“Bill Compton”

Não fora difícil convencer a todos que nunca conheceram Roxy, exceto por Sookie, a lembrança do que se passara no hotel, na primeira vez que elas se conheceram, já estava cravada em sua mente. Dessa forma só me foi possível apagar a parte do reencontro entre elas, no bar do Merlotte, assim não somente evitaria perguntas, como tive de volta toda sua confiança.

Eu tinha consciência de que havia quebrado minha promessa de não manipula-la, mas nunca prevemos acontecimentos como aqueles, estávamos preste a viver novos tempos, um novo mundo de possibilidades.

- O que fará com os outros?- Jessica perguntou ao me assistir a apagar as lembranças dos humanos.

- Está na hora de aprender a manipular mentes, sei que nunca lhe ensinei antes, mas isso é algo que renasce com você, sei que dará conta. Aproveite os últimos momentos da noite, e vá a procura de todos aqueles que conhecerão Roxy, apague qualquer lembrança que eles possam vir a ter.

Jessica respeitou minha decisão, mas Selene se opôs a ela.

- Deixará uma vampira bebe fazer isso? Ela não tem nenhuma pratica nisso.

- Então vá com ela, e não perca tempo, falta pouco para o sol nascer.

- Eu vou sim, mas saiba que ela é sua responsabilidade e não somente sua empregada, deve ensinar tudo que sabe a ela, e não deixá-la aprender sozinha. Vou levar os humanos comigo.

- Nem pense em machuca-los! – A avisei rudemente.

- Já teria feito se quisesse.

Jessica e Selene já haviam deixado o jardim, quando me dirigi ao interior da casa, mas antes de passar pela porta de entrada, um discreto ruído chamou minha atenção, e um cheiro diferente invadiu minhas narinas.

“Damon”

Havia se passado minutos e minhas tentativas de ressuscitar Roxy não funcionavam, e minhas idéias para isso já estavam escassas, já não restava muito a fazer e nada havia mudado em mim, tive certeza que ela não guardava minha alma, então fiquei a espera de Compton, definitivamente algo deveria estar acontecendo com ele naquele momento.

Algo chamou minha atenção. Eu a carregava em meus braços quando uma série de eventos começou a ocorrer, sua pele gélida começou a ganhar temperatura, seu coração silencioso começou a dar sinal de pulsação, algo que antes não era possível de se perceber, também pude sentir pela primeira vez o cheiro de seu sangue, e com sua pele não fora diferente, ela passou a cheirar como um humano qualquer.

Jamais imaginei presenciar tal evento, ela deveria morrer e não viver, e tudo estava ocorrendo ao contrário do que o normal, ela parecia nascer novamente em meus braços, como se nunca tivesse vivido.

“Bill Compton”

Categoricamente toda aquela sensação era resultado da ausência de Salvatore naquele jardim, antes de entrar no escritório e me deparar com ele a carregando nos braços, eu já sabia o que ele tinha feito.

A cena que presenciei naquela sala fora tão imprevisível, quanto inacreditável. Damon a segurava nos braços tão fortemente como se a impedisse de ir à algum lugar, seu rosto mostrava sua perplexidade, mas seus olhos que a encaravam profundamente revelava algo que nunca imaginei que existe nele. Arrependimento.

Ele olhou para mim, mas não disse nada, seu sangue escorria nos lábios dela, ele havia tentado desfazer sua sujeira, mas estava claro seu fracasso. Aproximei-me e a tirei dos braços dele, a coloquei no chão cuidadosamente, então percebi toda a sua mudança.

Paradoxicamente ela parecia viver para morrer, a pulsação, o cheiro e a temperatura, mostrava que ela estava deixando seu fardo de ser uma coletora para trás, e estava morrendo como uma simples humana.

Olhei novamente a Salvatore, ele permanecia mudo e com os olhos grudados nela, naquele momento meus sentimentos estavam confusos, eu não conseguia fazer nada para salva-la, mas também não queria que ela morresse.

- Faça algo – Damon pediu, ele estava a ponto de implorar.

- Tudo o que posso fazer, você já tentou.

- Tente mesmo assim – Ele pediu novamente, desta vez não soou como um pedido.

Rasguei meus pulsos e deixei meu sangue descer por sua garganta, Salvatore inclinou a cabeça de Roxy para trás, para que meu sangue descesse mais rapidamente, mas parecia em vão.

Quando as batidas de seu coração estavam quase imperceptíveis, o desespero que Salvatore estava a sentir tomou conta de mim também, abaixei e encostei minha cabeça em seu peito para ter certeza que seu coração ainda batia.

- Não posso ouvi-lo! – Avisei Salvatore, que me tirou de cima dela e fez o mesmo.

Ele também não podia ouvir as batidas do coração de Roxy, e isso me deixou ainda mais desesperado. Abaixei-me e encostei meu rosto no dela, e em seu ouvido pedi para que ela voltasse, como se aquilo fosse desfazer tudo, aquele momento foi bem conflitante, então imaginei o que estaria sentindo, se fosse eu quem tivesse tirado sua vida.

“Damon”

Por um segundo pude ver que Bill e eu compartilhávamos o mesmo sentimento, o que me deixou ainda mais confuso, Roxy realmente era diferente de tudo que havia conhecido, e ela parecia levar com ela toda minha dignidade como vampiro.

Aquele momento parecia ser de grande confusão para ambos, não imaginei vê-lo daquela maneira, pois ele era o primeiro a lucrar com sua morte, e fora para isso que ele havia me levado a Bom Temps. Lembre-me então da influencia que Roxy exercia em Bill, e logo conclui que tudo aquilo não passara de um sentimento superficial de Compton.

Algo um tanto peculiar aconteceu, Bill se afastou e se levantou, ele começou a olhar para si mesmo, algo estava acontecendo com ele, algo muito interessante e incomum também, mas que não foi capaz de tirar minha atenção de Roxy, eu ainda não me conformava com sua morte, então a tirei do chão e a carreguei nos braços novamente, deixei Bill para trás e atravessei a porta de entrada antes que Selene chegasse e fizesse o que realmente veio fazer em Bom Temps.