Get Out Alive escrita por Mandy-Jam


Capítulo 8
Escolhendo um alvo


Notas iniciais do capítulo

Como será que os carreiristas estão? Veremos...



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Assim que Bia ouviu o tiro de canhão, ela parou imediatamente.

Uma morte. Sobrava ainda 10 pessoas além dela.

A garota do Distrito 5 esperava que aquele canhão significasse a morte de algum carreirista. Isso facilitaria as coisas para ela.

Ela não tinha noção de onde estava. Não sabia também se o tributo fora morto perto dela, ou se fora do outro lado da arena. Entretanto, sabia exatamente o que queria fazer.

Em suas costas estava a mochila que conseguira na cornucópia, e dentro dela a melhor arma que ela podia conseguir. Dardos envenenados.

Veneno. Bia conhecia aquilo muito bem. Seus Distrito trabalhava muito com veneno na hora de distinguir que tipo de espécie possui qual veneno, e qual resiste á qual tipo. Ela mesma já ouvira seus pais falando sobre as experiências que realizaram nos laboratórios do Distrito 5.

Ficava horrorizada só em lembrar o efeito macabro que algumas gotas do veneno certo faziam sobre as pessoas. Alguns era ácidos, e provocavam dores agonizantes antes da pessoa morrer. Outros matavam você antes que possa dizer suas palavras finais.

Vários e vários tipos, e vários e vários efeitos diversos. Ela não tinha certeza o que aqueles faziam, mas de uma coisa estava certa. Não sentiria nem um pouco de pena em utilizá-los nos carreiristas.

Por anos ela viu aqueles animais treinados pela Capital matarem brutalmente tributos menores, e ela achava que aquilo tinha que ter um fim. Na verdade, mais coisas tinham que ter um fim. Os Jogos, por exemplo. Aquilo era terrível.

Bia passou a mão pelo seu pescoço, e seus dedos tocaram um colar. Ela o puxou para frente tirando-o de dentro da sua camisa, e olhou melhor para o pingente em forma de coração. Lembrava dele. Dentro tinha a foto de sua família. A família que tanto sentia falta.

Nunca sentiu tanta falta de abraçar seu irmão, ou de dizer “eu te amo” para seus pais. Será que se falasse aquilo ali, no meio da arena, ela se passaria por fraca? Não mais do que quando desmaiou na frente de toda Panem no dia da Colheita, é claro.

- Mãe, pai. Eu amo vocês. – Disse Bia, mas logo depois ficou com medo de que alguém aparecesse. Ela enxugou uma lágrima que tinha surgido em seu rosto, e foi em direção á uma árvore larga e fácil de escalar.

Porém, assim que seus pés tocaram o tronco da árvore uma pequena caixa amarrada á um pára-quedas caiu do céu. Bia olhou para ele e depois olhou em volta.

Não tinha mais ninguém ali, logo só podia ser para ela.

- Patrocinadores. Eu patrocinadores. – Disse Bia maravilhada. Talvez tenham achado bonita a cena dela dizendo que amava os pais.

Bia correu até lá e pegou a pequena caixa de madeira com todo o cuidado que podia ter. Ela estava prestes á abrir quando...

- Já falei para você ir mais rápido, droga! Não vamos achar ninguém se você continuar lerda, Natália! – Reclamou a voz de Mariana, não muito longe dali.

Bia congelou.

- Também não vamos achar ninguém, se você ficar gritando que estamos aqui, Mariana. – Rebateu Natália em um tom normal.

O coração de Bia se apertou. Eles estavam ali. Ali pertinho. Ela tinha que fazer alguma coisa. Tinha que se mover, correr, fugir dali.

Não. Não, nada disso. Ela tinha que manter a calma. Muita calma. Ia precisar disso. Não podia deixar passar uma oportunidade dessas. Talvez fosse para isso que os seus patrocinadores lhe deram o presente.

Afinal... O que era o presente?

Bia correu para a árvore, e torceu para os carreiristas não ouvirem seus passos. Assim que subiu em um galho que julgava alto, mas bom o suficiente para ter uma boa visão, ela pegou a caixa de madeira e a analisou melhor.

Bia a abriu, e olhou o que tinha dentro com um olhar admirado. Era um pequeno frasco roxo com um líquido com coloração aparentemente negra. Na frente do pequeno frasco, estava o desenho que ela poderia reconhecer em qualquer lugar. Uma caveira.

Veneno. Ela ganhara veneno.

Isso deveria significar que os patrocinadores apoiavam a sua idéia de matar os carreiristas com veneno. Eles deviam saber que estavam chegando perto de Bia, provavelmente.

Ela resolveu fazer um teste. Pegou um de seus dados, e o tubo para lançá-lo. Antes de lançar o dardo em um roedor estranho na ponta do galho, Bia molhou a ponta do dardo no vidro roxo de veneno. Ela o tirou de lá, colocou no tubo, e assoprou.

Acertou logo de primeiro no bicho, que fez um barulho alto e agudo de dor.Ela pode ver o bicho se contorcer em um ângulo que ela julgava impossível, e depois... Simplesmente parou.

A cena de um dos carreiristas se contorcendo desse jeito passou por sua mente, e lhe roubou um leve calafrio. Mas ela tinha que se manter forte. Nada de pena, nem piedade. Ou eram eles, animais brutos e violentos que amam a Capital, ou era ela.

Bia retirou seu dardo do animal e o empurrou para longe do galho onde ela estava, fazendo-o cair no chão. Ela segurou com firmeza o dardo e esperou, torcendo para que os carreiristas passassem por ali. E passaram mesmo.

- Chega. Vamos parar aqui. – Disse Mariana sentando-se no chão. Bia chegou para trás e se escondeu entre as folhas da árvore – Estou cansada de ter que liderar vocês.

- Ninguém pediu para você fazer isso. – Comentou Rita amarrando o cabelo em um rabo de cavalo. Mariana lançou uma careta para ela.

- Estariam perdidos se não fosse por mim, otários. – Disse Mariana revirando os olhos.

- Estaríamos descansados se não fosse por você. – Rebateu Natália. Mariana ia reclamar, mas notou que Mateus, o garoto do Distrito 3 estava cansado também.

Ele era forte mesmo. Ela vira como ele ajudara a matar Thaiana e não tinha a mínima vontade de acabar como ela. Por isso, a garota do Distrito 2 resolveu mudar de idéia.

- Tsc. Tanto faz. Já paramos, não é? Então chega. – Disse ela encerrando o assunto.

Bia conseguia ver que todos os 4 carreiristas estavam armados até os dentes com lanças, facas, facões, e uma clava, no caso de Mateus. Seus dardos não eram nada comparados aquilo. Mas ela sabia que força não era tudo.

Nenhum dos carreiristas tinha um plano muito bom. Pelo menos, em todas as edições dos Jogos foi assim. Eles ou morriam de fome, por não conseguirem arrumar comida, ou sobreviviam e matavam uns aos outros.

Ela, entretanto, tinha algo á mais. Bia estava acostumada á fome, e usava muito a sua mente para solucionar problemas. Ela só precisaria matá-los á distância.

E faria isso. Bia se tornaria a caçadora de carreiristas. Ao invés de ser simplesmente a presa deles, ela inverteria os papeis. Chega de correr e chega de sentir medo deles. Iria matá-los um á um, e depois voltaria para casa.

Natália, e Rita sentaram-se á uma pedra e conversaram sobre o caminho que deviam tomar. Natália não sabia muito bem para onde ir, mas Bia pode notar que algo em sua voz mostrava que ela não queria é trabalhar em equipe.

Mateus treinava com a sua clava, enquanto Mariana comia uma maçã que tinha dentro de uma das três mochilas.

Outro plano surgiu na mente de Bia. Se ela conseguisse pegar os suprimentos deles de noite, seria bem mais fácil. Eles morreriam de fome, e depois ela dava o golpe final com o veneno.

- Que droga... Onde será que aqueles babacas se meteram? – Perguntou Mariana com raiva – Esses outros tributos são ridículos. Principalmente aquela garota... Nina. A segunda do Distrito 8.

- Eu achei muito injusto ela estar aqui. Deviam ser só um de cada Distrito. – Reclamou Rita.

- Não tem problema. Nós já acabamos com a outra garota do 8. Agora é só derrubar a última com um golpe só. – Disse Mateus acertando um ponto na árvore com sua clava, e fazendo um enorme estrago.

Natália olhou para o estrago feito por Mateus e imaginou o quanto a força dele poderia ser útil para a equipe. Embora, ela em si não quisesse fazer parte do time.

Estava esperando o som de algum canhão ou coisa parecida para que pudesse se fingir de morta até de noite e fugir, sem que os outros a notassem, mas aquilo parecia mais demorado do que ela pensava.

Da última vez que o canhão disparara, ela estava perto demais do grupo para fugir e fazer parecer que fora anunciada a morta dela. Mas ainda faltavam vários tributos. Não faltariam oportunidades pela frente.

- Acho melhor continuarmos seguindo para aquela direção ali. – Disse Mariana apontando.

- Aquela direção ali? – Repetiu Natália – Você quer dizer o Oeste?

- É. É. É isso aí. – Confirmou ela sem saber ao certo – Mas como vocês estão cansados, é melhor ficarmos aqui.

- Vamos esperar para ver se algum outro tributo aparece. Aí acabamos com ele. – Disse Mateus olhando sua clava cheia de espinhos.

- Eu ainda acho que os mais fáceis vão ser a garota do carvão, a tal de Nina-invasora, e o garoto da comida. – Disse Mariana contando nos dedos – Fala sério, a garota do 12 não sabe nem usar arma nenhuma! Eu ainda me pergunta porque gente assim não se mata logo, e poupa o nosso trabalho.

- Vai ver foi ela que morreu agora. – Disse Rita – Lembra? Aquele canhão há uns 10 minutos atrás.

- Ah sim. Bem, pode ter sido o garoto da comida também. O otário pode ter caído de uma árvore. – Comentou Mariana rindo – Lesado.

- Eu aposto que foi aquela garota fofinha do Distrito 6. A Flávia. – Comentou Mateus – Coisas fofas morrem logo de cara. Ela não consegue matar ninguém.

- Não. – Disse Mariana de repente. Todos pararam para olhá-la, pois ela mostrava um largo sorriso de deboche no rosto – Podia ter sido aquela paranóica do Distrito 5!

Todos riram, mas Bia, que observava tudo de cima da árvore, não gostou nada de ser chamada de paranóica.

- Ela é muito tensa. Lembra quando ela foi escolhida? – Perguntou Mateus. Ele imitou o ataque que Bia teve, e fingiu estar sem ar e desmaiar. Todos riram, pois a imitação ficou exageradamente cômica.

Mas Bia não. Ela estava morrendo de raiva dos carreiristas por estarem zombando dela. Eles nem mesmo tinham idéia de que ela estava bem perto deles, caçando-os, pronta para matá-los na primeira oportunidade. Mas tudo ao seu tempo.

- Sabe... Ela pode ter morrido. – Confirmou Mariana – Até parece também que alguém se importa. Acho que nem patrocinadores ela tem.

- Ou tinha. – Corrigiu Mateus.

Bia sorriu de um jeito maldoso. Era um tanto irônico saber que a morte deles seria provocada pela garota que estavam zoando, e incentivada ainda por cima pelos seus patrocinadores.

Ela tinha certeza que veneno não era nada barato de se comprar. Sabia disso, pois a Capital disponibilizava uma mísera quantidade de veneno para o Distrito 5. E era para várias pessoas usarem. Imagine então para só uma garota.

Bia pensou que seria melhor esperar a noite para matar um deles, mas ao menos já sabia exatamente quem ela mataria primeiro.

Mariana. Seus olhos fixaram-se na garota do Distrtito 2, e Bia sorriu.

- Me aguarde. – Pensou ela – Seu tempo aqui está contado.

Enquanto todos tinham um rumo, ou pelo menos algo em mente, Rodrigo não tinha nada. Nada mesmo. Ele estava vagando por horas, completamente perdido.

Para todos os lados que ele olhava só via mato. Árvores, mais árvores, e depois mais árvores. E diferente das árvores que Vinícius e Rhamon viram, aquelas ficavam mais grossas á medida que ele avançava pela floresta.

Depois de ouvir aquele tiro de canhão, ele decidiu não largar mais a sua arma de pregos. Poderia morrer á qualquer momento, se alguém pulasse do meio daquele mato todo, e isso o incomodava.

- Que merda... – Resmungava ele enquanto andava – Por que logo eu é que tinha que ser escolhido?

Ele não sabia. Na verdade, não parecia justo. Ele nem mesmo gostava de seu Distrito, porque teria que ir representá-lo e arriscar a sua vida por ele?

Rodrigo estava cansado, e de tudo. Tanto de correr como se fosse uma presa sem nem mesmo saber quem lhe casava, quanto de participar dos Jogos Vorazes. Queria poder matar todo mundo logo de uma vez, ou que todos morressem para que ele pudesse ir para casa.

Ele continuou andando na direção que não tinha idéia onde dava, enquanto segurava sua arma com força e olhava em volta. Nada. Nada mesmo.

- Será que eles... Ah! – Exclamou Rodrigo ao tropeçar e cair de cara no chão. Ele olhou desesperado para todos os cantos, e depois para onde tinha tropeçado. E... Lá estava – Um coelho?!

O pequeno animal fofo e bonitinho se mexeu ferido por causa de Rodrigo, que sem dó nem piedade lhe deu um chute forte. O animal se remexeu e saiu correndo, com medo de Rodrigo.

- Foge mesmo! Animal burro... – Resmungou ele com raiva. O coelho correu em direção ao caminho oposto que Rodrigo estava seguindo.

O garoto do Distrito 10 estava morrendo de raiva. Ele limpou a terra de seu casaco preto e estava pronto para continuar a andar, mas foi impedido. Como que por mágica... Três coelhos apareceram do nada.

Rodrigo uniu suas duas sobrancelhas grossas, franzindo seu cenho, mas não tinha idéia de onde aqueles animais surgiram. Logo atrás deles, surgiram mais quatro coelhos. Depois... Mais dez.

Aquilo estava começando a ficar muito estranho, pensava ele enquanto recuava alguns passos. Será que era alguma espécie de vingança dos coelhos?

A melhor idéia que ele pode ter era que os animais eram bestantes criados pela Capital.

Mesmo que parecessem coelhos comuns, nunca se sabe o que eles podem fazer, pensou. O garoto do Distrito 10 ia começar a correr para longe, mas os coelhos é que fizeram isso primeiro. Eles avançaram violentamente, correndo ao máximo que podiam.

Rodrigo ficou tenso, pensando que eles podiam ser bestantes violentos e mortíferos, mas por incrível que pareça... Eles passaram por Rodrigo sem se importar com sua presença.

O garoto abriu os olhos e viu que estava completamente sozinho novamente. Nada de coelhos esquisitos, e nada de tributos assassinos camuflados nas sombras.

- Para que eles saíram correndo? – Perguntou ele em um murmuro. Resolveu ignorar o fato e seguir na mesma direção para onde estava indo antes.

Até por que... Não era da conta dele mesmo. Desde que não fosse atacado por coelhos mutantes, estava tudo bem.


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Notas finais do capítulo

Cuidado Rodrigo! Coelhos mutantes vão morder o seu pé!
Hahaha! Tenso, não? Eu teria medo de um bando de coelhos tensos correndo na minha direção.
O que acharam? Reviews, certo?



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