Samantha Roberts - O Livro de Sócrates escrita por Duda Chase


Capítulo 19
Meu irmão muito, muito mais velho.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem. Finalmente a revelação de nosso vilão.



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  - Como assim recuar? Chegamos até aqui, Sam. Não vamos voltar ao acampamento! – Nick gritava comigo indignado.
     Levantei-me. Não conseguia acreditar. Havíamos passado por tanto, sofremos dores físicas e emocionais, como Senhor Zeus dissera-nos que iriamos sofrer. Atravessamos o país inteiro para absolutamente nada. Mas não podíamos perder Nick. Iriamos voltar.
     Pus minhas mãos em seus ombros. Eu tentava não olhar direto em seus olhos.
     - Olhe, Sam. Sei que está sendo difícil. Missões são assim. Nós vamos conseguir. – Ele tentou me animar.
     Olhei para seu rosto, respirei fundo e tentei me acalmar.
     - Não podemos, Nick. Desculpa. Não irei correr esse risco. – falei.
     - Que risco? Você está amarelando! Me diga qual é esse risco.
     - Você vai morrer idiota! Vai morrer se subirmos até o pico! Morrer.
     Nick havia perdido o chão. Não sei por que, mas eu o abracei e comecei a chorar. Acho que eu estava passando por muita coisa naquele momento. Eu havia me distanciado de meu pai, um monte de pessoas diz que eu vou ajudar o acampamento ou só complicar as coisas. , meu tornozelo ainda doía e nem precisava falar do meu braço. E agora meu meio-irmão paranoico iria matar Nick, um de meus poucos amigos a quem me apeguei muito.
     E que saber? Se eu não tivesse pedido para mim mãe para eu ser reclamada ela não me daria essa missão. A culpa é toda minha.
     Ele me deu um beijo na testa e levantou meu rosto.
     - Escute, Sam. Começamos isso aqui juntos e vamos, sim, terminar isto juntos. Não importa o que aconteça. – Ele olhou para Jenny e ela se levantou. – Prefiro morrer lutando com vocês a voltar ao acampamento sabendo que eu poderia fazer algo. Sam, você vai lutar ao meu lado?
     Não tive como não ficar alegre ao ouvir estas palavras. Assenti.
     - Vamos. – Jenny disse.

     Fomos subindo a montanha cada vez mais. O clima já foi melhor entre nós. Jenny e eu chorosas e Nick tentando levantar a gente e dando uma de machão. Que idiota. Ele ia morrer! Eu que não iria pegar o livro, não se fosse para ver Nick morto. Afinal, era isso que a profecia dizia. A viagem iria ser em vão, isso se todos estivessem bem. Sem essa de mudar ou futuro ou outras interpretações. Estava mais que claro.
     Chagamos ao topo do Monte Tam. Andamos muito até achar a caverna. Não entramos. Estávamos em um tipo espaço de área aberta, em céu-aberto. Havia algumas plantas e tal, mas o lugar era um espaço redondo com terra e a caverna logo atrás.
     Iriamos entrar, quando duas figuras saíram da caverna. Eram enormes, gordos e humanoides, usavam uma tanga, cabelo que parecia palha, seguravam um tipo de bastão ou porrete e tinham um olho no meio. Ciclopes.
     - Sofía! – Eu gritei para minha espada reaparecer em minhas mãos.
     Antes que eu pudesse partir para o ataque, Nick me conteve. Ele estava vermelho, suas mãos tremiam. Seus olhos não continham mais aquela doçura de sempre, continham a mais pura raiva que eu já vi.
     Um dos ciclopes deu um grande e barulhento à frente.
     - Ora ora, Johnson. Há quanto tempo, não? – Um deles perguntou. Conclui que esse era Polifemo.
     - Cale a boca seu verme! Eu vou te matar, desgraçado. Você pagar pelo que fez com minha irmã! – Nick fez seu tridente aumentar ao seu tamanho natural.
     - Calma, Nick. Não podemos fazer nada sem pensar! – Me virei para o segundo ciclope. – E quem é você?
     - Não está claro? Sou Brontes e vou te matar. – Ele me disse.
     Eu estava com vontade de mata-lo, mas algo me impediu. Uma rachadura se abriu no chão em minha frente. Um poderoso terremoto começou, não consegui ficar em pé. Pude ver que os ciclopes e Jenny também estavam caídos, menos Nick. Era ele que estava fazendo aquilo? Ok, Poseidon também é deus dos terremotos. Mas aquilo era muito impressionante. Com um grito de batalha, Nick foi em direção à Polifemo.
    
     Nick correu e deu um pulo. Ele desceu o tridente para acertar Polifemo de uma vez, mas ele conseguiu rolar para o lado e se levantar. O terremoto continuava violentamente. Brontes também se levantou e ergueu o bastão. Ao ver quer ele não conseguiria lutar com os dois ao mesmo tempo, Nick cessou o terremoto.
     Ajudei Jenny a se levantar e fomos para a luta também. Para o bem de minha integridade física, deixei Polifemo com Nick. Ele merecia vingar sua irmã, e eu também queria que ele fizesse isso. Não sei por que, mas depois de eu ficar no quarto de Susana e lido seu diário eu me sentia bastante conectada com ela. Eu sentia tanta raiva de Polifemo quanto Jenny e Nick.
     Jenny preparou seu arco e eu minha espada. Investi primeiro contra Brontes. Levei minha espada em direção ao seu joelho, mas ele interceptou o ataque com o bastão. Ele tentou acertar minha cabeça e eu me abaixei. Olhei para a luta de Nick. Ela investia com disparos de raio e com os dentes do próprio tridente.
    - Nick! Ele é quase cego! Use isso contra ele. – Eu o aconselhei.
    Ele assentiu e bolou sua própria estratégia, que eu não iria ver porque eu ainda lutava contra Brontes. Olhei para trás por que havia mandado para eu me abaixar. Ela tinha uma flecha flamejante no arco. Abaixei-me e Jenny disparou contra Brontes. A flecha acertou sua tanga, que começou a pegar fogo. Brontes desesperadamente tentava apagar o fogo. Nick estava sendo esperto. Ele se locomovia rapidamente para que Polifemo quase não o visse. Polifemo viu que estava perdendo, então começou a apelar pelo lado fraco de Nick: Susana.
     - Sabe, Johnson. Sua irmã deu um ótimo jantar para mim. Tinha gosto bom. – Ele começou a provoca-lo.
    - Nick, não o escute! – Eu gritei para ele.
     - Vocês duas, atrás de mim. Agora! – Ele mandou.
     Bloqueei mais um golpes de Brontes com minha espada e fui fazer o que ele disse. Enquanto corria, Jenny também mandava flechas contra Brontes. Ela acertou todas, como sempre, mas uma que o atingiu na barriga pareceu ter doido mais. Brontes ficou ocupado tirando flechas de seu corpo.
     - Ei, olha o Ninguém ali! – Eu disse e corri para trás do Nick junto com a Jenny.
     - Ninguém? Eu vou mata-lo! – Polifemo ficou confuso.
     - Pro chão! – Nick nos mandou.
     Não hesitei e me deitei de barriga para baixo no chão. Jenny fez o mesmo.
    O chão começou a tremer muito. Com o pouco que eu consegui olhar para cima, consegui ver milhares e milhares de litros de água avançando em direção à Polifemo. A agua ficou rodando em sua volta, e depois com um jato super potente acertou Polifemo. Ele cambaleou para trás e cuspiu litros d’agua.
     - Vai ao Tártaro, infeliz! – Nick disse e correu em direção à Polifemo. – Por Susana!
     Nick deu um pulo e chutou a barriga de Polifemo, que cambaleou mais para trás ainda. Polifemo tentou acertar Nick com o braço, mas Nick desviou girando o corpo e acertou o tridente na lateral do corpo dele. Polifemo deu mais passos para trás e Nick o empurrou, o fazendo cair do desfiladeiro.
     Nick caiu por terra neste mesmo instante. Suas forças se esgotaram por completo. Nem sabia se ele teria força para se levantar. Mas antes que ele tentasse algo, Brontes tentou o acertar com o bastão. Nick defendeu erguendo o tridente na horizontal. Brontes o pegou pela gola da camisa e lhe deu um soco no rosto. Nick ficou desacordado na mesma hora. Brontes o jogou no desfiladeiro também, mas pelo barulho pude saber que ele só caiu em outro plano da montanha.
     - Nicholas! – Jenny e eu gritamos.
     Sabe aquele lance que minha mãe havia falado que eu tenho sua benção eterna? Bom, eu comecei a sentir essa benção bem naquele momento. Por um momento todas minhas dores desapareceram, fui carregada com uma nova energia divina e só pensava em uma coisa: matar Brontes por ele ter feito isso com meu amigo.
     Olhei para Jenny e ela entendeu o recado: ‘ Eu cuido dele. Você vá ajudar Nick. ‘ Jenny correu para o outro lado da montanha, que tinha um caminho para descer para onde Nick estava.
     Segurei minha espada com força e fui à direção de Brontes, que ria vitorioso.Ele me olhou com aquele olho horroroso e se preparou para a luta. Ele investiu com o bastão e eu desviei com um movimento meio matrix que eu nunca faria voluntariamente. Girei o corpo e lhe fiz um corte na batata da perna.
     - Você vai pagar! – Eu disse.
     - Nem que você me mate ainda você vai morrer pelas mãos de nosso senhor.
     A luta seguia. Espada contra bastão. Semideusa inexperiente contra um dos ciclopes antigos. Mas eu me sentia melhor do que nunca, apesar do medo. Sentia minha força multiplicada por mil, todavia se eu não pensasse em algo para fazer eu iria perder aquilo. Não podia medir forças com ele por muito mais tempo. E se a benção a acabasse? Eu não poderia contar com ela por muito tempo. Olhei para desfiladeiro. E se eu conseguisse ....

     Ele desceu o bastão em minha direção. Dei um passo para o lado e cravei minha espada em seu bastão, o atravessando. Minha espada atravessara o bastão bem no meio, ficando presa, então eu puxei minha espada em arranquei o bastão de sua mão.
     Ele gritou enfurecido e tentou me acertar com as mãos. Fui tentando o deixar nervoso com palavras, caretas, qualquer coisa. Fui o atraindo cada vez mais para o desfiladeiro. Agora estávamos a uns dois metros da ponta.
     Ousei olhar para baixo e também vi Jenny desesperadamente cuidando de Nick. Mas um pouco a frente deles não havia mais chão, já era o desfiladeiro. Nick deu muita sorte por ter caído ali. O problema era que com isso eu me distrair. Brontes me deu um tapa eu caí no chão.
     Brontes estava de costas para o desfiladeiro e eu estava mais segura. Aproveitei isso. Não sei como eu havia feito isso com Nick, mas eu tentei entrar nas funções motoras dele. Concentrei-me muito e consegui sentir seu corpo. Fiz ele se dar um soco e uns três passos forçados para trás. Com um grito, o ciclope caiu e desapareceu lá embaixo.
     Corri para a ponta do desfiladeiro para falar com Jenny. Ela ainda tentava fazer Nick acordar, recitava palavras em grego e limpava sua grande ferida na cabeça.
     - Jenny!
     Ela parou com o ritual e olhou para mim.
    - Não se preocupe, vai ficar tudo bem. Esta esperando o que? Vá pegar o livro. Ou quer que o esforço de Nick seja em vão?
     Ela sabe mesmo me convencer. Corri em direção à caverna.

     A caverna era bem escura. Realmente estava em ruínas. Eu via estátuas quebradas, resquícios de mapas e fogueiras. Uma coisa que me chamava atenção eram ruídos de esforço físico. Fui ver o que eram. Só que antes algo me impediu.
    - Não é Atlas quem você procura cara irmãzinha. – Uma voz falou logo atrás.
    Virei-me e vi um homem alto, vestindo uma toga grega. Ele tinha seus cabelos grisalhos e aparentava ter seus cinquenta anos. Ele falava com um pouco sotaque de estrangeiro. Em uma mão ele trazia uma espada, quase tão bonita quanto a minha, e na outra mão uma caixa dourada. Não sei quem ele era, mas eu saí correndo para fora da caverna.
    Ok, sei que esse não foi o meu ato mais corajoso. Mas você tem algum irmão louco que quer te matar e a seus amigos também e que sua própria mãe te alertou que ele podia o fazer? Não, não é? Então, acho que você deveria fazer o mesmo.
     Eu corri para fora, mas ele só foi andando lentamente em minha direção rindo alegre com meu desespero. Com esse tempo eu podia pensar no que fazer, isso se eu soubesse algo sobre ele.
    Meu irmão chegou. Ele colocou a caixa no chão. Pude ver que ela estava bem trancada e provavelmente o Livro de Sócrates estava lá. Ele andou em minha direção.
     - Ah, querida irmã, é realmente uma pena mata-la.
     - O que eu fiz para você? Quem é você? – Eu perguntei.
     - Quem sou eu? Ora, quem sou eu? Você, com certeza, já ouviu falar de mim.  Sou um dos maiores filósofos gregos. Filho de Sophroniscus e Palas Atena. Prazer, meu nome é Sócrates.


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