Teddy Lupin estava sentado numa pedra perto de uma árvore, há aproximadamente um quilômetro do Chalé das Conchas. Ele fitava com seriedade a caixinha em sua mão, tentando saber se a decisão que tomara era mesmo precipitada, conforme seu primo James havia dito.

Ainda que James fosse um garoto ciumento e um pouco exagerado, dessa vez Teddy precisava concordar com os argumentos dele. “Teddy, há vários fatores para pensar... Primeiro que eu acho vocês muito novos para algo tão sério. A Vick só tem 18 anos, acabou de deixar Hogwarts. Segundo: que tipo de vida você quer dar à minha prima? A verdade, infelizmente, é que você não tem um bom emprego ainda. O que você ganha trabalhando na Dedos de Mel mal dá para você viver sozinho... Fora que vocês vão morar aonde? Na casa da sua avó ou do meu pai?!”.

Teddy tinha apenas uma certeza: ele amava Victoire e queria que ela fosse sua para sempre... E nada melhor do que fazer o namoro evoluir para um noivado e, futuramente, assumir um casamento. Ele planejara esse momento durante semanas e já tinha até comprado a aliança quando resolveu pedir a opinião de James. Então toda a confiança que ele tinha adquirido estava agora substituída por um enorme receio de fazer tudo errado.

Agora ele estava ali, sentado numa pedra tentando decidir se era sensato ou não torná-la sua noiva. Foi então que surgiu a primeira lembrança...

“O garotinho de cabelos castanhos tinha por volta de dois anos de idade e estava sentado no sofá d’A Toca observando com os olhos arregalados a movimentação à sua frente. A família Weasley se espremia em torno de Gui Weasley que abraçava sua esposa Fleur, enquanto ela segurava um embrulho de cobertores nos seus braços.

De repente, Teddy começou a chorar baixinho querendo a atenção de alguém. Os cabelos antes castanhos agora assumiam um tom acinzentado expondo sua tristeza.

– Ei, Teddy, por que está chorando? – perguntou seu padrinho Harry preocupado enquanto pegava o garotinho no colo com cuidado.

– Oh, meu amorzinho, não chore... – disse Gina afagando os cabelos que retornavam aos castanhos de outrora – Venha comigo. Vou te mostrar uma coisa...

O garotinho, então, riu curioso e repetiu o fragmento da frase da madrinha em forma de pergunta: “Uma coisa?”.

A ruiva pediu licença ao seu irmão Rony e chegou mais perto de Fleur. Nesse momento Teddy percebeu uma coisa no meio dos cobertores de sua “tia”.

– Essa é Victoire, Teddy. Você acaba de conhecer sua nova priminha... Ela não é uma gracinha? – Gina fez a pergunta entusiasmada, ao mesmo tempo em que abaixou Teddy a fim de aproximá-lo mais da garotinha. – Cuidado, ela ainda é pequenininha e frágil.

– Vitóile, é? Qué mexê Vitóile, tia Gina. – ele pediu, arrancando um riso geral da família.

– Pode fazer carinho nela... Assim, de levinho - não era Gina, mas sim Gui que tomara a frente na resposta ao garoto – Um dia ela vai crescer e vocês vão ser bons amigos, eu tenho certeza. – o ruivo terminou a frase com um sorriso satisfeito, ao ver o garotinho acariciando o rosto da pequena Weasley.”

Teddy sorriu com a lembrança. Ele não sabe como consegue se lembrar desse momento, pois era muito pequeno. Porém a frase de Gui Weasley continuava em sua mente, juntamente com a lembrança de Victoire. Ela era tão pequeninha... O que o tio não fazia ideia é que ia demorar algum tempo para que eles se tornassem mesmo “bons amigos”. Ele riu e meneou a cabeça com a nova lembrança que irrompia sua mente.

“– Me dá. Esse carrinho é meu! – dizia o menino de 5 anos, com os cabelos vermelhos e um dente da frente faltando.

– Mas a vovó deixou comigo! – choramingou a garotinha loira, que terminou a frase com um biquinho.

– Você tem outras coisas para brincar. Esse carrinho eu ganhei do tio Jorge. Ele é o meu preferido!

– Mas a vovó me emprestou, Teddy! – disse a garotinha já os prantos, enquanto tentava impedir que o garoto arrancasse o carrinho de suas mãos.

– Se você não me der o meu carrinho eu não vou ser mais seu primo. – ele falou com a testa franzida de raiva e arrancou o carrinho de uma vez da mão da garota, a deixando chorando sozinha no jardim d’A Toca.”

Agora ele não tinha mais tanta certeza se valeu a pena pegar o carrinho dela. Aquele dia ele tomou a maior bronca de Harry. Ele nunca tinha visto seu padrinho tão bravo, falando tanto e gritando. Parecia que ele tinha aprendido direitinho com a Gina...

Teddy fitou novamente a caixinha. Ela era azul para combinar com os olhos de sua loirinha. Então ele lembrou do dia em que resolveu mudar seu cabelo para azul só para combinar com os olhos dela...

“Era o aniversário de 11 anos de Victoire Weasley. Teddy Lupin tinha comprado um kit com escovas e pentes para ela e fez um pacotinho que continha os doces preferidos de sua prima, todos comprados na Dedos de Mel e no Expresso de Hogwarts. Ele estava um pouco nervoso. Dentro de quase 4 meses eles estariam pela primeira vez juntos em Hogwarts.

Teddy estava feliz porque já conseguia controlar muito bem suas habilidades de metamorfomago e resolveu deixar seus cabelos azuis para combinar com os olhos da aniversariante mais linda que existia.

– Meu Merlin, Teddy! O que você fez com o seu cabelo desta vez? – perguntou Gina, rindo.

– Gostou, tia? – ele passou a mão no cabelo, bagunçando-o.

– Ah, você sabe que é lindo de qualquer jeito. A cor ficou um pouco diferente, mas depois de um tempo vamos nos acostumar...

– Preparados para irm... oh, céus, Teddy! Que cabelo azul é esse? – perguntou Harry, que havia adentrado o quarto acompanhado de James e Alvo e carregando Lílian no colo.

A caçula dos Potter não parava de rir. Teddy começou a transformar seu nariz e suas orelhas, arrancando mais gargalhada ainda, principalmente das crianças.

– Chega, Teddy, senão vamos nos atrasar para a festa da Vick. Vamos lá, se segurem. No três. Um, dois... três!

Após Harry dar as ordens eles aparataram e chegaram ao Chalé das Conchas com um baque.

E foi nessa hora que ele viu Vick. Ela estava com um vestido azul claro muito bonito e o cabelo loiro preso num rabo-de-cavalo. Ela sorriu tímida quando o viu.

– Olá, Vick. Feliz décimo-primeiro! – Teddy estendeu para ela o presente.

– Obrigada, Teddy... Hum, doces! Meus doces favoritos. Obrigada mesmo, Teddy. – ela sorriu e o abraçou grata – Ah, gostei do seu cabelo azul... – ela concluiu, tímida.

Teddy retribuiu o abraço um pouco sem graça. Era o melhor abraço que ele já tinha recebido.”

Teddy achou muito estranho Vick não ter achado engraçado seu cabelo estar azul. Chegou até a pensar que ela soubesse o verdadeiro motivo para aquilo. Mas ela havia gostado, então ele conservou o cabelo da mesma maneira até o dia atual...