Samantha Roberts - O Livro de Sócrates escrita por Duda Chase


Capítulo 17
Descubro quem é o vilão, quase isso.


Notas iniciais do capítulo

Desculpem-me a demora : )



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Eu fiquei meio desconfortável até conseguirmos terminar a viagem. Jenny tentava puxar assunto comigo, mas eu não conseguia falar com ela.  Nick me pressionava para eu contar com que sonhei. Ele não entende que eu não vou, não quero e não tenho que contar isso a ele? Bom, como eu disse, foi uma longa viagem.
     O ônibus chegou a São Francisco por volta de oito da noite. Depois de doze horas de viajem é óbvio que queríamos mais do que tudo descansar. Afinal, só poderíamos passar pelas Hespérides ao pôr-do-sol. Teríamos de esperar até amanhã.
      Fomos juntos até um ponto de táxi no final da rodoviária. Ah, como eu estava cansada! Não aguentava mais andar. Entramos no primeiro táxi que encontramos.
     - Onde querem ir? - O taxista nos perguntou.
     Peguei o endereço do hotel em que Ártemis nos hospedou dentro de minha mochila.
     - Hm ... Hotel The Opal. - Eu disse.
     - Ok, chegamos lá em vinte e cinco minutos. - O taxista anunciou.
     Mais vinte e cinco minutos? Eu mal conseguia ficar com os olhos abertos. Deitei no ombro de Nick e nem me lembro de ter apagado. Sei que acordei com Nick me cutucando e falando-me que havíamos chegado.
     Como antes, era Nick que se passou por maior de idade e fez o check-in.  Jenny ficou me encarando no saguão do hotel. Ela era minha melhor amiga, ela sabia que eu escondia algo dela. Eu queria contar, juro. Mas não seria muito inteligente em falar '' Oi Jenny. Sabe, eu sonhei com aquele dia que eu sempre quis esquecer. E eu só contei isso a você, então como é que o nosso inimigo sabe disso e fica me atormentando? Você é algum tipo de espiã ou gênero? .'' Não seria muito legal.
     Chegamos aos nossos respectivos quartos: 1210 e 1212.  Nick nos deu um abraço e deve ter caído em sua cama logo depois. Entramos em nossos quartos.  Joguei minhas coisas em uma cama e me sentei com tudo, Jenny já entrou direto no chuveiro.
     Não tinha nada para fazer, então fui para a varanda do quarto. Fiquei sentindo a brisa da Califórnia bater em meus rostos e olhando para o céu. Eu gostava muito de ver as estrelas. Não dava para vê-las muito bem em Nova Iorque, mas meu pai se deu ao trabalho de ensina-las para mim. A primeira que ele me ensinou a reconhecer foi Hércules, acho que por isso era minha favorita. Ah, papai. Eu estava morrendo de saudades dele. Pena que eu não podia fazer um mensagem de Íris de noite, pois naquele momento eu queria muito falar com ele.
     - Você gosta mesmo de ver as estrelas, não é? - Jenny apareceu atrás de mim. Fiquei em silêncio. - Bom, chegamos à reta final da missão. Agora teremos de ir ao Monte Tam, sobreviver e pegar o livro. Além disso, temos que dar nosso máximo para nenhum dos três ficar lá.  Será que vale a pena?
     - Uma vida sem desafios não vale a pena ser vivida. - Eu disse.
     - Profundo demais até para você. Quem falou isso?
     - Sócrates. - Eu respondi.  - Hm... sei lá. Acho que tem a ver com nossa missão.
     Tornei a olhar as estrelas. É que eu havia me lembrado de outra frase de Sócrates: O amigo deve ser como o dinheiro, cujo valor já conhecemos antes de termos necessidade dele. Ninguém sequer imagina o valor que a amizade de Jenny tem para mim. E agora eu estava me distanciando dela cada vez mais.
     - Pensando em quê? Em seu pai? Por que está com essa cara?  - Ela me perguntou.
     - Nada, Jenny. Eu vou me deitar agora.
     Ela me pegou pelo braço e me obrigou a sentar numa cadeira que havia na varanda.
     - O que foi que eu fiz? Por que você está fazendo isso comigo? Você agora fica me dando patada, não me responde e nem fala mais comigo. Foi porque eu fiquei te enchendo no baile? Então me desculpa Sam, é que...
     - Para quem você contou sobre aquele dia no sétimo ano? Só você sabia! Então, por que não guardou segredo?  - Eu perguntei. Fui bem direta eu acho.
     - É ... eu não contei para ninguém, Sam! Sinto-me insultada!
     - Você mente tão mal quanto eu.  - Observei.  Cruzei meus braços, como faço quando geralmente fico nervosa.
     - Olhe, Sam. Eu posso ter contado sem querer para o Victor. Mas ele é meu namorado, poxa! Não guardo segredos com ele e nem com você.
     - Não? -  Levantei uma sobrancelha. - Por acaso você antes me contou que era uma semideusa ou que eu era uma semideusa, como você já sabia. Você até me escondeu que namorava Victor!
     - Fiz isso para o seu bem! Se eu contasse quem era Victor você procuraria até o fim saber quer ele era. Era capaz de saber para qual acampamento ele ia aos verões. E você queria o quê? Queria que eu falasse:  Sam, meu pai é Apolo! Ah, e você também é uma semideusa. Agora pule de alegria, pois agora que você sabe disso, os monstros irão correndo do Tártaro para tentar de matar! .
     - Que seja! Você não podia contar ao Victor! Agora como vamos saber se ele é algum tipo de espião? Ou pior, como vamos saber se você não é?
     - Não acuse meu namorado de nada, Samantha! Ele passa vinte e quatro horas por dia comigo e eu sei que ele não faria isso com o acampamento. É a casa dele! Além do mais, como, pelo simples fato de eu ter comentado com Victor, ele poderia ser um espião?
     - Eu não disse especificamente que ele é um espião, além disso, você também poderia ser uma. É que ... olhe, eu sonhei com aquele dia no sétimo ano. Eu, nem que seja por pouco tempo, consegui tirar aquilo de minha cabeça. Mas agora aquela ocasião volta sem motivos para minha memória. E você sabe o quanto isso me perturba. É como se nosso inimigo soubesse jogar sal bem na minha ferida mais aberta, não? Jenny, eu garanto que você era a única em todo o planeta que sabia do ocorrido.
     - Você, que se diz minha melhor amiga, está desconfiada de mim?
     - Eu nunca em sã consciência duvidaria de você, Jenny. Só estou juntando os fatos. Muitas coisas que aconteceram nessa missão me levaram a pensar nessa possibilidade. E eu neguei até o fim. Você sabe que...
     - Então você não confia em mim. - Ela concluiu.
     - Ei, foi você que me perguntou o que aconteceu! Eu estava muito bem com isso só para mim. Olhe, estou sendo franca contigo.
     - Mas eu não preciso de sua franqueza, Samantha. Agora quem quer deitar sou eu. Até amanhã. - Ela foi em direção à sua cama.
     - Jenny! Volta aqui! Temos que conversar. - Eu fui correndo atrás dela.
     Ela fez aquele gesto  '' Fale com a minha mão.'' , se jogou na cama e pôs o travesseiro na cara. Fiz cosquinha no pé dela, como eu sei que ela tem. Ela me de um chute e ameaçou a dar outro.
     - Cai fora! - Ela disse para mim.
     - Você começou essa conversa e agora vamos terminar.-  Falei.
     - Você sonhou com aquele dia se lá por quê. Agora você me acusa de ser uma espiã e fala que eu não sei guardar segredo! Terminei a conversa aqui. Na verdade, terminei com você aqui.
     Terminou comigo? Isso parece mais coisa de namorados. Mas quer saber? Eu estou tentando falar com ela e ela nem quer mais saber de mim. Quem não quer agora sou eu. Eu nunca disse que ela era uma espiã. E também eu não queria magoa-la, não mesmo. Ela é minha melhor amiga, então quando ela está mal eu fico ainda pior.
     - Boa noite, Jenny. Te acordo amanhã cedo. - Eu disse.
     Eu nem quis ligar a TV. Vesti meu moletom e me deitei.

Eu meu sonho eu estava no meio de uma multidão. Na verdade, eram turistas. Pude notar que eles falavam as mais variadas línguas e tinham câmeras fotográficas em suas mãos. Era um dia ensolarado e eles pareciam bem entusiasmados. Assustei-me quando um deles vinha minha direção, como se nem percebesse minha presença, e me atravessou. Tentei tocar em várias coisas, de nada adiantava. Eu não era sólida. Eu não estava ali.
     Tentei descobri onde eu estava. Corri para uma extremidade do lugar em que eu me encontrava. Olhei para baixo e vi que era um tipo de colina montanhosa, com uma área verde mais em baixo. Olhei para trás e perdi meu ar por completo. Eu estava na acrópole mais famosa de todo o planeta! Não acredito, não acredito! Vi o Partenon logo acima. Fui andando e subi as escadas até chegar nele. Mentira. Eu escalei as escadas e fui voando para o Partenon gritando:  '' Deuses! Eu estou em Athenas! O Partenon é lindo! Saiam da frente, mortais. ''
     Fiquei passando a mão pelas colunas. Eu parecia uma criança numa doçaria. Passei pelas colunas e fiquei louca lá dentro. Fiquei vendo cada detalhe, cada pedra, cada ângulo, cada tudo. Havia anos que eu planejava uma viajem para a Grécia com meu pai. Anos.
     De repente, todo barulho se cessou. Todas as pessoas sumiram e eu só ouvia meus próprios passos. Dei uma olhada lá fora e percebi que toda a cidade estava parada. Voltei para dentro do Partenon.
     - Que raios aconteceu aqui? -  Perguntei para mim mesma.
     - Estamos em outro nível de sua consciência. - Alguém falou logo atrás.
     Virei-me e vi minha mãe. Ela vestia um vestido branco e usava um colar com pingente de coruja, acho que igual ao meu. Ela tinha uma aura prateada em seu corpo. Estava no tamanho natural
     - OIá, minha filha. - Ela disse.
     - Han ... oi, mãe. O que a senhora está fazendo aqui? Ou melhor, o que eu estou fazendo aqui?  - Perguntei.
     - Se você quiser que eu te acorde e que eu faça com que eu pare de fazer você sonhar com isso é só me falar que eu ...
     - Não, não! Estou muito feliz, não precisa me acordar.
     - Ótimo. - Atena riu. - Preciso falar com você, Sam. Muitíssimo importante.
     Não sei por que mais eu amo quando minha mãe me chama de Sam. Só os meus amigos mais próximos e papai me chamam assim. Então, sei lá, é legal ter uma mãe perto de você. Passei metade da adolescência sem uma mãe para discutir. Pode?
     - Vim falar com você para te alertar do perigo que você irá passar daqui para frente. - Ela continuou.
    - Estou ciente de tudo, mãe. - Eu tentei acalma-la. - Estou com Nick e Jenny. Nada de muito ruim pode acontecer, eu acho. Como eu disse, estou com Nick e Jenny.
     - Não, filha. Você não entende mesmo. Seu inimigo é mais do que um guardião do livro. Eu não esperava por isso mesmo. Como eu não previ isso? Sou a deusa da sabedoria mais burra de todas!  - Mamãe começou a andar de um lado para o outro.
     - Mãe, o que houve?
     - Eu procriei um monstro! Como pode ser possível? Sam, você tem que tomar muito cuidado. Ele é mais inteligente até que você.
     Isso foi um elogio? Deve ter sido. Atena se demonstrava muito preocupada, surpresa e magoada.
     - Mãe, com quem estamos lidando?-  Perguntei calma e seriamente.
     - Com seu irmão mais velho. Uma mente muito brilhante. Uma pessoa para quem fiz questão de mostrar como usar seus poderes de um jeito extraordinário.
      - Mãe! Sem introdução e a sua biografia. Quem é ele?
     - Desculpe-me, querida. Tome cuidado, pois seu irmão é S....

 Acordei meio desorientada. Nick e Jenny me encaravam preocupados. Depois de eu me sentar na cama eles se acalmaram.
     - Sam, sua louca!-  Jenny me deu um tapa na cabeça.
    - Ai! O que eu fiz? Vocês não fazem ideia do que minha mãe iria me falar. Por que me acordaram?
     - Por que pensávamos que você estava em coma! - Nick gritou comigo.-  Sam, estamos tentando te acordar desde o meio-dia.
      Meio dia? Eu sempre acordo, sem despertador, sete da manhã. Nem mesmo essa viagem de doze horas poderia me cansar tanto. Geralmente quando viajo nem tenho essa fadiga como os outros.
     - Quer horas são? - Perguntei coçando os olhos.
     - Duas e meia da tarde. - Jenny disse. - Você estava resmungando muito enquanto dormia. Estava suando e tremendo. Fiquei ... quer dizer, ficamos preocupados.
     - Vai me contar com que sonhou ou vai ficar de segredinho de novo?  - Nick perguntou.
     Tentei contar a eles todo o meu sonho. Tá ok, eu pulei a parte em que eu fiquei pulando como uma doida, mas o resto eu contei.
     Eles ficaram... diferentes. Meio nervosos, com medo, confiantes, depois tristes, pensaram e desistir e depois eu os animei. Foi uma bela confusão de sentimentos.
    

Depois de eu almoçar, começamos a nos preparar. Agora iriamos enfrentar meu irmão mais velho malvado, seja lá quem for. Antes disso iriamos passar por Ladon.
     Estávamos na porta do hotel. Olhei para o sol, demoraria uma hora e meia até ele se por.
     - Prontas? - Nick perguntou.
     Olhei para eles dois. Eu estava indo buscar um livro e descobrir quem é esse meu irmão, que até minha mãe julga ser muito difícil derrota-lo. Mas eu estava com meus amigos, nada mais importa. Eu estava mais que pronta.


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