A secretaria de Sasuke olhou assustada para a jovem determinada de pé diante dela.

_O signor Uchiha está com alguém no momento?_disse Sakura com cara de poucos amigos.

_Não entendi bem o que...

_Ele está ou não com alguém?_ Sakura continuou a pergunta com certa impaciência.

_Não, mas tem uma reunião daqui a cinco...

_Não se preocupe, serei bem rápida_ E, olhando por cima do ombro, passou pela secretária, abrindo a porta do escritório de Sasuke.

Ele que no momento esta no computador, e ao vê-la virou-se, sobressaltado.

_O que houve? Aconteceu alguma coisa com minha mãe?_Perguntou Sasuke preocupado e estranhando Sakura ali.

_Não. Vim até aqui porque é o único lugar onde não poderá fugir de mim. Você tem me evitado desde que chegamos de Veneza, Sasuke.

_Faz apenas dois dias, Sakura. Sabe que tenho muito serviço acumulado...

_E você sabe o que tenho para dizer. Serei breve, assim não chegará atrasado à reunião.

_Olhe, não é o momento..._Sasuke tentou falar, mas foi logo interrompido.

_Quanto tempo se leva para dizer adeus?_Disse Sakura indo direto ao ponto, aquilo era difícil para si, mais precisava falar tudo, tinha pensado muito, e tomou uma decisão.

_Podemos falar sobre esse assunto mais tarde?_ Sasuke tentou se acalma aquilo era muito inesperado, e sabia que não poderia se algo bom, e sentiu algo novo, medo, talvez.

_Não, eu já ouvi essa história antes. Além disso, não há mais nada para conversarmos. Adeus! Finito! Basta! Ponto final. Não vou me casar com você. Esse noivado de faz-de-conta terminou.

_Não seja ridícula! Os convites já começaram a ser enviados.

_E eu estou causando problema aos organizadores do evento. Sinto muito, mas existem coisas importantes do que manter o cronograma.

Sasuke saiu de trás de sua mesa. Estava pálido, mas falou com calma:

_Ouça, você tem estado mal-humorada, e talvez eu não tenha sido muito atencioso, sei que não deveria ter anunciado nosso casamento daquela maneira, mas achei que era a atitude mais certa a tomar. Perdão. No futuro prometo melhorar.

_Escute o que diz Sasuke. Você fala como se apertasse as teclas do computador. Esta aqui é para ‘’Desculpas’’, esta outra, para ‘’melhorar’’. Cada questão tem uma resposta pronta e programada. A vida não é assim.

_Ora, será que esses detalhes triviais são tão importantes?

_Não são triviais, Sasuke. Você é assim: cada coisa em seu lugar, tudo muito bem rotulado. Acabo de lhe dizer que nosso compromisso acabou, e você está bravo porque não estou no lugar certo, não me encaixo em nenhum rotulo.

_Estou bravo porque não faço a menor idéia do que quer dizer com tudo isso, Sakura. Nada faz sentido.

_Sasuke é simples: quero ter por marido, um dia um homem que se preocupe comigo, o que não é seu caso.

Sasuke respirou fundo, e parecia que ia dizer algo, mas conteve-se. Quando falou, as palavras saíram devagar:

_Pensei que... Tivéssemos conseguido nos tornar mais íntimos.

_Não o bastante. Você é possessivo e tenta controlar cada passo meu. Bem, isso não é amor. Talvez tenha razão, nada do que eu diga faz sentido. Deveria ter me preocupado com o amor muito antes, desde a ocasião em que nos conhecemos. Desculpe, acho que eu não me conhecia direito na época. Mais vejo agora que o amor é importante.

_Amor?

_Sasuke, parece que você nunca ouviu essa palavra antes! Não existe amor entre nós, existe?

_Parece que não... Foi tolice minha não percebe.

_A culpa foi minha. Dei a entender que conseguiria viver sem amor, com você , mas não é verdade.

Sasuke a olhou com sarcasmo e disse:

_E desde quando esse pormenor se tornou tão relevante?

_Ainda faz pouco. Lembra-se da noite em que fomos ao jantar na casa de meu pai?

_E você, lembra?

_De cada segundo. Mas de nada adianta, não é? Não se pode criar o que não existe. Tentei jogar do seu jeito, mas não sou capaz. Além disso, acabaremos nos separando, mesmo.

_Não acha que desiste com muita facilidade, Sakura?

_Pensei que se orgulhasse de ser um homem realista, Sasuke. Nada ira melhorar entre nós. Sabemos quem somos, e é muito tarde para mudar os fatos.

_Sim, é muito tarde. Não se pode modificar alguém só porque se quer.

No silencio que se seguiu, Sakura teve a sensação de que Sasuke não sabia o que fazer, coisa que ela nunca vira acontecer com ele antes.

_O que pretende fazer agora?_ Sasuke finalmente quebrou o silencio nada agradável entre eles.

_Irei embora assim que falar com sua mãe. Quando eu voltar pra Londres...

_Londres? Você disse que pretendia morar em Roma.

_Você ainda se lembra dessa conversa? Imaginei que apertasse a tecla ‘’ apagar’’ sempre que ouvia algo que não se encaixasse em seus interesses. Pensei melhor sobre morar em Roma, mas voltei atrás. Preciso me afastar de você já. Quando eu estiver em casa, arranjarei um modo de pagar o que lhe devo.

_Não há pressa. Prometi parcelar a divida.

_Não. Quero pagar logo, de uma vez só.

_Sakura, não esta em condições de fazer isso.

_Deixe isso comigo. É melhor que eu não lhe deva nada.

De repente, a indiferença que se encontrava no rosto de Sasuke sumiu, dando lugar a amargura.

_Não vê a hora de se livrar de mim, não é mesmo?

A injustiça daquelas partiu o coração de Sakura, que, para esconder a dor que sentia, respondeu no mesmo tom amargo:

_Pensei que gostaria de me ver fora do seu caminho, agora que conseguiu a sociedade no banco. Evite os prejuízos, corte os gastos e não perca tempo com assuntos que não deram certo. Foi você mesmo quem me disse isso, e foram conselhos muito úteis para mim.

Sasuke suspirou.

_Parece que lhe ensinei mais do que imaginava. Antes, você era incapaz de falar algo tão cruel.

_Sasuke...

_Tem razão, Sakura. Não sei o que me fez pensar que valia a pena conversar mais sobre isso.

_Não há mais nada a ser dito. Acabou. É melhor se apressar, você tem uma reunião_ E ao termina de fala Sakura saiu do escritório quase correndo, se saber se chorava ou se atirava alguma coisa nele.

Como Sasuke ousava confundi-la com aquela expressão de tristeza? Conhecia-o muito bem para se deixar enganar. Aquilo não passava de uma armadilha, para fazê-la mudar de idéia. Porém, no momento, Sakura não tinha condições de enfrentá-lo.

A pior parte foi contar para Mikoto, embora ela se mostrasse muito compreensiva.

_Sempre desconfiei de que havia alguma coisa errada entre vocês. Pressenti isso até mesmo em Veneza, mas acho que só vi o que eu queria. Sasuke herdou isso de mim_ Apertou à mão de Sakura_ O que aconteceu?

_É muito simples. Sasuke e eu fizemos um acordo, mas descobrir que não poderia cumprir os termos de nosso trato. Fiquei muito confusa, e a emoção não fazia parte do que combinávamos.

_Mas ele a deseja tanto!

_Sim, deseja. Da mesma maneira como a um negócio que lhe convém. Entretanto, isso não basta.

_Está querendo me dizer que o ama?

_Não é tão simples assim_ Sakura se colocou na defensiva, sabendo que Mikoto contaria toda conversar ao filho_ Como se pode amar um homem que não quer ser amado?

_Todos precisamos de amor, e Sasuke talvez mais do que os outros, porque evita isso o mais que pode.

_Sim, é verdade, e eu não posso suportar isso. Não quero passar a existência nesse conflito.

_Será que não existe nada que eu possa dizer para convencê-la a ficar?

Sakura balançou a cabeça negativamente.

_A pior parte será me afastar de você, Mikoto. Foi tão maravilhosa comigo!

_Não precisamos perder isso, minha querida. Agora que nos encontramos, prometa que manterá contato.

Sakura prometeu, e a boa mulher a abraçou, com lagrimas nos olhos.

_Quando partirá?

_Tem um vôo que sai amanhã ao meio-dia.

_Acompanharei você até o aeroporto.

Sakura passou quase a noite inteira acordada, a espera do barulho do carro de Sasuke. Como ele não chagava, ela repetia a si mesma que assim seria melhor, pois sabia que estava fraquejando.

Correia o perigo de se atirar nos braços dele, de prometer qualquer coisa só para ficar com Sasuke. E isso seria fatal. Que respeito poderia ter por ela, sabendo que Sakura era capaz de deixar a auto-estima de lado só para tê-lo?

Conseguiu dormir algumas horas e acordou com dor de cabeça.

Ela e Mikoto tomaram apenas uma xícara de café. Os ponteiros do relógio se aproximavam do momento em que deveria deixar a mansão Uchiha e Sasuke para sempre.

Foi quando se ouviu o som de cascalho do lado de fora.

_O motorista deve ter trazido o carro, oh, Etta querida, nãos e esqueça de que prometeu manter contato!

_Fique tranqüila_ Saskura disse e a abraçou. E então, sentiu a mãe de Sasuke enrijeceu e soltou um grito.

_Filho!

Sasuke estava de pé perto da porta, estava muito pálido, mas mantinha a compostura.

_Você veio!_ Mikoto estava eufórica.

_Claro, mãe. Achou que eu fosse tão mal-educado a ponto de deixar nossa convidada partir sem me despedir? Levarei Sakura até o aeroporto.

O coração de Sakura palpitava de esperança, mas se esforçou para manter a calma. E se convenceu que aquilo não passava de boas maneiras. Nada mais.

Sasuke esperava no carro enquanto Sakura se despedia de Mikoto. Quando ela se sentou ao lado dele, ainda lutava para não derrama as lágrimas. Sasuke a observou, sem, no entanto demonstrar o que estava sentindo. Então, o olhar de dele focalizou a mão de Sakura, agora sem o anel.

_Não sabia que você viria. Assim, deixei o anel com Mikoto.

Sem dizer nada Sasuke virou o carro em direção a estrada que levava a Roma. E depois de um tempo em silêncio ele disse:

_Mamãe ficou muito magoada.

_Sei disso, mas tivemos uma longa conversa, e acho que ela entendeu.

_Mas eu, não.

_Prometi manter contato com ela.

_Bom. Quer dizer que pelo menos assim terei notícias suas de vez em quando.

_Sim, pois também terei de falar com você por causa do empréstimo.

_Já falei que não tenho pressa em receber o dinheiro. Podemos parcelar...

_Não, é melhor quitar a dívida de uma vez.

_Você é uma mulher dura e teimosa demais, Sakura!

Teimosa sim, mas dura? Talvez Sasuke estivesse apenas na defensiva para poder suportar a dor da separação. Era melhor assim, pensava Sakura, porque ele agora mostrava seu lado menos amigável. Um dia, tudo acabaria passando.

No aeroporto, Sasuke ficou com Sakura até à hora do check-in, e muito educado, verificou a passagem, o passaporte e o cartão de embarque para ela.

_Já vou indo, Sasuke. Não quero tomar seu tempo. Obrigada por me trazer.

_Não tem por quê.

_Boa sorte na nova sociedade.

_O que? Ah, sim... Obrigado. Bem, preciso ir. Adeus e boa sorte_ Sasuke se despediu e se foi, sem olhar para trás.

Ao chegar no estacionamento, ligou o carro , mas desligou logo em seguida. Curvou-se sobre o volante e ficou ali parado, até que alguém bateu no vidro para saber se estava tudo bem.

_Por que me obrigou a vir até aqui para vê-lo, filho?_ Mikoto olhou ao redor, no apartamento de Sasuke, que parecia mais frio do que nunca_ faz dois dias que não dá noticias. Por que não foi me ver?

Sasuke deu um sorriso sem graça.

_Sabe que ando muito ocupado, mamma. Essa sociedade...

_Foi à mesma desculpa que deu para ela também, e veja só o que aconteceu.

Mikoto foi até a cozinha para fazer um café. Quando voltou, encontrou Sasuke sentado, com as mãos entre os joelhos, olhando para o chão. Deu mais um sorriso sem graça em agradecimento ao pegar a xícara, mas bastou uma olhada rápido para Mikoto voltar à cozinha. Em quinze minutos, trouxe para o filho um prato de macarrão.

_Quando se alimentou pela última vez?_perguntou Mikoto preocupada com o filho.

_Não sei dizer. Obrigado, mamãe_ Deu algumas garfadas e elogiou_ está gostoso.

_Ah, filho, você foi um tolo!

_Eu? Foi ela quem decidiu romper!

_Sim, e você não fez nada para impedi-la. E o resultado, qual foi? Perdi uma nora, a quem adoro. Não está certo.

_O que queria que eu fizesse? Não posso forçá-la a se casar comigo.

_Pelo menos isso você aprendeu.

_Mãe, é fácil falar, mas não pode esperar coisas sensatas de Sakura_ sorriu, sarcástico_ Ela se diz uma mulher de negócios, mas um extraterrestre tem mais noção do mercado do que Sakura. Acha que ter uma galeria é uma questão de amor aos objetos de arte, e que precisa encontrar um lar para eles!

_Ah, essa é a Sakura que eu conheço!_ Mikoto suspirou.

_Foi assim que ela quase levou o antiquário à falência. Agora, quer me pagar à vista o empréstimo que lhe fiz. Onde será que Sakura pensa arrumar o dinheiro? Não é a especialista que imagina ser.

_Sasuke, o que você entende do assunto?_perguntou Mikoto sem entender.

Sasuke se levantou e foi até o cofre. Girou o botão e abriu a porta, tirando o colar etrusco.

_Está vendo isto?Eu levei para Londres e mostrei para Sakura no dia em que a conheci. Lembra-se de como papai se orgulhava dele, de como o exibia, contando histórias da escavação onde foi encontrado? Sakura me garantiu que é falso.

_Mas, meu querido, ele é falso._Afirmou Mikoto, deixando um Sasuke sem acreditar.

_O que quer dizer? É uma peça etrusca genuína!

_Não, a original era etrusca. Mas seu pai teve dificuldades financeiras e acabou vendendo. O que tem em suas mãos é uma copia feita por um falsificador profissional. Ele era muito bom. Só Sakura. Ela sabe separar o joio do trigo.

Sasuke ficou boquiaberto.

Pela segunda vez, Sakura ergueu a caneta em dúvida.

_Parece que não existe saída_ disse e suspirou desanimada, e o Sr. Pendry, seu advogado, assentiu.

_Vender é a única solução. Seria tolice não aceitar a oferta da Allum & Jonsey’s.

_Que empresa é essa?

_Faz alguma diferença? A & J aceitou pagar a quantia que você pediu sem questionar nada, e, e como bem sabe, sempre achei que pediu caro demais. Além disso, querem que você continue a tocar o negócio. De certo modo, só sairá ganhando.

_Mas não serei mais a proprietária!

_Bem, se não quer vender, pode pedir ao Sr. Uchiha para parcelar a dívida. Posso...

_Não, obrigada_ Resignada, Sakura assinou o documento sobre a mesa de uma vez.

_Agora este aqui. É seu contrato de gerencia, com validade de seis meses_ disse o advogado.

Sakura permaneceu parada por um momento.

_Não sei... Não seria melhor parar de uma vez?_perguntou.

_Tem alguma coisa em vista?

_Na realidade, não_ tornou a assinar_ Bem, agora qual será o próximo passo?

_Você continua a tocar a galeria. Devo-lhe dizer que eles devem mandar alguém aqui, qualquer dia desses.

Sakura permaneceu acordada a noite inteira, recriminando-se por ter assinado a venda da loja. Julgava-se uma covarde. Não conseguiria encarar uma outra separação brusca num período tão Curto. Teria de se afastar aos poucos do antiquário que tanto amava.

Na manhã seguinte, Sakura perdeu o horário. Era folga da Sra. Asuka, portanto, não poderia ter se atrasado em pior momento.

À medida que corria até a galeria, cruzando os dedos, rezando para algum santo protetor dos donos de antiquários desorganizados, para que a A & J não mandasse seu representante naquele dia.

Mas soube que suas preces não foram ouvidas no instante em que chegou e encontrou as portas abertas. Estava atrasada, mais uma vez. Exatamente como antes. Se Sasuke estivesse ali, sem dúvida a recriminaria.

E foi o que aconteceu, assim que Sasuke saiu do cubículo dos fundos da galeria, e com um sorriso sarcástico nos lábios disse:

_Droga, Sakura, de novo?! Será que nunca consegue chegar na hora?!