3 anos depois...

Os músicos começaram a tocar a marcha nupcial. Os convidados levantaram para observar a noiva entrando na igreja enfeitada com rosas brancas e rosas. Alice usava um vestido branco com flocos de neve bordado na saia. A costureira não entendeu a escolha dela pelo desenho nada tradicional. Para a noiva aqueles flocos representavam o inicio de uma nova vida. Toda vez que ela visse a neve cair dos céus se lembraria da noite em que Mattia uniu a vida dele à dela.

Alice segurava o braço de seu pai. Todos sorriam para ela. Parentes que ela nunca havia visto estavam ali. Pelo menos ela achava que eram parentes. Hector segurou firme a mão da filha, para lhe passar segurança.

Hector havia se mudado para Sicilia. Ele estava começando um novo escritório de advocacia na cidade onde nasceu. O advogado se comprometia menos com o trabalho, ele havia aprendido depois de anos. Nas horas vagas ia pescar em alto mar com os primos.

Mattia mal conseguia distinguir o que sentia. Um misto de felicidade e nervosismo. Ele se segurava para não começar a tremer e sentir as pernas cederem ao seu peso. Denis colocou a mão sobre o ombro do amigo para acalmá-lo.

Denis iria para França no mês seguinte. Uma grande produtora de festa havia o convidado para fazer parte da equipe, após Alice ter mandado sem que ele soubesse as fotos da estufa, para uma amiga da mãe dela. Os pais dele ainda não aceitavam totalmente a opção sexual do filho, mas faziam o possível para entender o fato de Denis ir para Paris com um cara chamado Paolo.

Alice estava quase chegando ao altar. O caminho até lá parecia interminável. Ela olhou para Mattia, na opinião dela, ele estava muito bonito. Com seu terno e o cabelo pela primeira vez em anos penteado decentemente. Fernanda tentava não chorar. Sua única filha estava casando.

Fernanda estava morando com a mãe e a ajudando na produção de flores que eram vendidas para floriculturas de toda a Itália. Ela estava começando a escrever um livro sobre a experiência de ter passado por um câncer e tê-lo vencido.

Mattia olhou para os pais ao seu lado no altar. Os dois tinham as mãos entrelaçadas. Era possível sentir que nada poderia separar os dois um dia. Mattia queria aquilo para ele e Alice, a capacidade de não deixar nenhum problema os derrubar. Apesar de as vezes as bases da família Balossino ficarem bambas, elas nunca caíram.

Pietro e Adele continuariam na mesma casa por anos. Finalmente conseguiram vencer o fantasma de Michela e deixá-lo apenas nas lembranças de um passado que parecia cada vez mais distante para todos. A ferida havia cicatrizado.

Alice finalmente chegou ao altar. A música parou e os convidados se sentaram. O padre começou a dizer as primeiras palavras. Alice sorriu para a amiga que não queria se casar com o pobre Giovanni.

Alessandra estava noiva de Giovanni, mas não pretendia se casar tão cedo. Ela estava começando em um trabalho novo, em uma revista importante da Itália. Ela era jornalista e queria ver o mundo ao lado do namorado Giovanni, antes dele se tornar o marido Giovanni.

Mattia sentiu o coração acelerar. Alice parecia inabalável ao seu lado. O tio de Alice que era padrinho junto de Soledad, disse a Mattia que respirasse fundo antes que desmaiasse.

Francesco estava namorando uma enfermeira, o que não era novidade, já que ele namorava uma funcionaria diferente a cada dois meses. Ele iria permanecer no Santa Madre enquanto o hospital o quisesse. O médico acompanhava a irmã em seu tratamento.

Todos que Alice amava estavam ali. Inclusive sua segunda mão, Soledad.

Soledad estava morando com Fernanda. A mãe de Alice a chamou para fazer parte da empresa de flores. A ex- empregada aceitou o convite sem pensar duas vezes. Ela e Fernanda haviam se tornado boas amigas.

Mattia olhou por um momento para as vigas da igreja e teve a impressão de ter visto sua irmã sorrindo para ele. O rapaz interpretou aquilo como o tão esperado perdão de Michela. Alice apertou a sua mão o fazendo olhar para ela.

O momento mais esperado havia chegado. O padre perguntou se ambos se aceitavam como marido e esposa. Os dois responderam que sim. Uma salva de palmas invadiu a igreja, enquanto os noivos se beijavam.

Todos se encaminharam para a festa que Denis havia produzido. Ele praticamente ameaçou Mattia e Alice, se eles não deixassem que ele organizasse tudo.

Uma tenda branca se abria no gramado de um parque da cidade. Lamparinas iluminavam o interior. As vigas da tenda eram decoradas com as mesmas flores da igreja. As mesas estavam cobertas com toalhas brancas.

Alice achou tudo lindo. Ela não tinha recebido permissão para ver nada antes da festa. Ela confiou no talento do amigo. O que foi uma decisão sabia.

Os convidados se espalharam pela tenda no parque. O sol estava se pondo, o lago do parque refletia o céu alaranjado do fim de tarde. As pessoas cumprimentavam os noivos. Alice e Mattia se divertiam tentando adivinhar de qual família era o tal convidado.

A noiva se afastou durante alguns minutos para respirar próximo ao lago que agora tinha refletido em si as estrelas da noite que havia começado a pouco tempo.

Mattia se aproximou de Alice e lhe entregou uma taça.

“Achei que tinha fugido.” Mattia riu.

“Agora não adianta mais.”

Alice levantou a mão com a aliança.

“É como você sonhou?” Mattia perguntou.

“Não.” Alice respondeu.

“É ainda melhor. “

Alice abraçou Mattia.

“Aqui parece o tipo de lugar onde os sonhos se tornam realidade.”

“Então me diga princesa o que você deseja e eu tornarei realidade com a minha mágica.”

“Sua mágica?” Alice segurou o riso.

“Sim, a magia do amor.”

Alice o beijou.

“Hey, casal! Temos uma festa aqui, venham!” Giovanni os chamou fazendo uma dancinha engraçada. Alessandra lhe deu um tapa no braço.

“O senhor mágico me dá a honra desta dança?” Alice disse.

Mattia sorriu para a sua esposa e a beijou.