- Alô?

- Draffy? É o Izzy!

- Izzy? Graças a Deus! Conseguiram?

- Claro que conseguimos. Ele está dormindo, tranqüilinho no banco de trás do carro.

- Espera aí? Carro?

- Fiquei quieta! – o cabeleireiro pediu irritado enrolando meu cabelo.

- É, carro. O vôo sofreu turbulências perto de Chicago e tivemos que desembarcar. O Duff conseguiu um carro demais na cidade e estamos nele agora!

- O Duff conseguiu... – arqueei as sobrancelhas – Você quer dizer que ele roubou, certo?

- Todos tem talentos. O dele é roubar carros.

Rolei os olhos.

- E onde que o fugitivo estava?

- Na casa do seu avô. Inclusive, eles estão vindo conosco agora.

- O QUE?

- Fique parada! – o cabeleireiro pediu colapsado.

- Tudo bem... – reclamei para ele e voltei para o telefone – Como assim minha família está vindo para o casamento? Quem foi a alma desgraçada que convidou eles?

- O Axl.

- Tinha que ser... Qual o problema dele?

- Transtornos bipolares, maníaco – depressão, crises existenciais...

- Está falando de mim ou dele? – ri. Ele riu também.

- Mas o que importa é que estamos trazendo ele em segurança. Foi difícil coloca-lo no carro, mas a Tammy dando uma voadora nele ajudou muito.

Eu tenho medo da família da Erin.

- E vocês aí? Como estão as coisas?

- Estamos controlando. Erin está dormindo desde sexta a noite direto. Verificamos, ela ainda está respirando. Vamos acordá-la daqui a pouco para aprontarmos ela.

- Ninguém surtou?

- Se você não contar o Rudolph, eu e a Glister, não, ninguém mais surtou por aqui.

- Beleza. Ah... Espere. Slash e o Duff te mandaram um oi. O Slash mais que isso. Cara, eu não precisava saber disso, mas tudo bem! E a Tammy te mandou um abraço.

- Nem um cumprimento da minha família? – zombei.

- Sua mãe disse que te odeia, sua avó idem, seu pai comentou o quanto Glister é gostosa e seu tio parece um tanto mal-humorado. Ah, seu avô te disse: Olá.

- Diga um oi para todos e diga ao Slash que estou esperando por ele.

- Argh, vocês me deixam enjoado. Tenho que dirigir até New Jersey para o Duff trocar comigo a direção. E ninguém por aqui quer o Duff no volante.

- Pelo menos serão poucos quilômetros com o Duff na direção – tentei anima-lo.

- Vai ser um terror. Sua avó vomitou o caviar dela e eu vomitei meus tacos nos poucos quilômetros que ele guiou. De Chicago para Iowa foi um pesadelo automobilístico.

- Boa sorte para vocês então.

- Ah, valeu. Chegamos ai por volta das duas da tarde.

- Sabem que o casamento é as duas e meia, não sabem?

- Sabemos. Não vamos atrasar. Sério.

- Certo. Boa viagem.

- Obrigada. Thau Draffy.

E desligou.

Suspirei.

- Já posso me olhar no espelho? – perguntei ao cabeleireiro.

- De jeito nenhum. Mais um movimento e eu uso essa tesoura cravejada em pérolas para te matar!

...

...

...

- Onde eles estão?!

- Calma Evie! Eles disseram que chegam as duas em ponto.

- Mas já são duas horas! Segundo o ensaio do casamento, ele já deveria estar em pé, no altar!

- Eu sei. Mas eles já devem estar chegando. Eu espero.

- É bom mesmo. Meus sedativos acabaram e a Erin está começando a desconfiar.

- Relaxa... Vou me trocar. Continua de olho na noiva.

- Certo. Vai logo!

Corri para a sala dos vestidos, onde encontrei Anna, Jenny e Olive fazendo os últimos ajustes dos vestidos.

- Hey meninas – cumprimentei.

Elas sorriram. Os vestidos das madrinhas seriam todos vermelhos, para simbolizar a paixão de Axl e Erin.

- Chegou atrasada. A Glister e o Rudolph saíram daqui agora a pouco. Você precisava ver a briga da Glister com a costureira! – Jenny falou animada.

- Ainda bem que eu não vi – comentei – Tenho medo dos acessos de fúria dela.

Peguei meu vestido da arara e comecei a me vestir.

- Fala aí Draffy, você fez os testes? – Jenny perguntou.

- Testes? Que testes? – Anna quis saber.

- Testes de gravidez – Jenny disse – Como eu não achei pílulas na farmácia, peguei testes de gravidez mesmo.

- Que delicada você, amiga! – Olivie riu. Jenny mostrou a língua.

- Sou mesmo.

- Eu fiz e não deu nada – dei os ombros – Negativo.

- Mas não ia fazer diferença. O vestido iria entrar do mesmo jeito se você estivesse grávida – Anna comentou.

- Não ia fazer diferença agora! Imagina eu, com um barrigão, tendo desejos estranhos a noite e vomitando tudo depois?

- Não dá para te imaginar grávida, Draffy. – Jenny confessou.

Ri.

- Ótimo, então! Por que eu não pretendo ficar tão cedo!

Elas riram.

- Já tem um futuro papai? – Anna perguntou maliciosa.

Sorri estranhamente.

- Não sei. Vai depender muito do que vai acontecer pela frente.

- O papai dessa vez quase foi o Slash! – Olivie anunciou.

- Sério? – Jenny arregalou os olhos.

- Você não sabia disso ainda? – Anna se chocou – Glister contou para o hotel inteiro.

Adoro o jeito delicado da Glister.

- Então eu não prestei atenção. Não acredito que você transa com o Slash! Eu estava de olho nele!

- Bem, então perdeu irmã! – ri. Ela gargalhou.

- Preciso achar minha alma gêmea nesse casamento. Preciso!

- Ah, eu já achei... – Anna suspirou – Duas almas gêmeas...

- Quem são os sortudos? – Olivie perguntou.

- Estou me decidindo entre Nikki Sixx e Tommy Lee ainda.

- Caramba! Os Motlëy?

- É. Eles são legais.

- Puxa... E você Olivie? – Jenny questionou. Olivie ficou vermelha.

- Steven me chamou para sair. Mas não aceitei por que sei que o Rudolph gosta dele.

- Rudolph te mataria.

- Eu sei!

Rimos e terminamos de nos vestir.

- Vou ver se eles chegaram – avisei.

- Nós vamos ver se a Erin continua na mesma – Anna concluiu.

Sai pelo hall do hotel quando ouvi a balconista me chamar.

- Hey! Garota!

Virei minha cabeça.

- Venha aqui! – ela pediu segurando um telefone pelo ganho – Um tal de Jeffrey Isbell quer falar com você.

- Izzy?

- Isso mesmo.

Peguei o telefone.

- Izzy?

- Ahm... Oi, Draffy...

- O que houve? Estamos todos a espera de vocês!

- Digamos que o Duff destruiu TODAS a chances de chegarmos bem ai hoje.

- Como assim? Izzy, explica melhor.

- Vou resumir. Estamos sem o carro, perdidos em New Jersey e pedindo carona.

- Como vocês estão sem o carro, porra?

- Duff o tirou da estrada acidentalmente.

- Não acredito no que está acontecendo.

- Nem eu! Uma camionete parou para nos dar carona! Draffy, vou desligar!

- O casamento esta começando e... – ele já havia desligado o telefone.

- Merda! – praguejei – Merda!

Segurei a barra do meu vestido e sai correndo para a capela do hotel.

Anna parecia perturbada, andando de um lado para o outro. Fui até ela.

- Eles chegaram? – ela me perguntou esperançosa.

- Não! – entrei em pânico.

- Como assim não?

Rudolph e Sharon encostaram.

- Noticias do noivo? – Sharon quis saber.

- Eles não chegaram! – Anna respondeu desesperada.

- Ah meu Deus! – Rudolph gritou – O casamento já começou! A Erin entra em vinte minutos!

- Eu sei! – comecei a roer minhas unhas – O que a gente faz?

- O que você faz! – Sharon acusou – Você é a dama de honra. Faça o que deve ser feito!

- E o que deve ser feito?

- Entretenha o público. As madrinhas entraram na igreja em quinze minutos – ela disse.

Anna correu até o equipamento de som e pegou um microfone para mim.

- Canta alguma coisa, Draffy.

- Eu?

- É! Vai!

Peguei o microfone e caminhei até o centro do local. Os convidados, sentados nos bancos me encaravam.

Cutuquei o microfone.

- Ahm... Oi, eu sou Draffy, a dama de honra.

Continuaram me encarando. As minhas costas, um coral inteiro fazia o mesmo.

- Ah... A noiva e o noivo vão atrasar um pouquinho, então eu vou distrair vocês, certo?

Continuaram me olhando.

- Alguém sugere uma musica para mim cantar?

Uma velhinha ergueu a mão, lá do fundo da capela.

- Sim?

- Canta ‘Somebody to Love’! – ela pediu.

- Seu pedido é uma ordem, vovó – sorri.

- Can...?

O coral as minhas costas continuou.

- Anybody find me...

- Somebody to... Love.

O tocador de órgão tocou as primeiras notas da musica.

TO BE CONTINUED...