“Roxy”

Enquanto Jessica me fazia companhia no escritório, os sanguessugas se reuniam em outro cômodo, eu sabia que dali sairia minha sentença, fiquei me perguntando quando Dea apareceria para impedir o que estava preste a acontecer. Aquele escritório era como o purgatório para mim, onde eu permanecia para me redimir de meus pecados e onde eu esperava pela grande sentença, mas eu sabia que não estava nem perto do céu.

- Sinto muito, Roxy.

Jessica disse em voz baixa, a expressão ameaçadora abandonou seu rosto.

- Não mais que eu.

Jessica continuou a me fitar, eu podia sentir seu pesar sobre minhas costas.

- Eu só não entendo como isso tudo ocorreu – Pensei algo comigo mesma- Como tudo isso saiu de meu controle?

Jessica ensaiou um sorriso de compaixão e se abaixou ao lado da poltrona onde eu me sentava.

- Eu não acredito que você tenha outra chance de sair daqui, então... O que posso fazer por você?

- Pode me matar antes deles?

Ela sorriu decepcionada.

- Terá que me pedir outra coisa.

- Você poderia avisar Sookie que fui pega. Ela pode convencer Bill de algo.

- Não depois de ter usado a prata contra ele.

- Mas ele a ama, não ama?

- Pode até ser, mas no momento não há algo que lhe interesse mais que você. E mesmo que isso ajudasse, não tenho permissão para sair.

- Então me prometa que assim que tiver esta oportunidade, você me ajudará.

- Farei o que puder, tenha certeza disso.

- Então me conte Jessica. Conte-me tudo o que sabe sobre eles e tudo isso que me ocorreu, preciso saber tudo o que eles sabem para poder me defender.

Jessica se levantou incomodada com meu pedido, ficou ainda mais claro o quanto ela tentava ser fiel a Bill. No principio ela se negou a falar, mas após minhas suplicas e minha demonstração de apreço por ela, ela resolveu me contar a história toda.

- Selene contou a Bill o que sabia sobre você. Quando Sookie encontrou Dave e falou sobre ele para o Bill, ele acreditou que o rapaz estivesse envolvido com V, e que Selene poderia ter siso uma possível vitima de traficantes. Então ela usou você para chegar até ele e ter certeza.

- E então tudo deu errado! – Falei em voz alta.

- Como sabe que tudo deu errado? Você viu Dave depois disso? Sabe onde ele está?

- Não. Eu não o vi, mas se um coletor é pego, algo que jamais aconteceu, bem... Eu acredito que saberia disso, caso acontecesse.

Jessica me olhou desconfiada, mas gentilmente não aprofundou o assunto e se ateve as suas explicações. Ela revelou também que embora Selene soubesse que a alma de Bill estava aprisionada dentro de mim, ela não o revelou de antemão apenas sugeriu idéias sem fundamentos que foram descartadas no mesmo instante que foram ditas, mas após Sookie ler meus pensamentos, Bill não demorou a montar o quebra cabeça.

- Porque Selene está aqui? Porque Salvatore está aqui?

- Nossa, Roxy. São muitas perguntas, eu não devo respondê-las.

Jessica se distanciou e sentou-se na poltrona atrás da grande mesa e ficou pensativa, talvez ela tenha se dado conta que estava a trair a confiança de Bill.

Após vários minutos em silencio, cada uma com seu pensamento e pesar, comecei a criar hipóteses sobre a presença de Selene, definitivamente ela estava ali para ajudar Bill, ela conhecia muito sobre mim, mas que qualquer outra pessoa, só não entendia o que ela ganharia com isso.

A quietude da sala foi quebrada quando Jessica se levantou e caminhou até a porta, antes de abri-la ela me fitou discretamente, mas havia algo em seus olhos que me fizeram estremecer, talvez minha sentença já tivesse sido dita por Bill. Ela saiu do escritório, mas eu não ficaria só por muito tempo.

Não foi possível conter minhas lagrimas, mas elas levavam todo o desespero para fora de mim, com as mãos tentei enxugar o sangue que escorriam de meu rosto, exibi-los não era uma boa idéia naquela situação, quando a porta do escritório abriu novamente, coloquei minha cabeça entre meus joelhos, fechei fortemente meus olhos tentando espantar o mal com bons pensamentos.

Ouvi a porta se fechando novamente e o som de seu sapato luxuoso se atritando contra o piso de madeira que logo se cessou, a morte não veio, nem a dor ou o inferno, o silencio reinou novamente na sala. Depois de alguns instantes levantei vagarosamente minha cabeça, o misterioso silêncio me obrigou, tentei limpar novamente minhas lagrimas que Caim sem parar para poder encará-lo com dignidade, foi quando nossos olhos se cerraram, e eu me perdi na imensidão daqueles olhos azuis.

“Damon”

Não arrisquei dizer nenhuma palavra, seus olhos terrificados as roubaram de mim, mas o silêncio da sala já falava por nós dois, aquelas lagrimas me revelaram uma Roxy que não imaginava conhecer, mas que me despertou uma sensação tão intensa quanto antes.

Andei em sua direção vagarosamente, não queria assustá-la ainda mais, peguei a poltrona que estava ao seu lado e puxei ainda mais para perto dela, e me sentei ao seu lado. Ela se encolheu na poltrona, tentando ficar o mais longe possível, e quando segurei sua mão vermelha de sangue, ela pareceu petrificar ao meu toque.

Sua pele era tão fria, mas seu sangue borbulhava como lavas, uma grande incongruência e mais um mistério que me deixava ainda mais arrebatado. Levei as pontas de seu dedo banhadas pelo sangue até minha boca, e cuidadosamente provei o sabor de suas lagrimas.

Seu sabor era tão magnífico quanto seu ser, e fez com que as pontas dos dedos não fossem suficientes, então me aproximei ainda mais, segurei sua cabeça entre minhas mãos e colei meus lábios em seu rosto, e então enxuguei todas as lagrimas, até o cair da ultima lagrima.

- Você está com minha alma, Roxy?

“Roxy”

-Não.

Rebati imediatamente, com uma coragem que não sabia da onde vinha.

- Isso não foi o que me disseram.

Ele segurou meu queixo com os dedos, com uma força desproporcional, achei que fosse quebrá-lo.

- Se eu estivesse, meu sangue diria a você.

- Então porque correu de mim naquela noite? Achou que eu não fosse te encontrar? Achou que eu nunca saberia seu nome?

- E como soube?

- Só precisei olhar os registros do hotel.

Ele deu um sorriso irônico.

- Qual é o seu lance com Sr. Compton? Ele não me parece um marido infiel.

Ele soltou meu queixo, se levantou e andou em círculos pela sala, bisbilhotando as obras de arte expostas.

Meus sentimentos ficaram confusos naquele momento, ficar próxima a ele me deu uma força que antes estava esgotada, ele falava de modo diferente, aliás, ele era bem diferente de Bill, e por um segundo não consegui imaginá-lo sendo cruel.

- Trepou com ele? – Damon perguntou me encarando, perdi o chão ao ouvir aquelas palavras ditas tão diretamente e sem nenhum pudor.

Demorei a encontrar as palavras certas para responder aquela pergunta indiscreta, e gaguejei ao tentar pronunciá-las, mas mesmo assim ele ficou a espera de minha resposta. Damon estava em pé atrás da mesa, mas no segundo seguinte ele já estava debruçado sobre mim na poltrona, sua velocidade realmente era invejável, mas tê-lo tão próximo, com as presas a mostra e o olhar tão insolente, me fez implorar por piedade.

- Não se preocupe... Não vou te matar ainda. Não permitirei que sua última transa seja com Bill Compton. Acredite... Ninguém merece isso, e permitir tal coisa é tão cruel até para mim.

“Damon”

 Ela ensaiou dizer algo, mas antes que conseguisse selei sua boca com meus lábios, ela relutou e tentou em vão me afastar, mas havia algo diferente nela, algo que me atiçava, e de repente seus lábios não eram mais suficientes, eu queria sentir todo seu sabor, então escorreguei minha boca até seu pescoço, ignorando toda a reação que ela tinha ao meu toque.

Ela não demorou a se entregar a mim, talvez estivesse cansada de lutar, ou talvez tivesse se rendido ao prazer que lhe oferecia como outra humana qualquer, até que a ultima hipótese foi provada quando ela entrelaçou seus braços sobre meu pescoço e permitiu que nossos corpos se roçassem.