Get Out Alive escrita por Mandy-Jam


Capítulo 2
Os outros tributos


Notas iniciais do capítulo

Aqui vai o próximo.
Espero que gostem.



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Distrito 7

Como era de se esperar, ninguém lá estava ansioso também. Na verdade, estavam cansados. Todos, literalmente. Não havia Distrito que trabalhasse de modo mais brutal que o Distrito 7.

As pessoas trabalhavam dias e noites colhendo madeira. As mãos cheias de calos de tanto segurar martelos tinham trabalhado até tarde da noite, mas carregavam o consolo de ter um dia de descanso. Ninguém teria que cortar lenha no dia da Colheita.

Mas ninguém estava sorrindo por causa disso. Estavam sendo forçados novamente a participarem desse massacre, o que não agradava muito as pessoas do Distrito da madeira.

- Vai tudo terminar logo. – Disse Bruna, uma garota forte com cabelo castanho liso e olhos claros. Ela olhava para seus irmãos menores, que estavam extremamente desconfortáveis.

- Bruna... E se me escolherem? – Perguntou seu irmão mais novo.

- Não vão escolher. Não pense nisso. – Disse ela um pouco tensa.

- Então... Vamos ao nosso representante. – Disse o prefeito do Distrito. Ele olhou para o vidro um pouco sujo onde ficavam alguns nomes escritos em pedaços de papel. Colocou a mão dentro e tirou um nome – Uhm... É difícil ler o sobrenome.

- Droga. – Pensou Bruna. Seu sobrenome era bem grande e diferente, mas o de seus irmãos também. O prefeito franziu o cenho e leu o pedaço de papel.

- Bruna Chateaubriand. – Anunciou ele – Essa será a garota que irá aos Jogos.

Bruna fechou os olhos com raiva e medo. Por que ela?! Logo ela que tinha que ajuda os pais enquanto esses estavam cortando lenha em tomando conta dos irmãos? Não tinha mais ninguém para ficar com eles.

Bruna olhou para seu irmão, e depois para sua irmã de apenas dois anos.

- Escuta... Gui, você é o responsável por ela, ouviu? Tome cuidado. – Disse Bruna para ele e foi direto para o palco. Todos ficaram em silêncio por um tempo, sentindo uma certa pena. Ninguém naquele Distrito costumava ganhar os Jogos, mas desejavam no fundo que ela se desse bem e pudesse voltar para casa e ver os irmãos novamente.

- Palmas para nossa heroína. – Disse o prefeito em um tom solene. Todos aplaudiram em um volume normal, em um gesto de “respeitamos você”.

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                                        Distrito 8

O prefeito não tomou cerimônias para anunciar o nome da pessoa que representaria o Distrito. Diferente dos outros Distritos, esse teria que trabalhar logo após a hora da Colheita, querendo ou não.

Eles representavam toda a produção têxtil da Capital, e não podiam parar, assim como a moda lá não para.

- Thaiana Silva. – Anunciou ele. A garota de cabelo preto com mechas vermelhas subiu ao palco. Estava frio, o que a fez se encolher. Embora aquele fosse o lugar encarregado da produção têxtil, nem todas as pessoas tinham roupas adequadas.

Ela, por exemplo, vestia uma calça e uma camisa com mangas normais, mas precisava de um casaco para agüentar o frio.

- Voltaremos ao trabalho, e que a sorte esteja a favor de nosso Distrito. – Anunciou o prefeito, e Thaiana se sentiu péssima. Escolhida para os Jogos e ainda por cima nessa edição especial? Que falta de sorte.

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                                        Distrito 9

Mortos de fome, cansados, sem a mínima vontade de continuarem sendo somente brinquedinhos da Capital, todas as pessoas do Distrito responsável pela produção de comida estavam sentadas na praça principal extremamente precária.

O prefeito estava parado no palco de madeira completamente caído aos pedaços esperando somente que o nome fosse sorteado. Ele pegou o papel que o pacificador lhe entregou, mas não leu de primeira.

- Quero dizer que nós temos chances de ganhar esses jogos, mesmo tndo que competir com pessoas dos Distritos mais desenvolvidos. – Falou ele, mas ninguém acreditava. E também, não queriam acreditar. Só queriam que os Jogos acabassem, mesmo eles nem tendo começado – E nosso representante vai mostrar isso. Ele é... Vinícius Dobbs.

Vinícius tampou o rosto com as mãos. Não acreditava que isso tinha acontecido. Ele escolhido para os Jogos? Só podiam estar de sacanagem.

Ele se levantou com uma cara indiferente e foi até o palco. Ao subir a pequena escada, podia ouvir o piso ranger. Assim que parou ao lado do prefeito pode vê-lo abrir um sorriso leve.

- Bem... Você me ouviu. Tem muitas chances, Vinícius. – Disse ele.

- Você fala isso, porque não é você que vai ser massacrado pelos carreiristas. – Disse Vinícius.

- Você não vai perder assim tão fácil. Acredite em si. – Insistiu o prefeito.

- É. Eu posso ter a sorte de um deles morrer caindo de uma árvore sem querer. – Comentou Vinícius com um ar de “tanto faz”.

- Nosso Distrito pode não ter muitos campeões, mas... – O prefeito foi interrompido.

- Nosso Distrito é uma merda. – Falou Vinícius – Só não somos piores que os babacas do Distrito 12, mas isso porque ninguém é.

Todos ficaram em silêncio. Podia ter sido desnecessário ouvir isso, mas nada que Vinícius falou era mentira. O Distrito 9 não tinha quase vitória nenhuma, e as que tinha conquistou por pura sorte. Os carreiristas comiam gente daquele Distrito no café da manhã. Isso era um fato.

- Que a sorte esteja conosco. – Suspirou o prefeito, sem ter mais o que dizer.

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                                        Distrito 10

As pessoas podiam ouvir os mugidos das vacas e bois que andavam de um lado para o outro nos cercados perto da praça de chão de terra. O prefeito lá não tinha nem mesmo um palco para se mostrar em um plano elevado, mas ficava mesmo assim no centro de todos os habitantes do Distrito da pecuária.

- Nós não temos que temer os carreiristas e nem mesmo os outros Distritos. – Disse ele por cima dos mugidos – Nós vamos mostrar para eles o verdadeiro significado de “carne fresca no pedaço”.

- Que piada podre... – Resmungou Rodrigo revirando os olhos. Ele tinha cabelo preto totalmente bagunçado e sobrancelhas bem grossas. Esperava profundamente que não fosse chamado, mas...

- Rodrigo Jabarra é o nosso representante. – Contou o prefeito.

- O que?! – Berrou ele com medo. Ele se levantou e todos começaram a empurrar para em direção ao prefeito. Quanto mais cedo aquilo terminasse, mas rápido poderiam ficar livres – Porra! Mas não teve nem suspense?! Nem uma droga de pausa dramática?!

- Se quiser que eu faça isso... – Murmurou o prefeito dando de ombros.

- Ah, agora que você já disse o meu nome, de que adianta?! – Berrou ele tenso.

- Todos batam palmas para Rodrigo! Carne fresca no pedaço! – Anunciou o prefeito ignorando as reclamações dele.

- Para com essa piada ferrada! – Reclamou ele.

Todos bateram palmas, mas Rodrigo choramingou. Ele tinha quase certeza que morreria, mas tinha uma remota chance de poder escapar com vida. E mesmo a sua vida sendo uma grande porcaria naquele Distrito que fedia á adubo de vaca, e á carne, ele preferia continuar vivendo.

Morrer de um jeito horrível em uma competição macabra como os Jogos Vorazes só para a Capital se divertir vendo isso?! Eles que se ferrassem!

Mas não tinha o que fazer, e enquanto todos batiam palmas animados por finalmente poderem voltar para suas casas e descansar, Rodrigo choramingava um pouco.

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                                        Distrito 11

As pessoas também não estavam ansiosas no Distrito da agricultura. Todos esperavam para saber quem seria o azarado ou a azarada que teria que participar dessa nova edição dos Jogos, mas ninguém queria ser o escolhido.

O prefeito pigarreou um pouco antes de pegar o papel e lê-lo em voz alta e clara para que todos ouvissem.

- O nome do participante é... – O prefeito olhou em volta tentando reconhecer quem ele seria – Rhamon Mello!

Todos olharam para um garoto no fim da multidão. Sua pele era extremamente branca, levemente rosada no rosto. Todos lembravam dele. Ele costumava ficar com o rosto inteiro vermelho por passar horas debaixo do Sol, colhendo frutas nas árvores.

Seu cabelo era preto e liso. Usava óculos e tentava sempre ajeitá-los no rosto. Ele não parecia nem um pouco contente em ter sido escolhido, mas resolveu não falar nada e seguir em silêncio para o pequeno palco elevado da praça.

- Você está preparado para isso? – Perguntou o prefeito. Era um pergunta normal de se fazer, pois Rhamon tinha uma aparência engraçada. Como se não agüentasse muito esforço por muito tempo, mas não era bem o caso.

- Ninguém nunca está. – Respondeu ele – A não ser os carreiristas.

- Que a sorte esteja com você, Rhamon. – Disse o prefeito assentindo. Todos começaram a assoviar uma canção típica do Distrito 11, e Rhamon notou que todos ali estavam torcendo para ele de certo modo.

Talvez sentissem pena, talvez só quisessem mostrar que se importavam um pouco, mesmo não podendo fazer nada para mudar sua situação.

De qualquer forma ele assentiu agradecendo para a multidão. Rhamon tinha alguns planos sendo montados em mente. Ele sabia reconhecer as plantas, logo não passaria fome na arena. Sabia que devia evitar os carreiristas, e não era muito confiável montar grupos para sobreviver. Nunca se sabe o que os outros podem fazer.

- Bem... Acho que isso é tudo. – Disse o prefeito dando alguns tapinhas nas costas de Rhamon. Ele assentiu um pouco inseguro por dentro.

- É. Isso é tudo. – Respondeu ele em um murmuro.

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                                        Distrito 12

- Aqui estamos nós, do Distrito 12, reunidos para mais um dia da Colheita, em uma nova edição dos Jogos Vorazes. – Disse o prefeito. As pessoas prestavam atenção. De todos os Distritos, nenhum parecia ser pior do que o 12.

Eles podiam até não sofrer uma grande pressão dos pacificadores, mas sofriam de coisas bem piores. Era comum ver pessoas mortas de fome, literalmente. Ninguém ali tinha dinheiro, e se tinha, não esbanjava boas condições.

Tinha o necessário, e isso bastava. A maioria da população se matava de trabalhar nas minas de carvão, o que provocava inúmeros danos á suas saúdes.

Sem comida e trabalhando por míseros trocados para a Capital. Isso não era jeito de viver. Não mesmo.

- Nós vamos ter o privilégio de competir nessa edição especial, por isso vamos sortear quem será nosso representante. – Disse o prefeito – Antes, vamos só falar um pouco da história do nosso Distrito...

- Dane-se a história do nosso Distrito. – Falou Amanda em um tom de voz baixo. Todos eram realmente obrigados a ficarem na praça no dia da Colheita, mas aquela garota não estava.

Amanda estava sentada em um pedra, dentro de uma das minas de carvão. Ela podia ver todo o espetáculo de camarote, mas não sentia a mínima vontade de se aproximar.

Odiava dias da colheita. Odiava ter que ver a cara das famílias quando seus filhos eram escolhidos para ir aos Jogos. Odiava ser forçada a participar dessa maldita brincadeira da Capital.

A culpa disso tudo era do Distrito 13, para Amanda. Se eles não tivessem se revoltado contra a Capital, nada disso teria que acontecer.

Sim, eles estavam certos. Não dá para agüentar a atitude da Capital, mas também não dá para fazer nada se você é explodido pelos ares junto com o seu Distrito. Ao menos ela estava viva. Se você está vivo, pode dar um jeito nas coisas.

- O nosso representante vai ser... – O prefeito fez um minuto de suspense, mas antes que pronunciasse o nome, alguém segurou o braço de Amanda.

- O que pensa que está fazendo aqui?! – Perguntou um dos pacificadores.

- Ah, eu... É só que...! – Amanda não sabia o que falar.

- Você vai ter que acertar umas contas conosco. Venha! – Exclamou o outro puxando-a. Eles deram alguns passos para fora da mina.

- Me soltem! Não! Me deixem em paz! – Exclamou ela se debatendo.

- Amanda Freitas! – Anunciou o prefeito. Os três pararam. Os pacificadores viram a imagem dela no telão á uns metros de distância, e olharam para a garota que estava ao lado deles.

- Então... Pois é... – Disse Amanda tensa, mas depois riu de nervoso – Acho que eu vou lá conversar com o povo agora.

Só que a garota se virou e tentou correr para outra direção. Os dois pacificadores a seguraram e levaram-na em direção á praça. As pessoas olharam impressionadas ao verem que Amanda estava sendo levada até lá por dois guardas.

Ela sentiu como seu tivessem puxado um tapete debaixo de seu pé, e de repente tudo fosse cair no chão. Ela?! Escolhida?! Estava morta antes dos jogos começarem, até por que... Panem inteira estava vendo que a garota do Distrito 12 tentou fugir. Que tipo de covarde faz isso?!

- Um covarde que não quer morrer. – Pensou ela. Amanda andou devagar até o palco, enquanto as pessoas abriam espaço. Todos se comportavam como se estivessem vendo o seu funeral, e não somente uma escolha.

Mas também... Quem esperava ganhar com ela?!

Amanda tinha só 1,60 de altura. Não era forte, não tinha tanta coragem pelo visto, e não tinha nenhuma habilidade especial. Ela era só mais uma que trabalhava nas minas e ficava na sua sem implicar com ninguém.

- Parabéns. – Disse o prefeito – Você representará o nosso Distrito.

Amanda sorriu de leve como se aquilo fosse uma piada, e depois riu de nervoso de novo. Ela negou com a cabeça, e depois olhou para as pessoas que a observavam. Podia ler as expressões delas. Diziam claramente “Nós vamos perder de novo. Uma garota baixinha e desconhecida vai para os Jogos? É o nosso fim”.

- Quero mandar um beijo para todos desse Distrito. – Comentou Amanda rindo de nervoso para a multidão. Depois ela falou um pouco mais alto – E para todos da Capital também! Eu amo vocês, caras! Vocês arrasam!

- Acho que eles dizem o mesmo. – Respondeu o prefeito no mesmo sarcasmo que ela usou no fim da frase.

- É. – Confirmou ela. Amanda olhou para o prefeito – Deixa eu adivinhar... “Que a sorte esteja sempre com você”?

- Vai precisar. – Murmurou ele.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?
Alguém tem algum palpite sobre quem vai ganhar os Jogos Especiais?
Nunca se sabe, não?
Mandem reviews, e eu terei prazer em responder!
Beijos e até o próximo.



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