Naquele quente dia de verão no santuário de Atena, muitos cavaleiros treinavam já acostumados com o calor, outros, por natureza, jamais se acostumariam com aquele calor quase infernal que era a Grécia.

-Tá quentee... – Reclamou a discípula de aquário pela terceira vez.

-Para de reclamar e me passa essa caixa ai. – Falou o discípulo de escorpião pegando a caixa que a ruiva lhe entregou e a abrindo, ajeitou os curtos fios azuis escuros e reclamou:

-A Saori tinha que pedir para arrumarmos um dos milhares de quartos abandonados do Salão do Grande mestre justo HOJE, no dia mais quente do ano?

-Fazer o que, ela se lembrou disso e nós éramos os únicos disponíveis – Ela lhe respondeu enquanto se levantava com algo que tinha tirado de uma das caixas daquele mórbido quarto – O que é isso?

-Encontrou algo aqui além de poeira? Deixe-me ver – O discípulo de Milo pegou o objeto da ruiva e chacoalhando o que parecia uma antiga caixa de madeira antiga – Parece que tem um livro aqui dentro, mas está trancado – Devolve o objeto para a ruiva.

-Sem problemas – Ela congelou a pequena tranca e logo em seguida a quebrou, tirando de dentro da caixa algo que parecia um livro de recordações – De quem será?

Os dois abriram o pequeno álbum e viram várias fotos, eles eram familiares, mas, ao mesmo tempo desconhecidos, pararam em uma foto especial que tinha um loiro de olhos fechados e um homem de longos cabelos azuis piscina com olhos também azuis, porém de um tom mais escuro, ambos sorriam alegremente abraçados a uma menina de longos cabelos loiros e olhos pretos meio arroxeados.

-Parece o Shaka... – Começou o discípulo de escorpião.

-E o Afrodite... – Completou a ruiva - Mas pensa bem Samael, não tem como serem eles.

-Tem razão Ran... – Samael então tirou a imagem com cuidado do álbum e leu o que estava escrito atrás – “Asmita de virgem, Albafica de peixes e Gabriela, o casal mais lindo que eu já vi, mas sua historia mesmo assim não deixa de ser trágica.”

-Esses não são os cavaleiros de ouro que lutaram com o Mestre Shion e o Dohko? – Perguntou a ruiva, vendo o outro ascentir – Vamos perguntar pra eles se eles conhecem essa tal de Gabriela.

-Mas e a limpeza?

-A Saori que se vire depois – E os dois saíram em direção ao salão principal da décima terceira casa encontrando Shion sentado no trono conversando animadamente com o santo de libra.

-Mestre Shion, Dohko – Falou Samael fazendo uma reverência sendo seguido pela ruiva que fez uma reverência menos respeitosa, mas que já era conhecida pelo Grande Mestre.

-Ran, Samael, não deveriam estar limpando aquele quarto? – Perguntou Shion.

-Sim, mas achamos isso e gostaríamos de perguntar se o senhor sabe a quem pertence – Falou Samael se aproximando de Shion e de Dohko para entregar o álbum.

-Este é um álbum antigo que eu fiz um pouco antes de lutar na guerra santa – Lhe respondeu olhando cada uma das fotos antigas parando em uma específica e mostrando-a para Dohko – Lembra-se dela, Dohko?

-Se lembro, ela foi a única pessoa que conseguiu se aproximar de Albafica e de Asmita – Responde-lhe o ancião.

-Mestre, quem é ela? – Perguntou a discípula de aquário já não agüentando mais o suspense.

-Ela era uma camponesa, seu nome era Gabriela. Pouco antes da guerra santa, ela veio trabalhar aqui no santuário, o grande mestre da época a escolheu especialmente para trabalhar em peixes por ela ser imune ao veneno das flores de Albafica.

-Imune? Por quê? – Perguntou Samael.

-Ninguém soube explicar. – Respondeu Dohko – Mas todos nos devíamos muito a ela, ela conseguiu fazer o cavaleiro de peixes saber o que é alguém para conversar, alguém para confiar, para poder dividir as alegrias e as tristezas... Alguém para amar...

-O senhor disse que ela foi a única pessoa que conseguiu se aproximar do antigo santo de virgem, por que? – Perguntou a discípula de Kamus já não escondendo a curiosidade.

-Sim, parece que um dia, ela foi designada especialmente para cuidar da casa de virgem, porque, como seu morador quase nunca saia da lá, a casa ficou meio bagunçada. Lá ela acabou conhecendo o seu morador, ela ia lá as vezes e acabou conquistando também Asmita. Ela e o antigo santo de peixes tinham um relacionamento, parece que ela acabou se apaixonando também pelo santo de virgem e, após um tempo, Albafica que conseguia se aproximar também de Asmita sem matá-lo por ele ter um grande cosmo que impedia o veneno de fazer algum mal, acabou se apaixonando pelo guardião da casa onde hoje mora Shaka.

-E o que aconteceu com ela? – Perguntou Samael.

-Um pouco antes de a guerra santa começar, ela foi levada para Jamiel pelo Grande Mestre que pediu para seu irmão tomar conta dela até tudo se ajeitar, porém parece que no dia em que Asmita foi até a torre, ela havia partido de volta para o santuário, ninguém jamais soube o que aconteceu com ela, mas dizem que ela virou uma amazona para esperar seus dois amores voltarem – Falou Shion.

Os dois discípulos, já satisfeitos, fizeram uma reverência e se retiraram.

-Mas, Shion, Asmita e Albafica escreveram uma carta para ela, não? Eles disseram que colocaram em um lugar que apenas ela poderia encontrar... – Dohko perguntou se virando para o grande mestre, este deu um sorriso.

-Sim, Dohko. Sabe o que eu acho? Que ela encontrou esta carta, mas o que ela fez depois é um mistério até para mim...

Treino das Amazonas:

-Ei, Marin, você sabe o que é isso? – Perguntou Shina se abaixando e pegando o pequeno objeto que ela havia encontrado ao ter sido arremessado contra uma árvore pela ruiva – Estava dentro desse tronco oco.

“Para Gabriela,

Não é fácil dizermos isso, porém sabemos que você é forte o suficiente e esperta o suficiente para saber que não voltaremos.

Queríamos lhe pedir uma última coisa, viva uma vida feliz, tenha sua família e nunca deixe de nos amar, porque estaremos esperando-a do outro lado, esperaremos o tempo que for necessário para reencontrá-la.

                                                                              A amamos.                                           

                                                                                      Asmita e Albafica.”

A ruiva guardou a carta no mesmo lugar em que a outra a havia encontrado.

- Isso, minha jovem serpente, é uma carta de um amor profundo e verdadeiro – Ela lhe disse – Agora vamos voltar para os treinos.

E as duas voltaram para o campo de treinamento das amazonas, porém elas não viram que aquele pequeno e belo bilhete saiu voando com o vendo até o cemitério dos cavaleiros onde parou entre duas lápides.

“Aqui jaz Albafica de peixes” dizia uma “Aqui jaz Asmita de Virgem” dizia a outra.

Aquele bilhete ficou lá durante um tempo, e logo em seguida voou para o céu e nunca mais foi visto. Porém, não se sabe se foi o sol incrivelmente quente daquele dia de verão na Grécia, mas podia-se jurar que havia, em cima de um pequeno monte em uma clareira lá perto, onde nasciam belas rosas vermelhas, três figuras transparentes, uma menina e dois homens, ambos sorriam e riam, como se eles ainda estivessem vivos.

Mas eles tinham motivos para estarem felizes já que, poderiam ficar eternamente juntos.