O Monstro. escrita por Moukiki


Capítulo 4
Capítulo 4




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Pov Yamashito Corey:

Obsevei a porta por alguns minutos. Me sentei no sofá, franzindo as sobrancelhas. Aquilo tudo tinha acontecido mesmo? Era quase inacreditável! Tipo, eu tinha um monstro morando comigo! A campainha tocou pela segunda vez naquele dia e eu abri a porta. Era Joshua de novo.

_ Porque você está aqui de novo? Não já mandei você ir embora? - perguntei, bufando.

_ Depois de ontem você ainda não aprendeu? Podemos ser qualquer um. - disse Joshua, sorrindo perversamente.

Senti a cor sumir do meu rosto, recuando.

_ O-o que você quer? - perguntei, com os olhos arregalados.

_ Seu sangue, sua morte, sua carne, o que mais eu poderia querer? - perguntou, entrando e aparecendo na minha frente em dois segundos.

Senti a parede fria atrás de mim e congelei, com os olhos ainda mais arregalados.

_ E-eu não quero morrer. - falei, tremendo. - Não agora.

_ Ah, não se preocupe, não vai morrer agora, vai sofrer bastante antes. Assim como todas as minhas vítimas. - disse o monstro, se aproximando.

Percebi que haviam algumas diferenças de Joshua. Primeira, seus olhos eram castanhos. Como eu não notara isso antes? Segunda, seus dentes eram afiados como navalhas. Terceira, ele agora tinha uma cauda. Engoli em seco, notando que seu cabelo ficava cada vez mais claro, até ficar branco, como os cabelos de Kyrenai. Seria ele aquele na floresta que me protegeu...

_ Você não me protegeu? Por que vai me matar agora? - perguntei, bastante assustado.

_ Eu não te protegi. Meu pai sim. Ele é um imbecil, eu sei. Semelhança comigo você não tem nenhuma. - falou, dando uma gargalhada e me agarrando pelo pescoço.

Senti suas garras afiadas perfurarem a pele do meu pescoço e agarrei automaticamente a sua mão. Eu não conseguia respirar, mal conseguia pensar direito, até que ele me soltou, me empurrou de lado e me chutou tão fortemente que eu senti que voava, batendo fortemente as costas na parede, quase perdendo a consciência.

_ Não desmaie ainda, quero me divertir mais! - exclamou, me sacudindo. Senti uma dor lancinante nas costas, soltando um grito que foi abafado pela sua mão. - Não grite assim, está doido? Não vai querer que eu mate seus vizinhos ou quem quer que seja que entre pela porta também, certo? - perguntou, lambendo meu pescoço. Arregalei os olhos, notando que ele lambia o sangue que agora escorria.

_ Você gosta de torturar as pessoas? - perguntei, respirando com dificuldade. Estava doendo de verdade, deve ter quebrado uma costela ou outra. Eu sentia as lágrimas escorrerem sem a minha permissão.

_ E você gosta de chorar? - perguntou, rindo.

_ Eu não estou chorando, meus olhos estão agindo por conta própria, você deve ter quebrado umas costelas minhas. - resmunguei.

_ Ah, jura? - perguntou, passando a mão pelas minhas costelas e apertando, fazendo com que a dor piorasse a ponto de eu gemer alto e minha visão ficar completamente embaçada. Fechei os olhos, ofegando demais. - Hum, parece que é verdade... - disse ele e senti uma dor aguda no meu braço. - Não se preocupe, eu quebro o resto também...

_ Não! - exclamei, sem conseguir me conter. Doía demais! - Pare por favor!

_ Oras, mas porque o desespero? Eu, por exemplo, adoro sentir dor. Me faz sentir vivo, e sentir a necessidade de viver mais intensamente cada vez mais. Não é delicioso? - perguntou, e senti algo perfurar fortemente exatamente onde mais doía em meu braço, fazendo com que eu soltasse um grito e arfasse de dor, abrindo os olhos.

Mas não consegui processar muita coisa, apenas senti um pouco da dor passar e senti o baque no chão. Pisquei várias vezes, tentando enchergar mais que vultos e percebi que Kyrenai estava em cima do outro.

_ Kinty, seu maldito! - resmungou Kyrenai ferozmente. Estremeci, nunca tinha visto ele usar tal tom de voz.

Ouvi uma gargalhada.

_ Ai, isso é bom, quebre meu braço! Isso! - exclamou o monstro, que parecia estar adorando aquilo.

_ Cale a boca! - exclamou Kyrenai, o jogando longe. Ouvi outra gargalhada e o outro já tinha prendido Kyrenai contra a parede em menos de meio segundo.

_ Irmãozinho, você não consegue nem ao menos quebrar o meu braço? Isso é tão desprezível... - resmungou o monstro, e vi que ele torcia o braço de Kyrenai.

_ AAAAH! SAIA! - berrou Kyrenai, conseguindo empurrar ele e fazer com que ele soltasse seu braço.

_ Então você acha que é forte o suficiente para me desafiar? - disse o outro, pegando Kyrenai pelo pescoço e o levantando. Kyrenai se debatia inutilmente, tentando tirar aquele braço dali. - Então tenho uma surpresa para te contar: Você é fraco. E sabe por que? Porque falta... Ódio. - disse o tal Kinty, batendo Kyrenai com força contra a parede e o soltando.

Kyrenai ofegava e estava quase desacordado. Arregalei os olhos vendo que o outro sacudia a cabeça.

_ Tão chato... Pensei que iria ser mais divertido. Bem, vou encontrar outra presa, essa aqui está muito idiota de se comer. Que tal o presidente? - se perguntou o tal Kinty, sorrindo e desaparecendo.

Consegui ir até Kyrenai, vendo que seus olhos estavam fechados e ele tremia. Ele estava tão frio que parecia estar congelado. Arregalei os olhos, me esquecendo totalmente da dor que eu sentia, o arrastando até a cama e o cobrindo, me deitando ao seu lado. Ele tinha me protegido!

Peguei o telefone para ligar para alguém, mas parei. Quem eu chamaria naquela situação? Ninguém me ajudaria a salvar um monstro. Disquei um número automáticamente, rezando silenciosamente.

_ Alô? - era a voz de Joshua.

_ O-oi, pri-primo. - consegui gaguejar, percebendo que estava rouco e quase sem voz.

_ Corey? Você está bem? - perguntou, parecendo um pouco assustado.

_ V-você p-po-pode... Por... Por favor me ajuda. - consegui dizer com muito custo.

_ O que aconteceu? Aquele monstro te atacou? Eu sabia que ele não era confiável, aquele... - começou meu primo e eu o interrompi:

_ N-não. O K-Kyrenai m-me s-s-sal... Salvou. E... E e-est-está mu-muito m-mal. Po-por f-favor, m-me a-ajuda a cu-cuidar d-dele. - consegui dizer, respirando fundo. - Não... Não dá para explicar.

_ Estou indo. - disse Joshua depois de um silêncio ameaçador, desligando o telefone.

Percebi que Kyrenai estava inconsciente. Por que a minha voz estava assim? Então eu me lembrei da cauda. Será que... Arregalei os olhos e engoli em seco.

Logo ouvi a porta da sala se abrir e passos pela casa toda. Joshua apareceu na porta do quarto, eu mal conseguia manter meus olhos abertos.

_ Primo! - exclamou Joshua, pondo a mão na minha testa. - Depois você tem que me dizer o que aconteceu.

Assenti levemente, sentindo meu corpo relaxar e fiquei inconsciente.


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