- Me fale sobre os vampiros que você conheceu.

- Não tenho muito o que falar Nathan. Foi apenas uma curta passagem.

- Bella, aprenda algo. Você pode conseguir afastar a todos, pode fazer com que todos te achem a esquisitona e fiquem longe de você. Mas não a mim, você não vai conseguir. Então há duas formas de se abrir comigo, a primeira é você falando por livre e espontânea força e a segunda é eu te forçando a falar.

Eu suspirei e encostei minha cabeça na janela do carro.

- Entra nessa rua. – eu apontei para a estrada que quase não surgia.

- Aqui?

- Apenas entra. – eu disse suspirando.

Ele não disse nada e ligou o pisca-alerta, entramos na estrada e eu me assustei com o modo como a vegetação tomava conta de tudo.

- Tem certeza Bella? Aqui é tão...inóspito.

- Você me fez perguntas Nathan. E pela primeira vez em meses, eu sinto a necessidade de respondê-las, mas para respondê-las, eu preciso ter a respostas e é aqui que vou encontrá-las.

- Huuum, foi profundo.

- Apenas deixe de ser infantil e irritante por algum tempo okay? Você quer ser meu amigo? Quer que eu confie em você? Me dê motivos para isso!

Nós chegamos ao final da estrada e ele parou o carro, eu rapidamente saí e vislumbrei a casa. Haviam galhos de arvores entrando pelas janelas – agora quebradas – e o gramado estava alto. Aquilo parecia uma cena de um filme de terror, como se não habitassem a casa há centenas de anos. Todas as vezes que eu vinha aqui, eu imaginava a casa como sendo esplendida, uma parte importante do cenário. Mas agora, eu percebia que toda aquela beleza e vivacidade vinha dos moradores nela, sem eles, aquela casa era simplesmente...uma construção esquecida no tempo. Mais rápido do que eu pude perceber, uma lágrima escorreu em meu rosto, mas antes que ela chegasse ao chão, foi enxugada pela pálida e fria mão de Nathan.

- Era aqui que eles moravam?

- Sim. – minha voz foi somente um sussurro.  – Era aqui o lugar mais lindo de Forks.

- Era né...

- Você prometeu.

- Na verdade não, você apenas pediu.

- Nathan!

- Parei. – e então ele começou a caminhar, a passos humanos pelo lugar. – Não sinto cheiro algum, nada que venha deles.

- Faz algum tempo que eles se foram...

- Quanto tempo?

- Eles foram embora 5 dias depois do meu aniversário.

- Estamos em Maio.

- Eu sei.

- Você se dava bem com todos?

- Na verdade não. – eu ri, mas não foi uma risada engraçada. – Tinha um deles, Rosalie, ela não gostava de mim, por conta de minha clara escolha.

- E que escolha é essa?

- Me tornar uma deles.

- Perae...você queria se tornar vampira?

- Sim, acho que uma parte de mim ainda quer.

Ele parou de caminhar e ficou me olhando por um bom tempo. Nathan conseguiu não ficar irritando e contando piadinhas. Ele estava sério e prestava atenção a tudo que eu contava. Nós percorremos boa parte do terreno, mas eu jamais me atrevi a me aproximar muito da casa e ele pareceu ter percebido, pois também manteve certa distancia. As vezes Nathan me fazia algumas perguntas, e não se importava se eu deixasse de responder uma ou outra. As vezes, nós simplesmente ficávamos em silencio, esperando que algo surgisse.

- Eu já me apaixonei uma vez... – ele comentou quando já estávamos dentro do carro, indo em direção a GreenVille

- É mesmo? Eu não consigo imaginar Nathan Lambert apaixonado.

Ele riu e desligou o som.

- O nome dela era Lyanna.

- Era? Ela mudou de nome?

- Ela morreu.

Eu fiquei calada. Talvez Nathan não quisesse falar algo mais e ele não falou durante todo o percurso. Foi somente quando chegamos numa pequena praia, que tiramos os tênis e começamos a andar naquela areia gostosa, que ele voltou a falar.

- Nos conhemos em 1960. Época do Rock, ela era tão linda...e misteriosa também, nunca me contou sobre sua transformação, nós vivemos juntos por 3 anos, e então explodiu uma guerra de vampiros no Canadá e ela se juntou a eles, eu tentei impedi-la....mas ela se despediu de mim dizendo que eu deveria amá-la como ela era, uma garota volúvel e volátil que nunca se contentava.

- Eu sinto muito.

- Não sinta. Eu fiquei meio mal depois que ela morreu. Mas eu ainda estou aqui Bella, e toda vez que eu me lembro dela, eu só sinto uma pequena saudade, um comichão no peito, mas algo que dá pra ignorar.

As ondas chocaram-se contra umas pedras na nossa frente e fez um barulho enorme. Eu não me assustei. Eu gostava do som.

- Eu não deveria estar aqui, com você. – me ouvi falando.

- Porque?

- Quando eu os conheci. Eu mudei e muito. Quando eles se foram, uma parte de mim continuou sendo a mesma e a outra ficou guardada, uma defesa de mim mesma. Eu estou me apegando a você Nathan, e quando você se for...

- Eu não sou eles Bella. Eu não vou embora.

- Vamos ver até quando você dirá isso.

- Garotinha melancólica hein!

- Eu não vou cometer o mesmo erro que Lyanna, Bella. Ela sempre deixara claro que me amava, mas que jamais pararia por mim. Agora eu deixo claro que não importa o que eles lhe fizeram ou o quanto eles lhe mudaram. Você é especial, e você é especial sendo essa Bella, a de agora e é por essa Bella que eu me interessei.

- Eu espero que você não esteja falando isso de uma forma romântica...eu não seria capaz de retribuir o sentimento.

- Eu não estou lhe pedindo nada. E não, não é romântico. Te quero como uma amiga, serve?

Eu parei e tirei um pouco de cabelo que voava em meu rosto por conta do vento, eu fechei um pouquinho os olhos por causa do Sol que incomodava, Nathan estava parado na minha frente, olhando-me profundamente com aquelas lentes cor de avelã.

- É o que mais quero no momento. Ter você, como meu amigo.

Ele sorriu e me abraçou e eu senti o chão deixar meus pés.

Minha vida não estava perfeita ou muito menos feliz, mas Nathan conseguia amenizar a hemorragia intermitente em meu coração. E isso era um presente que alguém la de cima de mandava. Uma prova de que havia uma luz no fim do túnel.