_Não sei, talvez papai não goste muito da idéia. –respondeu em dúvida a rosada. Suas bochechas estavam levemente coradas, ela torcia para que o loiro a sua frente não notasse. Passar alguns dias na casa dos Uzumaki parecia divertido, mas seu pai provavelmente não concordaria muito com isso. A rixa entre as famílias Uchiha e Uzumaki era bastante conhecida.

_Entendo. –Minako usou um tom sério e casual como se não dando muita atenção a menina. Mas Saya já estava acostumada: seu irmão e seu pai eram iguaizinhos. Ela pensou rápido: “Que mal fará?”, antes que o garoto fosse embora. Tudo bem, seu pai era um pouco ciumento, principalmente com ela, das duas filhas, a mais velha. Asami tinha apenas dez anos e a única graça que via, com toda sua inocência, em interagir com o sexo oposto era em suas batalhas e treinos, na opinião de Sasuke não havia motivo para se preocupar com ela agora. Nisso Saya concordava, mas com ela era diferente. Algum tempo atrás em toda sua alegria Rock Lee comentara sobre fogo da juventude, hormônios a flor da pele e Saya ser uma menina linda e ter as qualidades citadas. Bom, no fim Lee foi tirar umas “férias” no hospital por umas duas semanas. Ele nunca mais usou “fogo da juventude”, “hormônios a flor da pele” e Saya na mesma frase, principalmente na frente do Uchiha pai.

_Mas nada me impede de falar com ele. Lhe dou a resposta esta noite, tudo bem?
Minako concordou com um aceno e se foi. Saya suspirou. Tinha que ir para cada preparar a fera.

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Caminhava paciente. Para que pressa? Só adiantaria ainda mais a discussão que provavelmente ocorreria. Arquitetava a conversa como se em vez de pedir ao pai para dormir na casa de amigos fosse a uma grande convenção que mudaria o rumo do mundo.

Sua própria casa nunca parecera tão assustadora. Balançou a cabeça. Entrou, subiu as escadas, passou direto pela porta de seu quarto, encaminhava se para a última a esquerda. Bateu uma vez e entrou.
Seu irmão, Itachi, levantou os olhos do pergaminho em suas mãos. As sobrancelhas arqueadas. Parecia surpreso com a presença da irmã.

_Desça comigo. - pediu ela.

Ele não disse nada, mas também não protestou. Levantou-se e a acompanhou ao andar de baixo. Foram para cozinha, onde o pai provavelmente estaria.

_Espere junto à porta. –pediu ela. Ele assentiu, mas ainda a olhava desconfiado.

Saya se sentou a mesa, defronte a Sasuke. Remexeu inquieta, olhando o pai de esguelha. Sasuke levantou os olhos do jornal que estivera examinando minuciosamente.

_Tudo bem, Saya? Posso ajudá-la? – Saya gelou.

_Naruto-ojisan e Hinata-obasan saíram em missão hoje. Sabia?

_Hum. –murmurou Sasuke e voltou sua atenção ao jornal.

_O senhor sebe não, é? Hajime-kun acabou de fazer oito anos e Kushina-chan tem treze anos e comporta-se como uma menininha.

_Sim, e daí? –perguntou o Uchiha desinteressado.

_Hikari-chan é muito responsável, mas mesmo ela não dá conta da casa e Minato-kun sempre está treinando e saindo em missões.

_Onde quer chegar Saya? –indagou Sasuke impaciente.

_Minato-kun me convidou para ficar em sua casa durante a missão dos pais.

Depois que terminou de falar, tudo aconteceu muito rápido para Saya. Os queixos de Sasuke e Itachi caíram, em um momento de raiva Sasuke quis sair correndo atrás de Minato, mas foi interceptado pelo filho igualmente irritado.

_Pai, talvez deva reconsiderar a proposta de Saya. –disse ele ainda aborrecido.

_Nii-chan...

_Itachi...

Não se poderia dizer quem estava mais surpreso: Saya, Sasuke ou o próprio Itachi. Mesmo assim ele voltou a intervir pela irmã.

_Confio nela. Acredito que não há mal nenhum em ela ficar na casa de Minato. –e ofereceu a irmã um sorriso de confiança.

_Itachi... –começou o pai, mas foi cortado pelo filho.

_Eu me responsabilizo otou-san.

Sasuke ainda encarou os filhos por alguns instantes, por fim aceitou, com muita relutância, o pedido da filha. Só que, pelo resto do dia, também não falou com a filha, mesmo quando esta saía para sua casa temporária.

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Saya foi recebida na casa dos Uzumaki pelo sorriso amistoso de Hajime. Os olhos perolados brilhando.

_Que bom que veio Saya- nee-chan –ele dissera aliviado.

Saya sorriu e entrou na casa. Os olhos verde-escuros da menina se arregalaram. A casa estava uma bagunça! Os abajures da sala estavam cobertos por roupas, assim como o corrimão da escada e os sofás. Uma lâmpada havia sido quebrada, os cacos de vidro espalhados pelo chão. Um buraco se exibia no teto e outro quase do mesmo tamanho na parede da cozinha. A louça estava por lavar na pia, pratos e outras coisas ainda sujos na mesa. Os armários tinham as portas escancaradas e o chão pegadas de lama.

_Hajime! O que aconteceu aqui?! –ela perguntou exasperada.

_Saya-nee-chan a culpa não foi minha – ele começou choroso.

_Ah, Hajime-kun eu sei - ela balançou a cabeça – Mas vamos dar um jeito nisso, está bem? Nós dois.

_Tudo bem – ele concordou alegre.

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Saya nunca se sentira tão cansada. Ela e Hajime passaram a tarde arrumando a casa sozinhos só tendo ajuda horas depois quando Hikari e Kushina chegaram. Kushina não ajudara muito, mais bagunsava do que arrumava. Na verdade a maior parte da bagunça era dela mesma.

As roupas foram separadas limpas das sujas, dobradas, guardadas ou lavadas, assim como a louça. A rosada passou pano no chão, nos móveis e em tudo que achasse sujo. Só os dois buracos, provocados por rasengans de Kushina, continuaram abertos. Minako teria de se virar com aquilo depois. Hajime caiu exausto no sofá depois do jantar. Saya ajeitou-o o melhor que pode e deixou-o por lá mesmo. Kushina e Hikari pediram desculpas pela bagunça e subiram para seu quarto.

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Saya sentou-se no sofá da sala, assistindo a televisão. Estava cansada e queria dormir, mas ia esperar Minako chegar. Suas pálpebras pesavam e sua cabeça pendia do pescoço. Mais um pouco e dormiria. A porta se abriu.

_ Saya –disse ele parecia surpreso.

_Ah, Minako-kun, que bom que chegou. Onde esteve?

_Treinando – respondeu seco.

_Ah –Saya abaixou a cabeça e desviou o olhar.

Minako suspirou e sentou-se ao sei lado. Não disse nada e um silêncio constrangedor se instalou. Passou-se muitos minutos até que Saya resolveu dizer alguma coisa.

_Então eu acho que vou dorm... –mas foi brutalmente interrompida. Sem prévio aviso Minako colou seus lábios nos dela. Ela arregalou os olhos e assim permaneceu quando o loiro se afastou, um meio sorriso satisfeito nos lábios. Se levantou sem dizer nada e subiu as escadas. A rosada continuou sentada no sofá. Levou os dedos aos lábios surpreso.

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Alguns dias depois.
_Sabe o significado do seu nome, Saya? –perguntou Minako, os dois estavam sentados no banco de pedra próximo a saída de Konoha.

_Não. Nunca perguntei a mamãe.

_Eu sei.

_Qual é?

_Para sempre minha.

_Sua?

_Nossa.

_Nossa? Por que nossa?

_Minha, do seu pai e do seu irmão. Mas principalmente minha.

Saya riu. Como Minako gostava de seu riso. Beijou-a. Um beijo rápido. Um simples roçar de lábios, mas que fez os dois corarem e desviarem o olhar.

Pelo visto Sasuke e Itachi teriam que aprender a dividir sua princesinha. Itachi não gostou da idéia, provavelmente ficaria um mês sem falar com a irmã, afinal confiara nela. Naruto e Sasuke também não aprovaram e quase se atracaram quando o loiro chegou no dia anterior. “Mas agora ela é minha” pensou Minako. “Para sempre minha”.