Malditos morangos. Eu não precisava estar nessa situação agora se não fosse por causa dos morangos que o idiota do irmão do Akihiko insistia em me mandar todos os dias. Ou será que agora eu me encontrava trancado nesse pequeno sotão por causa da minha curiosidade? É, talvez eu não devesse ter entrado naquele carro com o Usami Haruhiko, mas eu havia sentido que ali estava a oportunidade de saber um pouco mais sobre o Usagi-sensei, saber com quem ele viveu, onde ele morou e como ele se sentia naquele lugar incrivelmente grande, nós realmente ainda estavamos no Japão? Aquela propriedade era capaz de abrigar um parque temático.

Mas agora meus problemas era outros, esse Usami me trancou em um dos quartos da mansão e me mandou esperar, mas esperar pelo que? Eu tentaria ligar para o Usagi mas meu azar era tão grande que meu celular ficou sem bateria. Será que ele estava preocupado comigo, será que estava me procurando, teria ele ido me buscar na escola naquele dia? Era as perguntas que me assombravam, eu estava numa situação muito suspeita e ao invés de me preocupar comigo eu só conseguia pensar naquele pervertido do Usagi-sensei. E afinal de contas, o que o Haruhiko iria fazer comigo?

Eu estava sentado na mesa perto da janela, cogitando alguma possibilidade de fugir de alguma maneira quando a porta se abriu de repente e eu me coloquei em pé na hora, num impulso de correr e sair, mas o Usami entrou rapidamente e fechou a porta atrás de si, bloqueando a passagem.

– Então Misaki, já pensou na proposta que eu te fiz? Deixe o Akihiko e venha viver comigo.

– Ah, Haruhiko-san, sabe, não é este tipo de relacionamento que eu tenho com o Usagi que você está pensando. Mas eu não posso deixa-lo!

– Bem, talvez você precise de mais um tempo pra pensar.

– NÃO ESPERA. Você não pode me deixar trancado aqui!

Ele já estava me dando as costas pra sair do quarto quando eu fui atrás dele e segurei seu braço, fazendo-o parar, péssima ideia. Ele se virou bruscamente para mim com um olhar e um sorriso maliciosos, me empurrou de volta para o outro lado do quarto, prensando seu corpo contra o meu e praticamente me deitando de bruços na mesa, que era o único móvel naquele quarto.

A partir desse momento eu já percebera o que viria a seguir e estava me preparando para o pior, eu estava preocupado e estava com medo mas ainda assim só conseguia pensar no Usagi. E aquele homem que estava agora lambendo o meu pescoço e deixando marcas por ele nem parecia ser seu irmão, pelo menos não no toque, no jeito de ser, só na teimosia mesmo. Enquanto ele estava me molestando eu ficava quieto, impotente como sempre, assim como quando o Usagi fazia aquilo comigo...

Mas espera aí, aquele Usami não era o meu, eu tinha que reagir, eu não podia deixar ele fazer nada comigo, eu pertencia ao Akihiko e meu corpo só deveria ser tocado por ele, não é? Senti ele abrir o zíper da minha calça e então gritei, pedi pra ele parar, implorei, esperneei, comecei a chorar... Nada adiantou, ele era muito maior e mais forte do que eu. De repente eu já estava tentando me preparar psicologicamente para ser violado sem dó nem piedade.

Então ouvi o barulho do ziper dele sendo aberto, as lágrimas lavavam meu rosto e se acumulavam na mesa. E onde estava aquele  que dizia me amar tanto? Onde estava aquele que prometeu sempre me proteger de tudo e de todos? Aquele que não gostava que eu mostrasse meu corpo pra mais ninguém? Senti minha calça ser abaixada com violência, fazendo o tecido jeans arranhar o meu quadril, mas aquilo era culpa minha afinal, eu não podia esperar que o Usagi-san fizesse algo. Fechei meus olhos com força...

Ouvi um estrondo no quarto, depois um baque surdo de algo caindo no chão, ou alguém. Alguém me abraçou forte e eu pude sentir as mãos frias que eu tanto adorava, afundei meu rosto em seu peito para secar as lágrimas. Eu não precisava mais chorar.

- Misaki, Misaki, me desculpe por isso, eu te amo Misaki!