O sentimento de estar perto, se apaixonar. Amor, raiva, desejo, saudade. Tudo que eu sentia por ele...o imortal. Leves tons em sua face, enquanto que na minha, um rubro e forte vermelho, que me denunciava facilmente.

Eu sou a lider e ele é o herói, o meu herói secreto. Ele disse que meus olhos pareciam rubis e eu disse que ele era um idiota, sentindo meu rosto esquentar. Poderia dizer que preciso daquele olhar prateado e arrogante, mas eu nunca admiti minhas fraquezas.

Me sentia como numa peça de teatro, onde eu possuia duas faces: a que queria ser a defensora da justiça, e a menininha escondida e protegida pelo seu herói, ou meu herói. Não tem como descrever...o calor que sentia quando pensava em seu rosto e seu corpo. O timbre da voz, o hálito quente e doce, os fios tão negros...admirei cada parte dele, e amei cada ação, cada movimento. Eu na linha de frente e ele ao meu lado, sempre rivais, mas sempre apaixonados.

De inicio não percebi sua intenção...ingênua que era... Cresci bastante. Fico imaginando se ele está pensando em mim... Ainda lembro claramente do dia em que deixei todo o orgulho de lado e me soltei em seus braços e me afoguei em seu ser.

 Naquele dia eu me entreguei, dei tudo o que podia, eu fui dele. Nós nos viciamos em nós, todos os dias , todas as noites. A quantidade de caricias entre nós ultrapassava todas as expectativas humanas. Eu sinto falta dele, que está em uma missão. Quando voltar,eu vou dizer que o amo e vou beija-lo até o dia seguinte. A saudade está me matando, as nuvens passam devagar...o meu herói vai demorar?

Pergunto todos os dias para o sol. Sem me dar conta, estou numa cachoeira, um sol tão quente...agua fresca. Sentei-me e fiquei a olhar a paisagem. Suspirei. Onde ele está? Nem um segundo a mais, senti longos braços a me envolver carinhosamente. Deixei minha guarda baixa, pensei. Quando virei meu rosto me deparei com fios sedosos acariciando meu rosto...tão negros...senti o calor aumentar, ele tinha voltado e veio me encontrar, aqui nesse lugar calmo e revigorante. Perfeito para um reencontro, depois de tanto tempo.

 Murmurei algo que o fez me apertar mais forte. O contato do peito dele em minhas costas. O cheiro inebriante que ele exalava. A respiração no pescoço. Meu calor...minha necessidade... Ele sorriu e disse aquelas mesmas palavras irritantes de sempre: "Sentiu saudades ruivinha?" senti meu rosto ferver... Mas desisti. Queria logo matar a saudade do chato do meu coração, meu herói irritante. Voltei-me para ele e o abracei com força, expulsando toda a tristeza que sentia até agora.

Nunca  gostei de ser a pessoa que tem a responsabilidade de tudo, mas... Eu preciso proteger meus amigos, por isso não desisti ainda desse posto. Ele sussurou em meu ouvido que estava muito feliz, que amava quando estavamos juntos.  Sussurei de volta para que ele nunca me abandonasse. Ele disse que estaria sempre ao meu lado.

 O seu calor aquecia meu coração e me trazia paz...ele trouxe minha face para junto da dele. "Eu sempre te amarei..." disse-me entre meus lábios. Acariciei suas costas de leve, ele me beijou com intensidade...repetiu que me amava. Eu só queria poder continuar sentindo  o sabor dos lábios dele...Sem parar, sem interrupções, sem preocupações…

Nossos amigos...sentados. Em outra parte da floresta eles batiam um papo e se perguntavam onde eu estaria. Não sei quanto tempo ficamos juntos naquela cachoeira só nós dois. Ficamos tão vidrados que esqueci de tudo a minha volta. Esqueci dos inimigos, dos amigos, da missão...tudo…Só nós.

O tempo tinha parado e eu só vivia para ele...naquela cachoeira deixando a sensação comandar. Meus amigos devem estar preocupados...acariciava seu peito. O sol escaldante me açoitava...os ruivos sofrem.

Ele ofegou  e me tomou nos braços, forte e possessivo...gosto disso nele. Me beijou com paixão, repetiu várias vezes o meu nome, disse inúmeras vezes "eu te amo"...logo eu já não media esforços em me preocupar com nossos amigos. Tambem falava seu nome, sentindo a água gelada por todo o corpo, o cheiro era evidente, o cheiro estranhamente espalhava pela água cristalina.

Rimos, brincamos muito...seguimos para o fundo das águas levados pela curiosidade de saber o que acontece embaixo daquele mar cristalino de mistérios. Estava gelado. Ele me alertou que podiamos pegar uma gripe, ou uma pneumonia. Dei uma longa gargalhada e o enlacei roubando um longo e suave beijo. Não fazia idéia da desculpa que daria ao grupo... saimos quando já era noite.  

Quando chegamos no acampamento, com pelo menos nove barracas montadas, eu estava queimada e vermelha, o pessoal olhou para mim e para meu companheiro...sorriram e se aproximaram com pressa cumprimentando-o e já contando tudo o que ocorreu durante o tempo de sua estada longe do grupo.

Estávamos felizes por ele ter voltado. Aquele imortal arrogante, mas extremamente apaixonante e sedutor… Os olhos tão profundos, de todos. Eu queria proteger todos eles…

Recebi olhares discretos e meio que acusadores por ter demorado tanto a chegar. A noite se passou… rimos, conversamos e enchemos a barriga com o jantar maravilhoso da nossa elfa cozinheira.

Após esse dia,  nós dois continuamos a brigar como sempre. Todas as manhãs ele vinha e me dizia coisas irritantes, e eu sempre perdia a razão. Mas continuava o amando e nós nos amavamos, sempre apaixonados...sempre, sempre juntos. Esquecemos das barreiras que nos separavam ,como a imortalidade...Durou muitos anos, tudo ficou mais fácil, estávamos entregues um ao outro sem nada para impedir. Ele era tão sincero… Eu consegui proteger todos os meus amigos, eu consegui manter a minha relação amorosa como se ela fosse normal, eu vivi em paz.

Continuamos dando passos para a vida, continuamos rezando para nunca esquecer o que era amar e sempre mantinhamos nós em mente, mesmo que brigássemos, mesmo que estivessemos longe um do outro, mesmo que houvessem olhares invejosos, nunca esquecemos.

Sempre juntos na batalha e no amor, mesmo que um dia fossemos  separados pela morte, ele fez a promessa, ele nunca me deixaria e nem me esqueceria… e eu prometi também. De mãos dadas, de cabeças erguidas, espadas em punho e o peito estufado na linha de frente do campo de guerra que era a vida.

 “Juntos, mesmo que a morte nos separe.”