Inocência Roubada escrita por Lêh Duarte, Annia_Novachek


Capítulo 7
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Meninas esse final de semana foi corrido, por isso não postei na segunda.
Bom leiam primeiro.
Converse primeiro.



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– Por que não morde a língua? Você não tem o direito de falar tudo o que lhe vem à cabeça. Vá para o poste de flagelação, se é o que quer, mas não nos arraste junto. Controle o seu gênio, jovem tola!- Marie disse zangada.

Mais uma vez Janine brigara com o duque. E desta vez se recusara a limpar os aposentos. Sendo assim, o castigo caíra sobre todas as servas do duque. O que envolvia a própria Janine, Anna e Marie.

– Tola, eu? - Janine arregalou os olhos, aturdida com as palavras ásperas da sempre serena Marie. - E quanto a você? Vai deixar o Ibrahim fazê-la de escrava?

– E como vai impedir isso? - A irritação de Marie aumentou diante da falta de compreensão de Janine. Em tom firme, prosseguiu: -Agora você é escrava do senhor deste feudo. Ele fará de você o que quiser. Tudo o que lhe resta é curvar-se à vontade dele. Seus próprios desejos não contam mais. Portanto, trate de crescer, menina. Quanto a mim, pretendo apenas continuar viva, com um grilhão de escrava ou com o mais fino colar de pérolas.

– Oh, Marie, não vamos discutir entre nós. - Anna apressou-se a enxugar as lágrimas. - Vamos cuidar da limpeza, como o lorde ordenou. Temos de permanecer unidas. Venha, Janine. - Tomando a mão dela, começou a puxá-la para fora do hall.

Com um último olhar para o rosto sábio e triste de Marie, Janine seguiu a jovem ruiva até o pátio calçado de pedras.

Junto ao poço, encontraram grandes baldes de madeira. Enquanto Anna os enchia de água fresca, Janine abriu a saia, examinando-a com cuidado à luz radiante do sol.

Mesmo sendo um de seus vestidos mais velhos, quando o colocara para trabalhar ele tinha uma bela aparência. As flores amarelas e cor de rosa, bordadas sobre musselina branca, eram lindas. Ninguém em sã consciência o tomaria por um traje de serva.

O Ibrahim devia saber disso. Soubera muito bem o que estava fazendo quando a seduzira. Agira de caso pensado, para privá-la da proteção a que teria direito como dama de nobre e rica estirpe. Onde encontraria um cavaleiro para defender-lhe a virtude, se já não possuía nenhuma?

Sim, Janine era filha de nobres. Uma duquesa por direito de nascimento. Quando a mãe morreu o pai vendeu tudo o que era da família. Jane ficara apenas com os belos vestidos que pertencera a mãe e o titulo de duquesa. Um que ninguém nunca usava para falar com ela.

Oh, fora mesmo uma vilania o que Ibrahim lhe fizera!

Angustiada, Janine pegou um dos baldes e voltou para o hall. Ajoelhando-se, começou a esfregar o chão, sem se preocupar com o que as companheiras estavam fazendo.


O olhar de Ibrahim se fixou no campo de batatas abaixo do córrego. Parecia em excelentes condições, pronto para ser colhido.

Abe andava ocupado com outras tarefas e mal tinha tempo para falar com seus homens. Sendo assim nada acontecia no feudo já que pouco tinham feito em sua ausência. Ficaram à espera de suas ordens, em vez de tomarem a iniciativa. Macieiras e pereiras encontravam-se carregadas de frutos maduros. Será que só ele tinha olhos para ver?

Decidiu então que sua primeira providência, agora que as muralhas estavam concluídas, seria enviar homens para trabalharem na lavoura.

Com tantos problemas, era difícil alegrar-se com outras coisas. Como seria mais fácil partir e deixar toda ação para trás…

Poderia retornar ao serviço do imperador e recuperar no campo de batalha as honrarias perdidas no torneio. Guerrear proporcionaria meios de sobrevivência a si próprio e a toda a sua gente. Além do mais, era o que melhor sabia fazer. Ninguém o igualava em todo o império.

Numa súbita decisão, forçou os pensamentos a tomarem rumo.

Quando o sol começava a se esconder atrás das altas montanhas, Ibrahim retornou à torre. Mas antes a circundou por completo, examinando a muralha recém-terminada.

Chegou aos enormes portões de ferro, que um engenhoso mecanismo, constituído de roldanas e correntes, podia levantar e baixar de acordo com a necessidade, e analisou-o, considerando um ataque inimigo. Como único acesso para o interior, era sem dúvida o ponto mais fraco. A torre e o conjunto de edificações que a rodeava, bem como a vila, com suas casas e a abadia, estavam assentados sobre um leito de granito. Inviolável.

A ponte levadiça que atravessava o fosso trepidou sob os cascos ferrados de César, o cavalo de guerra predileto de Ibrahim.

Assim que o duque entrou no pátio, o cavalariço veio saudá-lo e pegar as rédeas do animal.

– Como estão às coisas por aqui, Heinz? - o lorde perguntou, com interesse.

– Sob controle, milorde.

– Há comida suficiente para os cavalos?

– Até demais, milorde. Não se preocupe. - O velho cavalariço que vira Ibrahim crescer, falou com genuína afeição. - Vossa Graça vem se preocupando demais e carregando muito peso nos ombros.

– Não há mais ninguém para fazê-lo.

O duque seguiu Heinz para dentro do estábulo, verificando satisfeito que o lugar continuava na mais perfeita ordem. Tudo estava limpo e bem-cuidado.

– Sim, mas milorde é jovem demais para viver sempre, tão sério.

Em silêncio, Ibrahim dirigiu-se à baia do grande garanhão cinzento, Victory.O animal foi ganhando em uma aposta que Ibrahim fez com um outro morador da cidade. Ele ainda não entendia como um belo animal daquele, havia ido parar nas mãos de um simples servo. O animal relinchou, desafiante, e não se aproximou para ser acariciado. No dia seguinte, o Ibrahim decidiu, começaria a domar o belo animal.

Após elogiar com sinceridade o trabalho do servo, saiu do estábulo, encaminhando-se para o poço no centro do pátio. O limo que costumava cobrir as paredes tinha desaparecido. A superfície da água cintilava aos último raios do sol poente.

– Ora, vejam só! - ele exclamou, admirado. Depois baixando o balde, serviu-se de água, jogando-a sobre o pescoço, cabeça e braços.

De repente, uma lembrança agradável lhe ocorreu. Por que continuar a lavar-se de forma precária no poço, quando contava com uma excelente casa de banho?

No passado distante, Hudstone tinha sido um posto romano avançado. Havia vestígios por toda a região, mas a prova indiscutível eram as termas alimentadas por correntes de água quente subterrâneas, captadas e conduzidas até uma piscina por um sistema hidráulico desenvolvido pelos engenhosos romanos.

Contudo, antes mesmo da chegada desses invasores, os primitivos turcos já conheciam as fontes termais, que utilizavam para satisfazer sua inclinação pelos banhos freqüentes.

A noite caíra quase por completo quando ele afinal conseguiu que a água quente corresse pela caneleta de alimentação, espalhando-se pelo fundo da piscina. Satisfeito, o Ibrahim se despiu e deixou que a água lhe caísse sobre todo o corpo musculoso, perfeito como o de um deus grego. Após esfregar-se com vontade e prazer, afastou-se do jato d'água, tendo o cuidado de tapar o ralo de escoamento com um pedaço de couro lá deixado para este fim. À medida que a piscina ia enchendo, uma nuvem de vapor se formava, aquecendo o ambiente.

Depois de se vestir, Ibrahim guardou dirigiu-se para o grande hall. Quanto mais se aproximava, mais seu firme maxilar se apertava. Que Deus não permitisse que a primeira notícia que recebesse fosse a do desaparecimento de Janine.

Na falta de velas, tochas eram usadas para luminar o hall. À noite, apenas uma permanecia acesa no suporte de ferro perto da escada, a fim de que ninguém sofresse um acidente fatal ao subir ou descer os degraus de pedra.

Entrando, o Ibrahim verificou que o enorme aposento se achava bem iluminado pela luz de oito tochas, colocadas em suportes ao lado da mesa do senhor do castelo. Um belo fogo crepitava na enorme lareira, onde se poderia assar um boi inteiro.

A mesa de carvalho fora polida até brilhar refletindo a luz, e sobre ela viam-se canecas e pratos de estanho, tudo imaculadamente limpo.

– Boa noite, milorde. - Num pulo ágil, um pajem veio saudá-lo. - Vou avisar a cozinheira que Vossa Graça chegou.

Espantado, Ibrahim ficou olhando o chão sem uma mancha ou grão de poeira. Depois, deparou com sir Deitert e com o jovem Pavel, sentados na escada.

– O que estão fazendo aí? - perguntou mal acreditando no que via. Desde o tempo de lady Augustine, sua mãe, não via tanta limpeza. Parecia um milagre.

– Não queríamos nos arriscar a sujar o chão ante que você o visse.

Nesse momento, a porta que levava à cozinha foi aberta, e um delicioso aroma de comida penetrou no ambiente.

– Pelo jeito, milorde - interveio sir Deitert ― a sua chegada da nova serva está fazendo tudo funcionar de um modo como nunca consegui.

A atenção do Ibrahim estava voltada para a porta cozinha, de onde saíra a velha Marie, carregando uma pesada e fumegante bandeja. Atrás dela vinha Anna que demonstrava ser tão eficiente e confiável.

– Quer fazer o favor de sentar-se, milorde, para que possamos começar a servir? - Marie ficou aguardando com cara de poucos amigos, curvada ao peso da bandeja. Havia muito que Ibrahim deixara de se importar com os modos rudes da jovem criada. Marie era filha de uma das criadas de sua falecida mãe, fora ensinada desde pequena a ser uma dama pela própria Lady Augustine, mas pelo visto nada adiantara, já que depois de sua morte, ela havia virado uma criada qualquer.

Ibrahim instalou-se sem mais demora no comprido banco, com sir Deitert e Pavel a ladeá-lo. Só então as duas mulheres se aproximaram para servi-lo.

Uma das bandejas continha peixe assado, recheado com molho de cereais e temperado com ervas de sabor incomparável. O aroma que exalava do prato era divino. A outra bandeja trazia uma funda terrina com uma mistura de feijões e lentilhas, num caldo grosso de aspecto delicioso.

– Puxa, isso é um banquete! - exclamou Pavel, servindo-se de uma caneca de cerveja, trazida até a mesa por Anna.

– Quem preparou esta refeição? - perguntou o Ibrahim.

– Todas nós - Anna apressou-se em responder, encantada com o sorriso charmoso que surgira nos lábios sempre austeros do jovem lorde. - Mas foi Janine quem preparou todos os temperos.

Nesse momento Kathleen soltou um som de desaprovação e Ibrahim lhe lançou um olhar para que ficasse quieta.

Kathleen já sabia o que havia acontecido entre eles. Mas nada fez. Estava com medo de que se pedisse exclusividade ao amante, perderia a chance de realmente se casar com ele.

– Há mais?

– Faremos mais se esse for o seu desejo, milorde - respondeu Anna, cautelosa.

– Não estava pedindo para mim mesmo, e sim para vocês. Precisam comer também. Agora, responda: onde está Janine? Já fugiu para os bosques?

– Não, milorde. Está na cozinha - foi a resposta calma de Anna.

– Vá chamá-la - Ibrahim ordenou à pequena Anna. A jovem saiu correndo, enquanto, em seu posto, a velha Marie resmungava baixinho, contra a bruxa de cabelos ruivos.


Na cozinha, Janine avivou o fogo sob o enorme forno onde estava assando pão de centeio. Depois, limpando a mão num pano, examinou com prazer a limpeza reinante no ambiente.

Agora conseguiria comer o que fosse preparado ali, desde que aquela senhora que não primava pela higiene não tocasse na comida.

Servindo-se de uma caneca de cerveja, tratou de matar a sede que a consumia. Era a única coisa de que dispunham em abundância, e a forte bebida da Turquia servia para mitigar-lhe a fome e aliviar seu cansaço.

Nesse momento, Anna entrou esbaforida, na cozinha.

– Jane, lorde Ibrahim está chamando você no hall.

– Diga-lhe que não conseguiu me encontrar.

– Janine! Desse jeito você vai provocar-lhe a fúria. O duque ficou satisfeito com a refeição e com certeza quer cumprimentá-la.

– Diga que não me encontrou! - Janine bateu com punho fechado na mesa, espalhando farinha ao redor.

Assustada, Anna deu meia volta e retornou ao hall. Depois de dizer a Ibrahim o que Janine havia mandado dizer se retirou, apressada, temendo a fúria do duque.

Durante o jantar, o Ibrahim tinha enviado dois de seus pajens até a casa de banhos para checar o nível da água e preparar o ambiente. Por ordem sua, tochas foram acesas. Toalhas de linho, uma barra de sabão perfumado e seu próprio robe de veludo foram colocados junto à piscina. Numa súbita inspiração, mandou também que levassem uma jarra de cerveja e duas canecas. Naquela noite, o Ibrahim pretendia relaxar e usufruir da companhia de uma certa jovem atrevida e muito sensual. Não conseguira pensar em outra coisa. Mas, depois do que Anna lhe dissera; percebendo logo que se tratava de um estratagema de Janine, tratou de sair à procura da fugitiva.

Satisfeita consigo mesma, Janine lavou as mãos numa bacia, antes de completar a última tarefa: pendurar o pesado caldeirão de lentilhas no tripé sobre o fogo, onde ficariam cozinhando devagar por toda a noite. Com um último olhar ao redor, apressou-se a deixar a cozinha.

Estava escuro lá fora e precisava encontrar um lugar para dormir… onde não fosse perturbada por nenhum turco, principalmente o arrogante lorde.

O reconhecimento feito pela manhã a havia convencido de que a melhor opção seria o estábulo. Janine comprovara no dia anterior que seria impossível ser encontrada ali. Além do mais, o local era mantido em boas condições de limpeza pelo cavalariço.


Bem, ao menos ela pensou que seria impossível ser vista ali.

Algum tempo depois ela escutou alguém se aproximando. Pegou uma pá que estava ali perto e se preparou para o confronto. Mas assim que ela percebeu que quem se aproximava era Pavel ela soltou a pá e deu um sorriso.

–Como vai pela duquesa?- Pavel disse fazendo uma reverencia exagerada.

Janine riu e agradeceu a reverencia.

–Vou muito bem, jovem duque. Acho que já esta ficando corriqueiro nos encontrarmos sempre no estábulo.

–Bem, quem sabe aqui pode se tornar nosso ninho de amor!?

Pavel perguntou para diverti-la, mas mal as palavras saíram começou a se perguntar o quão sincero havia sido. Janine pode perceber, corou violentamente a abaixou a cabeça.

–Oh, me perdoe. Não devia ter sido tão indiscreto.

Ele parecia realmente arrependido, mas Janine não ligou muito.

–Tudo bem. Não é como se fosse tão grave como o que o teu irmão fez comigo.

Os olhos de Janine se tornaram tristes. Ainda lhe atormentava o que tinha acontecido. No momento, Ibrahim parecia tão amoroso e dedicado, e em outro a trata como se fosse uma prostituta. Pensar no que ele lhe disse fez seu coração se apertar. Ela queria tanto odiá-lo. Queria ter coragem de lhe enfiar uma faca no peito. Mas não conseguia. Ela enfrentava o maior desafio de sua vida: a mente lhe ordenava que odiasse aquele homem, mas ela não conseguia dominar os caprichos de seu enlouquecido coração.

–Sinto pelo que houve.

Ficaram um tempo em silêncio. Até que Pavel finalmente decidiu perguntar o que ela fazia aqui.

–Procurava um lugar que pudesse descansar sem ser incomodada.

Reconhecimento passou pelos olhos de Pavel. Ele entendeu a quem Janine se referia.

–Bem, sei de um lugar em que ninguém lhe veria e importunaria.

Janine ergueu uma sobrancelha.

–E que lugar tão bom e calmo seria este?

–Meu quarto! - Pavel disse com naturalidade. Os olhos de Janine se arregalaram, mas antes que ela falasse ele concluiu:- Não se preocupe.Ninguém lhe verá lá, e eu lhe dou minha palavra de que não tentarei fazer nada com você. Juro que não a tocarei. Só não acho certo que você durma aqui fora e fique doente.

Janine pensou por um momento e finalmente decidiu. Ela confiava em Pavel o suficiente para saber que ele não faria nada contra ela.

Foram juntos para a torre, e como Pavel dissera ninguém os viu juntos. Assim que chegaram, Pavel fez uma cama de cobertores no chão e deixou a própria cama para que Janine pudesse descansar.

Adormeceram depois de conversarem durante um longo tempo.



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Ibrahim estava deitado e Kathleen estava com a cabeça em seu peito. Ele respirava com dificuldade, estava tomado pela ira. Ainda não acreditava que depois de tudo o que houve a escocesa ainda o rejeitasse.

– Vamos querido, eu estou aqui, e diferente daquela escocesa não tenho pudores para você.

Kathleen murmurou enquanto começava a beijar seu peito. Mal sabia ela que quanto mais falava sobre Janine, mais raiva provocava em Ibrahim por não tê-la em seus braços agora.

–Já disse que hoje não Kathleen.

Ela o ignorou e continuou sem caminho até estar quase chegando a seus lábios quando Ibrahim a segurou pelos ombros e a afastou.

–Vá para seu quarto.

–Mas senhor eu-

–É uma ordem Kathleen.

Ela o olhou com ódio, vestiu um grande robe e saiu do aposento batendo a porta atrás de si.

Havia muito que não dormia em seu quarto. E agora estava sendo trocada assim, por uma escocesa selvagem. Mas isso não ficaria assim, Kathleen faria com que ela se arrependesse de ter se metido em seu caminho.



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Notas finais do capítulo

Mas como a minha querida Annia deixou bastante capitulos prontos, prometo que segunda feira que vem eu posto.
Quanto as outras fics, não prometo muito porque as minhas provas irão começar.
Bom comentem.
Deixem sua escritora muito feliz :)
Beijos Meninas