Chance To Love escrita por Fernanda Melo


Capítulo 27
Capítulo 27




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A forte dor que abrangia em minha perna em nenhum momento me fez esquecer em como Alice e as crianças deveriam estar assustadas. Tentei-me por de pé, mas minha tentativa foi em vão, um dos paramédicos pressionou meu peito contra o chão novamente, fazendo que eu me entregasse à tontura e perdesse os sentidos...
[Alice]
Meu coração estava saindo pela boca, a cada batida que ele dava parecia que era um passo largo para ficar longe de mim. Mal consegui conversar com os policiais direito, minha voz saíra como um sussurro fraco misturado ao choro. Então assim que eles disseram que já estavam a caminho larguei o telefone no chão e abracei meus dois pequenos anjinhos. Liz estava tão desesperada que não se continha em choro, ela tentava a cada tentativa soluçar silenciosamente. Eric também estava assim, com uma expressão chorosa e deixando algumas lágrimas escapar de seus olhos.
Quando ouvi a voz do assaltante senti meu coração parar, ele conversava grosseiramente com Jaz e o pensamento que fluía sempre a minha mente era se o ladrão estaria armado. Não conseguiria viver sem ele. Não conseguiria pensar se ele não estivesse ali comigo. Eu realmente odiei a idéia de Jaz tentar bancar o super-herói. Ele não teria capacidade de fugir. Eu estava desesperada demais para parar de pensar em desastres, parecia que tudo só girava em torno desses meus pensamentos insanos e loucos.
Ouvi passos se aproximando do esconderijo, por um mero momento pensei que fosse Jasper, mas o barulho estrondeante me fez congelar durante um longo tempo, rezando para que aquele tiro não tenha acertado Jasper e sim ao assaltante. Por alguns segundos pensei em ir correndo para lá e ver o que realmente havia acontecido, mas não podia simplesmente deixar meus filhos sozinhos, não agora que eles estavam tão assustados.
- Alice, você está aí? - Ouvi uma voz familiar chamando pelo meu nome e chegando mais perto, fechei meus olhos deixando as últimas lágrimas escaparem e para me deixar fugir um pouco da realidade. Quando senti uma mão calorosa tocar meu ombro, mas mesmo sabendo que não seria Jasper me senti segura, pois sabia que poderia contar com aquela pessoa desde quando a conheci.
- Charlie. Como ele está? Percebi que pelo seu desviar de olhar não era coisa boa e naquele momento não sabia o que fazer pela primeira vez. Me perdi completamente com o silêncio que ele estabelecera, e com ainda sua cara de quem não tinha boas notícias ele se preparou para quebrar aquele maldito silêncio.
- Ele foi baleado, mas ele ficará bem, não se preocupe. Percebi no exato momento que também não tinha mais forças para continuar chorando, mas teria que criar alguma para que eu pudesse dividir minha vida em amparar meus filhos e ir ao hospital para ficar com o Jasper.
- Você pode ficar com eles um pouco? Preciso conversar com os para médicos.
- Claro vá lá.
Não perdi muito tempo e me levantei rapidamente para que pudesse encontrar alguém ali ainda, apenas vi Jasper em uma maca sendo carregado para fora de nossa casa. Mas o paramédico ainda conversava com um dos policiais que estava fazendo algumas anotações. Dei alguns passos rápidos até chegar perto o bastante dele.
- Com licença, você é o paramédico que examinou meu marido?
- Sim, sou eu mesmo.
- Ele irá ficar bem? O que aconteceu.
- Pode ficar tranqüila, seu marido levou um tiro na perna, a bala ainda se encontra alojada, mas ele não corre nenhum risco. Teremos que fazer uma cirurgia, mas ficará tudo bem. Seu marido é mesmo corajoso em ter enfrentado aquele ladrão, sinceramente não sei se faria o mesmo.
- É ele tem uma mania de ser super protetor. Mas obrigada pela informação.
- Estou às ordens. Então rapidamente voltei para perto das crianças. Percebi que Charlie ainda não tinha perdido o jeito com crianças, até conseguiu fazer com que Eric desse um sorriso que instantaneamente me fez abrir um também.
- Obrigada por cuidar deles. Disse pegando Liz em meu colo que ainda não havia abaixado a guarda e nem conversou com Charlie. Ela escondeu seu rosto em meu pescoço e passou seus bracinhos em torno do mesmo. Meu amor não precisa ficar assim, já acabou. Mesmo dizendo isso ela não ficou bem, continuou do mesmo jeito, ela devia estar mesmo com muito medo.
- Você precisa de mais alguma coisa?
- Não acho que somente sair daqui.
- Alice se precisar mesmo, posso te ajudar. Meu trabalho pode esperar um pouco, você é como uma filha pra mim.
- Obrigada Charlie. Então acho que vou me aproveitar de você por alguns minutos.
- Cuidarei das crianças enquanto você arruma suas coisas. Ele completou praticamente lendo minha mente. Nem ao menos sabia o que fazer naquele momento, não sabia o que pegar, não sabia para onde ir, mas tinha certeza que naquela casa não ficaria nem mais um segundo.
Resolvi então parar para pensar um pouco e decidi o que fazer. Instantaneamente peguei o telefone e liguei para minha mãe, com calma expliquei o que havia acontecido e lhe perguntei se poderia passar uns dias por lá, e ela claro disse que poderia passar o tempo que precisasse. Comecei a arrumar as coisas das crianças algumas do Jasper e as minhas coisas também. Quando desci percebi Charlie contando uma história para as crianças, eles prestavam atenção ao máximo e imediatamente lembrei em como todas as noites Jasper fazia questão de contar uma história diferente para eles.
- Pronta? Quer uma carona?
- Não obrigada Charlie, vou no meu carro mesmo. E se essa cara for de será que ela já está melhor, sim estou e lhe prometo que vou dirigir com calma.
- Confio em você. Então vou indo, te vejo outro dia desses.
- Até mais. Assim que ele passou pela porta terminei de fechar a casa e liguei o alarme. Chamei as crianças e fomos para o carro, Eric me ajudou carregando sua mochila e Liz a sua.Coloquei as coisas no porta mala e ajeitei as crianças nas cadeirinhas. Quando cheguei à casa dos meus pais eles já se encontravam a minha espera, me ajudaram com as bagagens e com as crianças.
- Como você está filha?
- Bem mãe, um pouco nervosa, mas bem. Dei uma pequena pausa, as crianças entraram primeiro junto ao meu pai e logo em seguida eu e minha mãe. Conversamos um pouco sobre o ocorrido até eu perceber que Eric havia dormido. Levei-o para o quarto e Liz me acompanhou disse que também estava cansada. Então assim que ela se deitou tentei lhe contar a história da cachinhos dourados, não era uma boa contadora de história feito Jasper, mas logo ela também havia pegado no sono.
Passados alguns minutos me arrumei para ir até o hospital e assim que cheguei lá tive a notícia de que a cirurgia de Jasper já havia terminado. O médico havia pedido para que uma das enfermeiras me avisar que ele logo viria me avisar sobre o estado do meu marido. Fiquei a espera dele por alguns minutos que pareceram mais horas.
- Desculpe pela demora, estava atendendo outro paciente.
- Não, tudo bem.
- Então, a cirurgia foi um sucesso, seu marido correspondeu bem ao ato cirúrgico. Resumidamente ele se encontra muito bem, não há com o que você se preocupar.
- Obrigada.
- É meu trabalho, meu dever é ajudar as pessoas. Agora preciso ir, fique a vontade se quiser ir vê-lo.
Soltando um suspiro de alívio, deixei com que um sorriso estampasse meu rosto por aqueles minutos que eu atravessava o corredor do hospital procurando o quarto onde Jasper estaria. Quando entrei no quarto percebi sua feição angelical que tanto me seduzia. E um alívio me bateu em ver o movimento em seu peito da respiração. Sentei-me na poltrona ao lado da cama e peguei em sua mão, lhe acariciei o rosto e seus cabelos encaracolados.
Deixei algumas lágrimas de felicidade escapar, estava contente em estar ali com ele, ao lado do homem da minha vida, o que prometeu sempre cuidar de mim e cumpriu. Ao mesmo tempo que lhe achava um herói eu achava um absurdo ou uma loucura o que ele havia feito, porque sua promessa de proteção eterna poderia ter acabado ali.
Peguei o meu celular que havia me assustado, mesmo estando no vibratório, me tirando dos meus pensamentos. Atendi rapidamente assim que percebi que era o numero do telefone da casa dos meus pais, poderia ser algo com as crianças.
- Alô.
- Mãe?!
- Liz meu amor, o que aconteceu?
- Eu to com medo, onde você ta?
- No hospital meu anjo, o que aconteceu para você estar com medo?
- Pesadelo... Com o papai.
- Ele está bem meu amor, não precisa ficar assim, daqui uns dias ele poderá voltar para casa, assim como todos nós.
- Mamãe, volta pra casa, to com medo.
- Tudo bem meu amor, estou indo daqui a pouco.
- Ta bom. Desliguei o telefone, não querendo muito fazer isso, queria poder ir até em casa conversando ao telefone com ela, mas não poderia. Sua voz doce e um tanto quanto confusa ainda pelo acontecido, me deixavam pensando sobre a vida de Liz, será que ela havia lembrado de algo do seu passado, quando seus pais morreram? Não isso nunca iria acontecer. Disse a mim mesma convicta, ninguém consegue se lembrar de algo quando ainda obtinha dois anos de idade, não seria possível que Liz seria exceção.
Assim que cheguei à casa dos meus pais encontrei Liz acordada, no meu antigo quarto de luz acesa, ela segurava seu ursinho de pelúcia e olhava distraidamente para o teto.
- Oi meu amor. Sentei na cama ao seu lado lhe beijando as bochechas rosadas. Ela por um instante sorriu para mim, aquele sorriso escondido durante horas pelo o acontecido. Está melhor?
- Agora estou. Ela disse ficando de pé na cama e me abraçando.
- Hum que abraço gostoso. Posso saber por que a mocinha está acordada sozinha?
- Não queria incomodar meus avós.
- Tudo bem, então que você acha da gente dormir juntinhas hoje?
- Acho bom.
- Então espera a mamãe aqui só vou trocar de roupa. Ela concordou e me esperou quieta no quarto, quando voltei ela ainda estava acordada, deitei-me no outro lado e lhe abracei trazendo-a para mais perto de mim, para poder protegê-la de qualquer coisa que lhe desse medo naquele dia.

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