Fragilidade escrita por luisalanajacs


Capítulo 1
Fragilidade


Notas iniciais do capítulo

Hermione e Draco na minha visão de como o relacionamento dos dois,se existisse, deveria ser. A fanfic inteira gira em torno da fragilidade,e não me matem se ficar muito triste e tals e tals.
Espero que gostem.



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Hermione esperava na sala precisa havia quase meia hora e mexia nervosa na barra das vestes violeta que usava, num claro sinal de impaciência. Seus cabelos, geralmente lanzudos e crespos, naquele dia, tinham sido caprichosamente alisados e caíam comportadamente por suas costas, uma cortina cor de chocolate sedosa e brilhante que fazia um contraste harmonioso com suas costas nuas.

A Granger estava apreensiva, porque ele estava demorando tanto a chegar, mas também, não poderia culpá-lo. Ela que aparecera meia hora antes na sala precisa, porque realmente precisava de um tempo para ficar sozinha e pensar, pensar e pensar um pouco mais. A cabeça da adolescente, tão sabe-tudo, tão genial, parecia, naquele momento, de vidro. A própria Hermione se sentia tão frágil que parecia que qualquer toque a quebraria em mil pedaços. Principalmente se fosse um toque dele.

Na verdade, ela já se quebrara há tempos. Há tempos Hermione Granger abrira mão do próprio orgulho para se machucar completamente e viver uma aventura da qual se arrependia amargamente. Ela amara, e o amor era uma faca de dois gumes. Inconvenientemente, ela não conhecera a face romântica do sentimento, e sim a mais pura amostra do masoquismo e da ilusão.

Aquilo a fragilizara.

O relógio na parede, subitamente, começou a fazer um barulho fino de sino, repetindo-se ritmicamente por seis vezes. Seis horas, pontualmente, a porta da sala precisa se abriu, revelando a face do homem que ela aprendera a amar. Usava vestes negras que deixavam-no com um ar de arrogância irrevogável. Ele fitou-a, e ela correspondeu o olhar com firmeza, respirando fundo.

Vamos lá, Hermione, vamos lá. É hora de recuperar o controle de si mesma.

E assim ela foi até ele. Em passos delicados, contados. Suas mãos finas se apertavam sem parar, e os olhos atentos dele logo perceberam que, naquele dia, tudo seria diferente. Deu de ombros—não precisa dela, ela não era nem de longe tão necessária—e, sem delicadeza, beijou-a.

Fragilidade. Era tudo o que o beijo demonstrava.

As mãos dele passeavam pelos cabelos dela, fofos, mas estranhamente diferentes naquele dia. Enquanto ela se preocupava em memorizar do melhor modo possível aquele beijo, ele se preocupava com o porquê de tudo aquilo. Ela não era a Hermione que ele conhecera, nem a Hermione com a qual ele se divertia uma vez ou outra.  E enquanto suas mãos desciam pela pele delicada de seus ombros desnudos, ele se esforçava para descobrir quem era aquela garota.

Separaram-se. Hermione olhou bem fundo naqueles olhos frios, e, fraquejou por um curto instante. Mas não podia, não deveria cair. Se ela fraquejasse, cuidaria para que o enterro fosse logo providenciado.

Por semanas, ela esperara para dizer aquelas palavras, fraquejando sempre que ele a beijava. Mas Hermione simplesmente se cansara. Cansara-se de viver de ilusões, de momentos quebrados e curtos. Cansara-se de sua frieza e de sua indiferença. Cansara-se de seu jeito sádico e de seus duplos sentidos. Cansara-se, principalmente, de seus sorrisos falsos e de suas palavras vazias, de suas mentiras que saíam suavemente dos lábios finos.  Ele sabia que tudo o que dizia a fizera se apegar à ele, mas não dava mais para continuar. Estava exausta de sofrer, sofrer, sofrer,e sofrer sozinha. Era a hora de dar um basta naquela fantasia e acordar para a realidade.

_Acabou._ foi a única palavra que saiu de seus lábios.

_Como assim?_ perguntou ele, com o mesmo tom suave que ela odiava. O mesmo tom suave que ele usava para enganá-la, para proferir todos os seus discursos enganosos, suas palavras doces e mentirosas.

_Acabou. Está tudo terminado entre nós.  Acabou. Terminou. Basta._ ela lutou para dar firmeza no que dizia, mas a palavras ondulavam no ar, facilmente quebráveis. Assim como ela estava.

_Fiz algo que te magoou, querida?_

Fragilidade. Era naquilo que ele se apoiara o tempo todo. Era a ferida que ele prometera curar, mas que cavava mais e mais. Hermione estava morrendo. Pouco a pouco.

_Sim, você fez._murmurou ela. _Você mentiu. Você me enganou. Você me usou. Você me fez acreditar que nós tínhamos alguma coisa, quando tudo não passou de uma diversão. Eu não sou nada para você. Você construiu um elo que me prendeu a você o tempo todo, baseado em mentiras e ilusões. Você nunca me amou. E mesmo assim, nunca deixou de dizer que me amava._

_Isso é verdade._ replicou ele, sorrindo docemente.

_Eu simplesmente subestimei você. Sempre foi isso, não é? Beijos e palavras, nada mais do que isso. E você contava que eu não percebesse, porque você descobriu aquilo que eu sempre quis esconder._

_Isso também é verdade._

_E você não se importa nem um pouco. Nunca se importou. Nunca se importará. E por isso acabou. Porque eu não vou viver para sempre na sua teia, cansei de ser sua escrava. Você me ensinou como ser uma masoquista, e fez isso parecer parte de quem eu sou, mas não é. Eu sou muito mais do que você. Muito mais. E acabou._

Ele se aproximou para beijá-la, para trazê-la de volta para ele, mas Hermione recuou. Seu olhar demonstrava de novo aquela vulnerabilidade que ele sempre viu nela, mas que demorara para descobrir como fazê-la aflorar.

_Eu prometo dizer a verdade._ sondou-o novamente, as palavras baixas, uma doce carícia que sempre a fazia voltar atrás.

Fragilidade. Era a arma que ele usava contra ela. Era a corrente que a fazia se agarrar mais e mais à ele. Mas não naquele momento.

_Não, você não promete. Você mente. Você é uma cobra escorregadia. Eu não confio em você. Saia daqui, Draco, e finja que nada disso aconteceu._

Draco olhou para ela, sorriu, mas ela não correspondeu seu sorriso. Sua varinha se materializara na mão trêmula, e ela fracamente apontou-a para o seu peito. Erguendo suas mãos num gesto de rendição, ele foi para a porta, e saiu sem olhar para trás.

De joelhos, Hermione começou a chorar. Lágrimas de medo, de revolta, de raiva de decepção. Ela se transformara naquilo que mais repugnava, e se dera ao luxo de transformar-se numa bonequinha de porcelana.

Quebrada. Frágil.

Fragilidade. O defeito que ela procura esconder, a base que ele encontrara para iludi-la, a arma que ele usara contra ela, e a campainha que a tinha feito acordar para a realidade na qual se encontrava. Fragilidade; aquilo que os unira, aquilo que a machucara e aquilo que destruíra tudo o que ela tanto lutara para construir.  


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Notas finais do capítulo

Lencinho na mão? Mentira, gente, ela ficou é muito dramática. Beijos, mereço reviews?



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