Na porta principal do colégio Ridgeway, Freddie esperava por Sam que ainda não havia saído da detenção. A reunião no Clube AV tinha sido monótona. Freddie quase não prestou atenção no que os amigos falavam. Ele andava muito distaído. E isso não era só hoje. Freddie não estava conseguindo se concentrar em nada que não fosse seu namoro com Sam nos últimos dias.

Alguns minutos depois, Sam desceu acompanhada de três velhos companheiros de detenção.

    - Oi nerd! O que tá fazendo aqui ainda? - A loira perguntou.
    - Já que você vai para casa da Carly também, resolvi te esperar para não ir sozinho.
    - É, esqueci que ele tem medo de andar na rua sozinho. - Sam falou para os garotos que estavam com ela.

Apesar estar dizendo palavras ásperas, nada dizia mais 'eu sinto muito' do que o olhar que Sam lançava à Freddie. Se os garotos da detenção não estivessem tão ocupados rindo, iriam claramente perceber o quanto ela estava triste por ter falado aquilo.

    - Boa, Puckett! - Um deles falou. - Vamos galera! Sam tem que escoltar o nerdzinho até em casa.

E a galera foi embora deixando Sam e Freddie sozinhos na porta da escola. Quando os três garotos já estavam a uma certa distância dos dois, Sam disse:

    - Desculpa por ter falado aquilo.
    - Tudo bem. - Freddie respondeu.

Eles saem da escola e vão em direção ao Bushwell Plaza. Ainda teve um minuto de puro silêncio antes que Freddie ousou o quebrar.

    - O que o diretor Franklin queria?
    - Ele queria saber o que causou a minha mudança de comportamento repentina. Eu disse que não podia falar e ele respeitou minha decisão.
    - E por que você estava na detenção?
    - Eu pedi para ir.
    - Você quis ir para detenção? - Freddie perguntou rindo.
    - Era a única forma de me livrar da Carly. Quando eu vi a sua mensagem eu pedi para o diretor Franklin para me dar uma detenção para conseguir ficar um tempo longe dela.
    - Hum.

Depois de mais algum tempo andando calados, quando já estavam a poucos metros da entrada do prédio, Sam parou de andar e confrontou Freddie, irritada.

    - Tá. Pode falar.
    - O que? - perguntou Freddie confuso.
    - O porquê de você estar chateado.
    - Eu não estou chateado.
    - Tá sim! Quando você está chateado fica olhando pra baixo desse jeito igual você está fazendo agora. - Sam disse apontando para cara de Freddie. - Agora fala.
    - Você podia, da próxima vez, pegar um pouco mais leve na zoação?
    - Você sabe que eu não posso. Freddie, eu não falo sério quando digo aquelas coisas.
    - Sei lá, eu tô cansado disso. É só isso.
    - De nós?
    - Não! Isso nunca. - Freddie levou sua mão direita no rosto de Sam, porém ela o afastou assim que duas senhoras passaram caminhando pelos dois. - Tô cansado de fingir que não existe nós. Todo vez que eu te vejo, tenho vontade de ficar próximo de você, de te abraçar e nunca mais soltar. Eu prefiria está te beijando e não brigando.
    - Não podemos contar sobre a gente. Foi isso que combinamos.
    - Que bom que você ainda lembra o que combinamos. Achei que tinha esquecido.
    - O que você quis dizer com isso?
    - Nada não.

Freddie continuou a andar em direção a porta do prédio e Sam o seguiu.

    - Acho que eu não estou te entendendo, Benson.
    - Viu! Eu não queria falar disso. Sabia que ia te deixar chateada.
    - Eu não estou chateada.
    - Tá sim! Quando você está chateada me chama de Benson nesse tom e morde o lábio torto para direta desse jeito igual você está fazendo agora.

Sam olhou irritada para ele e Freddie sorriu de leve e arqueou as sobrancelhas.

    - O que? Acha que eu não reparo em você também?

Freddie empurrou a porta de entrada do prédio e fez um gesto para que ela entrasse. Depois que Sam passou,  ele fechou a porta e eles seguiram a caminho dos elevadores.

    - E que já se passou um mês e não tocamos mais nesse assunto.

Eles entram no elevador e Sam aperta o botão do oitavo andar. Cada um estava encostado em um parede do elevador encarrando o outro.

    - Olha, eu não queria que você ficasse chateada comigo por isso nunca falei disso. - Freddie continuou. - Mas aí o  tempo foi passando e passando e nós fomos protelando essa conversa que deveriamos ter tido a algum tempo.
    - Eu não queria estragar as coisas com conversas. Está tudo ótimo do jeito que está.
    - Ótimo!? - Freddie falou indignado. - Me diz Sam, que eu estou muito curioso, qual é a sua parte favorita nisso tudo: ficar mentindo para poder se ver; fingir se odiar na frente dos outros; fugir da minha mãe, do Spencer, do Gibby e até da Carly, a nossa melhor amiga, só para passarmos um tempo juntos. Isso é ótimo para você? Desculpa, mas pra mim isso não é nada bom.
    - Foi ASSIM que combinamos que seria?
    - Também combinamos que seria só uma semana. E, se você checar o seu calendário, já se passou um mês inteiro hoje.

O elevador parou e um bipe avisou que ele tinha chegado no oitavo andar. A porta do elevador se abriu, mas nem Sam ou Freddie sairam. Eles ficaram lá se encarando sem dizer uma só palavra.

    - Oi gente! Que demora foi essa!

Carly falou se levantando do sofá e indo para perto dos seus dois amigos imóveis dentro do elevador.

    - Vão entrar ou vão ficar parados aí ?

Eles saem do elevador e entram no apartamento de Carly, agora evitando olhar um para o outro.

    - Aluguei um filme. - Disse Carly animada. - Que tal nós assistirmos enquanto o Gibby não chega para gravarmos aquele segmento para o iCarly?
    - Eu dispenso o filme. - Freddie respondeu sério. - Eu vou pra casa. E quando vocês quiserem começar a falar sobre o iCarly ou sobre qualquer outra coisa podem ir lá falar comigo.

Sem dizer mais nada, Freddie saiu pela porta da frente deixando as duas garotas sozinhas na sala.

    - Que estranho! - Carly falou sobre o comportamento do amigo. - O que deu nele? Vocês brigaram de novo?
    - Mais ou menos.
    - Vamos assistir o filme?
    - Não tô muito afim não, Carls. Tô cansada. Deixa eu dormir um pouquinho? - Sam falou se jogando em cima do sofá.
   - Nada de dormir. - Carly disse enquanto levantava a amiga do sofá. - Porque vocês brigaram agora?
    - Quando eu sai da detenção hoje, o Freddie estava me esperando para gente vir pra cá. Aí eu zoei ele na frente de uma galera que estava comigo e ele ficou chateado. No caminho, a gente falou umas coisas um para outro. É isso.
    - Você sabe que eu odeio quando vocês brigam.
    - Nem sei se a gente brigou. Não gritamos nem nada. Só falamos o que estavamos pensando.
    -Acho que a única coisa a se fazer agora é esfriar a cabeça e depois, quando ele voltar para gravarmos aquele vídeo, vocês conversam sobre o que aconteceu.
    - Sabe o que eu quero agora?
    - O que?
    - Frango frito. Mais especificamente aquele shake de frango frito que o Costela inventou.

Carly riu do comentário da amiga. Sam amava tanto frango frito que obrigou o Costela a criar um shake especial para ela. Ele o chamou de 'Porção Puckett'. Não era uma das vitaminas mais pedidas do Groovy Smothie, mas como Sam era uma cliente bem assídua, sua bebida exótica nunca faltava no menu.

    - Você fica aqui esfriando a cabeça enquanto eu vou comprar seu shake de frango frito.

Carly foi à cozinha, tirou alguma coisa de uma gaveta, pegou uma nota de 10 na sua bolsa e saiu deixando Sam sozinha na sala do apartamento. Sam ainda deitou e fechou os olhos por alguns segundos, mas, depois de virar para um lado e para o outro, se levantou.

    - Sabe o que eu realmente queria agora? O Freddie.

Sam saiu do apartamento dos Shay e foi até o apartamento da frente. Ela encarou a porta ainda pensando no que iria falar quando o visse. O assunto não estava terminado e por mais que ela não quisesse conversar era um mal necessário. Ela então arrombou a fechadura e entrou no apartamento procurando por Freddie.