A Coletora escrita por GillyM


Capítulo 35
Fim da estrada


Notas iniciais do capítulo

Ola pessoal, desculpa a demora!!!
Boa leitura!



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“Roxy”

Não percebi quando Dave se aproximou da espreguiçadeira onde eu estava, na verdade na maioria das vezes ele sempre me surpreendia, quando menos esperava ele aparecia. Naquele dia em questão as coisas estavam diferentes, principalmente Dave que parecia inquieto e que evitava olhar em meus olhos, algo que era sua marca registrada, era impossível não se sentir intimidada com o olhar tão consumidor dele.

Ele entrou e me ignorou, passou pela espreguiçadeira e seguiu em direção a escada que levava ao quarto dele, que se localizava do lado oposto da mansão de onde se encontrava o meu. Esperei por quase uma hora, levante-me da espreguiçadeira e me esbarrei na mesa de canto, a taça com vinho espatifou no chão e o vinho fez uma enorme mancha no tapete. Fui até a ponta da escada, a espera de ouvir algo, mas estava um completo silencio, como se ele nem estivesse lá.

Resolvi subir as escadas, mas antes de me apoiar no primeiro degrau senti-me tonta, fechei meus olhos e segurei a cabeça com as mãos para tentar retomar o folego, logo senti o peso de meu corpo como se estivesse caindo em queda livre. Abri os olhos espantados quando percebi que ainda estava deitada na espreguiçadeira, como se nunca tivesse saído de lá.

Levantei-me novamente, desta vez tomei cuidado com a mesa de canto onde estava minha taça com vinho, então me dei conta de que algo estava errado, que aquilo seria um grande dejavu. Naquele ponto da vida eu já não acreditava em coincidências, me recusava acreditar que aquilo fora um sonho, eu havia me levantado e derrubado a taça de vinho, e havia apenas uma criatura capaz de voltar o tempo, Dea.

Quais eram suas pretensões? Somente Dave poderia me dizer.

Subi correndo as escadas e logo me encontrei com Dave na metade do caminho, ele me olhou de uma forma assustadora, ele sabia de algo muito importante, e eu tinha certeza de que era sobre mim. Ele não parecia feliz, na verdade sua irritação era evidente em seu semblante, ele passou por mim pela escada e seguiu em direção a sala de televisão, ele passou e fechou a porta atrás dele, me deixando do lado de fora, logo ele ligou o rádio no ultimo volume, como se não quisesse me ouvir chamar por ele do outro lado da porta.

Lá ele ficou mais uma vez durante horas, logo o deixei em paz, uma hora ou outra ele sairia, e teria que me dar as explicações devidas. Cansada de esperar e também irritada com a ignorância dele, saí pela porta de entrada, entrei no carro, mas a chave não estava na ignição como o de costume.

Procurei pela a chave no interior do carro, me abaixei para ver se não tinha caído em baixo do banco quando alguém bateu no vidro e chamou pelo meu nome.

- Saía!

Dave disse abrindo a porta, me surpreendendo mais uma vez, ele estava ficando bom em aparecer repentinamente.

- O que está acontecendo com você? – Perguntei aborrecida ao sair do carro.

- Precisamos conversar, seriamente.

Entrei novamente no interior da casa, e me dirigi a sala de estar, sentei-me no sofá e fiquei a espera dele.

- Você tem feito contato com Compton ou Salvatore?

- Que pergunta é essa? Sabe bem que não. Eu sou vigiada por você e Dea vinte quatro horas por dia.

- Você expressou algum sentimento quando o viu na televisão?

Eu parei e fiquei analisando a pergunta que ele me fez. Como ele soube que assisti Bill Compton na televisão? E como ele soube que me senti atraída por ele?

- O que está se passando aqui, Dave? Existe algo que deveria me falar?

- Que deveria, não.

- Então existe algo que não deveria me contar, mas que precise?

- Você sabe bem das regras, Roxy. Não se esqueça das regras, a vida alheia é alheia.

Argumentei com tudo que tinha para fazê-lo me contar o que se passava, para fazê-lo dizer o que Dea veio tratar aqui, pois estava óbvio que era sobre mim.

- Bem... Embora Dea tenha pedido minha descrição, acho que não faz mais sentido esconder isso de você. Sua estrada acabou, assim como a minha, mas eu sempre tive ciência do que estava a se passar.

- Não pare de falar – Pedi curiosa.

- Não existem outros coletores como eu, na verdade até existe, mas são poucos, da para contar nos dedos. O seu destino era outro, era ser trocado como qualquer outro coletor problemático, quando Dea disse que você era um problema que quase se tornou o problema de todos, ele mentiu.

Fiquei a raciocinar enquanto Dave me explicava contrariado o que se passava, mas logo as coisas foram se encaixando.

- Você tornou um problema para todos, você só não foi trocada para não evitar maiores problemas com a alma que você guarda, e com a conexão irreversível entre vocês dois, por isso medidas foram tomadas, você esta sendo vigiada de perto não só por mim ou Dea, está sendo vigiada por cada ceifador que existe neste planeta. Eles conferem cada contato que você tem com outras pessoas, eles analisam cada expressão corporal que você tem, por isso Dea estava aqui.

Levantei-me do sofá e andei em círculos, realmente a vinda de Dea exatamente na primeira vez que vi Bill e me senti atraída por ele novamente, fortificava as explicações de Dave.

- Qual é o plano deles para mim? – Perguntei receosa.

- É o mesmo que para mim, mas com você não foi algo planejado.

- Então me fala logo! Por favor!

Ele revirou os olhos e ficou relutante por alguns segundos, mas logo descarregou tudo que ele sabia.

- Eu não estou ensinando você a ser uma coletora melhor, estou ensinando você a ser uma ceifadora, você já tinha passado no primeiro teste, de coletar almas inocentes sem sentir remorso, o próximo passo era ensinar a você todas as regras que regem o mundo deles.

Fiquei perplexa, paralisada e sem palavras. Me tornar uma ceifadora seria o mesmo que me matar, eu seria como Dea, não seria real de carne e osso, as pessoas só me veriam na pior hora da vida delas, sem contar que nunca mais estaria na companhia de Bill e Salvatore, ou de qualquer outra criatura que existe.

Logo um pensamento veio a cabeça junto a uma grande pergunta.

- Espere! Se eu me tornar ceifadora, não poderei ficar com a alma de Bill. Como isso é possível?  – Perguntei agoniada mais uma vez.

- Eles sabem disso, por isso...

Não foi preciso esperar Dave completar a frase.

- Eles mataram Bill.


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Notas finais do capítulo

Review para me deixar feliz?????