detalhe de laço. Mas eu não iria admitir para ela que tinha gostado. Coloquei alguns acessórios e o “ look” ficou super legal.

Depois disso, algumas pessoas da produção me orientaram como seria o show e eu e o Serginho combinamos mais ou menos o que nós falaríamos no palco. Eu estava uma pilha de nervos. O Serginho até que foi bacana comigo, me deu umas dicas para eu ficar mais calma.

Quando foi chegando a hora do show o pessoal da banda do Luan fez uma oração, e depois se posicionaram no palco. Ele ficou ali, ao nosso lado, esperando que nós o anunciássemos para ele subir ao palco.

- Bom, eu vou subir lá. Boa sorte Lú.

- Hey, não esquece que preparei uma surpresa para você durante o show hein...

- Mal posso esperar. – Disse e corri em direção ao palco. O Serginho já estava me esperando.

***

Falamos o que tínhamos combinado nos bastidores. O Serginho me ajudou bastante a até que eu não fiquei tão nervosa. Na verdade, foi bem mais legal do que eu imaginava.

Quando o Luan subiu no palco o público foi ao delírio. Foi uma gritaria só... Era incrível como ele fazia sucesso até ali, em Nova York.

O show seguiu super animado. O Luan cantava, pulava, dançava, e até voava!  E as fãs, claro, cantavam todas as músicas com ele.

Eu e a Rafa assistimos o show da lateral do palco. Nós já sabíamos todas as letras  e nos divertimos muito cantando e dançando junto.

Em um certo momento do show, um dos assistentes de palco chegou até o ponto onde estávamos segurando um violão.

- Ué, essa parte não tem no DVD – A Rafa comentou.

O Luan terminou de cantar a música que estava rolando e veio em nossa direção. Ele pegou o violão e enquanto o assistente arrumava os cabos ele olhou para mim e disse – Essa é para você.

Então, ele voltou para o centro do palco e começou a cantar e a tocar.

“Vi seu sorriso em meu sonho
segui seu rastro na areia do deserto
eu escutei sua voz ao vento
senti seu cheiro cada vez de mim mais perto

Virei um louco meio obcecado
pra te encontrar em algum lugar do mundo
e mesmo sem nunca ter te tocado
me pertencia,bem lá no fundo

Sinais, me mostraram o caminho até você
vagalumes guiam-me sem perceber
Que no fim da estrada uma luz parece ser você

Sinais me ajudaram a perceber que o meu caminho é você
e ninguém no mundo vai fazer eu me sentir de novo assim

Sinais vindos de um lugar tão longe às vezes se escondem
no farol, em uma ilha, numa noite tão vazia eu beijei você
até o amanhecer”

Quase não acreditei no que eu estava ouvindo. Aquela música era linda. Era uma das minhas prediletas do Luan. Não me agüentei de felicidade. Tive que me controlar muito para não invadir o palco e pular no pescoço de dele e enchê-lo de beijos.

Ele cantava e olhava na minha direção. A Rafa se derreteu toda ao meu lado. O público cantava junto com ele. E eu fiquei completamente sem reação. Meu coração ameaçou parar umas três vezes. Aquilo era a coisa mais linda que alguém já tinha feito pra mim.

***

O show do Luan seguiu animado. E eu juro que não fiquei com muito ciúme quando uma das fãs subiu ao palco para ser a "Garota Chocolate".

Depois que terminou a apresentação, ele seguiu para o camarim para atender algumas fãs e alguns repórteres. Eu continuei na apresentação do show. Não tivemos tempo de conversar nesse meio tempo, mas eu sabia que no hotel ele não me escapava.

Continuei na minha função de apresentadora bem mais feliz. E quer saber, ano final de tudo parecia que tinha feito aquilo a minha vida toda!

***

Depois de todos os compromissos cumpridos, de várias entrevistas, de atender aos fãs, de tirar fotos, de posar para a imprensa, de responder mais perguntas de repórteres chatas e de conseguir disfarçar com muito sucesso qualquer coisa que estivesse rolando entre nós, finalmente voltamos para o hotel.

Não juntos, claro!

Ele foi primeiro, e depois eu, o Caio e a Rafa, também voltamos em outro carro.

Eu só voltaria para Los Angeles no dia seguinte, porém o Luan embarcaria para o Brasil naquela noite.

Quando chegamos ao hotel o Caio disse:

- Any, será que você pode se virar sozinha por essa noite? Queria aproveitar e sair para jantar com a Rafa.

- Hum... Se deu bem hein, cunhadinha?! – Brinquei – Claro que vocês podem ir aproveitar a noite. Eu posso me virar sozinha muito bem!

- Você vai se despedir do Luan?  – A Rafa perguntou.

- Vou sim. Não tem problema, né? Eu já estou no hotel, sem imprensa, sem repórteres...

- Sem problemas maninha. Só que é melhor você correr. Ouvi o Marcão comentando alguma coisa que eles iriam adiantar o voo para o Brasil. Parece que eles não conseguiram mudar o horário de um show que o Luan precisa fazer amanhã, algo assim... – O Caio respondeu

- Jura? Ai meu Deus – Sai correndo em direção ao corredor – Beijo, divirtam-se! Não se preocupem comigo!

Por sorte o elevador já estava parado no saguão. Apertei o décimo andar. Estava com medo de que eu não pudesse me despedir dele. De não conseguir agradecer pela música.

Quando o elevador chegou ao andar disparei pela porta. Na correria, esbarrei em uma camareira que empurrava uns baldes em um carrinho. Eu, ela e todos os baldes foram ao chão.

Nesse momento o Luan abriu a porta do quarto. Ele tinha aquele incrível dom de aparecer na porta dos quartos nos melhores momentos, né?

Ele começou a rir sem parar de mim. Eu olhei enfezada para ele e depois ajudei a camareira a se levantar.

Sorry. – Eu tentei me desculpar.

- Tudo bem, tudo bem. Não machucou.

- Você é brasileira? – Era tudo o que eu precisava naquele momento...

- Sou sim. Ai Anita, eu sou a sua fã, você é linda demais!

- Jura? – Era difícil acreditar naquilo.

- Claro que é. Não liga para ela não, ela é boba assim mesmo – O Luan se meteu na conversa.

-Hey, como assim sou boba?

- É boba sim. Não ouviu a moça falar que você é linda?  Eu concordo com ela. Você é linda sim. O que quer dizer que nós ganhamos... – Ele apontou para a camareira para dizer que os dois eram a maioria.

-É, desculpa interromper, mas será que eu posso tirar uma foto com vocês dois? – Perguntou a camareira.

- Ah, claro. – Nos posicionamos, e ela tirou a foto com o celular.  Depois a ajudamos a organizar os baldes nos carrinhos de volta.

- Bom, acho melhor a gente ir indo – disse para o Luan. Ele concordou e nós nos direcionamos para o quarto dele.

Antes de entrar eu me virei e disse para a camareira: - Se algo do que aconteceu aqui parar no twitter,... eu... eu..  – não sabia como terminar a frase.

- Pode confiar Anita. Não vou publicar a foto no twitter.

- Obrigada – Agradeci e fechei a porta.

O Luan caiu na risada. Ele sempre se acabava de rir ao meu lado.

- Esquentadinha você, hein? – ele brincou.

- O seguro morreu de velho – falei séria uma das frases da minha mãe – Mas deixa isso para lá, preciso falar uma coisa mais importante:  Que linda a música. Eu amei demais. Você é um fofo, lindo... – ele não esperou eu terminar de falar. Me puxou e me deu um baita beijo.

Ficamos daquele jeito por um longo tempo. Ele me encostou na parede do quarto e ficamos ali, juntos, aproveitando os últimos momentos que nos restavam.

- Eu tenho que ir embora daqui a pouco – ele disse depois que parou de me beijar.

- Quando será que a gente vai se ver novamente? – Perguntei

- Quando você volta para o Brasil, linda?

- Mais ou menos daqui um mês – Respondi

- E como eu vou fazer para ficar sem você? – Ele fez cara de garoto “pidão”

- Eu não sei.... Também não sei como vou agüentar voltar para Los Angeles. Queria ir para o Brasil com você – Fiz “draminha” mesmo – Promete pra mim que vai deixar aquele celular ligado? E promete que vai me passar o seu e-mail?

Ele riu do meu pedido – Prometo – ele respondeu – E você promete que assim que chegar no Brasil a gente vai se encontrar?

- Prometo – Respondi.

O telefone do quarto tocou. Ele foi atender relutante.

- Preciso descer – Ele disse depois de desligar o telefone – O pessoal já está me esperando lá embaixo.

- Boa viagem – dei um abraço nele – Queria descer com você, mas..

- Não linda, melhor não.. O Marcão já está super irritado com o que a gente aprontou na coletiva – ele riu.

- Culpa sua. – disse.

- Culpa sua que é irresistível – Ele me deu mais um beijo. O de despedida.

- Se cuida linda! Te ligo quando chegar no Brasil.

- Vou esperar – eu disse.

Então ele pegou as malas, abriu a porta e foi em direção ao elevador. Eu caminhei até a porta do meu quarto e fiquei olhando ele entrar no elevador. Ele me mandou um último beijo e então a porta se fechou.

Agora eu estava sozinha em Nova York, e provavelmente só veria o Luan dali a um mês.


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Notas finais do capítulo

Aviso aos navegantes:
No próximo capítulo teremos a volta de Murilo Requeno!
E agora me contem, gostaram de Nova York?
Espero que tenham curtido!
Agora eu preciso dar um jeito no meu homework...
Beijão!
P.S: Adoro receber comentários, sabiam? kkkkk



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