Thalia Grace

E ali estava eu. Thalia Grace.

No meio de um acampamento de verão para adolescentes e crianças.

Ele era todo dividido.

Entre a área “Camp Rock” e a ares “Smurf”

Presumi que Camp Rock – mesmo o filme sendo uma porra – seria melhor que a área dos Smurfs. Então segui pelo segundo caminho de pedra.

A área dos adolescentes.

Tinha de tudo ali, desde uma quadra de vôlei para enormes salas de musica repletas por guitarras, baterias e baixos.

Tinha que admitir que algumas partes do acampamento não são insuportáveis.

–Bom Dia! Eu sou a Joen e serei a monitora de vocês este verão! – disse uma loira sorridente de uns 25 anos. Era magra, estatura media, e com um sorriso “daqueles” que mostram todos os dentes.

Se eu não estivesse um porre, teria gostado dela.

Pena que não foi esse o caso.

–Ah que ótimo, vamos ter como monitora a garota feliz. Então baixinha, qual é a tua? Claro alem de errar o horário, por que já é quase o horário do jantar. Não do café da manhã – perguntei sem nem um pingo de educação e me referindo ao seu exagerado “Bom dia”.

Ela parecia meio constrangida.

Desculpe moça. Você deu azar hoje.

–Querem saber em qual chalé estão?

–na verdade não, mas como não temos escolha e não queremos dormir na grama desembucha coisa rendada. – disse cruzando os braços, talvez quando eu estivesse menos irritada eu fosse pedir desculpas, mas nesse momento eu segurava meus pulsos para não precisar socar algum pobre coitado.

–Nomes por favor.

–Annabeth Chase.

–Ora, sim! A filha de Atena Chase! Sou muito fã de sua mãe...

–ta, ta todo mundo é, e daí? continua smurfette. – disse Annabeth de mal humor, péssima ideia minha amiga. Com seu sorriso você poderia conquistar Annabeth, mas dizendo isso você acabou de cutucar o diabo.

Todos zoando os smuffs, que lindo.

Ah fala serio! Tem coisa pior que esse filme, já no começo fala: para ser feliz lá, só precisar ser “Azul” (da uma lida beeem demorada no “Azul” e agora joga purpurina que fica perfeito). Mas Bianca pareceu gostar do filme, ou ela estava chapada quando assistiu.

Tanto faz.

–Você esta no chalé 5 com Rachel Dare, Emma Tyler, Thalia Grace e Luciana Sketer. – disse ela olhando para sua prancheta.

Ah não. Mocinha. Você está com muito azar hoje.

Annabeth Chase

Abri a boca quando ela disse “Rachel Dare”

–Ah não meu bem! – disse Thalia se segurando pra não apertar o pescoço da “garota feliz” – se me colocar junto com a puta ruiva eu juro por deus que mato você! – disse ela em tom ameaçador. – entendeu?

–Não pode mudar os grupos senhorita Grace.

–Senhorita o seu caralho. Cuidado garota feliz. Me ponha perto da Rachel, e eu estarei pensando em como matar você. – gritou Thalia ficando nas pontas dos pés enquanto a garota feliz se encolhia.

–T- t –tudo bem senhorita. – disse ela, arrumando umas “coisinhas” na sua prancheta, mas ela deixava a caneta escorregar pelos dedos toda vez que ia escrever de tanto tremer.

–Ah me da logo essa merda! – disse Thalia pegando a prancheta e escrevendo no chalé 5, Annabeth Chase, Bianca di Angelo, Piper Mclean e Thalia Grace.

–Falta mais uma pessoa... – disse a garota feliz.

–Arranja uma! – gritou Thalia enfurecida e jogando a prancheta nos braços da monitora feliz.

–Depois eu que sou a bipolar. – disse indo em direção ao chalé 5.

–Ah da um tempo Annabeth! – disse Thalia perdendo a raiva, com o sorriso sacana voltando para seu rosto.

Devo dizer uma coisa. Thalia Grace é a melhor atriz que eu conheço.

Ela não é má, só fez 4 anos de aula de teatro.

Thalia Grace

Depois de ameaçar a garota sou-feliz, fomos todas para o nosso chalé.

Era grande e bem espaçoso, pelo menos iriamos ficar confortáveis.

Era pintado de branco com 2 grandes janelas de carvalho e embaixo de cada uma delas uma floreira com um pinheiro não muito grande de cada lado.

Dentro ele era vermelho sangue com as camas com cortinado (privacidade) ou vermelho ou preto, também tinha um criado mudo do lado de cada cama, tabaco e branco, como todos os outros moveis do quarto, contando com uma prateleira maior, que Annabeth correu e começou a descarregar suas centenas de livros.

O que era chato, é que só tinha 2 banheiros, eu conheço minhas amigas. Com 2 banheiros se faz o inferno na terra.

Annabeth e Piper correram pras camas nas janelas e eu e Bia ficamos com as do lado. Annabeth sempre faz isso, é automático, quando vê uma janela não há quem a segure. A cama é dela.

Era como se o chalé fosse dividido ao meio, com uma grande porta no centro do quarto como se fosse pra dar privacidade ao outro lado do chalé.

Eu e Annabeth ficamos com um lado, e Piper e Bia com o outro.

Descarreguei minhas coisas e sai do chalé com minha guitarra no ombro. Eu precisava de distração, o acampamento dos ricos e afortunados, não ia tanta gente, os chalés eram grandes demais para pouca gente e as criaças ficavam do lado mais arejado do lago.

Annabeth já estava ferrada na cama entretida por um livro, Piper brigava com Bia por um canto da parte do chalé delas, Piper queria colocar seu baixo ali, Bianca sua pilha de CDs, ela os levava para todos os cantos, eram clássicos, eu já quis fazer uma vaquinha e comprar um ipod de natal para ela, tentei mostrar que um cartão de memoria é mais útil que uma pilha de discos e um rádio portátil. Se sucesso.

Revirei os olhos e bati a porta do chalé. Que elas fiquem fritando lá dentro, eles ainda não haviam ligado o ar condicionado dos chalés.

Eu ainda lembrava do acampamento, mas eu ficava na área das crianças na época, e ela ficava do outro lado do lago.

Então decidi ir pro lugar mais obvio, o pátio.

Andei silenciosamente sem cumprimentar ninguém que passava por mim, só os babacas iam pro acampamento.

O pátio era um lugar grande, com lugar para pista de skate, bicicleta (o acampamento emprestava) e um jardinzinho pra quem quisesse relaxar como eu.

Me sentei na grama e comecei a tocar uma musica calma com a guitarra. Já tinha me arrependido de trazer a guitarra, era pesada e me deixava desconfortável no calor, me contentei em colocá-la no colo e afinar suas cordas lindas caras que eu paguei com o suor da minha mesada.

Pude ver os casais todos de mãos dadas ou se beijando, amigas fofocando, meninos secando as meninas, e um ou outro como eu com um instrumento, só que um estava com um violão e o outro com uma flauta. Que garoto gay.

Com guitarra só eu mesmo, não gostava muito de ficar tocando minha guitarra por ai, preferia o violão.

Mas a única pessoa que tem o violão é Annabeth, e não sou burra. Eu sei que Piper também tem um, a garota se faz de “só toco musica por que vocês me obrigam” mas eu vejo os olhinhos delas brilhar toda vez que ela toca baixo, e sim. Eu a já a ouvi tocar violão, foi na casa do pai dela, eu cheguei pra estudar e ouvi o barulho do violão vindo de seu quarto.

Mas eu cai e tropecei, bati com a cara no chão e quase quebrei o nariz, revelando minha presença. E quando entrei no quarto não tinha nenhum violão a vista.

–Ora, ora. Se não é a princesa punk.

Congelei por um momento ao ouvir a voz.

Louca. É isso. Eu estou louca.

Eu só ouvi essa voz uma vez, e tenho certeza que se ouvisse de novo, eu a reconheceria. Como aconteceu agora.

Fiz minha mascara de “não-to-nem-ai” e me virei para encarar “aquele garoto”

–Você! – tudo bem, não consegui me conter. Gritei surpresa. Thalia você é tão idiota.

Tinha certeza que era ele, mais ainda tinha minhas esperanças, mas elas se esvaíram quando vi o cara com o maldito skate na mão.

Luke estava sorrindo com aquele sorrisinho torto que faria qualquer garota derreter, menos eu.

Pelo contrario. Eu congelei.

–Ah, então você se lembra de mim?

–Você me tirou do meio de uma briga, eu levei uma pedrada na cabeça eu fui parar no posto medico que é uma filial do hospital da sua família. Eu fingi que era uma gravação. Você é Luke, dono de uma mente fértil para apelidos e a pessoa mais chata e convencida que eu já tive o desprazer de conhecer. Minha memória ta boa ou eu esqueci de alguma coisa?

Ele parou, fingindo pensar.

–É, não. Puxa eu não me lembrava dos detalhes.

–Então agora que já lembrou. – disse me levantando e indo em outras direção.

–Toca guitarra? – ele perguntou olhando pro instrumento em minhas mãos.

–Não. Eu tenho uma guitarra só pra observar.

–Puxa mais que chato. Perdeu dinheiro então. – disse ele sorrindo sacana.

–Você é idiota?

Ele riu.

Comecei a andar, ele andou atrás de mim.

–Sabe quando você disse “Tchau Thalia, espero te ver em breve” eu esperava que fosse mais tempo.

–Não está feliz em me ver?

–Não.

–Sabia que você é muito bruta?

–Não é a primeira vez que eu ouço isso. Inventa outra.

–Você é punk.

–Não. Jura? Eu achei que era patricinha. Que falha a minha. A capricho mentiu pra mim

–Sarcástica.

–Imagine eu sempre falo tão serio.

–Quer me ver longe.

–finalmente acertou um.

Continuei andando sem dar atenção a ele.

–Corta o cabelo sozinha.

–O que me denunciou? As mechas totalmente diferentes umas das outras? Ou o fato de você estar me enchendo a paciência?

–Tolerância zero pra burrice.

–E a sua já esta me enchendo. – disse andando mais rápido.

–Olhos claros. – ele disse. O que me surpreendeu.

Me virei para encará-lo.

–O que você quer?

–Ainda não descobrir. Mas quando achar a resposta vai ser a primeira a saber.

–Você é muito persistente.

–Eu nunca digo não.

–Mais eu digo. NÃO. Me. Siga. – disse virando de novo.

Ele continuou a me seguir.

Cheguei ao meu chalé.

E lá estava ele ali, me seguindo como um cachorrinho.

Abri a porta do chalé, ele ameaçou entrar, mas eu bati a porta no nariz dele a abri depois só pra falar antes.

–Eu não vou te convidar para entrar. Sei que você sabe o por que.

Pude ouvir sua risada antes de bater a porta na cara dele de novo.

–Quem era Thalia? – perguntou Annabeth organizando sua pilha de clássicos. Quem além dela levaria Peter Pan e Werther para um acampamento de verão?

–Um cara ai. – disse indo me deitar na cama.

Então me ocorreu.

Revirei os olhos ao me levantar e fui até a janela de Annabeth que estava só com o cortinado branco fechado.

Luke ainda estava ali, de pé na floreira, quando abri as cortinas dei de cara com ele e me assustei.

–Caia fora garoto! – disse fechando a janela.

Ele riu de novo. E foi embora.

Voltei pra minha cama batendo o pé.

Esse garoto gosta de me encher o saco.

Olhei por cima do ombro, pude ver Piper e Bia ainda brigando pelo mesmo canto, CDS contra o baixo.

Levantei da cama, peguei o baixo de Piper e coloquei do lado da sua cama juntei os CDS de Bia e os coloquei na prateleira.

Fui até a porta onde tinha um vaso com orquídeas e coloquei no canto disputado por elas.

–Pronto. E a primeira a abrir a boca leva bala. – disse voltando pra minha cama deixando duas garotas boquiabertas e uma Annabeth com a mesma cara de tédio.

É mal estar no acampamento.