Gendai

Rin permanecia no templo Higurashi. As perguntas sobre Kagome e sobre a Sengoku Jidai eram frenquentes.  A morena mantinha certa relutância com relação a todos em sua volta. Sentia como se cada segundo perdido naquela era fosse necessário em sua volta, que até então era incerta.

Sentados na varanda da casa, Rin e Souta conversavam, observando o pôr do sol.

- Desculpe pelas perguntas Rin. Prometo que não vamos encomodá-la mais. - disse Souta com um meio sorriso no rosto.

- Está tudo bem..

- Você quer voltar não é mesmo?

- Hm? - seus olhos agora eram surpresos. - Bom.. sim. - respondeu por fim.

Souta suspirou.

- Fique mais um pouco, até que seu ferimento esteja curado.  O médico disse que precisa passar uma pomada por 3 dias e estará curada. - sorriu.

- Não posso.. Há alguém que.. está me esperando.

Souta a observava cuidadosamente. Era como se estivesse vendo um reflexo do passado.

- Você realmente lembra muito a nee-chan. - disse com os olhos a frente.

- Não é atoa que sou sua ancestral. - disse tentando fazer uma piada que saiu completamente sem humor.

Mesmo que os pensamentos de Rin estivessem milhares de anos atrás, não podia deixar de observar as modernidades do lugar que estava. Mesmo sendo um templo comum como os tinha em sua Era, haviam coisas interessantes a seu ver. Porém algo lhe chamou a atenção.

- Goshin Boku.

- Hm? - Souta olhou na mesma direção. - Ah sim. Essa árvore é a mais antiga que temos. Dizem que atravessa as gerações. Kagome disse que essa mesma árvore permanece também na Sengoku Jidai.

Rin por sua vez se levantou indo em direção a Goshin Boku. Souta a seguiu.

- Inuyasha foi lacrado nesta mesma árvore. É.. impressionante como não mudou nada.

- Essa é a prova de que ela realmente atravessa gerações não é mesmo?

Rin nada respondeu apenas observava a árvore cuidadosamente.

- Souta! Ajude ojii-chan com as compras!

- Já estou indo mamãe! - Souta virou-se para Rin. - Vou deixá-la sozinha. Só.. por favor, não vá embora.

- Não se preocupe. - disse Rin com um meio sorriso no rosto.

Sengoku Jidai

Kouga e Kenji corriam incansavelmente entre a floresta. Eram tão rápidos que a olhos humanos não passavam de borrões.

- Pare Kenji! Não me faça te acertar! - Kouga gritou.

Kenji, o lobo-youkai que tinha longos cabelos negros enrolados numa trança, parou enfim.

- Me acertar? Pois venha! - ele disse debochando.

Os dois ficaram um bom tempo se encarando.

- Seu muleque.. - Kouga rosnou. - Estou cansado dessa situação! Não vou mais perder meu tempo atrás de você!

- Nossa que bom! Até que enfim disse uma coisa que me agradou! - ele sorria ao dizer.

- Se ser o líder da tribo é o que você quer pode ficar com o posto. Eu não me importo mais. Agora vamos voltar, todos estão muito preocupados com você. Podemos inventar alguma história para convencê-los.

Kenji ficou encarando-o por um bom tempo. Até que por fim caiu na gargalhada.

- Ora, mas porque está rindo idiota?! - Kouga gritou.

- Vou me tornar o líder dos Yorozoku pelo simples fato de ser o mais forte. Não preciso de esmolas!

- Não diga bobagens, há outras maneiras de ficar mais forte! Você não sabe no que está se metendo, Sesshoumaru não terá piedade de você! - gritou.

- Eu que não terei piedade dele. - Kenji disse com um meio sorriso.







Não muito longe dali Sesshoumaru caminhava com certa dificuldade. Sua katana não parava de pulsar. O youki que emanava ficava cada vez mais forte e mais incontrolável.

- Jaken, vá embora.

Jaken, que estava perdido em pensamentos se sobressaltou com tal ordem.

- Ir embora? M-mas Sesshoumaru-sama..

- Ficar comigo é perigoso até mesmo para você.

- Não me importo Sesshoumaru-sama! Sempre estive ao seu lado em todas as situações e não será agora que irei abandoná-lo. - Jaken disse com os olhos fechados.

- Posso matá-lo sem querer.

Jaken se sobressaltou e logo se recompôs.

- Morrer pelas suas mãos seria uma honra Sesshoumaru-sama.

Embora fosse sincero, Jaken estremesseu ao pensar na ideia.

- Acontece que eu quero te matar por livre e espontânea vontade e não por influência de minha katana.

Por mais estranho que pudesse parecer Jaken se sentiu emocionado com tais palavras.

- Tudo bem Sesshoumaru-sama. Saiba que estarei sempre disponível para o senhor.

Sesshoumaru por sua vez nada disse. Virou-se e continuou sua jornada deixando Jaken para trás.


Gendai

Rin observava cuidadosamente a grande árvore a sua frente. Era estranho pois estando perto da Goshin Boku sentia como se estivesse em sua verdadeira Era, a Sengoku Jidai.  Suas mãos percorriam com cuidado o grande tronco que emanava a mesma sensação e o mesmo cheiro de sua terra natal.
            Com um pequeno descuido Rin pisou em falso deixando sua mão escorregar por sobre o tronco, contando-lhe o dedo.  Uma gota de sangue respingou.

- Ai.. - exclamou.


Sengoku Jidai

Após andar em círculos por um lugar onde evitava a todo custo decidiu por fim ceder as suas vontades. Sesshoumaru  estava em frente a Goshin Boku. Ele a olhava fixamente tendo as palavras de Kagome em mente. Como seria possível algum tipo conecção com o mundo atual? Mesmo sabendo pouco,  a existência de um mundo atual já era de conhcecimento de Sesshoumaru.
        A cada passo que Sesshoumaru dava da grande árvore o vento sobrava cada vez mais forte. O mesmo vento trouxe-lhe um cheiro conhecido, o que o deixou exaltado.

- É o cheiro do sangue dela.

Com a mão direita sobre a árvore tentava a todo custo entender.

- Está ferida? - ele arriscou a pergunta.

Do outro lado, numa outra Era distante a voz que tanto ansiava a sobressaltou. Rin ficou perplexa. Tocou na árvore e fechou os olhos.

- S-Sesshoumaru-sama?

Sesshoumaru por sua vez se sobressaltou. Ele podia ouvi-la.

- Sim..

Com lágrimas teimando em cair, Rin caiu num choro incontrolável.

- Porque está chorando? O que aconteceu com você? - perguntou exaltado.

- Não.. aconteceu nada eu só.. estou muito feliz em poder ouvir a sua voz! - balbuciou.

Com um meio sorriso nos lábios Sesshoumaru suspirou aliviado.

- Pare de chorar. Sabe que não gosto disso.

- S-sim. - a morena balbuciava limpando as lágrimas do rosto.

- Sinto o cheiro do seu sangue, ainda está.. ferida? - a lembrança de Rin sendo machucada por ele não saia de sua mente.

Automaticamente Rin olhou para seu braço direito que permanecia enfaixado. Estava praticamente curado.

- Não foi nada.. Só um corte no dedo. Estou perfeitamente bem. - a morena disse num tom mais calmo.

- Rin.

- Hm, sim?

- Quero te pedir um favor.

A morena suspirou imaginando o que Sesshoumaru iria pedir.

- Claro.. - respondeu com um tom de tristeza na voz.

- Quero que fique neste mundo. Pelo menos por enquanto.

Com os punhos cerrados Rin respirou fundo antes de responder.

- Não.

Novamente um meio sorriso surgiu na face de Sesshoumaru.

- Sabia que iria dizer isso. - suspirou. - Não posso defênde-la caso alguma coisa aconteça e sei que você não vai deixar de me seguir.

A morena se sobressaltou. Sesshoumaru jamais falara com ela daquela maneira. Algo mudou, ela podia senti-lo, podia sentir a diferença.

- Eu quero te ajudar.. Não gosto de ficar longe de você. - disse com a voz emburrada.

- Não vou correr o risto de ferí-la de novo. - ele disse com as mãos em punhos. - Por tanto é melhor que fique onde está. É mais seguro do que ficar aqui.

- Não. Eu vou voltar! - as lágrimas começaram a cair novamente. - Espere por mim!

Com um último toque na Goshin Boku, Sesshoumaru foi se afastando.

- Adeus, Rin.

- Sesshoumaru-sama! Sesshoumaru-sama! - a morena gritava. - Não vá! Me responda!

O desespero de Rin era algo que o encomodava profundamente. Ele não imaginava que seria tão difícil se afastar de sua única conecção com a menina naquele estado.

"Não posso mais te encontrar no estado que estou. Já tenho tudo que sempre quis, preciso seguir em frente. Espero que entenda e não me odeie." - pensou.