De vergonha.

Seus lábios se estreitavam e então um pequeno sorriso surgia ali, acanhado. Soltava um pouco de ar pelo nariz e dava de ombros. Essa era sua risada envergonhada. Uma das minhas preferidas, pois era um presente completo de detalhes para eu contemplar nesse ato. Os lábios curvados, os olhos quase fechando, as bochechas vermelhas, mas o que mais me fazia gostar desse sorriso em especial era porque ela o odiava. Dizia que ficava feia assim, toda vermelha. Eu não concordo, muito pelo contrário. Para mim seu sorriso de vergonha era um dos melhores.

Levei minhas mãos até sua bochecha e acariciei o local. Ela me olhou pelo canto dos olhos e sussurrou:

- O que foi?

- Só estava reparando no quanto você é linda – Respondi verdadeiramente.

- Pára com isso – Disse sem graça e sorriu de lado. Suas bochechas ficaram vermelhas e ela deu de ombros.

Seus lábios tinham um formato único. Eram finos e o superior possuía uma curvatura diferenciada, era pontudo com um formato peculiar, parecido com a parte de cima de um coração. Não havia mais ninguém no mundo com lábios assim; duvido que exista. Era uma característica dela, só dela.