Os dias podem passar, mas não podem parar. Janine sabia disso, pois por mais que a as incertezas do futuro a assombrem, ela não pode negar que o seu coração só de ouvir o nome do homem que amava, seu coração se agitava em seu peito. Ela entendeu perfeitamente o que sua mão dissera na infância.

O que o coração uniu, não serão as barreiras da vida que irão separar. O modo como tudo está ocorrendo pode não ser o certo, mas o amor de ambos só a morte poderá separar.

_ Oh milady estás tão linda! -  Caroline exclamou, colocando uma mão sobre a boca.

Janine não  teve como não sorrir. Desde que entrara nos aposentos, Caroline não parara de falar o quão bela Jane se encontrava com o longo vestido de cetim cor de creme. Mas ainda sim a tristeza estava presente, pois queria muito que Anna também estivesse ali. Eram amigas e Anna sempre esteve ali desde o começo, ajudando Janine quando ela entrou naquela casa, crente de que ali viveria um verdadeiro inferno. Foi naquele instante que percebera o erro que estava cometendo.

_ Carol, por favor, chame Anna aqui. Diga que eu quero muito lhe falar.

A menina assentiu ainda deslumbrada com sua senhora e saiu de lá às pressas. Janine não podia continuar assim, por isso estava na hora de rever seus conceitos. O perdão seria um deles, não se pode simplesmente julgar.

Depois de selarem a contrato do casamento, Janine Hathaway não será mais a jovem inocente que fora roubada e usada por todos, mas sim Lady Hathaway Mazur, senhora de admiração e respeito. Respeito esse, que usará para fazer com que Ibrahim Mazur se arrependa de ter lhe feito tudo aquilo. Mostrará a ele, que nas suas veias também corre um sangue real, não importando o quanto ele lhe fizera mal.

_ Mandou me chamar minha senhora? –Anna disse, fazendo uma leve reverencia e não olhando Janine diretamente.

Os dias para Anna se tornaram distantes, sem vida. Desde que Janine rejeitara seu perdão a jovem nunca mais foi a mesma, pois nunca apensou que sentiria tanta falta de sua amiga.

Ela ainda não acreditava que havia sido chamada. Estava falando com Pavel antes de receber a notícia.

_ Anna, por favor, não gosto de te ver assim. –Pavel lhe dissera, erguendo levemente seu queixo.

_ Ah Pavel, se eu soubesse... Se tivesse ao menos uma idéia de que tudo acabaria assim, e não teria escondido nada de Jane.

_ Mas você me fez uma promessa Anna. Não poderia quebrá-la.

_ Preferiria quebrar um promessa, a perder a confiança naquela que desde que entrara aqui, me tratara como irmã. – E com isso volto-se para janela, a observar os preparativos para o casamento.

_Ela irá te perdoar, assim que reparar que a culpa não fora sua. Se a situação persistir, eu mesmo falarei com ela.

Anna deu um riso sem humor.

_ Ela não quer te ver Pavel, já me disse isso. De todas as pessoas que poderiam saber desse segredo, nós não éramos para estar cientes de nada. Devíamos ter pensando no que era o melhor para ela, no que ela iria querer, e não agirmos na escuridão.

_ Eu sei... –Pavel admitiu, em um tom cansado.

_ Sabe o que é pior?

_ O que Anna?

Ela apontou para o casamento, onde Ibrahim observava tudo.

_ Esse casamento. Mesmo depois de tudo ele ainda a obriga se casar.

Pavel sabia que não deveria contar, mas ainda sim, Anna logo seria sua esposa.

_ Ele não a obrigou.

_ Vais defender ele... Espere. Não? –ela se virou, surpresa pelo que ouvira.

_ Não. Janine antes de me dizer não dirigir-se mais a ela, me falou que não iria se casar por obrigação e sim por vontade própria, mesmo o odiando por fazer parte de tudo, ela ainda o ama.

_ Oh meu Deus! –ela voltou a olhar pela janela. _Não posso imaginar tal coisa...

_ Acredite meu amor, ela...

Foram interrompidos pela porta.

_ Entre...

 No mesmo instante, Caroline entrava ainda com vergonha nos aposentos de Pavel.

_ Minha senhora está lhe chamando Anna.

_ Está falando sério Carol? –Anna perguntou, chamando a menina pelo apelido.

_ Oh sim Anna, precisas ver o quão linda ela está... _ suas bochechas coraram levemente por ter fugido ao assunto. _Sim ela me pediu que viesse lhe chamar...

_ Mas...

Caroline ainda era nova, mas se ficara um tanto frustrada com a incerteza de Anna.

_ Anna, me perdoe, mas corra e rápido. Acho que milady já lhe perdoou...

Sem dizerem mais nada, ambas saíram e voltaram para os aposentos onde Janine ainda permanecia em frente ao espelho de moldura marrom, enquanto uma madame terminava de dar um ajuste no manto do vestido.

_ Achei que tinha se perdido nos corredores do castelo Caroline, por que demoras-te? – perguntou encarando seu reflexo, ainda não notando Anna.

_ É que não estava achando a Anna. – a menina se desculpou.

_ Mas vejo que conseguiu. –Janine disse se virando a vendo Anna, os cabelos loiros caindo em cachos nos ombros. _Me deixe a sós com ela.

Assim como entrara, Caroline saíra, levando as costureiras.

_ Queria me ver milady?

_ É nessas horas que tenho vontade de te estapear, por me chamar assim. –ela disse, rindo para a amiga.

Em um gesto que nem mesmo Janine imaginava, ela puxara Anna para um abraço.

_ Oh Jane, como senti sua falta. –Anna disse, devolvendo o abraço. Anna era mais alta que ela, sendo assim, Janine quem se sentiu ser abraçada.

_ Eu também minha amiga, também. –Janine disse, matando a saudade que sentira pelo tempo que ficaram afastadas uma da outra.

_ Me perdoe? Eu prometo, lhe juro, nunca mais irei esconder nada mais de ti. –Lágrimas lavavam o rosto de Anna.

_ Hey não chores está bem, hoje é dia de festa.

 Anna sabia que havia algo de errado com sua amiga, mas não quis perguntar, pois sabia que quando ela se sentisse pronta lhe contaria. Só esperava que fosse logo, pois sentia falta de saber que Jane ainda confiava nela.

Após voltarem a se arrumar, um dos criados, viera informar que estava tudo pronto, e que a o casamento já poderia começar. Só agora a realidade batera.

_ Oh meu Deus – Não percebera quando falara em voz alta e todas as mulheres dali a olharam.

_ O que  houve Jane? –Alberta lhe perguntou, lhe abanando.

_ Eu vou me casar. –  ela disse, só então percebendo a seriedade do que se metera.

Todas riram.

_ É claro milady – Alberta falou, mas isso em nada a acalmou.

 Anna pegou uma jarra de água e encheu um copo, o entregando para Janine, tentando fazer com que ela se acalmasse.

As mulheres tentaram lhe acalmar dizendo que tudo ficaria bem. Janine não ficara muito confiante, visto que todas as mulheres dali ainda eram solteiras. Fora Alberta, que era viúva, nenhuma das outras mulheres tinham quaisquer experiências no assunto.