Primavera Mentirosa escrita por fosforosmalone


Capítulo 3
Festa De Primavera


Notas iniciais do capítulo

Peço mil desculpas pela demora, mas a vida por aqui anda corrida. Hehehe. Mas consegui terminar o terceiro capitulo. Aqui esta. Espero que gostem.



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REITORIA DA UNIVERSIDADE NEW SHARON: MANHÃ SEGUINTE

Helena e Frank esperam na sala de espera da reitoria da universidade. Eles começaram o dia dando explicações a Ferguson a respeito da fuga de Sage. Frank alegou que não havia fugido, mas se perdido de seus vigias, e por isso procurou a Agente Belli para pedir orientação.

Helena confirmou a historia, e disse que havia pensado melhor, e chegado à conclusão que uma escolta para Sage era desnecessária. Sem escolha, Ferguson acatou a decisão da agente.

Por sugestão de Sage, eles marcaram uma reunião com o reitor da universidade. A reitoria era um escritório escondido no centro comercial do campus. Helena imaginava que a reitoria teria um prédio próprio e chamativo, mas a agente pensou que um lugar discreto deveria ser a maneira de se evitar ofensivas em manifestações estudantis. Depois de meia hora de espera, a secretaria permitiu que o homem grisalho, e a bela morena, entrassem para falar com o reitor.

Helena e Frank entram na sala do reitor. A sala é toda pintada em cor de madeira escura, com vários quadros fotográficos da universidade espalhados pela parede, inclusive um dos velhos canhões, onde o assassino abandonou o corpo de Tina Becker. Atrás de uma mesa de mogno escuro, um homem careca usando um bem passado paletó cinza e uma gravata vermelha, observa os recém chegados. Ele se levanta para cumprimentar Helena e Frank.

REITOR

- Ola, sou Stefan Winkler. Foi com a Senhorita que falei ao telefone?

HELENA

- Sim, Reitor. Sou a Agente Belli, do FBI. Este é Frank Sage, esta nos prestando uma espécie de... Consultoria. Podemos nos sentar?

REITOR

- Claro, sentem-se. Então, como está indo a investigação?

HELENA

- Ainda não temos pistas. Mas o FBI e a Policia de New London continuam investigando.

REITOR

- Ótimo! Então como posso ajudá-los?

SAGE

- Estamos aqui para recomendar algumas medidas preventivas.

REITOR

- Não se preocupem. Já reforcei a segurança do Campus.

HELENA

Pensou na possibilidade de estabelecer um toque de recolher?

REITOR

- Não achamos isso realmente necessário.

HELENA

- Mesmo com um assassino á solta?

REITOR

- O assassino de Tina Becker, que o FBI e a policia de New London estão procurando, e que nós estamos dando todo apoio para localizar.

HELENA

- Mas talvez, para a segurança de seus estudantes, esta pode ser uma decisão acertada.

REITOR

- Ontem foi ao ar uma mensagem que gravei para a TV e radio universitária. Eu garantia a todos que apesar do crime horrível que aconteceu aqui no campus, não havia razão para pânico. Estabelecer um toque de recolher serviria apenas para apavorar os estudantes.

SAGE

- Não acha que os estudantes ficariam mais apavorados se houvesse mais uma morte?

REITOR

- Há indícios de que haverá outras mortes? (Diz Nervoso)

HELENA

- Não temos provas, mas temos um forte palpite de que um novo ataque possa acontecer. (Responde ela constrangidamente)

O reitor olha confuso de Helena para Sage. A confusão torna-se indignação.

REITOR

- Não posso estabelecer um toque de recolher baseado em um palpite!

HELENA

- Mas Senhor Reitor...

REITOR

- Agente Belli, esta é minha palavra final. Se não há indícios reais de um novo ataque, um toque de recolher seria apenas um sinal de medo irracional.

FRENTE DA REITORIA

Frank e Helena saem da sala da reitoria. Sage puxa um cigarro da carteira.

HELENA

- Pelo menos nós tentamos.

SAGE

- Talvez ele tenha razão. Mas se ele não quer se prevenir, nós nos preveniremos por ele.

Helena vai responder, mas é distraído ao ver Tony se aproximando.

TONY

- Ola Agente Belli! Que bom ver você.

HELENA

- Oi Tony. O que faz aqui?

TONY

- Eu ia fazer a mesma pergunta.

HELENA

- Mas perguntei primeiro.

TONY

- Vim marcar uma entrevista com o Reitor. E vocês?

HELENA

- Nada importante. Só uma atualização sobre a investigação.

Sage interrompe a conversa dos dois, olhando Tony com curiosidade.

SAGE

- Não vai me apresentar o seu amigo, Helena?

HELENA

- Claro.  Frank, este é Tony Stevenson.  Acho que conhece Frank Sage, certo?

Os dois homens apertam as mãos. Sage fala sorrindo.

SAGE

- Escreveu um livro sobre o caso Jack Calcanhar De Mola, correto?

TONY

- Leu meu livro, Sr. Sage?(Diz lisonjeado)

SAGE

- Li sim. Muito bem escrito. Entrevistas bem organizadas. Alem de ser um trabalho bastante imparcial. Mas gostei particularmente de como você descreveu o clima de medo e paranóia aqui em New Sharon durante o período dos crimes. Só pessoas que viveram a coisa, seriam capazes de tal descrição. Claro que a vivencia seria inútil sem seu talento para escrita.

TONY

- Nossa, Sr. Sage. Vindo do senhor, significa muito. Queria ter incluído uma entrevista com o senhor no livro, mas não consegui localizá-lo quando estava escrevendo.

FRANK

- Eu devia estar na Escócia. Quando me aposentei, fiz uma viagem pra lá, e não queria ser encontrado. Mas foi melhor assim. Sempre fui péssimo em dar entrevistas.

TONY

- Duvido . Mas me diga, Sr. Sage. Esta auxiliando o FBI no caso Tina Becker?

HELENA

- Agora esta fazendo perguntas demais, Stevenson. Não tem que ir falar com o Reitor?

O repórter olha para Helena, que o fuzila com os olhos, e sorri.

TONY

- Vou indo então. Muito bom revê-la, Agente Belli. E foi um prazer conhecê-lo, Sr. Sage.

Enquanto o homem se afasta, Sage fala pensativo, dando a ultima tragada no cigarro.

SAGE

- Camarada simpático.

HELENA

- É mesmo. Ele me entregou um dossiê que ele montou para escrever o livro. Talvez ajude.

SAGE

- Que gentil. Bom, quanto mais ajuda melhor.

CAFÉ KING

Bruce, Isadora, Nick e Judy estão em uma mesa do Café King.

ISADORA

- Aqui é bem melhor que a Bom Sabor, não é mesmo?

NICK

- E mais caro tambem.

JUDY

- Não é tão mais caro assim. Sem falar que é bem mais saudável.

BRUCE

- Quem tá falando é uma vegetariana. Ela tem conhecimento de causa.

JUDY

- Tá me zoando?(Diz Irritada)

ISADORA

- Tá sim.

JUDY

- Vamos falar de coisas mais interessantes. Alguém aqui vai à festa da Sigma Capa amanhã?

BRUCE

- Vai ter festa amanha?

NICK

- Você saberia se lesse seus emails. Mandaram o aviso pra metade da universidade.

BRUCE

- Uma festa em uma fraternidade. Não é a melhor coisa pra se fazer no momento.

JUDY

- Por quê?

ISADORA

- Não esta pensando na morte de Tina Becker, esta? (Pergunta olhando-o com interesse)

JUDY

Tina Becker? Qual é, pessoal. A garota morreu, e tenho certeza que todo mundo sente muito. Mas a vida continua. Querem que fiquemos de luto pro resto da vida?

BRUCE

- Quem falou em luto? Eu só não acho prudente fazer uma festa aqui na faculdade sendo que ainda não pegaram o assassino. Eu ainda não tenho certeza se foi um caso isolado.

ISADORA

- Você acha o que? Que uma festa pode atrair este suposto assassino?

BRUCE

- “A Hora Das Sombras”, “Pânico 2”, “Lenda Urbana”, “Anatomia”, “Pacto Secreto”. Sabe me dizer o que esses filmes tem em comum alem de um assassino que mata gente jovem?

A garota pensa por um instante, e então responde.

ISADORA

- Todos se passam em universidades, certo?

Bruce se apóia na mesa, aproximando-se da jovem.

BRUCE

- Exato. Mas tem mais uma coisa que eles têm em comum. Todos têm sequência de festa.

Isadora sorri.

ISADORA

- Onde o assassino invariavelmente aparece. Tudo bem, é uma observação valida.

JUDY

-Vocês são malucos! Essas coisas são apenas filmes.

BRUCE

- São sim. Mas a vida imita a arte, que imita a vida, e assim sucessivamente. Massacres em universidades são mais freqüentes do que se imagina. O cinema não inventou isso.  Exemplo é o que não falta. O massacre de Virginia Tech, O massacre da Universidade Do Texas, os crimes de Caim na Universidade do Maine, enfim.  É um clichê universitário, como aquele em que toda a turma universitária tem que ter ao menos um vegetariano, sem ofensas.

Judy volta a dar um olhar irritado para o rapaz.

JUDY

- Tudo bem. Estas coisas acontecem. Mas não como no cinema. Em primeiro lugar por que esses caras que você falou eram um bando de doidos descontrolados.

ISADORA

- E como você chama alguém que fica matando garotas por ai durante um nevoeiro?

Judy olha para a amiga um pouco constrangida, percebendo que ela esta certa.

JUDY

- Tem razão. Mas se tivesse mesmo um serial killer na universidade, acha mesmo que ele seria burro de ir para a festa, onde estaria cheio de gente?

BRUCE

- Talvez, se quisesse se desafiar.

JUDY

- Ah, que bobagem! O que você acha disso, Nick?

Nick não responde. O rapaz esta distante. Bruce estala os dedos na frente do rosto do jovem.

NICK

- Que é, cara?

BRUCE

- Nã0 viu que a Judy falou contigo?

NICK

- Nem sei do que vocês tão falando. (Diz mal humorado)

JUDY

- Você tá com algum problema, Nick? (Pergunta preocupada)

ISADORA

- O problema dele tem nome. Kelly não é?

NICK

- Vai te ferrar, garota!

BRUCE

- Ok, já chega!  Vamos evitar certos assuntos, tá certo?

Nick e Isadora olham-se contrariados, para então desviar o olhar

CARRO DE HELENA: NOITE

A noite começa fria em New Sharon. Os corredores e pátios da faculdade são lotados pelos alunos que se dirigem as suas aulas. À medida que a noite avança, uma espessa névoa se espalha pelo ar, ao mesmo tempo em que a temperatura sobe. Antes das aulas noturnas acabarem, a neblina já cobriu a região, como um grande e espesso lençol branco.

Frank esta sozinho no carro de Helena, observando alguns estudantes cruzar o estacionamento. O nevoeiro é tão denso que é difícil distinguir as pessoas no estacionamento. Helena abre a porta do carro, e entra trazendo dois sacos pardos. Ela entrega um deles a Sage.

HELENA

- Espero que goste de hambúrguer e batata frita.

Enquanto Sage tira seu lanche de dentro da sacola, Helena olha preocupada para a neblina. Frank percebe para onde esta voltada à atenção da moça.

SAGE

- É um fenômeno bonito, não?

HELENA

- Bonito? Essa neblina era quase como um cúmplice de Jack no passado.

SAGE

- Leu isso no livro de Tony Stevenson, certo?

Helena ignora a pergunta, tirando o pacote de batata frita de dentro da sacola.

HELENA

- Acha que esta tocaia é o melhor que podemos fazer pra prevenir um novo ataque?

SAGE

- O Reitor Winkler reforçou mesmo a segurança. Eu acho que é pouco, mas já que ele discorda, não temos mais muito que fazer, fora o que já estamos fazendo.

HELENA

- Eu li o dossiê do FBI sobre os crimes de dez anos atrás. Não havia nenhum suspeito oficial. Você não suspeitava mesmo de ninguém? Um nome que por alguma razão você não pôs no dossiê?

SAGE

- Não, nenhum. Mas estamos botando o carro na frente dos bois. Estamos fazendo a pergunta errada. Pra chegar ao quem, temos que primeiro chegar ao por que. Por que Tina Becker? O que as vitimas de 2001 tinham em comum?

HELENA

- Todas as vítimas eram garotas. Mas pelo dossiê, não tinham nenhuma ligação digna de nota.

SAGE

- Cursavam cursos diferentes, tinham o tipo físico diferente, perfil comportamental diferente, e pertenciam a classes sociais diferentes. Não havia um padrão.

HELENA

- Pensou na possibilidade de ele atacar aleatoriamente?

SAGE

- Claro. Assassinos guiados pelo clima são mais impulsivos. Mas não esse. Seria preciso muita sorte pra cometer quatro homicídios aleatórios em uma universidade sem deixar pistas.

A jovem agente entende o que Sage insinua.

HELENA

- A não ser que elas fossem pré selecionadas, e ele as observasse para planejar os ataques.

SAGE

- Exato. Mas nunca descobri como ele escolhia as vitimas. Consequentemente, nunca conseguimos montar um perfil satisfatório. Se estivermos lidando com o mesmo assassino, a resposta para a nossa pergunta pode estar no método de seleção dele.

HELENA

- Mas e se não for o mesmo assassino?

SAGE

- Se estivermos lidando com um copycat, significa que ele se identificou de alguma forma com o Jack Calcanhar De Mola original. Talvez, tenha decifrado o enigma que não conseguimos decifrar. Então seu método de seleção não será tão diferente.

HELENA

- Mas pode ser diferente. Talvez ele desenvolva um estilo próprio. Ou não seja um Copycat.

SAGE

- Estamos só especulando, querida. Talvez não haja um novo serial killer de fato. E talvez seja um assassino totalmente diferente de Jack Calcanhar De Mola. Mas só saberíamos com certeza se um novo corpo aparecesse. E é para evitar isso que estamos aqui.

BEIRA DO LAGO NEW SHARON: MANHÃ SEGUINTE

Apesar da noite de calor incomum, e da sinistra nevoa que cobriu New Sharon durante quase toda a noite, o dia amanheceu normalmente. A única coisa que lembrava a morte de Tina era a forte chuva que caiu durante a manhã, da mesma forma que ocorreu no dia em que o corpo da garota foi encontrado. E como naquele dia, a chuva não durou mais do que duas horas.

Neste momento, Kelly esta sentada em um banco de pedra próximo ao lago da universidade, com uma câmera Mini Dv na mão. O lago fica próximo ao prédio da biblioteca, e é habitado por patos que ficam andando e nadando em sua margem. Kelly esta filmando um casal de patos, que desliza em direção a margem, quando Isadora chega, e senta-se ao seu lado.

ISADORA

- Oi Kelly. Tudo bem?

KELLY

- Vou indo, Isa. Então, o que você quer? (Pergunta rispidamente)

ISADORA

- Ei, calma ai garota! Eu só vim conversar, e saber como você tá.

KELLY

- Tá com pena de mim? (Pergunta irritada)

ISADORA

- Você me conhece. Devia saber que eu não tenho pena de ninguém. Mas estou preocupada com você, o que é bem diferente.

Kelly olha profundamente para a amiga, para então baixar os olhos.

KELLY

- Desculpe Isa. Eu... Eu não quis ser grossa.

ISADORA

- Tudo bem. Esqueceu que eu sou a rainha da patada? (Kelly ri do comentário)

KELLY

- Brigado por me fazer rir. Eu tava precisando disso.

ISADORA

- Tava sentindo falta de conversar com você, garota.

KELLY

- Não conversa mais por que não quer.  (Diz ela amargamente)

Isadora parece ficar constrangida, mas logo se recompõe.

ISADORA

- Kelly, eu sei que andei distante nos últimos tempos. Mas não era nada com você. Era eu mesmo. Me afastei de todo mundo. Acho que precisava de um tempo só pra mim.

KELLY

- Eu entendo, mas precisava ter sido tão radical? A gente conversava tanto Isa, e quando mudou de curso, você ficou tão fria!

ISADORA

- Eu sei. Mas eu me reavaliei. To tentando me reaproximar das pessoas, o que inclui você. (Diz Desculpando-se)

KELLY

- Obrigado.

ISADORA

-Não tem por que agradecer. Você é minha amiga. Alem do mais, eu to vendo que tu tá precisando mesmo conversar.

KELLY

- Tá tão na cara assim?

ISADORA

- Bem, você sempre gostou de pegar uma câmera caseira e ir filmar coisinhas banais quando estava deprimida. E amiga, não consigo pensar em nada mais banal que patinhos na lagoa.

Kelly baixa a cabeça envergonhada.

ISADORA

- Ei, não é nenhum segredo de estado a razão de você estar assim. Mas vamos combinar que o Nick não vale nem uma lagrima sua, quanto mais um filme com patos, né?

Kelly sorri enquanto uma única lagrima brilha em um de seus olhos.

KELLY

- Você tem razão. Ele não vale nada disso.

ISADORA

- E quer saber o que mais? Vamos à festa da Sigma Capa hoje à noite, e você vai mostrar pro babaca do Nick que ele é pagina virada! Topa?

SEDE DA FRATERNIDADE SIGMA CAPA: NOITE

O dia correu tranquilo em New Sharon, como qualquer dia de inverno comum. Mas à medida que a noite chegava, o frio cedia lugar para uma temperatura mais agradável e amena. Desta vez, a névoa chegou já nas primeiras horas da noite. E não com a sutileza da noite anterior. A densa neblina praticamente se materializou no ar, espalhando-se em uma velocidade impressionante. Mas o nevoeiro não foi o bastante para afastar os universitários da festa.

A sede da Sigma Capa situa-se em um lugar relativamente afastado dos centros acadêmicos. É uma bonita casa de dois andares, localizada no alto de uma pequena colina. O lar dos Sigma tambem tem um belo jardim, com direito a uma linda piscina, que nesta noite parece um assustador buraco brilhante, devido ao nevoeiro e as luminárias que iluminam a piscina.

Bruce e Nick passam pela porta de entrada da sede da Sigma Capa. Bruce esta usando uma camisa social preta e calça jeans escura. Já Nick usa uma camisa mais despojada, e uma calça jeans clara. A casa esta lotada de jovens, muitos deles com bebidas na mão.

NICK

- Não é que o lugar tá bombando?

BRUCE

- O que esperava? Fazia tempo que não tinha uma festa assim aqui em New Sharon.

Bruce olha para o balcão de bebidas, e vê Isadora, Kelly e Judy conversando. As três garotas estão lindas. Isadora esta sem óculos, usando um vestido azul turquesa. Kelly usa um vestido vermelho, que combina de forma perfeita com seus longos cabelos loiros, que nesta noite parecem mais brilhantes do que nunca. Judy usava um provocante vestido rosa, o mais curto das três, e tambem parecia ter dado atenção especial aos seus belos cabelos ruivos. Bruce e Nick aproximam-se para cumprimentar as garotas. Bruce beija cada uma delas, sendo imitado por Nick, que só não beija Kelly, que o cumprimenta com um gélido “oi.” Judy fala zombando.

JUDY

- Achei que você não ia vir hoje, Bruce. Sabe, com um serial killer por ai e tudo mais.

BRUCE

- Algumas coisas valem o risco. Com todo o respeito seu vestido é uma delas.

Judy ri do comentário, dando um pequeno empurrão no ombro de Bruce. Por um breve instante, Isadora parece incomodada, mas ela logo disfarça. Ninguém parece perceber.

BRUCE

- Inclusive, as três estão ótimas.

ISADORA

- Vocês dois não estão nada mal, tambem.

BRUCE

Nada mal já é um começo.

Nick e Kelly parecem estar incomodados com alguma coisa.

KELLY

- Se vocês me dão licença, eu vou dançar um pouco.

NICK

- Eu vou cumprimentar um pessoal.

Cada um deles vai para um lado. Os três amigos restantes mantem um silencio constrangedor. Abruptamente, Judy dirige-se para o balcão.

JUDY

- Três doses de tequila, por favor.

MAIS TARDE: AREA COBERTA DA CASA

Isadora esta sentada em uma das mesas postas no salão coberto da casa. A jovem observa a neblina branca que cerca o local, tornando muito difícil a visibilidade do lado de fora. Isso não evitou, entretanto que a festa se expandisse para o jardim. Varias pessoas já haviam caído na piscina inclusive, o que incentivou os mais animados a atirarem-se na água por livre e espontânea vontade.

Judy chega, e senta-se ao lado de Isadora. Isa percebe que os olhos da amiga estão mais brilhantes do que de costume. A garota leva uma garrafa de vodka na mão.

JUDY

- Isa! O que tá fazendo parada ai?

ISADORA

- Dando um tempo.

JUDY

- Ah, você tem mais energia que isso, Isa!

ISADORA

- Talvez devesse dar um tempo na bebida. (Diz amistosamente)

JUDY

- Alguém já falou pra cuidar da sua vida?

ISADORA

- Muitas vezes na verdade.

As duas riem juntas.

JUDY

- A Kelly parece que tá tendo energia por vocês duas. Esta se divertindo bastante lá na pista dança.

ISADORA

- Que bom! Ela tá precisando mesmo.

ARREDORES DA SEDE DA FRATERNIDADE

Frank anda pela névoa com um olhar atento. O homem consegue ouvir ao longe, a musica alta e as risadas vindas da sede da fraternidade. O celular de Sage toca, ele coloca a mão no bolso, e atende rapidamente.

HELENA

- Nenhum. É só uma atualização. Onde você esta agora?

SAGE

- Parece que os estudantes estão dando uma festa. Achei que seria interessante checar.

HELENA

- Já estou sabendo dessa festa. O Chefe de Segurança me avisou. Alguma coisa estranha por ai?

SAGE

- Só um bando de universitários bêbados.

HELENA

- Tá certo. Vou desligar. Qualquer coisa, me ligue.

Frank desliga ao telefone, e ao se virar, vê alguém o observando no nevoeiro.

SAGE

- Ola. Pode se aproximar, por favor?

Enquanto a pessoa se aproxima, Frank leva discretamente mão á arma em sua cintura. Sage demora até poder distinguir um rapaz de camisa social preta, que lhe fita com tranqüilidade.

BRUCE

- Oi. Desculpe, eu não quis te assustar.

 Sage relaxa a mão na arma, enquanto nota que o rapaz tem uma lata de refrigerante na mão.

SAGE

- Não devia andar de mansinho por ai, garoto. Ainda mais no meio desse nevoeiro.

BRUCE

- É verdade, desculpe. Meu tio dizia que um dia ia acabar levando um tiro.

SAGE

- Vamos torcer para que esteja errado. O que faz tão longe da festa? (Diz Sage sorrindo)

BRUCE

- Às vezes eu me afasto pra me situar um pouco, sabe? Toda aquela musica alta, e gente doidona pra lá e pra cá, tudo isso me deixa um pouco desorientado.

SAGE

- Sei. Mas você não me parece desorientado. Na verdade, me parece até bem... Sóbrio.

BRUCE

- Ah, é. Eu não bebo muito. Alem do mais, alguém tem que lembrar o que aconteceu no outro dia, não é? E o senhor, o que faz por aqui?

SAGE

- Segurança. Com o assassinato e tudo mais, isso é bem importante.

Os dois se olham em silencio por um tempo. Sage tem a impressão de ter notado certa tensão no rapaz, mas se realmente houve esse sentimento ali, desapareceu completamente agora.

BRUCE

- Bem, eu vou indo. A gente se vê por ai.

Bruce começa a se afastar, mas de repente vira-se para Sage.

BRUCE

- Sabe, me deu um estalo agora. Acho que já vi você em algum lugar.

SAGE

-Acho pouco provável. Eu me lembraria. Modéstia a parte, eu tenho uma ótima memória.

Bruce volta a se afastar. Antes de o rapaz sumir completamente na neblina, Sage consegue vê-lo espiando por cima do ombro uma ultima vez.

SEDE DA FRATERNIDAE

Isadora anda por um corredor do segundo andar da casa. Nas paredes, alguns casais se encontram entrelaçados em beijos ardentes, enquanto outros têm conversas sedutoras. A jovem olha para os lados, parecendo procurar alguém. Ela abre uma das portas e espia para dentro do quarto. A garota vê constrangida um casal nu deitado em uma cama, enquanto outro rapaz sem camisa se encontra deitado no chão, fumando um cigarro de maconha.

ISADORA

- Ah, droga. Me desculpem!

Quando começa a se afastar, ela ouve a garota gritar de dentro do quarto.

GAROTA

- Ei, volta aqui! Tem espaço pra mais um!

Isadora vira-se irritada, e chuta a porta.

ISADORA

- Tranquem a porra dessa porta!

A garota abandona o corredor, e desce para o primeiro andar da casa, não mais se aventurando a espiar para dentro dos quartos. Ela vai para fora da casa, que continua pela neblina, e senta-se em um degrau da escada que dá acesso a entrada. Bruce chega, e senta-se ao lado dela.

BRUCE

- Se divertindo?

ISADORA

- Não muito na verdade. (Diz com um sorriso cansado)

BRUCE

- Acho que essas festas de fraternidade não são exatamente o seu tipo de festa.

ISADORA

- Tem razão. São mais a cara da Judy.

BRUCE

- E por onde é que ela anda?

ISADORA

- Não faço idéia. Até procurei , mas só achei gente bêbada e um bando de pervertidos.

BRUCE

- Tem certeza que ela não estava entre as pessoas bêbadas?

ISADORA

- Tenho (diz contendo um pequeno riso). Mas ela é grandinha, sabe se cuidar.

BRUCE

- Acho que sim. Mas me diz uma coisa, se não gosta deste tipo de festa, por que veio?

ISADORA

- Às vezes é bom dar uma chance, alem do mais, eu queria dar uma força pra Kelly.

BRUCE

- Eu vi ela na pista de dança. Parece tá se divertindo bastante.

ISADORA

- Ela Dançou a noite inteira. Mas não sei se um pouco disso não é pra mascarar a tristeza .

BRUCE

- É provável.

ISADORA

- E você? Pelo que sei, você tambem não morre de amores por fraternidades e suas festas.

BRUCE

- Achei que pudesse ser divertido. É bom fazer uma social, como dizem por ai.

ISADORA

- Veio conferir seu sua profecia de filme de terror se realizava?

BRUCE

- Tú acha que eu sou maluco, né? (Diz com um sorriso discreto)

ISADORA

- Não usamos este termo na nossa área. Preferimos o termo mentalmente instável.

BRUCE

- Ah, mentalmente instável é melhor (diz ironicamente).

ISADORA

- De qualquer forma, parece que você estava errado. Não notei nenhum sinal de que tenha algum assassino com uma machadinha escondido na casa.

BRUCE

- É, acho que não tem não.

ISADORA

- Ficou decepcionado?

BRUCE

- Eu não gosto de estar errado, mas hoje, isso é uma coisa boa (Diz sarcasticamente).  Agora, que tal parar de falarmos de coisas bizarras, cinema, psicologia, e vida alheia? Só essa noite.

Ela olha para ele, demonstrando estar divertidamente surpresa.

ISADORA

- Falamos de outra coisa, então? O que você sugere?

BRUCE

- Podemos falar do que esta diferente. Seus olhos, por exemplo. Você ficou bem de lentes.

ISADORA

- Obrigado. Os óculos me enfeiam , mas eu prefiro. As lentes são um pouco desconfortáveis.

BRUCE

- E quem falou que os óculos te enfeiam?

Antes que ela responda, ouve-se um alvoroço vindo de dentro da casa.

PISTA DE DANÇA

Na pista de dança, dois rapazes seguram Nick, enquanto outros dois seguram outro rapaz que tenta avançar contra o estudante. Kelly se encontra entre os dois, visivelmente nervosa.

KELLY

- O que você pensa que tá fazendo? (Diz nervosa, dirigindo-se a Nick)

NICK

- Tú fica me provocando de longe. Acha que eu não notei?!

Bruce e Isadora chegam ao local . Isa vai até Kelly e a pega pelo delicadamente pelo braço.

ISADORA

- Vem Kelly, vamos sair daqui.

Envergonhada pela atenção que atraiu, Kelly se deixa conduzir para fora da pista de dança. Enquanto isso, Bruce se dirige as pessoas que detém Nick.

BRUCE

- Podem soltar ele. O cara já se acalmou. Não é, Nick?

Nick não responde, mas mesmo assim, os rapazes o soltam.

BRUCE

- Vem, vamos esfriar a cabeça

Enquanto os dois se afastam, o jovem com quem Nick estava brigando, grita.

JOVEM

- É isso ai! Te manda mesmo.

Nick faz questão de avançar no jovem que o provocou, mas Bruce o detém.

BRUCE

- Já deu por hoje. Ignora e não olha pra trás (Diz levando o amigo até uma mesa).

BRUCE

- Que merda aconteceu lá?

NICK

- A Kelly passou a noite inteira me provocando, cara. Eu aturei, e fiquei na minha. Só que daí ela resolveu se esfregar naquele babaca, e...

BRUCE

- Espera ai. Tú foi lá arranjar briga?

NICK

- Eu não fui arranjar briga! Eu fui lá conversar com ela. Daí ela me ignorou. Eu insisti, mas na boa. Só que então aquele otario começou a se meter na conversa. Foi ele que me provocou!

BRUCE

- Deixa ver se eu entendi. Toda essa confusão por que ela tava com outro cara?

Nick leva as mãos ao rosto.

NICK

- Ela não pode fazer isso comigo, cara.

BRUCE

- Deixa eu te contar uma novidade, cara. Ela pode. E sabe por quê? Por que ela não tem namorado. Não te deve nada.

NICK

- De que lado você tá?!

BRUCE

- Deixa de ser infantil, cara! Não to do lado de ninguém. Só to dizendo o que eu vejo. Esperava o que? Que a garota entrasse pro convento depois de meter um chifre nela?

Nick fica em silencio por um instante, e então se levanta, com indignação no rosto. Bruce faz menção de segui-lo, mas fazendo um gesto de descaso, volta a se sentar.

LADO DE FORA

Kelly e Isadora estão sentadas na escada onde há pouco ela se sentou com Bruce. Kelly termina de contar a historia a Isadora.

ISADORA

- Aquele escândalo todo só por que você beijou outro cara?

Kelly confirma com a cabeça.

ISADORA

- Que filho da puta!

KELLY

- Olha Isa, pra mim já deu. Eu vou pra casa.

ISADORA

- Tá bem, eu vou com você.

KELLY

- Não precisa estragar a sua festa por mim, Isa! Eu volto sozinha.

ISADORA

- Vai estragar nada. Eu já tava pensando em ir. Não tem mais nada pra eu fazer aqui.

Nesse momento, ouve-se um barulho vindo de arbustos perto da escada. Kelly e Isadora olham na direção do ruído, e vêem Judy se dirigindo em direção a elas. A garota esta descabelada, e parece ter dificuldade em se equilibrar. Ela sorri ao ver as amigas.

JUDY

-Kelly! Isa! Que bom ver vocês!

Ela se aproxima cambaleante, mas antes que chegue até elas, cai de joelhos no chão, e começa a vomitar. Isa e Kelly levantam-se para acudi-la.

ISADORA

- Droga, garota! Te avisei pra maneirar com a bebida.

Kelly vomita mais um pouco. A jovem não consegue falar nada. Isadora a ajuda a ficar de pé.

ISADORA

- Kelly, espera aqui que eu vou levar a mocinha aqui para uns amigos nossos da psicologia, e já volto, tá legal?

KELLY

- Não sei se vou esperar, Isa.

ISADORA

- Espera aqui que eu já volto!

Isadora começa a subir a escada, carregando a embriagada Judy. Kelly ainda consegue ouvir Judy resmungar.

JUDY

- Onde a gente tá indo?

ISADORA

- Cala a boca, Judy.

Kelly vê as duas amigas serem engolidas pelo nevoeiro ao chegarem ao topo da escada. A garota suspira, e vira-se para a trilha de saída, iniciando seu caminho de volta a seu dormitório.

MAIS TARDE

Isadora deixou Judy com alguns colegas do curso de psicologia, que aceitaram cuidar dela até a garota ter alguma condição de voltar a seu dormitório. Judy contou bêbada, que ela e mais alguns amigos foram para os arredores da casa, e fizeram uma competição de resistência. Ela contou rindo que alguns ainda continuavam lá, bebendo. Quando Isa volta ao lugar onde deixou Kelly, ela já não esta mais lá.

ISADORA

- Mas que teimosa!

QUARTO DE KELLY

Kelly entra em seu quarto. A garota esta bastante cansada, mas sente-se aliviada de estar em casa. Andar no meio de toda aquela neblina, lembrando que Tina Becker morreu em uma noite parecida foi bastante apavorante. Entretanto, o medo não era maior do que a raiva que estava sentindo de Nick, e a vontade de se afastar dele.

A jovem liga o seu notebook, e verifica seus emails, mas não há nenhuma nova mensagem. Em um gesto quase inconsciente, ela abre a sessão de fotos. Lá, ela vê uma foto tirada no centro de New London, onde ela e Nick estão abraçados no centro da foto, ladeados por Bruce e Isadora. Ela vê outra foto onde ela e Nick estão se beijando na beira do lago. Com raiva no olhar, Kelly começa a deletar todas as fotos em que Nick aparece.

CAMPUS

Isadora sobe uma ladeira por uma calçada. Quando não encontrou Kelly do lado de fora da fraternidade, a jovem decidiu que não permitiria que a amiga ficasse sozinha naquele momento. Isa conhecia Kelly, e sabia que a garota estava arrasada. Decidiu então ir ao dormitório se certificar se ela estava mesmo bem.

Mas ao andar pelo campus coberto pela nevoa, Isadora não consegue deixar de sentir um arrepio. Por um instante, a garota sente a compulsão de voltar para a casa da fraternidade, mas já havia se afastado demais. Isadora riu de si mesma internamente. Estava se achando ridícula, parecendo uma menininha assustada. A morte de Tina Becker cada vez mais parecia ser um caso isolado, não havia o que temer.

Este pensamento, deu força a Tina para que ela continuasse o seu trajeto rumo ao dormitório de Kelly. Mas sua coragem volta a ser esmagada, quando ela vê ao longe, os vultos dos velhos canhões da Guerra Civil, silhuetados pelo nevoeiro. Alí perto, o corpo de Tina Becker foi encontrado, estripado e mutilado. Isadora sente o sangue gelar quando ouve passos as suas costas.

A garota coloca a mão na bolsa, e se vira com pavor estampado no rosto, segurando um frasco de spray de pimenta.  Uma mulher morena, de sobretudo preto, carregando um fumegante copo de café na mão encara a garota, e levanta as mãos em sinal de paz.

HELENA

- Calma, tá tudo bem!

ISADORA

- Quem é você? (Pergunta cautelosamente)

HELENA

- Estou fazendo a segurança do campus.

ISADORA

- Não to vendo seu crachá.

Helena reluta antes de responder.

HELENA

- Não trabalho pra universidade.

Helena coloca a mão em seu casaco, e mostra seu distintivo. Isadora se aproxima um pouco para poder enxergar, e ao ver do que se trata, fica espantada.

ISADORA

- É o distintivo do FBI?!

HELENA

- É o bastante pra você baixar o spray?

BANHEIRO DE KELLY

Kelly liga o chuveiro, e deixa que a água caia sobre o seu corpo. Enquanto a água escorre por seu rosto, ela volta a pensar em Nick. Sabia que ainda o amava, mas tambem sabia que ele era um cafajeste machista. Por mais que ele prometesse mudar, ela sabia que isso não aconteceria. Com tristeza, a jovem percebe que as lagrimas voltaram a correr em seu rosto. Naquele momento, ela jurou que esta seria a ultima vez que sofreria por aquele garoto.

CAMPUS

Ao mesmo tempo em que Isadora guarda o spray de pimenta na bolsa, Helena guarda seu distintivo.

ISADORA

- Desculpe, eu não queria... Você sabe... Ameaçar uma agente federal. (Diz nervosamente)

HELENA

- Tudo bem. Você tem que estar prevenida mesmo. Estava voltando pro seu dormitório?

ISADORA

- Não exatamente. Estava indo ver uma amiga no dormitório dela.

HELENA

- Não é um pouco tarde pra isso?

ISADORA

- Na verdade, é cedo. Sabe, tá tendo uma festa e...

HELENA

- Ah, claro. A festa (Diz com um sorriso de compreensão).

ISADORA

- Pode acreditar. Hoje vai ter bastante gente indo pra dormitórios que não são seus.

HELENA

- Acho que sim. Importa-se se eu te acompanhar?

ISADORA

- Por mim tudo bem. Vou adorar ser escoltada pelo FBI.

As duas começam a andar juntas, continuando o caminho para um dos prédios dos dormitórios.

ISADORA

- O FBI esta patrulhando New Sharon?

HELENA

- Na verdade, não. Estava cuidando de questões burocráticas com o Chefe De Segurança esta noite, e um dos homens dele faltou. Eu me ofereci para substituí-lo. Gosto do trabalho de vigilância noturna e não tinha nada pra fazer esta noite (Mentiu ela).

QUARTO DE KELLY

Kelly abre a porta do banheiro, desligando a luz em seguida. O quarto esta escuro, e a única fonte de luz é o botão vermelho do notebook, que pisca no breu, já que o aparelho esta em modo sleep. A garota senta-se em frente ao aparelho, e passa o dedo sobre o cursor, fazendo com que a luz do monitor ilumine o quarto, e a figura de alguém usando capote de chuva, com a cabeça coberta por um capuz, e mascara e óculos de esqui.

Kelly só consegue gritar, pois no segundo seguinte, o assassino salta sobre ela, a derrubando da cadeira, e fazendo o Notebook cair no chão. Kelly tenta se levantar, mas ele fica em cima dela, levando as mãos ao seu pescoço. A garota começa a sentir o ar lhe faltar, e num ato desesperado, chuta o peito do assassino, o jogando para longe.

A jovem se levanta com dificuldade, e tenta correr em direção à porta, mas Jack consegue lhe chutar a perna, fazendo-a tropeçar, e bater com força contra a porta. Kelly dá alguns passos para trás, sentindo a cabeça explodir, mas antes que consiga se recuperar, uma mão agarra seus cabelos, e bate seu rosto contra o espelho ao lado da porta, para em seguida jogar-lhe no chão.

A garota tenta se levantar novamente, mas o pé do assassino empurra seu corpo, a deixando de barriga para cima. Ele se debruça sobre ela, tirando a faca da cintura. Sangue escorre de cortes na testa e na bochecha de Kelly. A jovem tenta gritar novamente, mas ele tapa-lhe a boca com a mão livre, e com a outra mão, ergue a faca, mergulhando a lamina diretamente no peito da jovem.

 Os olhos azuis de Kelly arregalam-se de dor. Jack retira a mão da boca da jovem, mas somente um fraco gemido sai de lá. O mascarado ergue sua faca uma segunda vez, e dessa vez, acerta diretamente o coração da garota. Os olhos de Kelly esboçam uma ultima reação, e então se apagam completamente. Após retirar a lamina do corpo morto da loira, o assassino coloca a faca na gola da camiseta da jovem, e rasga sua roupa, deixando o corpo dela exposto. O trabalho ainda não estava terminado. Uma vez mais, Jack Calcanhar De Mola ergue sua faca, descendo-a com violência contra sua mais recente vitima.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. A Primavera Vermelha começa agora pra valer em New Sharon.
Em breve o capitulo 4
PS: Todos os massacres reais citados por Bruce são mesmo reais, com exceção dos "Crimes De Cain" que é uma referencia ao conto "Caim Rebelado" de Stephen King.



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