Melissa deitou-se na cama macia e fechou os olhos pensando. Mas que reviravolta no seu dia. Ela, que já tinha gastado todos os seus dólares comprando comida, havia decidido caminhar pelo bosque, e lá encontrou tão bom rapaz. Então lembrou-se que nem ao menos sabia seu nome.

            -Precisa de algo, senhorita? –Perguntou-lhe pela décima vez a senhora que lhe acolhera. A mulher tinha cabelos grisalhos e parecia se dar bem com o jovem que a levou até lá. A senhora falava com um forte sotaque e algumas coisas não sabia dizer em inglês.

            -Preciso que pare de me chamar de senhorita, senhora Soano. –Respondeu, com ar de brincadeira a moça. Cameron Soano, a senhora, riu e a deixou dormir.

            Enquanto dormia, Melissa sonhou com o casal de jovens que levara a expedição turística para Volterra. Ela não os vira de perto, só de longe, do final do grupo, onde ela estava. Lembrava-se melhor da mulher, porque essa teria lhe causado um medo que não reconhecia. O rosto de seu acompanhante veio a sua mente aos poucos, até que o reconhecimento tomou conta de seu corpo. Acordou assustada, sem saber o que fazer.

            No dia seguinte, Melissa levantou-se temerosa, não sabia o que falaria com o jovem, ela não sabia nem memo se ele voltaria! Mas em Volterra, Alec não parava de pensar na jovem que encontrara na tarde anterior.

            -Irmão, está tão distraído. –Comentou Jane, sua irmã, mas ele não lhe deu ouvidos, apenas checou se Aro precisaria dele e saiu da cidade, à caminho de Montaione.

            Quem poderia imaginar que tão bela garota teria pensamentos tão exatos porém tão imaginativos? Desde que ficara sozinha na Itália, pensara ter sido abandonada ali, e que o restante dos turistas que estava acompanhando haviam voltado para casa. Será? Começou a especular, “Por que ele não me explicou a história toda?” pensava sem parar. Melissa estava sozinha na pequena casa, Cameron tinha ido ao mercado ou algo do tipo.

            Do lado de fora, Alec hesitava à frente da porta. Decidiu por bater. Segundos depois, Melissa, com os cachos dourados presos em um rabo de cavalo e os olhos verde-mar brilhando, abriu a porta e sorriu, ao ver de quem se tratava. Dessa vez, Alec lembrara de colocar lentes de contato.

            -Ei, você voltou! –Comentou ela, com pura satisfação. Decidida a conseguir respostas, mandou o rapaz entrar.

            Os dois sentaram-se no minúsculo sofá de dois lugares, ambos sem falar nada. O vento soprava a cortina de renda, e entrava na casa pela janela aberta.

            -Onde estão os outros? –A pergunta de Melissa fez Alec errijecer. O que ele diria? A verdade certamente não seria. A menina esperava paciente a resposta.

            -Eu não sei.

            -Mas você estava lá. –Ela pressionou.

            -Eu fui mandado em outra tarefa assim que chegamos lá. Quando voltei, Darice disse que já haviam ido. – Certo. Ele estava mentindo, mas se sentia culpado. Ora! Um vampiro se sentindo culpado?! Alec não sabia o que fazer. Melissa ficou entre acreditar e colocá-lo para fora no mesmo instante. Mas se ele não dizia a verdade, qual seria ela?

            Durante alguns minutos o silêncio tomou conta do cômodo, até que a senhora chegou cheia de compras. Dizendo que já era tarde, o jovem se levantou do sofá e despediu-se das mulheres. Na porta, Melissa perguntou.

            -Qual o seu nome?

            -Alec. –Respondeu ele, simplesmente. Os dois sorriram e ele mergulhou para a rua escura...

            Alec agora estava sentado em sua cama, pensando em que deveria fazer, ficar longe de Melissa ou contar-lhe a verdade. Porém, sabia que contar á garota teria uma consequência... Morte ou imortalidade á doce menina. ‘Tolo’ ele pensava sobre si mesmo. Há extamente quatro anos tinha visto uma cena que não parava de rodar em sua mente. Uma cena que na época, era idiota, sem um porquê e principalmente, tolice. Ele vira um outro vampiro, escolher a morte à destuir a humana por quem era apaixonado. E ela dava a vida por aquele vampiro.

            -Ah, droga. –Murmurou ao escutar a voz tão conhecida vindo do outro lado da grossa porta de madeira. Era Félix, dizendo que Aro o chamava na câmara fria. Bem, não tão fria quanto ele, mas deu para entender.

            -Sim, mestre? –Chamou Alec. Aro, vendo o jovem se aproximar, exclamou:

            -Alec! Meu caro, não o vejo a algum tempo! Por onde esteve?

            -Em meus aposentos, senhor.

            Aro não se contentou com a resposta, ele sabia que Alec fora para Montaione. Como ele sabia? Demetri o havia seguido. No entanto, o vampiro de cabelos negros e compridos mandou que Alec se retirasse, mas não sem antes uma breve olhada em seus devaneios. Com o mais curto dos toques, os pensamentos do rapaz passaram à mente do ancião dos vampiros.

            -Melissa! Que garota adorável! –Exclamou Aro. Alec nada disse, apenas se retirou, tentando em vão prever o que viria a seguir. Definitivamente ele não sabia.

            Melissa cantarolava pela casa uma suave canção, enquanto a Sra. Soano cozinhava algo extremamente apetitoso na cozinha minuscula. As batidas na porta não assustaram a garota, e sim a pessoa que estava diante dela ao abri-la.

            -Pois não? –Perguntou Melissa à jovem de cabelos claros e pele pálida. Ela era pequena, parecia frágil. No entanto, seu olhar era cruel e sua boca se retorcia em uma careta.

            -Melissa Grace? –Perguntou a garota. Melissa assentiu sem entender, não conhecia ninguém na cidade. Mas alguém á conhecia. –Prazer, sou Jane Volturi.