Get Out Alive escrita por Mandy-Jam


Capítulo 13
Banho de sangue


Notas iniciais do capítulo

Capítulo tenso. Acho que como todos os outros...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/163354/chapter/13

- Você matou ela? – Perguntou Amanda olhando para Bruna.

A garota do Distrito 7 mantinha seus olhos fixos em Nina, mas prestava atenção para qualquer tentativa de ataque vinda da garota do carvão. Ela podia simplesmente negar, mas viu que não daria certo.

- Ela era muito fofa, não é? – Disse Bruna calmamente – Sabe quem também é? Minha irmã. E o meu irmão também.

- Acha que vai ganhar mesmo? – Perguntou Amanda pegando sua picareta, e dando um passo para o lado, ficando mais próxima de Nina.

- Não sei. – Adimitiu Bruna dando de ombros. A garota pegou seu machado, e o preparou nas mãos – Mas eu vou fazer tudo que for possível para ganhar. Nem que isso eu tenha que afundar meu machado na testa das duas.

Bruna estava com a mochila com alguns suprimentos. Amanda tinha o arco e flechas de Flávia nas costas, e Nina tinha o escudo. As duas prepararam suas armas (a espada, e a picareta) e se prepararam para o ataque de Bruna.

Elas eram duas, e Bruna só uma, mas para a surpresa delas, a garota da madeira correu em direção á mata. As árvores eram tão diversas que pudiam camuflar qualquer coisa. Até mesmo Bruna.

Amanda colocou-se de costas para Nina, e Nina de costas para Amanda. A adrenalina corria na veia delas. A qualquer momento Bruna poderia pular da selva e acertar o machado na cabeça delas.

- Onde...? – Perguntou Nina em um sussurro. Seus olhos corriam por todo o lugar, mas não achavam nada. Nenhum sinal de Bruna.

- Não sei... – Murmurou Amanda também preocupada. O silêncio era completamente ensurdecedor.

Elas não tiveram muito tempo. Um zumbido veio do meio das árvores, e voou até onde Amanda estava. Ela só teve tempo de levantar o escudo de Flávia, mas o machado fora lançado com tanta força, que atravessou parte do escudo, e fez um corte no ombro da garota do carvão.

- Ah! – Berrou Amanda. Com extrema agilidade, Bruna apareceu e derrubou Amanda no chão. Ela só teve tempo de pegar seu machado preso no escudo, e virar-se para bloquear um ataque de Nina.

- Eu é que vou afundar a espada na sua cabeça! – Exclamou Nina, mas Bruna era mais forte que ela. Com um movimento rápido, Bruna derrubou Nina para o lado. Sua estava foi o lado.

A garota do Distrito 13 estendeu a mão para pegá-la, mas Bruna acertou sua barriga com um chute. Nina curvou-se no chão, com um grito abafado de dor. Logo depois, Bruna acertou o queixo dela.

A lenhadora ergueu o machado, e Nina o viu fazendo sombra no Sol quase se pondo.

- A minha frase favorita... – Disse Bruna sorrindo – Cortem as cabeças!

Bruna preparou-se para dar o golpe, mas acabou berrando de dor.

- Aaah! – Berrou ela ao sentir algo extremamente doloroso. O seu pé foi atravessado pela picareta da Amanda, que se arrastara no chão para não ser vista. Ela olhou para Nina, ainda morrendo de dor, e deu a ordem.

- Corre! – Berrou ela.

Amanda puxou a perna de Bruna e a fez cair no chão. Nina catou sua espada, mas resolveu pegar a mochila de suprimentos que Bruna deixara cair no chão. A lenhadora uivava de dor, e o seu sangue começou a escorrer pela bota marrom.

Com um movimento lento e dolorido, Amanda se colocou de pé e puxou Nina, que estava com dificuldade de correr. A garota do Distrito 13 olhou para sua única companheira e depois para Bruna.

- Mata. – Disse Nina. Amanda olhou para ela – Mata antes que ela levante!

Amanda puxou a camisa para o lado revelando o corte profundo feito em seu ombro. O sangue estava escorrendo, e sua coloração era escuro e densa. Com uma cara de dor, respondeu...

- Você teve sorte de eu agüentar arrebentar o pé dela, mas esse é o melhor que eu consigo fazer agora. – Disse Amanda. Ela olhou para Bruna que se colocava de pé com dificuldade, e que ainda gritava de dor – Quer matá-la? Vai lá. Eu não fico aqui para ver isso.

Nina olhou para Amanda, que corria para longe na esperança de se livrar de Bruna até seu ombro melhorar, e resolveu fazer o mesmo. Sua espada ficara para trás, e a única coisa que tinha era aquele arco e flechas de Flávia. Não ia adiantar de tão perto.

Ela virou-se e saiu correndo o máximo que pôde para alcançar Amanda, e assim que conseguiu, não parava de olhar para trás checando se Bruna as estava seguindo.

- Está vendo ela? – Perguntou Amanda desviando o olhar rapidamente.

- Não. – Respondeu Nina sem fôlego – Não vou agüentar mais.

- Aguente. – Disse Amanda tensa – Ela não vai desistir até nos matar.

- Eu sei disso. – Confirmou Nina. Elas pararam atrás de uma árvore grossa, e respiraram fundo.

Nina ainda sentia seu corpo dolorido pelos chutes fortes de Bruna, e Amanda sentia a enorme ardência de seu ombro cortado. Elas ouviram um barulho, e Amanda olhou para o lado. Ela girou a picareta em suas mãos, e respirou fundo.

Se fosse Bruna, elas iam morrer. Nina não tinha armas, ela não tinha força para usar a que tinha. Estavam feridas e cansadas de correr. Já era.

- Prefere ser um herói morto, ou uma covarde vivo? – Perguntou Nina. Amanda olhou para ela rapidamente, e depois olhou de volta para o lado em que esperava que Bruna aparecesse.

- Eu prefiro ser uma heroína viva. Mas acho que não existe essa opção no Distrito de vocês, não é? – Disse Amanda com certa irritação – Revoltados.

- Se você vai morrer... Faça o maior estrago possível. – Disse Nina calmamente e ignorando o comentário de Amanda – Se ela aparecer... – Nina deu um leve tapinha no ombro bom dela – Gostei de te conhecer.

- Ah, é. Eu também te amo do fundo do meu coração. – Respondeu Amanda assentindo. Ela, pela primeira vez, concordava com Nina. Se era para morrer, então ela ia dar um jeito de ferrar seu oponente o máximo possível.

Os passos foram se aproximando até que...

- Ah! – Berrou Amanda afundando sua picareta na primeira coisa que viu.  Para sua surpresa, não tinha ninguém. Ela acertara a própria árvore, e quando olhou para baixo notou que os sons foram feitos por um coelho – Droga... Ela deve ter ouvido.

- Não podemos ficar paradas. – Murmurou Nina olhando em volta.

- Ela pode estar em qualquer lugar, você sabe disso, não? – Disse Amanda olhando em volta.

- Dane-se. Ficar parada é pior do que arriscar uma direção. – Falou ela. A garota do Distrito 13 estava pronta para sair andando, quando... - Abaixa!

Nina jogou Amanda no chão, segundos depois que uma lança cravou-se na árvore ao lado delas. Bruna estava se aproximando ainda mancando um pouco, mas com muita raiva e um machado nas mãos.

Os dedos de Nina correram para uma flecha e depois pegou o arco. Trêmula, ela tentou mirar em Bruna, mas estava tão nervosa, que acabou errando. Ela pegou outra e tentou mirar novamente e quase acertou, mas a flecha sumiu no meio da vegetação.

- Vou acabar com vocês! – Gritou Bruna. Amanda olhou para Nina, pois sabia que aquele podia ser o fim delas. Era um tanto ridículo. Eram duas, e Bruna só uma, mas a lenhadora era bem mais forte.

- Nina, vai embora. – Disse Amanda – Corre. Corre para bem longe.

- O que?! – Exclamou ela – Nós podemos correr...!

- Eu nunca esperei ganhar isso mesmo. Estava contando os minutos até eu morrer, e acho que é agora. – Falou ela em um tom triste, e desanimado – Que droga de vida...

Ela se levantou com o garimpo nas mãos. Seu ombro a impossibilitava de ganhar a luta, mas ela faria o máximo de estrago que pudesse. Bruna correu em sua direção com um rugido “Cortem as cabeças!”, e Amanda gritou correndo para ela.

As duas chocaram suas armas, mas Bruna conseguiu empurrar a garota do carvão para longe. Entretanto, quando se aproximou, Amanda lhe deu um chute bem forte, que a fez chegar para trás e se curvar de dor.

Ela se pôs de pé e acertou o garimpo no ombro de Bruna, ferindo-a do mesmo jeito que ela tinha feito antes.

- Aaah! – Gritou Bruna, mas ainda tinha mais força que Amanda. Ela empurrou a garota para trás, que caiu no chão novamente, mas dessa vez não conseguiu se levantar. Bruna segurou o machado com uma mão só, e caminhou até Amanda com dor.

- Saí! – Exclamou Nina atirando uma flecha nela, mas acabou errando a mira. A garota do Distrito 13 estava prestes a avançar contra Bruna, quando notou algo, e resolveu ficar parada.

A lenhadora ergueu o machado no alto, e Amanda tentou chegar para trás, mas foi arrastada para frente novamente. Seu ombro arrastou no chão de terra, e ela reprimiu um grito de dor.

- Até é bom que seja você... Ao menos você não tem mais ninguém a esperando de volta. – Disse Bruna – Diga adeus.

Amanda não reagiu. Ela parou e olhou para o machado erguido na sua frente. Imaginou como aquilo iria doer, e pediu mentalmente que sua morte fosse rápida. Ela ouviu o mais pura silêncio por alguns segundos, e fechou os olhos.

Para sua surpresa, o silêncio se prolongou. Ninguém se mexeu ou falou alguma coisa, o que a deixou tensa. Quanto tempo mais aquilo ia durar?

Foi aí que algo respingou em seu rosto. Ela abriu os olhos, e viu Bruna ainda parada na sua frente. Mas devagar seus braços foram perdendo a força, e ela foi forçada a jogar o machado para o lado.

Ele caiu a centímetros de Amanda, que passou a mão pelo rosto seu entender. As gotas que tinham caído nela eram sangue. A garota do carvão se arrastou para trás no chão.

Bruna parecia estar sentindo muita dor. Seus olhos pararam em Amanda com enorme tristeza, e se encheram de água. A lenhadora deu passos lentos em sua direção, mas sua adversária não se moveu.

- Eu... – Sua voz saía com dificuldade – Só queria... Vê-los de novo.

Amanda respirava em um ritmo irregular. Os joelhos de Bruna cederam, e seus olhos transbordaram água.

- Eles... Eram tudo que eu tinha. – Disse Bruna chorando – Era e única coisa que a Capital podia tirar de... De mim.

Amanda não sabia o que dizer, por isso só assentiu.

- Eu... Sei como é isso. – Disse ela devagar. Bruna chorou ainda mais, mas por algum motivo sua voz falhava. Ela estava ficando sem ar, e sua boca começou a ficar vermelha. Amanda olhou para Nina, que estava parada, como se quisesse se esconder de algo, esperando o momento certo, e depois olhou para Bruna novamente.

- Se... Você ganhar... – Bruna chorou – Por favor...

Ela estendeu a mão trêmula e mostrou um pingente. Era um coração feito de madeira, menor que o dedinho mindinho de Amanda. Ela pegou o objeto ainda relutante, e continuou olhando para Bruna sem entender.

- Não queria... Que isso acontecesse. – Disse ela, e Amanda assentiu.

- Eu tinha que morrer para você ver seus irmãos, né? – Comentou ela calmamente, mas parecia compreensiva, e não irritada.

- Não. – Negou ela. Sua voz agora, já não saía direito, mas Amanda ouviu o resto – Não queria matar... Estar aqui... Eu só... Fiz o que a Capital queria...

Ela continuou a chorar, mas sem fazer barulho. Amanda abriu a boca para dizer alguma coisa, mas foi interrompida por uma terrível cena. Atrás de Bruna tinha um garoto alto, que segurava algo. Ela franziu o cenho e notou o que tinha acontecido.

Com um movimento rápido, o garoto perfurou as costas de Bruna até a lâmina de sua foice aparecer pouco abaixo de seu pescoço, respingando mais sangue.

Bruna fechou os olhos, que ainda deixavam água escapar, e caí para o lado quando o garoto puxou a foice dela. Os olhos de Amanda fitaram Bruna por uns instantes, e logo depois fitaram o garoto. O som do canhão foi ouvido.

Vinícius Dobbs. Ele tinha matado Rhamon, do Distrito 11, mas depois daquilo não tinha feito mais nada para aparecer no telão de noite. Entretanto, seu rosto seria visto naquela noite. Talvez não só por matar Bruna, mas por matar ela também.

- Não... – Murmurou ela tentando chegar para trás. Ela sentia a pouca comida que tinha ingerido próxima a sua garganta. O sangue de Bruna estava regando a grama ao seu redor.

Vinícius notou que ao seu lado estava uma picareta, e resolveu agir antes que ela o usasse para acabar com sua vida. Ele estava se saindo bem, e era melhor não jogar com a sorte.

- Uma a menos. – Disse para si mesmo. Ele ia cortar o pescoço de Amanda com a foice, mas foi atingido no joelho por uma flecha – Ai! Cacete! O que...?!

Vinícius foi para trás olhando para a flecha cravada em seu joelho. Aquilo doía muito, mas algo pior estava por vir. Nina mirou no coração dele, e pela primeira vez, acertou exatamente o alvo. O mais sangue estava molhando o chão do lugar, mas o canhão ainda não tinha disparado.

Amanda pegou sua picareta e se levantou. Ela respirou fundo e lançou a arma contra o garoto. Ela atingiu exatamente a testa dele, e aí ouviram o som novamente. Vinícius caiu no chão.

- Finalmente... Paz. – Murmurou Nina olhando para os dois – Essa foi por muito pouco.

- Você... Viu ele chegando? – Perguntou Amanda com a voz trêmula. Nina olhou para ela e assentiu.

- Era mais fácil assim. – Disse ela – Ele ia acabar com ela. Acabar com ele seria fácil depois disso. Eu não ia deixar que eles te matassem.

- Ah, não? – Perguntou Amanda. Ela puxou sua picareta da testa dele, e depois olhou para Bruna com pena. Uma idéia a atingiu. Ela rasgou a camisa de Vinícius, e foi até Bruna.

- O que está fazendo? – Perguntou Nina.

Amanda jogou o pedaço de pano rasgado por cima de Bruna, e depois se levantou indo até Nina.

- Os irmãos dela não precisam vê-la desse jeito. – Comentou ela com uma voz fraca. Amanda sentou no chão, completamente acabada. Nina negou com a cabeça.

- Ela tentou nos matar. Ela ia enganar todos nós. – Disse Nina – Nesse Jogo não podemos deixar algo assim acontecer.

- Então é você que está se enganando. – Disse Amanda – O que você acha que vai acontecer se sobrar só nós duas? Até quando acha que conseguimos ficar juntas sem nos matarmos?

- Isso é o que eles querem que você faça. – Disse Nina tentando explicar para ela – Você não pode ceder desse jeito...!

- É matar ou morrer! Suas idéias rebeldes não tem espaço aqui! – Exclamou Amanda com raiva. Ela se levantou e notou que suas mãos e rosto estavam sujos de sangue. Ela respirou fundo, mas estava prestes a desabar no chão chorando.

Nina foi para perto dela, e a abraçou. Era o único jeito de falar em seu ouvido.

- Deixa eu contar como eu vim parar aqui. – Pediu ela.

Amanda fechou os olhos e sentiu o mundo inteiro girar, enquanto as duas andavam para longe dali.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Fiquem calmos. Respirem fundo...
Espero que vocês não tenham morrido.
Mesmo depois disso... Os Jogos continuam. Vamos ver quem vai ganhar esse Jogo. Em quem vocês apostam?
Até o próximo capítulo.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Get Out Alive" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.