Chegaram a casa de Tia Mary rindo das piadas bobas de Jazz. Ao entrarem, Maddy viu Tia Mary na cozinha tomando café. Ela entrou correndo e foi abraçar a tia.

- Que saudades! – exclamou Maddy.

- Oi querida! Mas Madison porque você não me avisou que voltaria?

- Eu e a Trish tivemos que voltar em cima da hora. Esse é nosso amigo Jazz! – disse Maddy.

- Olá Trish! Prazer em conhecê-lo! Sou Mary, tia da Madison. Mas você não é o dono da Casa do Jazz? – perguntou Tia Mary.

- Sou sim. Já comeu lá? – perguntou ele.

- Já. É ótima a comida! – ela sorriu.

- Que bom que gostou!

- Querida, onde está Ian? – perguntou Tia Mary.

- Terminei com ele – respondeu Madison secamente.

- Que pena... Ela era um bom rapaz! – disse Tia Mary.

- Engano seu Tia Mary! – disse Madison.

- Maddy, precisamos ir! O tempo corre! E eu to louco pra amassar algumas caras! – disse Jazz.

- Amassar algumas caras? – questionou Tia Mary olhando para Maddy.

- É só expressão, Tia Mary! Nada demais! – Madison lançou um olhar de alerta para Jazz.

- Então... Até mais! – Trish deu um abraço em Mary.

- Foi um prazer te conhecer! – disse Jazz também a abraçando.

- Igualmente! – ela sorriu – Madison se comporte!

- Vou me comportar! Já volto! – disse Maddy lhe dando um beijo na bochecha e um abraço. Encaminharam-se até porta e saíram – Madison! – gritou Tia Mary. A garota voltou na hora – eu te amo querida!

- Eu também! – respondeu Madison.

Saíram da casa e foram até a TORG. O prédio da TORG de Sunnymerce era imenso. Maior do que o prédio da sede da Irlanda. Havia um portão elétrico e cercas eletrificadas espalhadas em volta do local. Dois guardas totalmente armadas estavam em frente do portão.

- O que faremos? – perguntou Trish.

- Eu vou tentar me infiltrar pelas passagens secretas, vocês duas vão pelos túneis. Quero que vão juntas. São mais fortes juntas – disse Jazz.

- Certo. Então vamos – disse Maddy.

Jazz desapareceu de vista.

- Vamos nos preparar. Você me segue, certo? – disse Maddy.

- Certo! – respondeu Trish.

Madison e Trish entraram pela entrada de esgoto que havia ao lado da TORG. O cheiro era extremamente insuportável, mas elas precisavam agüentar firme. Trish reclamava enquanto sujava seus pés com aquela água fedorenta. Andaram por algum tempo até acharem a tampa de outra entrada – ou supostamente saída do esgoto. Maddy desejou mentalmente que não fosse a mesma pela que elas entraram. Não passaram um tempo andando em água suja para voltarem pro mesmo lugar.

Ao abrirem a tampa, Madison pos a cabeça pra fora e conferiu. Não haviam voltado para o mesmo lugar. Mas estavam num depósito de lixo. Ela observou e concluiu que era o depósito de lixo da TORG. Saiu do esgoto e Trish foi junto. Felizmente aquele depósito de lixo não fedia. Já que o lixo eram armas, espadas e objetos de espionagem.

Como ela e Trish estavam apenas com as armas 012 e 038, Maddy decidiu pegar uma espada velha. Sua lâmina ainda estava afiada, mas usada. Trish outra espada. As duas hesitaram em pegar armas de fogo, já que não sabiam o estado delas. Madison olhou para os lados e viu uma escada para cima. Era realmente muito alto o que fez concluir que eles jogavam as armas de cima.

Ela subiu na frente sem hesitar com Trish logo embaixo. Chegando logo na parte de cima, ela contou mentalmente até cinco para abrir a porta. Apanhou a espada e ficou em posição de defesa. Verificou e suspirou. Não havia ninguém ali. Era uma sala cheia de esteiras. As esteiras iam e voltavam com armas e espadas, desaparecendo num buraco na parede. Maddy observou o local e concluiu que aquela era a sala onde eles separavam as armas usadas das armas novas. As armas velhas eram paradas num canto e depois possivelmente jogadas pela escada abaixo naquele depósito de lixo.

Era chocante o modo como era tudo tão organizado. Para não causar problemas, ela e Trish não pegaram nada. Tinham duas portas no lugar. Maddy abriu uma e fechou na hora. Aquela era uma sala de fabricação de armas. Estava cheia de pessoas trabalhando em conjunto. Não admirava que a sala de fabricação de armas fosse ao lado da sala das esteiras.

Maddy abriu a outra porta com a espada na mão. Mas era apenas um corredor vazio. Para sua sorte. Trish observava tudo encantada. Ao passarem para o corredor, Maddy procurou câmeras. Não viu nenhuma então pressupôs que estivesse “limpo”. Mas estranhou não ter uma única câmera numa base terrorista.

Caminharam sorrateiramente pelo corredor. E toda vez que Maddy ou Trish pressentiam que alguém vinha ficavam em posição de defesa. Madison achou um duto de ar e entrou nele junto com Trish. Era difícil respirar ali, mas precisavam manter o ritmo. Não podiam parar agora. E Madison se sentiu orgulhosa. Mais uma vez conseguiu entrar na TORG.

Elas rastejaram sorrateiramente pelo duto procurando saídas estratégicas. Conferiram todas as saídas possíveis, mas nenhuma delas era útil. Até que chegaram numa que parecia bem útil. Na sala em que se encontrava havia Doutor Hee mexendo num computador, Peter amarrado numa cadeira. Isso fez o sangue de Madison ferver em suas veias. Emmy batendo os pés impaciente esperando alguém e Kevin estava sentado numa cadeira com o semblante extremamente cansado.

- O que faremos agora? – sussurrou Trish.

- Eu não sei. Mas ainda desconfio de uma coisa – respondeu Maddy.

- Desconfia do quê?

- Percebeu como foi fácil para nós entrarmos aqui? Como se tivessem facilitado de propósito! Nenhum único guarda nenhuma câmera... Isso está fácil demais... – sussurrou Maddy.

- Acha que... – Trish não terminou de falar.

- Tramaram para nós – completou Maddy.

- Mas não estão agindo como se tivessem feito! – disse Trish.

- Eles são enganosos, Trish! – disse Maddy.

- Agora, me conta. Estou me remoendo de curiosidade! Quem tirou sua virgindade? – perguntou Trish.

- Não acho que essa seja a melhor situação para falarmos sobre isso! – respondeu Maddy.

- Diz logo! – pediu Trish.

- Ta bem. Mas não faz showzinho, por favor! Foi o Kevin! – murmurou Madison corando.

- Eu não acredito! – sussurrou Trish que gritava por dentro – foi quando?

- Anteontem – disse Maddy.

- Uau! Você perdeu a virgindade dois dias atrás e não me disse! – reclamou Trish.

- Não tive tempo! Desculpa! – disse Maddy.

- Então me conta. Como foi?

- Definirei em uma palavra: Perfeito! Kevin é maravilhoso! – respondeu Maddy sonhando acordada.

- Que fofo! Mas volte a realidade, por favor! Não vejo a hora de ter minha vez com o Wade! Por falar no Wade, estou me matando de saudades por ele! – disse Trish.

- É mesmo! Não ligamos uma vez sequer para ele! – disse Maddy desanimada.

- Quando isso acabar vou correndo na casa dele! – disse Trish.

- Safadinha! – Maddy riu baixinho.

- Para de rir! – reclamou Trish.

De repente a porta da sala se abriu num estrondo.

- Calada! – ordenou Madison.

Dois caras enormes entraram segurando Jazz. Ele se debatia, mas de nada adiantava. Peter olhou confuso para Jazz, enquanto Emmy ria freneticamente, Kevin o fitava surpreso e Doutor Hee lhe lançou um olhar de superioridade.

- Olha só o que temos aqui – disse Emmy – o agente traidor da TORG, que em apenas um mês se mudou para o lado de bem! – ironizou.

Ele era da TORG! Deve ser por isso que ele e o Kevin se conheciam! – pensou Maddy.

- Jazz? – disse Kevin.

- Olá Jazz Miles! É uma surpresa enorme revê-lo! – disse Doutor Hee.

- Igualmente senhor Hee – respondeu Jazz.

- Diga-me, o que devo de sua presença aqui? – perguntou Hee.

- Vim livrar Peter das mãos dessa desafeminada – respondeu Jazz.

Emmy o fuzilou com os olhos.

- Quem você pensa que...

- Emmanuelle, por favor! Mostre ao nosso convidado que você é educada ao contrário dele! – disse Doutor Hee.

- Me desculpe Doutor Hee. Mas não faço a mínima questão de ser educado com Emmanuelle! – disse Jazz.

- Percebi! – disse Doutor Hee – mas, sinto te informar que você não poderá cumprir o que pretende fazer! Não posso permitir que leve Peter de volta. Ele é uma isca. E tenho certeza de que o peixe que eu queria fisgar mordeu a isca. – Jazz lançou um olhar pesaroso para Hee – o que foi Jazz? Acha que eu não saberia que se você viesse para cá não traria Madison junto? Ela deve estar muito irada com Emmy e pior, deve estar em algum corredor daqui!

- Você nunca irá pegá-la Hee! – cuspiu Jazz.

- É mesmo? – ele ironizou – é o que veremos!

- Escute aqui! Se você encostar um dedo na minha filha...

- O que você vai fazer Peter? Melhor, o que você pensa que pode fazer? – perguntou Hee.

- Seu monstro desprezível! Ela é só uma menina! Tem apenas 18 anos! – disse Peter.

- Emmanuelle também. Vamos ver qual das suas filhas é melhor. Apesar de que Emmy já levou uma surra dela – disse Hee.

Emmy fechou a cara.

- Tirem esse traidor daqui! – ordenou Doutor Hee.

Os dois caras saíram rastejando Jazz dali.

- Emmanuelle procure Madison, e leve ajuda para o caso dela estar com aquela amiguinha filha do Odone! – ordenou Hee.

Mas não foi preciso! Antes mesmo que Emmanuelle pudesse se mexer o duto cedeu de uma vez derrubando Madison e Trish no chão de uma vez. Uma poeira enorme subiu invadindo a sala enquanto Maddy e Trish tossiam olhando para os lados e observando cada indivíduo daquela sala as olharem com curiosidade.

- Eu devia ter sacado que aquilo não ia agüentar o nosso peso! – disse Madison.

Doutor Hee e Emmanuelle gargalhou. Até Kevin não agüentou e deu uma risadinha.

- Olhem só quem resolveu aparecer e poupar nosso trabalho! – cantarolou Hee.

Maddy e Trish se levantaram e fitaram todos.

- Acho que engoli pó! – reclamou Trish.

- Depois Trish, depois! Não acho que essa seja a hora certa para reclamarmos sobre esse pequeno incidente! – disse Maddy.

- Madison! – disse Peter.

- Pai! – murmurou ela.

- Que lindo! Mas parem com isso, por favor! – disse Doutor Hee.

- Não tenho culpa se você não tem extinto fraterno ou paterno. – disse Maddy.

Doutor Hee lançou um olhar de alerta para Madison.

- Peguem elas! – mandou.

A ordem era clara e objetiva. Tinha sido dada a Emmanuelle e Kevin.

Os dois se aproximaram de Maddy e Trish. Emmy foi diretamente para Trish. Enquanto Madison lançava um olhar de dúvida para Kevin. Mas não. Ele não hesitou realmente a atacou. Os dois começaram a lutar pouco frenético. Kevin segurou o braço de Maddy por trás.

- Escolha agora: lealdade ao seu chefe, ou a garota que você ama! – disse Madison.

- Não posso decidir agora! Amo você, mas Hee é como um pai pra mim – respondeu ele.

- Eu sei Kevin, mas pense só! Ele não é uma flor que se cheire! – disse Madison.

Kevin a virou e a prendeu de frente.

- Não me provoque Madison!

- Acho que já tenho intimidade suficiente com você para tentar fazer você cair na real! – respondeu ela.

Kevin revirou os olhos.

- Onde a levo Doutor Hee? – perguntou se virando com Maddy presa.

- Espera! – disse Emmy.

Trish estava caída e debatida no chão.

- O que foi? – perguntou Kevin.

- Eu cuido da minha querida irmãzinha! Fique com a filha do Odone aqui! Posso Doutor Hee? – ela lançou um olhar para Hee como se fosse um pedido.

- Claro Emmy! Leve-a. E tente fazê-la prometer, por favor! Te dou uma hora! – respondeu Doutor Hee. – Por favor, Hank venha até aqui e traga o soro para doparmos uma fera!

- Não façam nada com ela! – disse Peter – Kevin faça alguma coisa!

- Sinto muito, Peter! – disse ele – Maddy, não posso me denunciar. Mas também não posso te salvar, vou precisar ficar aqui junto de Trish! – sussurrou Kevin pra Maddy.

- Proteja-a! – pediu Maddy.

Um homem entrou na sala e injetou uma seringa na veia do braço direito de Maddy. Rapidamente ela sentiu uma moleza no corpo quase caindo no chão. Kevin a segurou e a colocou no chão gentilmente.

- Madison! – gritou Peter.

- Silêncio, pai! Por favor! – pediu Emmy. – hora de ir maninha.

O mesmo homem da seringa pegou Maddy e a dependurou no ombro. A visão dela ficava tonta e embaçada enquanto seu pai gritava. Kevin e Trish a olhavam apreensivos. Trish queria gritar, mas não tinha força suficiente para isso, já Kevin não podia se revelar traidor naquele momento.

Madison ficou incrivelmente consciente até o momento em que era levada até uma sala escura com Emmy bem atrás. Ela faria de tudo para tentar salvar seu pai e agora sua amiga. Mas também precisava salvar a si mesma.

Que Deus me proteja! – pensou ela.